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Edição 145, Ano XIII, Maio 2009. - Arquidiocese de Florianópolis

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14 Geral<br />

Pe. Valdir Staehelin<br />

Espírito aventureiro missionário, apesar<br />

<strong>de</strong> já estar com 74 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

Aos 72 anos, a maioria das<br />

pessoas já “aposentou as chuteiras”.<br />

Busca tranquilida<strong>de</strong> e não<br />

quer novos <strong>de</strong>safios. Mas não foi<br />

isso que fez o Pe. Valdir Staëhelin.<br />

Nessa ida<strong>de</strong>, ele aceitou o <strong>de</strong>safio<br />

<strong>de</strong> assumir um trabalho missionário<br />

na Paróquia São José, na<br />

Diocese <strong>de</strong> Coxim, Mato Grosso do<br />

Sul. Ele aceitou o convite feito por<br />

um conterrâneo seu, Pe. Pedro<br />

Arnoldo Silva, também natural <strong>de</strong><br />

São Pedro <strong>de</strong> Alcântara. Era para<br />

ficar por um ano, mas prolongou<br />

por mais um, aten<strong>de</strong>ndo ao apelo<br />

do bispo local. Dois anos em uma<br />

diocese com uma gigantesca extensão<br />

territorial, poucas paróquias<br />

e ainda menos padres.<br />

Hoje, aos 74 anos, ele fala um<br />

pouco sobre essa experiência,<br />

sobre seu espírito aventureiro, sua<br />

experiência anterior (há 30 anos)<br />

na Bahia, sobre o orgulho <strong>de</strong> saber<br />

um padre em missão estrangeira<br />

e <strong>de</strong>ixa uma mensagem para<br />

aqueles que pensam em realizar<br />

uma experiência missionária.<br />

Jornal Jornal da da Ar <strong>Arquidiocese</strong> Ar uidiocese - - O senhor<br />

está retornando à <strong>Arquidiocese</strong><br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> dois anos na<br />

diocese na Diocese <strong>de</strong> Coxim, no<br />

Mato Grosso do Sul. Fale-nos um<br />

pouco sobre essa experiência.<br />

Pe. e. e. VV<br />

Valdir VV<br />

aldir aldir - - A diocese <strong>de</strong> Coxim<br />

é uma imensa região, cuja superfície<br />

abrange em extensão pouco<br />

Criativida<strong>de</strong><br />

Existem cerca <strong>de</strong> 25 mil tipos<br />

<strong>de</strong> árvores no planeta; <strong>de</strong>pois da<br />

Colômbia, o Brasil é o país com<br />

mais espécies <strong>de</strong> pássaros catalogadas:<br />

1.822 aves diferentes; as<br />

pétalas <strong>de</strong> uma rosa nunca são<br />

iguais; cada dia o Pai tinge o céu<br />

<strong>de</strong> cores belas que não se repetem...<br />

Como o Amor é criativo!<br />

Rotina<br />

É preciso cuidado com certas<br />

rotinas, pois muitas <strong>de</strong>las, se não<br />

matam o amor, têm o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>,<br />

pelo menos, engessá-lo. São<br />

Josemaria Escrivá gostava <strong>de</strong><br />

aconselhar: “Fujamos da rotina<br />

como do próprio <strong>de</strong>mônio”, e a<br />

qualificava <strong>de</strong> “abismo, sepulcro”,<br />

armazém <strong>de</strong> coisas mortas. Ah,<br />

“velha feiticeira” sem vassoura...<br />

Rotina 2<br />

Tudo que é feito com amor não<br />

se torna rotineiro, pois o amor é<br />

criativo. Há trabalhos que cansam<br />

muito, há tarefas que se tornam<br />

enfadonhas, há lavações <strong>de</strong> pratos<br />

e panelas que são verda<strong>de</strong>iro<br />

peso porque são coisas feitas sem<br />

amor. Saiamos da rotina...<br />

mais da meta<strong>de</strong> do Estado <strong>de</strong><br />

Santa Catarina (quase 49.000<br />

km²). Formada por nove municípios,<br />

situados quase todos nas bacias<br />

dos rios Taquari, Negro e<br />

Piquiri. A população <strong>de</strong> toda a<br />

diocese é <strong>de</strong> 130 mil aproximadamente,<br />

e da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coxim <strong>de</strong><br />

31 mil habitantes. Mais da meta<strong>de</strong><br />

do município <strong>de</strong> Coxim abrange<br />

o Pantanal, <strong>de</strong> sorte que é uma<br />

região belíssima. Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Coxim há três paróquias. Eu trabalhei<br />

na <strong>de</strong> São José, da Catedral,<br />

que é formada por seis comunida<strong>de</strong>s<br />

no perímetro urbano,<br />

mais quatro no interior e outras<br />

tantas fazendas, on<strong>de</strong> também se<br />

prestava assistência mais esporadicamente.<br />

Coxim é também uma<br />

cida<strong>de</strong> histórica. De Coxim partiram,<br />

em fevereiro <strong>de</strong> 1866, os “voluntários<br />

da pátria”. Eram seis mil<br />

homens, tendo como repórter <strong>de</strong><br />

guerra o jovem engenheiro e escritor<br />

(tinha apenas 22 anos), Viscon<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Taunay, que se<br />

celebrizou com a “Retirada da Laguna”.<br />

A população <strong>de</strong> Coxim é formada<br />

por nortistas, paulistas, sulistas,<br />

paraguaios e alguns remanescentes<br />

das tribos bororós e<br />

guaicurus. Também a fauna é<br />

abundante. Foi neste ambiente<br />

que exerci uma grata experiência<br />

missionária, colhendo o que outros<br />

plantaram e refazendo ou<br />

mantendo a fé daquele bom povo<br />

Ébrio<br />

A voz possante <strong>de</strong> Vicente<br />

Celestino cantava: “Tornei-me um<br />

ébrio, na bebida busco esquecer...”.<br />

A oração da Igreja ressoa<br />

pelos séculos: “Sangue <strong>de</strong> Cristo,<br />

inebriai-me!”. Lá, para esquecer;<br />

aqui, para lembrar. Que o<br />

Sangue re<strong>de</strong>ntor seja aquele que,<br />

bebido, nos dê a Vida, nos fortaleça<br />

na caminhada do dia-a-dia,<br />

nos torne semelhantes Àquele <strong>de</strong><br />

quem nos alimentamos!<br />

Servir<br />

Santa Teresa d'Ávila meditava<br />

sobre o pecado quando escreveu:<br />

“Servimos ao <strong>de</strong>mônio com aquilo<br />

que nos dais vós, Senhor!”. O Pai<br />

nos dá os olhos: com eles pecamos<br />

e O ofen<strong>de</strong>mos; Ele nos dá as<br />

mãos: há vezes em que uma e outra<br />

nos levam a machucá-lO; na<br />

Sua bonda<strong>de</strong>, conce<strong>de</strong>-nos a voz:<br />

aqui e ali a usamos para magoar o<br />

irmão, ferir o que se aproxima <strong>de</strong><br />

nós, falar mal <strong>de</strong> quem não gostamos...<br />

Claro que também nos santificamos<br />

com aquilo que o Senhor<br />

nos dá, mas, como somos fracos...<br />

Se Sua força não nos socorresse,<br />

seríamos uns pobres <strong>de</strong>sgraçados.<br />

Pe. Valdir, apesar da ida<strong>de</strong> avançada, um otimista com espírito aventureiro<br />

“Todo padre recém-or<strong>de</strong>nado <strong>de</strong>veria<br />

passar por uma experiência<br />

missionária <strong>de</strong> ao menos um ano”.<br />

tão carente <strong>de</strong> padres.<br />

JA A - - O senhor saiu daqui com a<br />

expectativa <strong>de</strong> ficar em missão<br />

por um ano, mas ficou por dois.<br />

Por que <strong>de</strong>cidiu ficar mais esse<br />

tempo lá?<br />

Pe. e. VV<br />

Valdir V aldir - - Foi por solicitação<br />

<strong>de</strong> Dom Antonino Migliore, bispo<br />

<strong>de</strong> Coxim. Respondi-lhe que, se<br />

Dom Murilo permitisse, ficaria<br />

mais um ano, dada a carência <strong>de</strong><br />

padres, e também porque, apesar<br />

do constante calor, me achava<br />

bem <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

JA A - - O senhor acaba <strong>de</strong> completar<br />

74 anos. Tinha 72 anos<br />

quando iniciou a missão. Não<br />

teve receio <strong>de</strong> aceitar um traba-<br />

Retalhos Retalhos do do Cotidiano Cotidiano Carlos Martendal<br />

lho missionário nessa ida<strong>de</strong>?<br />

Pe. e. V VValdir<br />

V aldir - -<br />

- É claro que não sou<br />

mais um garotão, mas minha saú<strong>de</strong><br />

e minha experiência <strong>de</strong> 42<br />

anos <strong>de</strong> padre davam-me a segurança<br />

<strong>de</strong> que tudo sairia da melhor<br />

maneira possível. Foi o que<br />

aconteceu. Por outro lado, sou otimista<br />

por natureza e tenho um<br />

certo espírito <strong>de</strong> aventura.<br />

JA A A - - Essa foi a sua segunda<br />

experiência missionária. Há cerca<br />

<strong>de</strong> 30 anos realizou trabalho<br />

missionário na Diocese <strong>de</strong> Barra,<br />

na Bahia. Qual a diferença <strong>de</strong>sses<br />

dois trabalhos missionários?<br />

Pe. e. V VValdir<br />

V Valdir<br />

aldir - -<br />

- Como tenho por<br />

lema sacerdotal: “Estar sempre<br />

pronto para servir”, sentia-me im-<br />

Celebração da Eucaristia durante o 15º CEN, realizado em 2006<br />

Três anos já passaram <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que celebramos o XV Congresso<br />

Eucarístico Nacional.<br />

Lembremo-nos <strong>de</strong> que “na Eucaristia<br />

está aquele Jesus que<br />

os pastores encontraram <strong>de</strong>itado<br />

na manjedoura; aquele Jesus<br />

que Maria e José viram<br />

crescer sob seus olhos; aquele<br />

Jesus que atraía e ensinava as<br />

multidões, que fazia milagres,<br />

que se <strong>de</strong>clarava a luz e a vida<br />

Eucaristia<br />

do mundo, que para nos salvar<br />

morreu na cruz; aquele Jesus<br />

que, ressuscitado, apareceu<br />

aos Apóstolos e em cujas chagas<br />

Tomé pôs o <strong>de</strong>do; que subiu<br />

ao céu, está sentado à direita<br />

do Pai e, juntamente com<br />

o Pai, envia aos fiéis o Espírito<br />

Santo! Sempre o mesmo, “ontem,<br />

hoje e por toda a eternida<strong>de</strong>.”<br />

(Pe. Gabriel <strong>de</strong> Sta. Maria<br />

Madalena)<br />

<strong>Maio</strong> 2009 Jornal da <strong>Arquidiocese</strong><br />

Arquivo/JA<br />

Arquivo/JA<br />

pulsionado com o mesmo ardor,<br />

apesar <strong>de</strong> um certo peso da ida<strong>de</strong>.<br />

A diferença é que no sertão<br />

da Bahia a população é bem mais<br />

pobre e mais homogênea, não<br />

existia tanta mistura <strong>de</strong> raças,<br />

mas a fé, a fome <strong>de</strong> Deus, é a<br />

mesma.<br />

JA A - - Des<strong>de</strong> 2006, o Pe. Lúcio<br />

Espíndola realiza trabalho missionário<br />

na Guiné-Bissau. Essa experiência<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar em nosso<br />

clero o interesse pela missão<br />

ad gentes?<br />

Pe. e. V VValdir<br />

VV<br />

aldir - - Pe. Lucio não <strong>de</strong>ixa<br />

<strong>de</strong> ser um exemplo que orgulha<br />

a todos nós. Mas, a maior experiência<br />

sempre será a <strong>de</strong> Cristo<br />

que se doou totalmente por nós.<br />

E o seu mandato imperativo: “I<strong>de</strong><br />

por todo mundo”... não admite<br />

que nos instalemos. A missão é<br />

dinâmica e inquietante, parece<br />

que até faz a gente se renovar.<br />

JA A - - Que mensagem <strong>de</strong>ixa<br />

para as pessoas que pensam em<br />

realizar um trabalho missionário?<br />

Pe. e. V VValdir<br />

V aldir - - Todo ser humano, e<br />

principalmente o padre, sonha com<br />

um i<strong>de</strong>al. A realida<strong>de</strong>, no entanto,<br />

nos pesa, nos questiona e nos intimida<br />

e po<strong>de</strong>rá até nos fazer retroce<strong>de</strong>r.<br />

Há o perigo <strong>de</strong>, tanto aqui<br />

como lá (na missão), a gente se<br />

acomodar. Penso que, se a gente<br />

procurar sofrer com os que sofrem,<br />

chorar com os que choram, alegrarse<br />

com os que se alegram, Isto é,<br />

ser solidário com as pessoas, não<br />

é necessária muita burocracia nem<br />

muita teologia. Aquele que “faz novas<br />

todas as coisas” não <strong>de</strong>ixa sem<br />

rumo e sem ardor a quem procura<br />

ser fiel a sua vocação...<br />

Morada<br />

O jovem padre estava ro<strong>de</strong>ado<br />

<strong>de</strong> crianças. Então perguntoulhes:<br />

“On<strong>de</strong> Deus mora?”. Não<br />

vindo logo a resposta, colocou<br />

uma mão no coração, pôs a outra<br />

sobre esta, e <strong>de</strong> novo perguntou:<br />

“On<strong>de</strong> Deus mora?”. Então<br />

Luísa, cinco aninhos, respon<strong>de</strong>u:<br />

“Ele mora lá em casa!”. Que resposta,<br />

que belíssima resposta!<br />

Reveladora do ambiente on<strong>de</strong> a<br />

pequena Luísa morava. Um pedacinho<br />

do céu aqui na terra...<br />

Vento<br />

O vento me <strong>de</strong>spenteia. Meu<br />

cabelo é dócil e <strong>de</strong>ixa-se <strong>de</strong>spentear.<br />

Por que não és assim, minha<br />

alma?<br />

Vento 2<br />

Quando chegas, velho vento<br />

sempre novo, caem primeiro as<br />

folhas que já viveram mais. Caem,<br />

também, as que não estão firmemente<br />

unidas aos ramos. Venha<br />

o sopro do Senhor tirar <strong>de</strong> mim o<br />

que está velho e não unido a Ele,<br />

venha o Sopro tirar <strong>de</strong> mim o que<br />

está velho e renovar-me para, então,<br />

produzir frutos!

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