Edição 145, Ano XIII, Maio 2009. - Arquidiocese de Florianópolis

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2 Opinião Seu melhor amigo perdeu um filho tragicamente: o que dizer a ele? O vizinho de porta está numa depressão terrível: como animá-lo? A colega de trabalho está sofrendo com a prolongada doença de seu pai: com que palavras consolá-la? A vida coloca você diante de situações para as quais escola alguma o preparou. E o grave é que uma palavra precisa ser dita, um gesto deve ser feito e uma decisão tomada. Mas qual? Você sabe muito bem que, em horas assim, a boa vontade não é suficiente; também não lhe faltam recordações de decisões, gestos ou palavras do passado que, longe de se terem revelado rico consolo, deixaram você em situação constrangedora e delicada. Nesse campo, temos muito que Uma das questões que mais angustia a existência do homem é precisamente esta: o que há depois da morte? A esse enigma, a solenidade de hoje, [dia da Páscoa], permite-nos responder que a morte não tem a última palavra, porque no fim quem triunfa é a vida. E essa nossa certeza não se funda sobre simples raciocínios humanos, mas sobre um dado histórico de fé: Jesus Cristo, crucificado e sepultado, ressuscitou com o seu corpo glorioso. Jesus ressuscitou para que também nós, acreditando nele, possamos ter a vida eterna. Esse anúncio situa-se no coração da mensagem evangélica. Declara-o com vigor São Paulo: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a nossa fé”. E acrescenta: “Se tão somente nesta vida esperamos em Cristo, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1Cor 15, 14.19). Desde a alvorada de Páscoa, uma nova primavera de esperança invade o mundo; desde aquele dia, nossa ressurreição já começou, porque a Páscoa não indica simplesmente um momento da história, mas o início duma nova condição: Jesus ressuscitou, não para que sua memória permaneça viva no coração dos seus discípulos, mas para que ele mesmo viva em nós, e, nele, possamos já saborear a alegria da vida eterna. Palavra Palavra do do Bispo Bispo Dom Dom Murilo Murilo S. S. R. R. Krieger Krieger Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ Arcebispo de Florianópolis Os amigos de Jó aprender de Jó. Sua figura comove: “Homem íntegro e reto, temia a Deus e se afastava do mal” (1,1); rico e famoso, despertou suspeitas em alguns contemporâneos, para quem não havia mistério em suas virtudes: como em sua vida tudo corria bem, era fácil compreender que fosse santo e honesto. Mas, e se sua situação mudasse? E se os bens que tinha fossem atingidos, permaneceria ainda fiel a Deus? Jó passou, então, a ser importunado com as mais diversas provações. Empobrecido, ferido e humilhado, chegou a ser ridicularizado até pela própria esposa. Foi então que três amigos seus, de lugares diferentes, ouvindo falar de suas doenças, foram visitá-lo, a fim de “compartilhar de sua dor e consolá-lo” (2,11). Encontraram- Palavra Palavra do do Papa Papa Bent Bent Bento o XVI XVI Ressuscitado, Jesus vive em nós Portanto, a ressurreição não é uma teoria, mas uma realidade histórica revelada pelo Homem Jesus Cristo por meio de sua “páscoa”, de sua “passagem”, que abriu um “caminho novo” entre a terra e o Céu (cf. Hb 10, 20). Não é um mito nem um sonho, não é uma visão nem uma utopia, não é uma fábula, mas um acontecimento único e irrepetível: Jesus de Nazaré, filho de Maria, que ao pôr do sol de Sexta-feira foi descido da cruz e sepultado, deixou vitorioso o túmulo. De fato, ao alvorecer do primeiro dia depois do Sábado, Pedro e João encontraram o túmulo vazio. Madalena e as outras mulheres encontraram Jesus ressuscitado; reconheceram-no também os dois discípulos de Emaús ao partir o pão; o Ressuscitado apareceu aos Apóstolos à noite no Cenáculo e depois a muitos outros discípulos na Galileia. “ A ressurreição não é um mito nem um sonho, mas um acontecimentoúnico e irrepetível: Jesus de Nazaré Bent Bento Bent o XVI XVI, XVI 12.04.09 - Domingo da Páscoa Jornal Jornal da da Ar Arquidiocese Ar uidiocese de de Florianópolis Florianópolis Rua Esteves Júnior, 447 - Centro - Florianópolis Cep 88015-130 - Fone/Fax (48) (48) 322 3224-4 322 322 4-4 4-4799 4-4 799 E-mail: jornal@ar jornal@arquifln.org.br jornal@ar uifln.org.br - - Site: www www.ar www www.ar .ar .arquifln.org.br .ar uifln.org.br 22 mil exemplares mensais no, contudo, tão desfigurado que, a princípio, nem o reconheceram. Aproximando-se dele, sentaramse ao seu lado durante sete dias e sete noites, sem dizer-lhe uma palavra, “vendo como era atroz seu sofrimento” (2,13). O drama de Jó, rico de luzes e sombras, é belíssimo e digno de ser meditado pelos homens e mulheres do nosso tempo. Fixo-me, contudo, nesse sábio gesto de seus amigos, que anteciparam o que Paulo escreveria cinco séculos mais tarde, como expressão máxima de comunhão: “Alegrai-vos com os que se alegram. Chorai com os que choram” (Rm 12,15). Recordando a atitude dos amigos de Jó, poderíamos completar: sofrei em silêncio com os que sofrem. Em determinadas situações, Reflexão Reflexão A vida cristã é caminho de santidade, pedagogia de santidade, é busca feliz de Deus (Lev 11, 44). Santo é quem está consagrado a Deus. Santificar é tornar íntegro, inviolável, o contrário de mundanizar, isto é, ser possuído pelo espírito do mundo, do espetáculo, perder a intimidade. O santificado revela somente a Deus sua intimidade pessoal; o mundanizado, por sua vez, tudo revela em busca de apoio, complacência, dinheiro, sucesso. A Igreja antiga tinha muito pudor com as coisas santas. Quem não era batizado permanecia na igreja até o final da Liturgia da Palavra, pois a Liturgia Eucarística estava reservada aos batizados, aos que tinham sido iniciados nos Mistérios. Ao catecúmeno (o que se preparava para o Batismo) quase tudo era ensinado, menos a revelação final do mistério batismal: essa era feita na catequese mistagógica pós-batismal. A publicidade faz perder a santidade do sagrado, expondo tudo ao público. Madre Teresa não conseguia explicar a Inspiração que a fizera consagrar-se aos pobres mais pobres. Respondia: “Eu disse a Jesus que levasse tudo, para que eu não tivesse que explicar. Quando tornamos algo público, ele perde a santidade”. Alguns não conseguem adorar o Santíssimo sem ter aberta mais do que consolar com palavras, importa ser uma presença amiga ao lado daquele que, fechado em sua dor, parece estar a quilômetros de distância de nós. Quando alguém está envolvido por um grande sofrimento, temos a impressão de que não conseguimos atingi-lo. Engano nosso. Uma presença discreta e silenciosa, marcada pelo desejo de comunhão, é, ao mesmo tempo, consolo e força, bálsamo e luz. Pode ser que num primeiro momento nem seja percebida; aos poucos, contudo, faz nascer no irmão a certeza de que não está só. É possível que, mesmo assim, ele não entenda o sofrimento que está enfrentando, mas certamente conseguirá superá-lo com mais rapidez e aproveitará melhor as lições daqueles momentos. “ Santidade e Intimidade a porta do sacrário. Mas é exatamente a porta fechada que leva à adoração daquele que ama escondido, que aceita ser adorado em sua intimidade. Quanta Beleza num sacrário fechado, mas totalmente aberto aos amantes que o contemplam! A cultura da publicidade a qualquer preço destroi a intimidade e com isso torna as pessoas manipuláveis. Há algo mais constrangedor que afixar cartazes e faixas com a face do Senhor sofredor convidando para a Procissão dos Passos? A Paixão de Cristo deixa de ser ato redentor para ser fato cultural. Os que o amam no Caminho da dor querem contemplá-lo em silêncio, quase em segredo. E a blasfêmia de anunciar a Procissão de Corpus Christi como “espetáculo” da tradição religiosa? O Senhor da Humildade, reduzido a um pedaço de Pão, quer ser contemplado por amigos que o adoram em sua pobreza e não olhado por curiosos. Vivemos um período de teologia fraca, à la carte, o que representa um enorme perigo para a integridade da mensagem cristã. A superficialidade teológica se traduz em superficialidade mistagógica: ministro acha que seus paramentos dourados são evangelizadores, as equipes enfeitam a Missa. Mas, o Senhor crucificado não está nu? Quer- Maio 2009 Jornal da Arquidiocese Em determinadassituações, mais do que consolar com palavras, importa ser uma presença amiga ao lado daquele que sofre” se tudo exposto em veste popular, e assim perde a santidade. Um dia, a anestesia da publicidade religiosa a qualquer preço e a instrumentalização do sagrado despertará. O que teremos? Multidões aflitas em busca de milagres, multidões que não conhecem a Palavra de Deus, mas acreditam em poderes mágicos, multidões que confundem fé com prazer, com o "agradável", multidões que fogem do Cristo crucificado, trocando-o por produtos religiosos que geram prosperidade. Uma pena, depois de todo o esforço do Vaticano II colocando como fonte da santidade a Palavra e o Sacramento. E corremos o perigo de retornar a buscála no devocional. Profunda a palavra de um teólogo que anunciava uma Igreja confessante, corajosa, mártir: “Que outro é o preço que hoje pagamos... se não uma necessária consequência da graça alcançada a baixo preço? Por baixo preço se proclamava o anúncio, se administravam os sacramentos, se batizava, se dava a crisma, se absolvia o povo inteiro, sem que fossem postas perguntas ou condições” (D. Bonhoeffer: Discipulado). Para ele, o preço foi o martírio no campo de concentração. A santidade tem alto preço: a própria vida. Pe. e. José José Ar Artulino Ar Artulino tulino Besen Besen Besen Diretor: Pe. Ney Brasil Pereira - Conselho Editorial: Dom Murilo S. R. Krieger, Dom José Negri, Pe. José Artulino Besen, Pe. Vitor Galdino Feller, Ir. Marlene Bertoldi, Maria Glória da Silva Luz, Guilherme Pontes, Carlos Martendal e Fernando Anísio Batista - Revisão: Irmã Clea Fuck - Jornalista Responsável: Zulmar Faustino - SC 01224 JP - Departamento de Publicidade: Pe. Francisco Rohling - Editoração e Fotos: Zulmar Faustino - Distribuição: Juarez João Pereira - Impressão e Fotolitos: Gráfica Rio Sul
Jornal da Arquidiocese Maio 2009 Geral Aparecida sedia Peregrinação Nacional em Favor da Família Paróquias estão organizando caravanas. Espectativa é que 10 ônibus partam da Arquidiocese “Família Discípula e Missionária a Serviço da Vida”, é o tema da Peregrinação Nacional em Favor da Família, que o Santuário de Aparecida, em São Paulo, vai sediar no dia 24 de maio. A cidade foi escolhida por ser sede mariana da padroeira e pela sua importância religiosa para o Brasil. O evento será uma ocasião para o povo brasileiro demonstrar que é na família que se dá e se recebe ternura, carinho, apreço, segurança e generosidade. Tratase de uma forma de fazer com que os interesses da família e da vida possam marcar presença nas políticas públicas no país. A programação começa no sábado, 23 de maio, com o momento de catequese, testemunho e apresentação musical, com Antônio Cardoso. Depois, haverá a oração do terço meditado e a Missa na Basílica Nacional, com procissão de velas. No domingo, 24, os participantes se reunirão para a “Gran- Crismas Maio 2009 O Movimento de Emaús estará realizando, nos dias 14 a 17 de maio, o “84º Retiro de Emaús Feminino”. Trata-se de um retiro de quatro dias, voltado à formação de lideranças para atuar na Igreja ou ser presença dela nos diversos ambientes da sociedade. O retiro será realizado na Casa de Encontros Vila Fátima, no Morro das Pedras, em Florianópolis. Neste ano em que completa 35 anos em Florianópolis, o Movimento pretende alcançar o maior número de rapazes e moças para participarem dos encontros. “Sentimos que este ano deve ser um de Concentração em Favor da Família”. Às 8 horas terá lugar a Celebração Eucarística na Basílica. Na tribuna Aloísio Lorscheider acontecerá o show da família em favor da vida, com testemunhos familiares e apresentações musicais, animadas pelo Padre Reginaldo Mangotti. Caravanas de todo o Brasil estão sendo organizadas para participar da Concentração. Na Arquidiocese, a Pastoral Familiar fez a divulgação em todas as paróquias e solicitou que se organizem para participar. A expectativa é que em torno de 10 ônibus saiam daqui com lideranças. “As pessoas que tiverem interesse em participar, devem entrar em contato com sua paróquia ou alguma das paróquias próximas à sua residência. Muitas delas estão fretando ônibus para participar”, disse Luiz Carlos Soares, que, com sua esposa, Zélia, coordena a Pastoral Familiar na Arquidiocese. DATA HORA LOCAL CELEBRANTE 23 19h São Bonifácio Dom Vito 30 19h Florianópolis - Trindade (São Bento - Itacorubi) Retiro Feminino do Movimento de Emaús Dom Vito 30 18h Biguaçu Dom Murilo 31 9h30 16h Biguaçu Dom Murilo 31 10h Fpolis - SSma. Trindade Dom Vito marco em nossa trajetória de evangelização, expandindo ainda mais o número de pessoas que encontram ou reencontram a Cristo em nosso curso”, disse Rafael Gil, que, com sua esposa Sabrina, são secretários do movimento. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas no dia 06, das 9h às 12h, ou 08 e 12, das 20h às 22h, no Centro Arquidiocesano de Pastoral, localizado no Largo São Sebastião, na Beira-Mar, em Florianópolis. Mais Mais inf informações inf ormações no no sit site sit www www.emaus.org.br/florianopolis. www .emaus.org.br/florianopolis. Santuário Nacional de Aparecida, São Paulo, vai sediar o evento que pretende reunir famílias de todo o Brasil Inscrições para Pós-Graduação em Arte Sacra continuam abertas As inscrições para o Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Espaço Celebrativo-Litúrgico e Arte Sacra continuam abertas, e poderão ser feitas até o dia 15 de maio no ITESC. Maiores informações através do telefone (48) 3234-0400 ou pelo e-mail: secretaria@itesc.org.br, ou, ainda, no site www.itesc.org.br. Os interessados deverão apresentar comprovante de graduação reconhecido pelo MEC. O curso destina-se, principalmente, aos formados em Teologia, ou Ciências da Religião, Arquitetura, Artes Plásticas, Arte Sacra, Engenharia, Bens Culturais e Patrimônio Histórico e áreas afins. O curso é dividido em três etapas. A primeira será de 20 de julho a 1º de agosto de 2009; a segunda, de 1º a 13 de fevereiro de 2010, e a terceira, de 19 a31 de julho de 2010. Cada fase tem 120 horas/aula. A Especialização nasceu tendo presente as necessidades atuais da Igreja e do desejo conjunto do ITESC e da Comissão Arquidiocesana de Liturgia de oferecer uma formação interdisciplinar especializada sobre Arte Sacra, particularmente sobre o Espaço Celebrativo-Litúrgico. De acordo com Pe. Tarcísio Pedro Vieira, coordenador do Curso, esse Curso surge num momento muito especial. Alguns fatores justificam sua realização: Primeiro - a necessidade de profissionais habilitados para este serviço tão especializado, particularmente os profissionais da área da arquitetura, da engenharia, das artes e outras áreas afins; Formação para profissionais e leigos Segundo - também os clérigos e agentes de pastoral, sobretudo os envolvidos na liturgia e na parte administrativa de nossas comunidades, precisam conhecer as orientações da Igreja a respeito do espaço celebrativo e compreender que ele é espaço sagrado, que deve nos conduzir à experiência do Mistério de Deus, em comunidade; Terceiro - são tantas as igrejas que precisam, urgentemente, de uma readequação do seu espaço celebrativo. Os novos projetos não podem ser feitos sem os critérios específicos da Arte Sacra. “Infelizmente, nesta área há uma grande carência de profissionais e agentes eclesiais capacitados para responder às necessidades de nossas comunidades eclesiais", disse Pe. Tarcísio. Divulgação/JA Arquidiocese ganha novo diácono A paróquia Santa Cruz, em São José, estará em festa no dia 09 de maio. Neste dia, será ordenado diácono Venceslau Alves Ferreira. A celebração, realizada às 15h30min, será presidida pelo nosso bispo emérito Dom Vito Schlickmann. Com essa ordenação, a Arquidiocese passará a ter 112 diáconos ordenados. Venceslau é uma importante liderança na sua comunidade. Participa de pastorais e movimentos desde antes de a comunidade ser elevada a paróquia (em 12 de maio de 1990). Mas o seu trabalho está mais concentrado na Pastoral Vocacional, “pela qual foi contagiado”, e na “Cozinha Comunitária”. Há seis anos iniciou o trabalho de dar almoços às crianças empobrecidas da comunidade Senhor Bom Jesus dos Passos, no Loteamento José Nitro. Hoje, cerca de 60 crianças são atendidas pelo projeto, com almoço de segunda a sexta-feira. “É uma coisa que nunca vou deixar de fazer”, confidenciou. Ele é empresário, casado há 19 anos com Terezinha, e têm uma filha de sete anos. O convite para ser diácono partiu do Diácono Rudi Marcionillo Melim, seu futuro colega na paróquia. Venceslau fez sua formação na Escola Diaconal São Francisco de Assis e se formou no ano passado, junto com os 18 diáconos que já foram ordenados. Por problemas pessoais, solicitou que sua ordenação fosse postergada, o que foi aceito pela comunidade e por Dom Murilo. Com a ordenação de Venceslau, a Arquidiocese terá 112 diáconos 3
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