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Capítulo 04.pdf - PUC Rio

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Momento Futurista, a crítica norte-americana Marjorie Perloff amplia esse debate ao<br />

investigar de forma profunda os encontros e desencontros entre a escrita e a imagem<br />

a partir de outras fontes, como: as colagens cubistas (com fragmentos de jornais,<br />

escritos manuscritos etc.), as inovações formais futuristas e, principalmente, as ações<br />

conjuntas de pintores, escritores, poetas e artistas gráficos nos livros e revistas do<br />

futurismo russo. 122 A crítica nos mostra como essas experiências, principalmente dos<br />

artistas russos, alteram drasticamente as demarcações de fronteiras entre as áreas. As<br />

experiências gráfico-espaciais de escritores franceses como Mallarmé e Apollinaire<br />

eram radicalizadas por autores como Maiakóvski, Khliébnikov e Krutchônikh.<br />

Perloff destaca três livros russos em que imagem e palavra tornam-se elementos<br />

híbridos, em uma relação orgânica entre o “desenho” e o “escrito”. Os dois primeiros<br />

são o livro Troe (Os Três, 1913), com textos de Khliébnikov, Krutchônikh e Guro e<br />

desenhos (incluindo a capa) de Malévitch e Vladimir Maiakóvski: uma tragédia<br />

(1913), texto publicado da peça do poeta com ilustrações de David Burliuk e várias<br />

inovações tipográficas (“o texto é colocado numa grande variedade de tipos, grandes<br />

e pequenos, romanos e itálicos, leves e pesados. A página se torna assim uma<br />

unidade visual”). 123<br />

Mas é um livro de Krutchônikh lançado em 1912 que, na opinião da crítica,<br />

viola o “princípio de separação dos meios” ao trabalhar de forma simultânea poesia e<br />

imagem. Intitulado Starinnaia Liubov (Amor Antigo), o pequeno livro tinha quatorze<br />

folhas em tamanho de cartão postal “com páginas impressas de um lado e<br />

grampeadas”. 124 Suas cópias reproduziam uma escrita feita à mão, com erros de<br />

impressão, omissão de pontuação e espacejamento errático. Sua capa trazia um<br />

desenho-palavra, em que as letras do título faziam parte da gravura como elemento<br />

visual e vice-versa. O que vale registrar desse trabalho pioneiro para localizá-lo<br />

como um paradigma dos livros produzidos no encontro das artes visuais e da<br />

literatura é a seguinte descrição de Perloff:<br />

122 PERLOFF, M. O Momento Futurista. São Paulo: Edusp, 1993. As citações a seguir são retiradas<br />

desse trabalho e serão indicadas pelo número de página.<br />

123 Ibid., p.267<br />

124 Ibid, .p.299<br />

197

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