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Capítulo 04.pdf - PUC Rio

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três, como em La Prose du Transsibérien, de Blaise Cendras (1913) – que<br />

possibilitava a ampliação da idéia de Arte e – conseqüentemente – de livro.<br />

É necessário pensar nessa questão, já que o percurso da publicação de<br />

Oiticica oscila entre o livro de pura visualidade (fotos e projetos) e o livro narrativo<br />

(textos e imagens). Tal trajetória, nos mostra justamente a busca incessante de uma<br />

forma de publicação que pudesse dar conta de uma prática criativa feita de<br />

justaposições e colagens, em uma rede de imagens, idéias, tempos e espaços. Um<br />

livro que, desde sua concepção, almeja a mesma “simultaneidade” apontada por<br />

Perloff como “princípio formal e estrutural”. Isso, claro, não é por acaso. Oiticica<br />

teve sua formação de artista e intelectual relacionada não à ortodoxia de Greenberg e<br />

dos cânones da Arte, mas sim às propostas radicais apontadas pela crítica norte-<br />

americana. Seus primeiros passos foram dados em um ambiente intelectual<br />

impregnado das propostas renovadoras do construtivismo, do concretismo, do<br />

suprematismo. Hélio reproduzia todo um pensamento crítico surgido no bojo dessas<br />

novas propostas estéticas. Cito mais uma vez o artigo de Luiz Camillo para<br />

entendermos, ao menos no Brasil, as idéias que fermentavam as trajetórias de artistas<br />

como Hélio, formados nos anos cinqüenta e sessenta:<br />

Foi aí que uma certa dispersão poética passou a<br />

predominar, em que a vinculação a determinado meio<br />

expressivo foi tomada como uma limitação frente às<br />

necessidades criativas da época. A redução ontológica do<br />

modernismo greenberguiano e sua busca de uma<br />

especificidade, seja pictórica seja escultórica, entrava em<br />

crise, não dando mais conta de compreender a produção<br />

que surgia. Uma nova crítica passa a pensar os meios<br />

expressivos não mais a partir de sua capacidade de<br />

purificar-se de toda alteridade, mas sim de renovar-se com<br />

ela; quanto mais agregadoras e polissêmicas fossem as<br />

práticas artísticas, mais elas dariam conta de exprimir um<br />

mundo que se sabia inacabado, fragmentário,<br />

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