Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Desenhos <strong>de</strong> uma vida: o percurso biográfico <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong><br />
40<br />
Capítulo 2<br />
Estamos perante um edifício com a fachada em gaveto, on<strong>de</strong> o dinamismo das curvas <strong>de</strong>fine<br />
formalmente o espaço. No interior, bastante marcado pelas formas <strong>de</strong>corativas, a iluminação<br />
era preferencialmente natural e o mobiliário, feito por encomenda, po<strong>de</strong>rá ter sido <strong>de</strong>senhado,<br />
ainda que parcialmente, pelo próprio <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong> 143 . Este arquitecto acompanhou o início<br />
dos trabalhos <strong>de</strong> construção, os quais, numa fase final, já foram acompanhados por A<strong>de</strong>lino<br />
Nunes 144 .<br />
A colaboração, entre A<strong>de</strong>lino Nunes e <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>, ter-se-á esgotado nesta tipologia<br />
<strong>de</strong> edifícios — salvaguardando futuras <strong>de</strong>scobertas. Não foi por isso menos importante no<br />
contexto da carreira <strong>de</strong> ambos. De facto, se A<strong>de</strong>lino Nunes será sempre o ―arquitecto dos<br />
Correios‖ em Portugal 145 , a participação <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>, não só não foi pontual, como,<br />
consi<strong>de</strong>ramos ainda po<strong>de</strong>r vir a trazer novas surpresas. Por outro lado, estes trabalhos<br />
marcaram, sem dúvida, uma nova fase na carreira <strong>de</strong> <strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>. Esse período <strong>de</strong> abertura<br />
da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, associada aos equipamentos públicos, correspon<strong>de</strong>u, sobretudo, ao<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> duas tipologias <strong>de</strong> edifícios: as estações <strong>de</strong> CTT e os cine-teatros. Será<br />
interessante ver como as soluções adoptadas para o primeiro caso, vêm a resultar também no<br />
segundo e a ser incorporadas em programas tipológicos muito diversos. Nesse sentido, po<strong>de</strong><br />
consi<strong>de</strong>rar-se que o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> estações dos CTT foi um período <strong>de</strong> ―aprendizagem do<br />
mo<strong>de</strong>rno‖, on<strong>de</strong> as experiências iniciais se traduziram numa posterior maturida<strong>de</strong> dos<br />
mo<strong>de</strong>los — por exemplo no caso da relação entre a antiga estação dos CTT <strong>de</strong> Ponte e Lima e<br />
a estação dos CTT <strong>de</strong> Santarém, como veremos mais adiante 146 .<br />
2.2.2 – Uma nova estética para a cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna<br />
Na década <strong>de</strong> 30, a abordagem urbanística até aqui, em certa medida, comprometida<br />
com historicismos limitadores, renovou-se com o aparecimento <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> pensar e<br />
<strong>de</strong> agir sobre a cida<strong>de</strong> e os seus objectos. 147 No caso Português, esta mudança e esta aceitação<br />
não se realizaram <strong>de</strong> forma linear ou imediata. O novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> organização social da<br />
ditadura — a partir <strong>de</strong> 1933 <strong>de</strong>signada como Estado Novo — contra-balanceava a<br />
manifestação arquitectónica <strong>de</strong> pretendida dimensão imperialista com a valorização da<br />
imagem do modo <strong>de</strong> vida rural. De forma aparentemente contraditória, viria a <strong>de</strong>clarar-se<br />
143<br />
BÁRTOLO, Carlos, ob. cit, p. 107.<br />
144<br />
―O Palácio das Comunicações <strong>de</strong> Santarém será inaugurado amanhã pelo Ministro das obras Públicas‖, Correio da<br />
Extremadura, Santarém, n.º 2445, ano 47, 12 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1938, p. 1.<br />
145<br />
CARDOSO, Eurico Carlos Esteves Lage, História dos Correios em Portugal em datas Ilustrada, Lisboa, Ed. <strong>de</strong> Autor, 2.ª<br />
edição revista e aumentada, 2001, p. 111 a 113.<br />
146<br />
LOPES, Tiago Soares; NORAS, José R., ―<strong>Amílcar</strong> <strong>Pinto</strong>, o arquitecto na província‖, em Monumentos, n.º 29 [no prelo].<br />
147<br />
FERNANDES, José Manuel, ―A cida<strong>de</strong> e as serras: urbanida<strong>de</strong> da arquitectura mo<strong>de</strong>rnista‖ em Arquitectura Portuguesa –<br />
temas actuais II, Lisboa, Livros Cotovia, 2005, p. 105 – 115