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Boletim Técnico Estudo da viabilidade técnica da ... - UPIS

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<strong>Boletim</strong> <strong>Técnico</strong><br />

<strong>Estudo</strong> <strong>da</strong> viabili<strong>da</strong>de <strong>técnica</strong> <strong>da</strong> implantação de pivô central com a utilização de rotação de culturas no Oeste Baiano<br />

Planaltina<br />

Distrito Federal<br />

Junho de 2005


www.upis.br<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Técnico</strong><br />

<strong>Estudo</strong> <strong>da</strong> viabili<strong>da</strong>de <strong>técnica</strong> <strong>da</strong> implantação de pivô central com a utilização de rotação de culturas no Oeste Baiano<br />

Gustavo de Camargo Faccioni<br />

Planaltina<br />

Distrito Federal<br />

Junho de 2005


<strong>UPIS</strong>- Facul<strong>da</strong>des Integra<strong>da</strong>s<br />

Departamento de Agronomia<br />

Rodovia BR 020, km 12<br />

DF 335, km 4,8<br />

Planaltina (DF) Brasil<br />

Endereço para correspondência:<br />

SEP/Sul Eq. 712/912 Conjunto A<br />

CEP: 70390-125 Brasília (DF) Brasil<br />

Fone/Fax: (0XX61) 488-9909<br />

www.upis.br<br />

agronomia@upis.br<br />

Supervisora: Profa. Dra. Janine Tavares Camargo<br />

Orientador: Prof. MS. Adilson Jayme de Oliveira<br />

Coorientador: Prof. MS. Cícero Célio de Figueiredo<br />

Membros <strong>da</strong> Banca:<br />

Prof. MS. Adilson Jayme de Oliveira<br />

Prof. MS. Cícero Célio de Figueiredo<br />

Prof. MS. Ernani Espírito Santo


DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA


SUMÁRIO<br />

RESUMO...................................................................................6<br />

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA....................................7<br />

2. OBJETIVO.............................................................................7<br />

3. RECOMENDAÇÃO TÉCNICA............................................7<br />

3.1. Água................................................................................7<br />

3.1.1. Quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água....................................................8<br />

3.1.2. Classificação <strong>da</strong> água...............................................8<br />

3.2. Sistema de irrigação........................................................8<br />

3.3. Manejo de irrigação ........................................................9<br />

3.3.1. Tensiômetro ...........................................................10<br />

3.3.2. Cui<strong>da</strong>dos e instalação dos tensiômetros.................11<br />

3.3.3. Reposição de água..................................................12<br />

3.3.4. Estratégia de aplicação de água .............................13<br />

3.3.4.1. Parcelamento <strong>da</strong> área irriga<strong>da</strong>.........................13<br />

3.4. Culturas .........................................................................14<br />

3.5. Dimensionamento <strong>da</strong> área irriga<strong>da</strong> pelo pivô ...............18<br />

3.6. Algodão.........................................................................19<br />

3.6.1. Manejo de irrigação do algodão.............................20<br />

3.7. Trigo..............................................................................20<br />

3.7.1. Manejo de irrigação do trigo..................................20<br />

3.8. Milheto..........................................................................21<br />

3.8.1. Manejo de irrigação do milheto .............................21<br />

3.9. Feijão.............................................................................21<br />

3.9.1. Manejo de irrigação do feijão ................................21<br />

3.10. Milho...........................................................................22<br />

3.10.1. Manejo de irrigação do milho ..............................22<br />

4. CONCLUSÃO .....................................................................22<br />

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................23


RESUMO<br />

O presente trabalho teve como objetivo estu<strong>da</strong>r a viabili<strong>da</strong>de <strong>técnica</strong> <strong>da</strong> implantação de pivô central no Oeste Baiano. É sugeri<strong>da</strong> a rotação de<br />

culturas partindo do interesse particular do proprietário pelo algodão, com as culturas de milho, feijão, trigo e milheto. Elas foram alterna<strong>da</strong>s de forma<br />

a não coincidir o pico de necessi<strong>da</strong>de hídrica nas mesmas épocas entre pivôs, podendo assim aumentar a área irriga<strong>da</strong> pela água disponível. O manejo<br />

de irrigação a ser utilizado é fun<strong>da</strong>mentado na tensão com que a água está reti<strong>da</strong> no solo (tensiometria), mensura<strong>da</strong> com uma bateria de tensiômetros,<br />

para determinar a lâmina e o momento de iniciar a irrigação.<br />

6


1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA<br />

Irrigação é a rega artificial <strong>da</strong>s terras por meio de canais, canos, leva<strong>da</strong>s, etc., convenientemente distribuídos pelo terreno (Ferreira, 1988).<br />

Segundo Rodrigues et al. (2003), a área irriga<strong>da</strong> ocupa cerca de 4,9 % <strong>da</strong> área total planta<strong>da</strong> no Brasil (2.629.446 ha) e é responsável por<br />

aproxima<strong>da</strong>mente 38 % <strong>da</strong> produção de alimentos. Entretanto, essa grande capaci<strong>da</strong>de de produção, que é a agricultura irriga<strong>da</strong>, perde conceito no que<br />

diz respeito ao consumo de água, não sendo difícil encontrar sistemas operando com menos de 50 % de eficiência.<br />

Ao considerarmos o Oeste Baiano como foco do estudo, é importante frisar que a Bahia vem modernizando e ampliando a sua área agrícola. A<br />

irrigação está aju<strong>da</strong>ndo essas mu<strong>da</strong>nças. De 1970 até 2003, a área de agricultura irriga<strong>da</strong> evoluiu de 30 mil para 330 mil hectares, o que representou<br />

também a criação de pelo menos 900 mil empregos diretos e indiretos (ITEM, 2003).<br />

Silva et al. (1999) já haviam apontado esses e outros benefícios em seu trabalho. De acordo com esses autores, muitos produtores vêm<br />

reconhecendo a importância <strong>da</strong> irrigação como uma <strong>da</strong>s alternativas viáveis para a elevação <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de, além de oferecer maior garantia,<br />

estabili<strong>da</strong>de e diversificação <strong>da</strong> produção, e de colher e ofertar produtos no mercado em épocas de melhores preços.<br />

Contudo, Azevedo e Silva (1999) afirmam:<br />

“...somente a prática de irrigação não garante, por si, boa produtivi<strong>da</strong>de. A correta irrigação deve estar conjuga<strong>da</strong> com outras práticas recomendáveis como uso<br />

de sementes de boa quali<strong>da</strong>de, varie<strong>da</strong>des a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s, preparo apropriado do solo, fertilização oportuna em níveis requeridos pela planta e controle sistemático<br />

de doenças, pragas e ervas <strong>da</strong>ninhas.”<br />

2. OBJETIVO<br />

O objetivo do presente trabalho foi estu<strong>da</strong>r a viabili<strong>da</strong>de <strong>técnica</strong> <strong>da</strong> implantação de pivô central com a utilização de rotação de culturas no<br />

Oeste Baiano.<br />

3. RECOMENDAÇÃO TÉCNICA<br />

A implantação será na Fazen<strong>da</strong> Paraná (Lat: 13º44’28.4” Sul; Lon: 46º08’22.4” Oeste), localiza<strong>da</strong> no km 24 <strong>da</strong> BR-020, pertencente ao<br />

município de Correntina-BA. A área em questão dentro <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong> é de 390 hectares com altitude aproxima<strong>da</strong> de 950 metros.<br />

3.1. Água<br />

No Oeste do estado <strong>da</strong> Bahia, a água subterrânea constitui-se na principal fonte de água para diferentes usos, especialmente para a irrigação.<br />

Sua captação e utilização dependem de formas econômicas e socialmente viáveis. A utilização de fontes de águas subterrâneas, ao lado <strong>da</strong>s superficiais<br />

de rios e represas, é uma maneira prática, econômica e segura para a irrigação de diversas culturas. Em algumas paisagens de terras altas como as do<br />

Oeste baiano, a água subterrânea constitui a única fonte disponível (ITEM, 2002).<br />

7


8<br />

3.1.1. Quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água<br />

Bernardo (1995) explica cinco parâmetros básicos a serem analisados como características que determinam a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água para irrigação:<br />

- Concentração total de sais solúveis ou salini<strong>da</strong>de: com a elevação <strong>da</strong> concentração de sais solúveis, o solo aumenta o seu potencial osmótico,<br />

prejudicando as plantas pelo decréscimo <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong>de de água.<br />

- Proporção relativa de sódio, em relação a outros cátions ou capaci<strong>da</strong>de de infiltração no solo: com aumento <strong>da</strong> razão de adsorção de sódio<br />

(RAS) ocorre o decréscimo <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de infiltração do solo.<br />

RAS = Na ++ /√[(Ca ++ +Mg ++ )/2]<br />

- Concentração de elementos tóxicos: íons de cloro, sódio e boro são os que comumente causam toxidez nas plantas por água não poluí<strong>da</strong> pelo<br />

homem.<br />

- Concentração de bicarbonatos: em águas que possuem eleva<strong>da</strong>s concentrações de íons de bicarbonatos, há tendência de precipitação do cálcio<br />

e do magnésio em forma de carbonatos, reduzindo, então, a concentração de cálcio e magnésio na solução, e aumentando, conseqüentemente a<br />

concentração de sódio.<br />

- Aspecto sanitário: nesse aspecto, existem três casos a serem considerados: (1) contaminação do irrigante durante a condução <strong>da</strong> irrigação e<br />

(2) contaminação ao redor do projeto, a principal causa é a esquistossomose, cuja contaminação se dá pelo contato direto com a água de irrigação. O<br />

terceiro caso consiste na contaminação por verminoses dos usuários dos produtos irrigados contaminados.<br />

3.1.2. Classificação <strong>da</strong> água<br />

A análise <strong>da</strong> água subterrânea <strong>da</strong> região, feita para o projeto, enquadrou-a com baixo perigo de salinização e sodificação de acordo com a<br />

tabela de classificação proposta pelo “U.S. Salinity Laboratory Staff – U.S.D.A. Agriculture Handbook n o 60” – consulta<strong>da</strong> em Bernardo (1995).<br />

3.2. Sistema de irrigação<br />

A irrigação por aspersão, como o caso do pivô central, a<strong>da</strong>pta-se a quase todos os tipos de culturas. Nesse método de irrigação a água é<br />

aspergi<strong>da</strong> em forma de gotas, sobre a superfície do terreno assemelhando-se a uma chuva (Bernardo, 1995). Esse sistema se caracteriza pela aplicação<br />

de água em taxas crescentes a partir do ponto pivô, sendo que a intensi<strong>da</strong>de de aplicação <strong>da</strong> água no final do equipamento aumenta com o<br />

comprimento <strong>da</strong> lateral. Essa característica, de certa forma, representa limitação no uso do pivô, tornando-o mais apropriado para solos com alta<br />

capaci<strong>da</strong>de de infiltração de água como a maioria os solos arenosos (Silva e Azevedo, 1998).<br />

O pivô central é uma linha lateral de tubos de aço, dota<strong>da</strong> de vários aspersores, e suspensa por torres, com ro<strong>da</strong>s motores, que fornecem um<br />

movimento ao redor de um ponto chamado pivô. Esse sistema foi inventado no Colorado (EUA), em 1952, mas seu uso não foi consoli<strong>da</strong>do até 1960<br />

(Bernardo, 1995).


3.3. Manejo de irrigação<br />

Uma vez implantado o equipamento de irrigação, de acordo com Silva et al. (1999), o produtor necessita de uma estratégia de manejo de água<br />

que defina, em bases racionais, o momento certo e a quanti<strong>da</strong>de de água adequa<strong>da</strong> para atender às necessi<strong>da</strong>des hídricas <strong>da</strong> cultura.<br />

A água está em constante movimento no solo, entrando ou saindo de um ponto através de processos como percolação, infiltração, evaporação,<br />

transpiração, irrigação, chuva e temperatura. O grau de umedecimento do espaço poroso e a energia com que a água está reti<strong>da</strong> pelas partículas do solo<br />

influenciam na veloci<strong>da</strong>de com que essa água se deslocará. Enquanto o grau de umedecimento representa o volume de água presente em uma uni<strong>da</strong>de<br />

de massa ou volume do solo, a tensão representa o trabalho necessário para remover uma uni<strong>da</strong>de de água reti<strong>da</strong>. Quanto maior essa tensão, maior o<br />

esforço que a planta terá que fazer para absorver a quanti<strong>da</strong>de de água necessária. À medi<strong>da</strong> que o teor de água no solo decresce, a planta tem que<br />

produzir solutos com energia e produtos metabólicos que seriam direcionados para a produção, para reduzir o seu potencial de água nas células de<br />

absorção procurando manter o fluxo de água a seu favor (Silva et al., 1999).<br />

O manejo racional de qualquer projeto de irrigação, de acordo com Bernardo (1995):<br />

“deve considerar os aspectos sociais e econômicos e procurar maximizar a produtivi<strong>da</strong>de e a eficiência do uso <strong>da</strong> água e minimizar os custos de mão-de-obra e<br />

capital, sem prejudicar as condições de umi<strong>da</strong>de do solo e de fitossani<strong>da</strong>de favoráveis ao bom desenvolvimento <strong>da</strong> cultura irriga<strong>da</strong>, bem como ter em mente a<br />

necessi<strong>da</strong>de de melhorar ou, no mínimo, manter as condições físicas, químicas e biológicas do solo, pois isto afetará em muito o comprimento do período de<br />

vi<strong>da</strong> útil do projeto”.<br />

Bernardo (1995) cita que no desenvolvimento de projetos públicos é comum tratar isola<strong>da</strong>mente as seguintes etapas: estudo de viabili<strong>da</strong>de,<br />

planejamento, dimensionamento e construção. No entanto, um projeto de irrigação para ter um manejo racional deve considerar todos os aspectos<br />

interligados. São nos objetivos e nas condições em que se executará o sistema que o planejamento e a operação do sistema de irrigação têm de ser<br />

baseado. Dependendo de ca<strong>da</strong> caso, a intenção de irrigar pode ser: a maximização <strong>da</strong> produção por uni<strong>da</strong>de d’água aplica<strong>da</strong>, a maximização <strong>da</strong><br />

produção por uni<strong>da</strong>de de área, ou a maximização dos lucros. Silva et al. (1999) reforçam essa questão relatando que, depois de implantado o sistema<br />

há necessi<strong>da</strong>de de uma estratégia de manejo de água que defina, de forma racional, o momento certo e a quanti<strong>da</strong>de de água adequa<strong>da</strong> para atender as<br />

necessi<strong>da</strong>des hídricas <strong>da</strong> cultura e afirmam que, adotando-se um manejo correto, é possível utilizar o sistema em tempo inferior àquele que foi<br />

projetado.<br />

O manejo não serve apenas para diminuir a quanti<strong>da</strong>de de água aplica<strong>da</strong>, serve também para realizar as regas no momento certo e com a<br />

quanti<strong>da</strong>de requeri<strong>da</strong> pela planta. Silva et al. (1999) propõem um manejo de irrigação fun<strong>da</strong>mentado na tensiometria. Esse tipo de manejo tem como<br />

critério a energia ou a tensão com que a água está reti<strong>da</strong> no solo. Essa tensão representará o conteúdo de água e varia de acordo com ca<strong>da</strong> tipo de solo.<br />

Um solo mais argiloso tem maior energia que um solo arenoso em manter a água. Esse relacionamento (entre a água no solo e a tensão), é chamado de<br />

curva de retenção, a qual é muito importante para uma estratégia de manejo de irrigação basea<strong>da</strong> na água armazena<strong>da</strong> no solo. O uso de medi<strong>da</strong>s de<br />

tensão tem a vantagem de poder ser extrapolado para outras regiões com solos semelhantes, com poucas modificações, já que o consumo de água pela<br />

planta é realizado em resposta às diferenças de potenciais.<br />

Em sua revisão, Silva et al. (1999) citam vários instrumentos utilizados para medir a deficiência hídrica do solo (Equipamentos como:<br />

tensiômetros, blocos de gesso, sensores térmicos e psicrômetros). Porém, consideram o tensiômetro tendo vantagens em relação aos outros métodos:<br />

possibili<strong>da</strong>de de conhecimento, em tempo real, <strong>da</strong> tensão <strong>da</strong> água no solo; uso do conceito de potencial, medindo diretamente a energia de retenção de<br />

9


10<br />

água no solo; facili<strong>da</strong>de para utilização, desde que convenientemente instalado, mantido e interpretado; e custo relativamente baixo e facilmente<br />

encontrado no comércio.<br />

3.3.1. Tensiômetro<br />

O tensiômetro, aparelho desenvolvido por Gardner em 1922, é empregado para medir a tensão com que a água está reti<strong>da</strong> pelas partículas do<br />

solo, também conhecido por potencial matricial (Silva et al., 1999).<br />

Esse é um aparelho provido de uma cápsula porosa, geralmente de cerâmica ou porcelana, liga<strong>da</strong> a um medidor de vácuo (que pode ser um<br />

vacuômetro metálico ou um manômetro de mercúrio) através de um tubo plástico, na maioria <strong>da</strong>s vezes, tendo to<strong>da</strong>s as partes preenchi<strong>da</strong>s por água. A<br />

cápsula porosa é permeável à água e aos solutos em solução do solo, sendo, entretanto, impermeável a gases e à matriz do solo, até determinado nível<br />

de tensão. Sua escala normalmente vem com medi<strong>da</strong>s de 0 a 100 cbar 1 , sendo que o zero indica que não há tensão de água no solo, pois esse está<br />

completamente saturado (Azevedo e Silva, 1999).<br />

Na região do cerrado, as condições de solos são favoráveis à utilização de tensiômetros como instrumento básico de monitoramento <strong>da</strong> água no<br />

solo para definição do momento e <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de água a ser aplica<strong>da</strong> na irrigação (Silva et al., 1999).<br />

Azevedo e Silva (1999) citam que agricultores que utilizam corretamente os tensiômetros têm obtido resultados satisfatórios. Dependendo <strong>da</strong><br />

cultura, condições de clima e manejo, consegue-se reduzir de 25 a 40 % as lâminas aplica<strong>da</strong>s comparando com manejos sem critérios.<br />

A Tabela 1, a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> por Azevedo e Silva (1999) de James (1988), mostra as prováveis interpretações <strong>da</strong>s leituras obti<strong>da</strong>s por tensiômetros, as<br />

quais são informações importantes para a toma<strong>da</strong> de decisão.<br />

1 1 cbar igual a 1 kPa


Tabela 1: Prováveis interpretações <strong>da</strong>s leituras obti<strong>da</strong>s por tensiômetros para grãos<br />

Condição Leitura (cbar) Interpretação<br />

Saturação 0 Acúmulo de água; Nível<br />

freático raso; Aeração<br />

prejudica<strong>da</strong>; Tensiômetro com<br />

Capaci<strong>da</strong>de<br />

de campo<br />

Momento de<br />

aplicação<br />

Intervalo de<br />

irrigação<br />

vazamento.<br />

6 a 10 Ponto para interrupção <strong>da</strong>s<br />

irrigações. Evitar percolação de<br />

água e lixiviação de nutrientes.<br />

20 a 40 Irrigações dirigi<strong>da</strong>s para<br />

produtivi<strong>da</strong>de máxima e<br />

culturas de maior valor<br />

econômico e solos arenosos;<br />

40 a 50 Valor usual para iniciar<br />

irrigações; Aeração<br />

assegura<strong>da</strong>; Solos de textura<br />

média.<br />

50 a 60 Início de irrigação em solo<br />

argiloso; Manutenção <strong>da</strong><br />

umi<strong>da</strong>de disponível.<br />

Seco 70 a 80 Valor de início de déficit;<br />

Alguma umi<strong>da</strong>de disponível;<br />

Risco de per<strong>da</strong> de produção.<br />

Fonte: Azevedo e Silva (1999)<br />

3.3.2. Cui<strong>da</strong>dos e instalação dos tensiômetros<br />

De acordo com Silva et al. (1999), os tensiômetros devem ser instalados na zona de absorção do sistema radicular <strong>da</strong> planta, que no caso de<br />

culturas anuais como feijão, trigo e milho, cultivados em solos de cerrado, a maior concentração <strong>da</strong>s raízes encontra-se na cama<strong>da</strong> de 0 a 35 cm e, por<br />

isso, recomen<strong>da</strong>-se instalar tensiômetros nas profundi<strong>da</strong>des de 10, 20 e 30 cm e em locais representativos <strong>da</strong> área, de maneira que a cápsula fique na<br />

região de maior concentração do sistema radicular, devendo-se assinalar visivelmente suas posições para evitar <strong>da</strong>nificá-los. O contato <strong>da</strong> cápsula com<br />

o solo é fun<strong>da</strong>mental para leituras precisas.<br />

Para a instalação segura, segundo Silva et al. (1999), deve-se seguir os seguintes passos:<br />

A - fazer um buraco (com o solo úmido) com um trado do mesmo diâmetro <strong>da</strong> cápsula até a profundi<strong>da</strong>de deseja<strong>da</strong>;<br />

11


12<br />

B - introduzir o tensiômetro, tendo-se assim um contato direto entre a cápsula e o solo;<br />

C - comprimir levemente o solo <strong>da</strong> superfície ao redor do tensiômetro, para que a água de irrigação ou de chuva não alcance a cápsula pelo<br />

espaço deixado entre o tubo do tensiômetro e o solo (o contato cápsula-solo é muito importante para evitar leituras erra<strong>da</strong>s);<br />

D - a superfície do solo em volta do tubo deve ser ligeiramente amontoa<strong>da</strong> em torno do tubo plástico em uma altura de 7,5 a 10 cm para<br />

assegurar um bom contato entre o solo e o aparelho e garantindo drenagem de água superficial.<br />

Se os passos de instalação não forem feitos corretamente poderá ocorrer erro de medição. Após a instalação, os aparelhos devem ser protegidos<br />

com uma cobertura, visando a minimizar flutuações de temperatura que podem ter um leve efeito sobre as leituras dos vacuômetros, bem como manter<br />

um visor bem claro, facilitando as leituras e evitando penetração de água que pode enferrujar os vacuômetros. A retira<strong>da</strong> ou transferência dos<br />

tensiômetros se torna indispensável em situações de colheita, plantio ou outro fator em que possam ocorrer <strong>da</strong>nos ao aparelho. Porém, não é<br />

aconselhável muita mu<strong>da</strong>nça de local dos tensiômetros, sendo que a cápsula pode reduzir sua porosi<strong>da</strong>de em razão <strong>da</strong> cristalização de sais quando sua<br />

superfície tornar-se seca.<br />

Deve-se evitar instalar os tensiômetros em locais de trânsito de maquinário para que a sua permanência no solo dure todo o período que for<br />

necessário no ciclo <strong>da</strong> cultura sem necessitar a sua transferência.<br />

3.3.3. Reposição de água<br />

Para calcular a lâmina de reposição com esse método, é conveniente definir um limite superior de água reti<strong>da</strong> para que não seja aplica<strong>da</strong> água a<br />

mais e essa se perca por percolação ou escorrimento superficial. Geralmente é utilizado como limite a capaci<strong>da</strong>de de campo (CC), a qual no caso do<br />

Latossolo do Cerrado tem sido correspondente à tensão de 6 kPa. Definido esse limite superior de água disponível e conhecido o conteúdo de água<br />

presente no momento <strong>da</strong> irrigação (Umi<strong>da</strong>de Atual – UA), determina-se a deficiência hídrica do solo a ser reposta pela irrigação, aplicando a equação:<br />

LB = (CC – UA) x Pr<br />

Ef<br />

onde LB representa a lâmina bruta de água aplica<strong>da</strong> em mm; Pr é a profundi<strong>da</strong>de média de molhamento <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> de solo a ser irriga<strong>da</strong> em mm; Ef é a<br />

eficiência de irrigação do sistema, expressa em decimal que para esse projeto será considera<strong>da</strong> de 0,90; e CC e UA são, respectivamente, limite<br />

superior do armazenamento <strong>da</strong> água disponível no solo e umi<strong>da</strong>de atual no momento <strong>da</strong> irrigação, expressos em cm 3 de H2O/cm 3 de solo. Para obter<br />

tanto a CC como a UA na uni<strong>da</strong>de requeri<strong>da</strong> para cálculo é utiliza<strong>da</strong> a curva de retenção, a qual é ajusta<strong>da</strong> de <strong>da</strong>dos pontuais através <strong>da</strong> estatística de<br />

regressão não-linear do modelo matemático de Genutchen (1980) (Silva et al., 1999):<br />

θ = θr + (θs - θr) [1 + (αh) n ]<br />

(-1 + 1/n)<br />

onde: θ = umi<strong>da</strong>de atual do solo (% em peso)<br />

θr = umi<strong>da</strong>de residual do solo (% em peso)<br />

θs = umi<strong>da</strong>de do solo quando saturado (% em peso)


α = parâmetro de ajuste <strong>da</strong> equação (adimensional)<br />

h = tensão média de água no solo, no momento <strong>da</strong>s irrigações, medi<strong>da</strong> a 10 cm de profundi<strong>da</strong>de (kPa)<br />

n = parâmetro de ajuste <strong>da</strong> equação (adimensional)<br />

Para obter essas informações será necessário determinar a curva de retenção <strong>da</strong> área em questão através de amostras de solo representativas <strong>da</strong>s<br />

condições de textura e estrutura do solo no campo.<br />

3.3.4. Estratégia de aplicação de água<br />

Silva et al. (1999) afirmam que a estratégia de manejo deve ser bastante simples e financeiramente acessível para que o produtor execute-a com<br />

eficácia, segurança e persistência. Qualquer desconfiança em relação à acurácia dos resultados a serem obtidos com a aplicação <strong>da</strong> estratégia de<br />

manejo pode levar o produtor a abandoná-la. A estratégia de manejo proposta neste trabalho baseia-se no conhecimento, em tempo real, <strong>da</strong>s variações<br />

<strong>da</strong> tensão de água no solo, medi<strong>da</strong> por meio do tensiômetro para definir o momento <strong>da</strong> irrigação e, ao mesmo tempo, determinar a quanti<strong>da</strong>de de água<br />

necessária para reposição do déficit hídrico.<br />

3.3.4.1.Parcelamento <strong>da</strong> área irriga<strong>da</strong><br />

No esquema de manejo de irrigação, fun<strong>da</strong>mentado em um valor constante de tensão previamente estabelecido para se efetuar as irrigações, o<br />

intervalo entre irrigações decresce com o aumento <strong>da</strong> taxa de consumo <strong>da</strong> planta, atingindo um valor mínimo na fase de maior deman<strong>da</strong> para, em<br />

segui<strong>da</strong>, aumentar na fase de maturação <strong>da</strong> cultura. O menor intervalo de irrigação determina o número de parcelas em que a área irriga<strong>da</strong> deve ser<br />

dividi<strong>da</strong> para fins de manejo. Uma <strong>da</strong>s divisões deve ser seleciona<strong>da</strong> para monitorar a deficiência de água no solo. Vale ressaltar, no entanto, que o<br />

tipo de solo <strong>da</strong> subárea seleciona<strong>da</strong> onde serão instalados os tensiômetros deverá ser representativo de pelo menos um quarto <strong>da</strong> área total irriga<strong>da</strong>.<br />

Nessa estratégia de manejo, quando os tensiômetros <strong>da</strong> área de controle indicarem que a deficiência hídrica no solo atingiu o ponto crítico, a irrigação<br />

deverá ser então inicia<strong>da</strong>, começando pela subárea anteriormente seleciona<strong>da</strong>. No segundo dia de irrigação, a próxima subárea deverá receber a mesma<br />

quanti<strong>da</strong>de de água calcula<strong>da</strong> pelos tensiômetros na subárea anterior. Esse mesmo procedimento será repetido para as outras subáreas, completando<br />

assim o ciclo de uma irrigação.<br />

O número de subdivisões <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de de irrigação depende <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong>de de água no solo e <strong>da</strong> evapotranspiração <strong>da</strong> cultura 2 . Segundo<br />

Silva et al. (1999), normalmente, tratando-se de irrigação por aspersão e, especialmente, de Latossolos Arenosos <strong>da</strong> Região do Cerrado, o número de<br />

subdivisões ficará em torno de três a quatro.<br />

De acordo com esses autores, somente após a germinação completa <strong>da</strong> cultura que essa estratégia de manejo deve ser implementa<strong>da</strong>, sendo que<br />

logo após o plantio, recomen<strong>da</strong>-se realizar de duas a três irrigações de 15 a 20 mm ca<strong>da</strong> uma, em um intervalo fixo de três a quatro dias, com a<br />

finali<strong>da</strong>de principal de garantir uma germinação uniforme e preencher o reservatório de armazenamento de água. Após essas três irrigações e a cultura<br />

estando to<strong>da</strong> germina<strong>da</strong>, deve-se proceder à instalação de três conjuntos de tensiômetros, ao longo de um raio de para<strong>da</strong> do pivô, nos pontos<br />

2 É a evapotranspiração real de qualquer cultura em qualquer estádio fenológico, podendo estar sofrendo ou não limitação hídrica ou outro fator que impeça a sua taxa potencial.<br />

Diz-se que a ETc é máxima ou potencial quando a cultura não sofre limitações tanto hídrica quanto de outros fatores (ataque de doenças, pragas, restrição mineral etc.).<br />

13


14<br />

correspondentes à metade, dois terços e nove dez avos de seu raio irrigado, nas profundi<strong>da</strong>des de 10, 20 e 30 cm. Nesse projeto é recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> a<br />

instalação de dois tensiômetros em ca<strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong> ponto para conferência de resultados. O pivô-central deverá permanecer parado até que<br />

a média <strong>da</strong>s leituras dos tensiômetros instalados na profundi<strong>da</strong>de de 10 cm indique o valor entre 40 a 60 kPa, o que varia de acordo com a cultura e a<br />

produtivi<strong>da</strong>de espera<strong>da</strong>. As demais leituras servem para calcular as necessi<strong>da</strong>des em ca<strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de. Somando-se <strong>da</strong>s lâminas calcula<strong>da</strong>s a 10, 20 e<br />

30 cm chega-se à lâmina a ser aplica<strong>da</strong>.<br />

Local de instalação de tensiômetros<br />

o Local de pluviômetros<br />

Fonte: Silva (1999)<br />

Figura 1: Esquema de parcelamento <strong>da</strong> área irriga<strong>da</strong> de um pivô-central e indicação <strong>da</strong> área de controle <strong>da</strong>s irrigações.<br />

Definido o momento de reinício <strong>da</strong>s aplicações de água e decidi<strong>da</strong> a quanti<strong>da</strong>de de água a ser administra<strong>da</strong>, o sistema de irrigação é então<br />

acionado para realizar a cobertura <strong>da</strong> área em um período equivalente ao número de subdivisões <strong>da</strong> área irriga<strong>da</strong>. Nesse esquema de manejo proposto,<br />

Silva et al. (1999) afirmam que o produtor irrigante economiza com o tempo em que o sistema fica parado antes de ca<strong>da</strong> ciclo de irrigação, e que essa<br />

economia ocorre principalmente nas fases de crescimento vegetativo e de maturação, quando o consumo de água pela cultura está abaixo <strong>da</strong> máxima<br />

deman<strong>da</strong>. Logo depois reforçam que os benefícios dessa estratégia somente serão alcançados se o sistema de irrigação estiver dimensionado<br />

adequa<strong>da</strong>mente para atender à deman<strong>da</strong> <strong>da</strong> cultura de maior consumo do sistema irrigado.<br />

3.4. Culturas<br />

Dia 3 Dia 4<br />

Dia 2<br />

<br />

o <br />

o <br />

o<br />

Área de<br />

controle <strong>da</strong>s<br />

irrigações<br />

Para a condução desse projeto será utilizado o Sistema de Plantio Direto (SPD) que, segundo Landers (1994), requer o mais alto nível de<br />

gerenciamento técnico. Deve-se evitar o trânsito de máquinas desnecessariamente, ain<strong>da</strong> mais em áreas sob irrigação, pois pode acarretar a<br />

compactação do solo.<br />

Dia 1


Em áreas irriga<strong>da</strong>s, com duas ou mais culturas por ano é possível gerar uma cobertura considerável de palha. Essa tem grande importância para<br />

a irrigação, reduzindo a evaporação e conseqüentemente o consumo de água aplica<strong>da</strong> de 10 a 20 %, além de proporcionar incremento de produtivi<strong>da</strong>de<br />

(Landers, 1994).<br />

De acordo com Embrapa (2004), a monocultura ou mesmo o sistema contínuo de sucessão do tipo trigo-soja ou milho safrinha-soja, tende a<br />

provocar a degra<strong>da</strong>ção física, química e biológica do solo e a que<strong>da</strong> <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s culturas. Também proporciona condições mais favoráveis<br />

para o desenvolvimento de doenças, pragas e plantas <strong>da</strong>ninhas. Para evitar esses problemas será utiliza<strong>da</strong> a rotação de culturas. Esse sistema consiste<br />

em alternar, anualmente, espécies vegetais, numa mesma área agrícola. As espécies escolhi<strong>da</strong>s devem ter, ao mesmo tempo, propósitos comerciais e de<br />

recuperação do solo. Além de proporcionar a produção diversifica<strong>da</strong> de alimentos e outros produtos agrícolas, se adota<strong>da</strong> e conduzi<strong>da</strong> de modo<br />

adequado e por um período suficientemente longo, a rotação de culturas melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo; auxilia no<br />

controle de plantas <strong>da</strong>ninhas, doenças e pragas; repõe matéria orgânica e protege o solo <strong>da</strong> ação dos agentes climáticos e aju<strong>da</strong> a viabilização do<br />

Sistema de Semeadura Direta e dos seus efeitos benéficos sobre a produção agropecuária e sobre o ambiente como um todo.<br />

Na região Centro Sul do Mato Grosso do Sul é adota<strong>da</strong> a Tabela 2 para a sucessão de culturas. Devido à ausência de informações similares<br />

para o Oeste Baiano, a sucessão sugeri<strong>da</strong> para o estado do Mato Grosso do Sul foi a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> de forma a atender o interesse particular do proprietário<br />

em plantar algodão. Em posse <strong>da</strong> Tabela 2 e conhecendo-se os coeficientes <strong>da</strong>s culturas 3 (Kc) demonstra<strong>da</strong>s na Tabela 3, montou-se uma seqüência de<br />

culturas em rotação demonstra<strong>da</strong> na Figura 1. As culturas estão arranja<strong>da</strong>s em três pivôs (A, B, e C) de forma a não coincidir os picos suas<br />

necessi<strong>da</strong>des hídricas, representa<strong>da</strong>s pelo Kc, de um pivô com os outros. Essa preocupação possibilita aumentar a área irriga<strong>da</strong> em conseqüência <strong>da</strong><br />

água disponível. Segundo a Tabela 2, existem restrições do feijão como sucessora ou antecessora do algodão devido a pragas e doenças que atacam<br />

essas culturas. Para evitar <strong>da</strong>nos econômicos devido a essas restrições, deverá ser feito o monitoramento rígido principalmente dessas duas culturas.<br />

Tabela 2: Sugestão para as culturas de sucessão<br />

Cultura Preferencial Com restrição<br />

Milho Trigo, girassol, milheto, feijão,<br />

sorgo e arroz<br />

Algodão Trigo, soja, milheto, sorgo,<br />

arroz e milheto<br />

Feijão Milho, sorgo, arroz, trigo,<br />

milheto e aveia<br />

Feijão e girassol<br />

Algodão, soja e<br />

girassol<br />

3<br />

Razão entre a evapotranspiração <strong>da</strong> cultura (ETc) e a evapotranspiração de referência (ETo). É variável de acordo com o estádio fenológico <strong>da</strong> cultura, podendo atingir, por<br />

exemplo, valor superior à uni<strong>da</strong>de na fase reprodutiva de muitas culturas;<br />

15


16<br />

Trigo Girassol, soja, feijão, algodão,<br />

milheto, guandu e sorgo<br />

Fonte: elaborado pelo autor com base em Embrapa (2004)<br />

Milho e arroz<br />

Tabela 3: Coeficiente de Cultura (Kc) – Algodão, Feijão, Milheto, Milho e Trigo<br />

Kc 1 Kc 2 Kc 3 Kc 4 Kc 5 Kc 6<br />

--------------------------------------------Algodão-------------------------------------------<br />

Kc 0.35 0.35-1.15 1.15 1.15-0.6 0.6<br />

Dias 30 50 55 45 Final<br />

---------------------------------------------Feijão---------------------------------------------<br />

Kc 0.4 0.4-1.15 1.15 1.15-0.35 0.35<br />

Dias 15 25 35 20 Final<br />

--------------------------------------------Milheto--------------------------------------------<br />

Kc 0.3 0.3-1 1 1-0.3 0.3<br />

Dias 15 25 40 25 Final<br />

---------------------------------------------Milho---------------------------------------------<br />

Kc 0,70 0,70-1,29 1,29 1,29-0,35 0,35<br />

Dias 20 34 40 26 Final<br />

---------------------------------------------Trigo---------------------------------------------<br />

Kc 0.4-0.5 0.5-0.95 0.95-1.05 1.05-1.15 1.15-0.85 0.85-0.65<br />

Dias 10 13 22 15 34 8<br />

Fonte: elaborado pelo autor com base em Albuquerque e Rezende (2000); Allen et al (1998); e Luchiari Junior e Resende (1983)


2006A<br />

2006B<br />

2006C<br />

2007A<br />

2007B<br />

2007C<br />

2008A<br />

2008B<br />

2008C<br />

2009A<br />

2009B<br />

2009C<br />

2010A<br />

2010B<br />

2010C<br />

2011A<br />

2011B<br />

2011C<br />

2012A<br />

2012B<br />

2012C<br />

2013A<br />

2013B<br />

2013C<br />

2014A<br />

2014B<br />

2014C<br />

2015A<br />

2015B<br />

2015C<br />

2016A<br />

2016B<br />

2016C<br />

Jan Fev Mar<br />

Abr Mai Jun Jul<br />

Ago Set Out Nov<br />

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ALGODÃO TRIGO FEIJÃO M ILHO M ILHETO<br />

V - Vegetativo F - Florescimento e frutificação M - Maturação<br />

Fonte: elaborado pelo autor<br />

Figura 2: Rotação de 10 anos para os 3 pivôs (A, B e C)<br />

Dez<br />

17


Data<br />

18<br />

3.5. Dimensionamento <strong>da</strong> área irriga<strong>da</strong> pelo pivô<br />

A área irriga<strong>da</strong>, para uma mesma uni<strong>da</strong>de de comprimento <strong>da</strong> linha lateral, aumenta quanto mais distante do ponto pivô. Por isso, o custo por<br />

hectare decresce com o aumento do raio do pivô.<br />

Um dos parâmetros de maior importância na irrigação por pivô central é sua intensi<strong>da</strong>de de precipitação. Como a vazão aplica<strong>da</strong> por uni<strong>da</strong>de<br />

de comprimento do pivô aumenta com o aumento do seu raio, pode-se afirmar que a intensi<strong>da</strong>de de precipitação aumentará à medi<strong>da</strong> que se afasta do<br />

centro do pivô. Quando essa intensi<strong>da</strong>de de aplicação excede à capaci<strong>da</strong>de de infiltração do solo, ocorrerá o acúmulo de água na superfície do terreno e<br />

provável escorrimento superficial (Bernardo, 1995). Portanto, de acordo com Silva et al. (2002), solos com alta veloci<strong>da</strong>de de infiltração básica são<br />

mais apropriados para esse tipo de sistema, já que a água é aplica<strong>da</strong> em taxas crescestes a partir do ponto pivô, chegando no final <strong>da</strong> lateral com maior<br />

intensi<strong>da</strong>de de aplicação.<br />

Algumas informações relevantes foram obti<strong>da</strong>s na Fazen<strong>da</strong> Xanxerê situa<strong>da</strong> a 17 km <strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de do projeto em questão. Ela possui dois<br />

poços (270 m de profundi<strong>da</strong>de) os quais abastecem 3 pivôs (110 ha, 120 ha e 130 ha). A vazão de ca<strong>da</strong> poço é de 480 m 3 /h, esse valor foi obtido<br />

devido à bomba utiliza<strong>da</strong>, sendo que a vazão calcula<strong>da</strong> foi de 560 m 3 /h. A vazão retira<strong>da</strong> pela bomba é constante tanto em relação às horas do dia<br />

quanto em relação aos dias do ano. Mesmo com essas informações, deve-se verificar a vazão do poço construído para a implantação, já que o<br />

dimensionamento será baseado com a mesma vazão do poço na fazen<strong>da</strong> consulta<strong>da</strong>. Caso a vazão seja menor o projeto deverá ser reconsiderado e<br />

ajustado.<br />

A distância mínima entre poços artesianos para o fim de irrigação para a região em questão, de acordo com informações obti<strong>da</strong>s na Secretaria<br />

de Meio Ambiente e Recursos Hídricos <strong>da</strong> Bahia (Superintendência de Recursos Hídricos) em fevereiro de 2005, é de 5.000 metros. Pela disposição <strong>da</strong><br />

área plana <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong>, utiliza<strong>da</strong> para o projeto, será possível somente a construção de dois poços.<br />

Para o cálculo <strong>da</strong> água disponível diariamente para irrigação, deve-se ter conhecimento do horário de ponta. Esse é um período de três horas<br />

consecutivas exceto sábados, domingos e feriados nacionais, definido pela concessionária em função <strong>da</strong>s características de seu sistema elétrico no qual<br />

se torna inviável a utilização de todo o conjunto do sistema de irrigação. Sendo assim, admitindo a vazão de ca<strong>da</strong> poço 480 m 3 /h, a água para irrigar,<br />

bombea<strong>da</strong> no horário fora de ponta correspondente às demais 21 horas do dia, totaliza 10.080 m 3 de água/poço/dia, ou seja 20.160 m 3 de água/dia.<br />

Como as culturas estão arranja<strong>da</strong>s de forma a não coincidir os picos de consumo, os déficits <strong>da</strong> época de maior necessi<strong>da</strong>de de irrigação são<br />

menores que 5 mm de média dos três pivôs. Para chegar a essa informação, utilizou-se a média de um histórico de 18 anos de evaporação e<br />

precipitação do município de Barreiras (BA), obtidos em banco de <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Embrapa Cerrados (Planaltina, GO). As evaporações diárias foram<br />

multiplica<strong>da</strong>s pelos coeficientes <strong>da</strong>s culturas em ca<strong>da</strong> época nos diferentes pivôs e o resultado foi subtraído <strong>da</strong> precipitação, obtendo-se, assim, o<br />

déficit:<br />

Tabela 4: Exemplo déficit diário de água<br />

ET<br />

(mm)<br />

Prec.<br />

(mm)<br />

Kc ETp Kc ETp Kc ETp Média<br />

ETp<br />

Déficit<br />

Média 18 anos Trigo (mm) Milheto (mm) Feijão (mm) (mm) (mm)<br />

22/08 5,2 0,01 0,75 3,9 0,98 5,0 1,15 5,98 4,96 4,95<br />

Fonte: Dados de Pesquisa


Com isso, a água diária disponível será necessária para 403,2 ha considerando uma eficiência de irrigação de 100 %. Em posse desses <strong>da</strong>dos, é<br />

proposta a instalação de 3 pivôs de 130 ha ca<strong>da</strong> para uma capaci<strong>da</strong>de de irrigar em média 5,17 mm/ha.<br />

Memória de cálculo:<br />

5 mm = 5 litros/m 2 = 50.000 litros/ha<br />

20.160 m 3 /dia = 20.160.000 litros/dia<br />

20.160.000 litros/dia ÷ 50.000 litros/ha = 403,2 ha<br />

Proposto: 390 ha = 3.900.000 m 2<br />

20.160.000 litros/dia ÷ 3.900.000 m 2 = 5,17 litros/m 2 = 5,17 mm<br />

Para conseguir suprir a deman<strong>da</strong> hídrica com uma eficiência de irrigação de 90 % é proposta a construção de uma piscina armazenadora com<br />

200.000 m 3 para que se possa administrar a aplicação do restante de água que complete a lâmina bruta necessária. Sendo assim, haverá uma adutora<br />

que sai de ca<strong>da</strong> poço e conduz a água até a piscina armazenadora onde é redistribuí<strong>da</strong> para os pivôs localizados em volta dessa. Considerando a<br />

necessi<strong>da</strong>de extra de 0,5 mm/ha/dia no maior requerimento, essa piscina poderia suportar aproxima<strong>da</strong>mente 102 dias se não contabilizar a evaporação,<br />

podendo, assim, inclusive superar veranicos. Ao considerar as bombas dos dois poços estraga<strong>da</strong>s ao mesmo tempo, essa piscina armazenadora será<br />

capaz de suprir água por aproxima<strong>da</strong>mente 9 dias.<br />

Memória de cálculo:<br />

200.000 m 3 = 200.000.000 litros<br />

0,5 mm/ha/dia em 390 ha<br />

200.000.000 litros ÷ (3.900.000 m 2 * 0,5 litros/m 2 ) = 102 dias<br />

5 mm/dia ÷ 90 % = 5,6 mm/dia<br />

200.000.000 ÷ (3.900.000 m 2 * 5,6 litros/m 2 ) = 9 dias<br />

3.6. Algodão<br />

A decisão <strong>da</strong> quebra de subsídio do algodão dos Estados Unidos é considera<strong>da</strong> irrecorrível pela Organização Mundial do Comércio. Com essa<br />

decisão, o Brasil poderá triplicar a área de algodão nos próximos anos. De acordo com <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Associação Brasileira dos Produtores de Algodão<br />

(Abrapa), as exportações americanas reduziriam 40 %, a produção 29 % e os preços seriam elevados em até 13 %, sem os subsídios (Baldi e Teixeira,<br />

2005).<br />

Até o início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 90, a produção de algodão no Brasil concentrava-se nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Após esse período,<br />

aumentou significativamente a participação do algodão produzido nas áreas de cerrado, basicamente <strong>da</strong> região Centro-Oeste e alguns outros estados<br />

brasileiros no Cerrado (Bahia e o Maranhão na região Nordeste, cujos sistemas de produção apresentam características semelhantes às do Centro-<br />

19


20<br />

Oeste). A Bahia é o único estado brasileiro produtor de algodão que apresentou aumento de área dessa cultura na safra 2001/02 em relação à 2000/01<br />

(Richetti et al., 2003).<br />

O algodoeiro é uma planta exposta intensamente ao ataque de pragas e doenças, o que exige grandes cui<strong>da</strong>dos tanto durante o ciclo como na<br />

pós-colheita. Para reduzir a população de insetos e o potencial de inóculo, deve-se fazer a destruição dos restos culturais. Esse trato é prática<br />

obrigatória nos estados produtores. Porém, para que seja feito um SPD na área, essa soqueira não poderá ser destruí<strong>da</strong> por tratos mecânicos que<br />

revolvam o solo. Então, deve-se fazer uma roça<strong>da</strong> baixa e posterior aplicação de herbici<strong>da</strong> para a morte <strong>da</strong> soqueira. A roça<strong>da</strong> próxima ou rente ao solo<br />

não favorece o controle, ao contrário, faz com que o caule enrijeça diminuindo a eficiência do herbici<strong>da</strong> (Melhoraça, 2003).<br />

3.6.1. Manejo de irrigação do algodão<br />

Guerra et al. (2002), em seu trabalho sobre manejo de irrigação e fertilização nitrogena<strong>da</strong> para a cultura do algodoeiro na região do cerrado,<br />

concluíram que as irrigações complementares no algodoeiro devem se <strong>da</strong>r quando a tensão de água no solo, na profundi<strong>da</strong>de de 0,15 m, atingir valores<br />

entre 60 e 500 kPa e que aplicações com alta freqüência são prejudiciais ao algodoeiro. Como essa cultura será planta<strong>da</strong> na época <strong>da</strong>s águas, e resiste<br />

bem a estresse hídrico como pode ser visto na variação de 60 a 500 kPa, a irrigação somente será feita quando a tensão chegar ao limite superior <strong>da</strong><br />

leitura do tensiômetro.<br />

3.7. Trigo<br />

Segundo a Reunião <strong>da</strong> Comissão Centro Brasileira de Pesquisa do Trigo (2003), o Brasil importa cerca de 7,5 <strong>da</strong>s 10 milhões de tonela<strong>da</strong>s de<br />

trigo, representando cerca de um bilhão de dólares na balança de pagamentos brasileira, na<strong>da</strong> menos que 2,4 % de nossas importações. A Bahia é um<br />

dos estados com grande vocação para a produção desse grão.<br />

Os limites geográficos para o plantio do trigo na Bahia são ao sul do paralelo 11 o S e a oeste do meridiano 40 o W, a altitude mínima para a<br />

cultura irriga<strong>da</strong> é de 600 metros. A varie<strong>da</strong>de recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> nessas condições é a Embrapa 22, com a semeadura ocorrendo de 10 de abril a 31 de maio.<br />

Nessa região, a irrigação se torna indispensável para a produção na época seca.<br />

3.7.1. Manejo de irrigação do trigo<br />

Na época seca, a irrigação é uma prática indispensável para o cultivo de trigo na região central do Brasil. O cultivo dessa cultura nessa região<br />

se dá geralmente em latossolos com baixa retenção de água, com aproxima<strong>da</strong>mente 50 % <strong>da</strong> água disponível à tensão inferior a 60 kPa. Nessas<br />

condições é compatível a utilização <strong>da</strong> tensiometria (Reunião <strong>da</strong> Comissão Centro Brasileira de Pesquisa do Trigo, 2003).<br />

Após o plantio, deve-se aplicar de 40 a 50 mm de lâmina, dividi<strong>da</strong> em 3 aplicações para garantir a germinação e preencher com água o perfil<br />

do solo até, aproxima<strong>da</strong>mente, 40 a 50 cm. Após a germinação, deve-se proceder a instalação <strong>da</strong>s baterias de tensiômetros e, em segui<strong>da</strong>, aplicar mais<br />

uma lâmina de 15 mm. A partir dessa quarta irrigação, deve-se proceder, diariamente, leituras de tensiômetros e irrigar, sempre que as leituras dos<br />

tensiômetros instalados a 10 cm de profundi<strong>da</strong>de atingirem valores de tensão compatíveis com a expectativa de produtivi<strong>da</strong>de – 60 kPa e 40 kPa, 5.000


kg/ha e 6.000 kg/ha respectivamente (Reunião <strong>da</strong> Comissão Centro Brasileira de Pesquisa do Trigo, 2003 e Silva et al., 1999). Silva et al. (1999), em<br />

seu trabalho sobre manejo de irrigação por tensiometria, afirma que na fase intermediária de desenvolvimento, desde o início de emborrachamento até<br />

o final do espigamento, dos 42 aos 65 dias após a emergência, é período crítico em relação à água utiliza<strong>da</strong> sendo que sua falta pode ocasionar maior<br />

per<strong>da</strong> de produtivi<strong>da</strong>de. Nesse projeto é recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> a utilização <strong>da</strong> tensão de 40 kPa a 10 cm.<br />

As irrigações devem ser feitas até quando mais de 50 % <strong>da</strong>s espigas estiverem na fase de desenvolvimento de grãos, em estado de massa dura.<br />

Esse ponto pode ser determinado em condições de campo observando que os grãos cedem à pressão <strong>da</strong> unha, sem contudo romperem-se. Silva et al.<br />

(1999) indicam a irrigação deve cessar 95 dias após plantio.<br />

3.8. Milheto<br />

A cultura do milheto, através do seu sistema radicular profundo, tem a capaci<strong>da</strong>de de extrair, de solos de baixa fertili<strong>da</strong>de, grandes quanti<strong>da</strong>des<br />

de nutrientes e liberá-los gra<strong>da</strong>tivamente à medi<strong>da</strong> que sua palha<strong>da</strong> se decompõe (Vasconcellos et al., 1999).<br />

Em palestra apresenta<strong>da</strong> no 7 o Encontro Plantio Direto no Cerrado, Bonamigo (2003, p.40) afirma:<br />

“Para o cálculo de nutrientes reciclados pelo milheto pode-se partir de uma disponibili<strong>da</strong>de de 200 mm de água no solo em que sua produção espera<strong>da</strong> de<br />

matéria seca é de 6,6 t/ha, ou seja, aproxima<strong>da</strong>mente 116 kg de N, 28 kg de P2O5 e 262 kg de K2O, essas quanti<strong>da</strong>des de nutrientes transformados em<br />

fertilizantes representam 260 kg de uréia, 175 kg de super simples e 436 kg de cloreto de potássio, o equivalente em valores para fevereiro de 2003 a R$<br />

658,00/ha.”<br />

3.8.1. Manejo de irrigação do milheto<br />

Como a intenção <strong>da</strong> implantação do milheto não visa a colheita de grãos e sim o seu benefício na estruturação e absorção de nutrientes, e<br />

sabendo-se <strong>da</strong> sua resistência déficit hídrico, é proposta a utilização <strong>da</strong> tensão de 60 kPa para a retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong> irrigação.<br />

3.9. Feijão<br />

De acordo com Silva et al. (1999), o feijão constitui uma <strong>da</strong>s alternativas preferi<strong>da</strong>s para composição do sistema de rotação em sistemas<br />

irrigados, devido sua maior rentabili<strong>da</strong>de, do ciclo de produção mais curto e <strong>da</strong> tecnologia de condução disponível em termos de varie<strong>da</strong>des, práticas<br />

culturais e outros segmentos do sistema produtivo. Esses autores ain<strong>da</strong> destacam que os níveis de produtivi<strong>da</strong>de alcançados são maiores em cultivos de<br />

inverno, sob regime de irrigação por aspersão, podendo render mais de 50 sacas por hectare, com lavouras bem conduzi<strong>da</strong>s.<br />

3.9.1. Manejo de irrigação do feijão<br />

21


22<br />

Guerra et al. (2000), em seu trabalho sobre manejo de irrigação e fertilização nitrogena<strong>da</strong> para o feijoeiro na região dos cerrados, obtiveram<br />

produtivi<strong>da</strong>de acima de 4500 kg/ha trabalhando com tensão de 41 kPa para iniciar as irrigações com 3 <strong>da</strong>s quatro doses de N testa<strong>da</strong>s (40, 80 e 160<br />

kg/ha).<br />

3.10. Milho<br />

De acordo com Duarte (2000), o milho é uma <strong>da</strong>s culturas mais antigas do mundo e, provavelmente, a de maior importância econômica com<br />

origem na América. Essa sua importância é caracteriza<strong>da</strong> pelas diversas formas de sua utilização, que vai desde a alimentação animal até a indústria de<br />

alta tecnologia. Na reali<strong>da</strong>de, o uso do milho em grão como alimentação animal representa a maior parte do consumo desse cereal, isto é, cerca de 70<br />

% no mundo.<br />

O milho é considerado como uma cultura que deman<strong>da</strong> muita água, mas também é uma <strong>da</strong>s mais eficientes no uso <strong>da</strong> água, isto é, produz uma<br />

grande quanti<strong>da</strong>de de matéria seca por uni<strong>da</strong>de de água absorvi<strong>da</strong>. O período de máxima exigência é na fase do embonecamento ou um pouco depois<br />

dele, por isso déficits de água que ocorrem nesse período são os que provocam maiores reduções de produtivi<strong>da</strong>de. Déficit anterior ao embonecamento<br />

reduz a produtivi<strong>da</strong>de em 20 a 30 %; no embonecamento em 40 a 50 % e após em 10 a 20 %. A extensão do período de déficit também é importante<br />

(Albuquerque e Resende, 2000).<br />

3.10.1. Manejo de irrigação do milho<br />

Em sua revisão sobre manejo de irrigação, Silva et al. (1999) cita alguns trabalhos e os quais indicam que a irrigação do milho deve ocorrer<br />

com tensões entre 33 e 40 kPa para os melhores resultados.<br />

4. CONCLUSÃO<br />

A implantação do sistema e do manejo de irrigação proposto na Fazen<strong>da</strong> Paraná, região do Oeste <strong>da</strong> Bahia, é tecnicamente viável.<br />

A utilização do manejo por tensiometria e de plantio direto proporcionam, com o tempo, redução do consumo de água pelo sistema.<br />

As culturas recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s para a rotação satisfizeram o interesse particular do proprietário pelo algodão, acrescentando-se o milho, o feijão, o<br />

trigo e o milheto. Elas se enquadraram no sistema de forma a diminuir a necessi<strong>da</strong>de hídrica média dos 3 pivôs centrais, tendo como conseqüência um<br />

melhor aproveitamento de área irriga<strong>da</strong> pela água disponível.<br />

A irrigação permite um melhor aproveitamento do maquinário e <strong>da</strong> mão-de-obra especializa<strong>da</strong> que se encontram ociosos algumas épocas, pois<br />

o clima <strong>da</strong> região possibilita apenas o cultivo de uma cultura de sequeiro por ano.


5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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23


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<strong>UPIS</strong> – Facul<strong>da</strong>des Integra<strong>da</strong>s<br />

Departamento de Agronomia

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