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parceiros mais próximos foram artistas que investiram em livros-objetos, como o<br />
Livro da Criação de Lygia Pape, produzidos ainda no final dos anos cinqüenta. 128<br />
Esse e outros trabalhos já mostravam um caminho que seria bem explorado pelos<br />
artistas plásticos brasileiros. Ainda em 1964, Lygia Clark, outra companheira de<br />
Oiticica dos tempos do período neoconcreto, planejou a execução de seu Livro-<br />
Objeto. O intuito era sintetizar de forma interativa algumas de suas reflexões sobre<br />
seus trabalhos e suas respectivas imagens. O livro, porém, só foi editado em 1983,<br />
permanecendo arquivado por dezenove anos. É interessante que o Livro-Objeto, um<br />
livro de artista se nos remetermos à definição de Luiz Camillo, traz algumas<br />
semelhanças com os projetos iniciais de Oiticica: é um livro lúdico, móvel,<br />
sanfonado, em que nas páginas esquerdas estão imagens, cartões e reproduções táteis<br />
de obras de Lygia Clark e nas páginas direitas seus textos teórico-poéticos sobre os<br />
trabalhos. Diferente de Hélio, porém, o projeto de Lygia é concebido e terminado em<br />
1964. Mesmo que tenham ocorrido dezenove anos de espera, ela publica seu livro,<br />
em uma tiragem limitadíssima de vinte a quatro exemplares.<br />
O livro-objeto nunca foi o objetivo – ao menos aparente – buscado por<br />
Oiticica no planejamento de seu livro. Talvez um livro de artista, pelas<br />
“multiplicidades” e pela sua “idéia alargada de narratividade”. Em seus muitos<br />
planos e promessas, Oiticica justificava seu desejo em publicá-lo pelo afloramento de<br />
sua relação criativa com a escrita, pela sua curiosidade com uma nova poética textual<br />
e pela possibilidade de trabalhar suas leituras em um entrecruzamento de idéias e<br />
imagens. O livro seria fortemente visual, mas a narrativa literária manteria uma<br />
supremacia (mesmo tênue) sobre a narrativa plástica – ao contrário do livro-objeto,<br />
cuja lógica é inversa. O livro seria, mesmo com todas as torções, subversões e<br />
128 No já referido artigo de Luiz Camillo Osorio há um trecho que deixa bem clara a diferença entre os<br />
termos livro-objeto e livro de artista. A definição a seguir é a que utilizarei a partir de agora quando<br />
usar essas expressões: “Antes de tudo, gostaria de fazer uma distinção entre o livro de artista e o livroobjeto.<br />
O primeiro (...) lida com as multiplicidades de meios – desenho, texto, fotografia,<br />
performance, etc. – e mantém uma idéia alargada da narratividade. O livro-objeto, por sua vez,<br />
conspira com a estrutura da narração e se afirma como acontecimento plástico. A principal diferença<br />
aí é a temporalidade; o livro de artista lida como vários tempos concomitantes, o livro-objeto é pura<br />
presença, acarretando uma certa suspensão do tempo. O livro de artistas é mais sintético, o livroobjeto<br />
é mais óptico”, in: OSORIO, L. C., op. cit., p.404.<br />
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