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Capítulo 04.pdf - PUC Rio

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A Caixa Verde, porém, não foi projetada apenas como um livro de artista. Ela<br />

foi concebida e levada a cabo ao longo do processo de criação e execução do Grande<br />

Vidro (A noiva despida por seus celibatários, mesmo 1912-1924), obra das mais<br />

importantes – e herméticas – de sua carreira. Sua versão preliminar data de 1914,<br />

sendo retomada pelo autor vinte anos depois. O que diferencia a Caixa Verde das<br />

outras caixas e livros de Duchamp é, segundo o próprio, sua articulação necessária<br />

entre a obra (O Grande Vidro) e a Caixa. Segundo o autor, seus textos e manuscritos<br />

(redigidos entre 1912 e 1915, mas só publicados em 1934) deveriam ser apreciados<br />

em conjunto. Invertendo a lógica dos sentidos, Duchamp afirma que o Grande Vidro<br />

só poderia ser visto à luz dos textos da Caixa. A obra não era algo para “apenas” ser<br />

olhado, mas deveria também ser “lida”. Duchamp queria que os textos e anotações<br />

fossem reproduzidos fielmente aos originais, para que os desacertos e descaminhos<br />

estivessem presentes ao lado de rabiscos, manchas no papel etc. Citando Octavio<br />

Paz, no Grande Vidro “a pintura é escritura. 132<br />

Figura 20: Imagem da Caixa Verde, de Marcel Duchamp<br />

132 PAZ, O., op. cit., p.20<br />

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