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Capítulo 04.pdf - PUC Rio

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“abstrações”. A não ser que o livro seja um não-livro, que seja uma espécie de<br />

apropriação do objeto “livro” para a fruição de suas idéias. Esse “não-livro”,<br />

retomando a máxima de Mallarmé, no máximo simula.<br />

Dentre os livros que “simularam” e romperam as fronteiras entre arte e<br />

literatura e que podemos aproximar do projeto de Hélio está, sem dúvida, a Caixa<br />

Verde (1934) de Marcel Duchamp. Nome incontornável na arte experimental do<br />

século vinte, referência obrigatória para artistas como Oiticica, Duchamp fez, ao<br />

longo de sua carreira, uma série de publicações e trabalhos poéticos – seja no seu<br />

período de envolvimento com as ações do grupo Dada, seja no restante de sua<br />

solitária (anti) carreira. Seus livros eram, em sua maioria, obras que repensavam de<br />

forma radical as fronteiras poéticas entre as artes. Alguns, como as Caixas-Valise<br />

(Boîte-en-valise, 1941), eram grandes apanhados de reproduções de suas principais<br />

obras, reunidos de forma engenhosa pelo autor ao longo de diferentes edições.<br />

Outros, como Rose Selávy, Oculisme de Précison, Polis et Coups de Pies de Tous<br />

Genres (1939), eram coletâneas engenhosas de jogo de palavras, como “Rose<br />

Selávy”, nome de personagem feminina encarnada por Duchamp nos anos vinte.<br />

Adiante, podemos ver dois exemplares das Caixas-valise. Elas tiveram várias<br />

reedições, com novos exemplares, feitos por diferentes artistas e designers. A<br />

primeira foi executada pela artista Xenia Cage, à época esposa do compositor norte-<br />

americano John Cage. Ela fez 58 caixas de uma série de trezentas que só foi montada<br />

“definitivamente” entre 1961 e 1971 por Jackie Matisse, neta de Henri Matisse e<br />

enteada de Duchamp. 131<br />

131 TOMSKINS, C. Duchamp – uma biografia. São Paulo: Cosac Nayfi, 2004, p.434<br />

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