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2002). Na tradução de Haroldo de Campos (feita em 1972), esse verso torna-se “um<br />
marco no infinito”.<br />
Figura 16: trecho de caderno, 1974.<br />
Infinito e Progresso são duas palavras que se alimentam. Uma precisa da<br />
outra para não deixar de existir, para não cessar de funcionar, para continuarem em<br />
movimento. Não é a toa que Infinito e Progresso sejam palavras-conceitos que<br />
sintetizam projetos de livros como os de Mallarmé e Oiticica: inacabados,<br />
excessivos, necessários, objetos sem limites em movimento. Um livro que excede e,<br />
ao mesmo tempo, um livro que falta.<br />
Em O Livro por vir, Maurice Blanchot inicia seu texto dedicado a Mallarmé<br />
com a mesma pergunta que iniciei essa parte da Tese: o que significava a palavra<br />
“Livro” para o poeta francês? 106 Ambas as perguntas partem do mesmo espanto:<br />
tanto Oiticica quanto Mallarmé desejaram, projetaram e escreveram com ardor seus<br />
Livros que não foram feitos. Como conceber o projeto, como inventar um Livro sem<br />
uma idéia clara do que seja isso?<br />
106 BLANCHOT, M. “O livro por vir”, in: O Livro por Vir. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p.327.<br />
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