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Amílcar Pinto: - Estudo Geral - Universidade de Coimbra

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Tendências gerais da arquitectura portuguesa na primeira meta<strong>de</strong> do século XX<br />

14<br />

Capitulo 1<br />

utilização do ferro e favorecendo os argumentos dos <strong>de</strong>fensores da maior aproximação<br />

entre a arte e a técnica 12 . De facto, foram as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> expansão urbana dos dois<br />

gran<strong>de</strong>s centros, com a subsequente criação <strong>de</strong> novos equipamentos, que <strong>de</strong>senvolveram<br />

a gran<strong>de</strong>s obras em ferro. Esta visão continua presente, por exemplo, na estação do<br />

Rossio (projecto <strong>de</strong> José Luis Monteiro 13 ) ou no Hotel Avenida Palace 14 .<br />

Entretanto, também no Porto se assistia a uma renovação da paisagem urbana,<br />

com abertura da Avenida dos Aliados. Neste processo, impôs-se a figura do arquitecto<br />

Marques da Silva 15 (mais tar<strong>de</strong> director da Escola <strong>de</strong> Belas Artes do Porto), o qual<br />

representou a Norte a mesma tendência cosmopolita e beauxartiana, já vista em<br />

Ventura Terra.<br />

No início do século XX, o <strong>de</strong>bate da arquitectura portuguesa fazia-se entre dois<br />

caminhos: por um lado uma tendência <strong>de</strong> feição clássica, muito influenciada pela escola<br />

francesa, na qual os gran<strong>de</strong>s mestres tinham concluindo o seu período formativo; no<br />

campo oposto, verificava-se a persistência do ―gosto tradicional‖, associado, ainda que<br />

não <strong>de</strong>claradamente, à manutenção <strong>de</strong> um quadro mental romântico, que se<br />

materializava na busca <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo arquitectónico próprio: português no sentir,<br />

reivindicando valores metafísicos correlacionados com a nostalgia da nação 16 . Raul<br />

Lino 17 será o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensor <strong>de</strong>sta ―arquitectura tradicional‖, consubstanciada na<br />

corrente ou movimento ―casa portuguesa‖, expressão oriunda das suas obras teóricas.<br />

O binómio vanguarda/tradição vai continuar bastante presente no quadro <strong>de</strong><br />

pensamento dos arquitectos portugueses ao longo do novo século. Com o primeiro pós-<br />

guerra, os anos 20 trazem abordagens inovadoras, mesmo do ponto <strong>de</strong> vista tecnológico.<br />

As primeiras utilizações do betão, entre as quais o projecto (<strong>de</strong> Pardal Monteiro) para o<br />

novo edifício do Instituto Superior Técnico, fazem antever uma abordagem cada vez<br />

mais funcionalista dos problemas arquitectónicos e uma crescente aproximação aos<br />

―temas da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>‖, os quais, pouco a pouco, iam dominando o discurso da<br />

12 FRANÇA, José Augusto, ob cit., p. 225 a 260<br />

13 Sobre José Luís Monteiro veja-se PEDREIRINHO, José Manuel, ―Monteiro, José Luís‖, em Dicionário dos<br />

Arquitectos activos em Portugal do século I à actualida<strong>de</strong>, Lisboa, Edições Afrontamento, 1994, p. 168 a 169.<br />

14 FRANÇA, José Augusto, ob cit., i<strong>de</strong>m.<br />

15 Sobre Marques da Silva veja-se CARDOSO, António, O arquitecto José Marques da Silva e arquitectura<br />

portuguesa na 1.ª meta<strong>de</strong> do século XX, Porto, FAUP Publicações, 2.ª Edição, 1997<br />

16 FRANÇA, José Augusto, ob cit. p. 225 a 260; PORTAS, Nuno, A arquitectura para hoje/A evolução da<br />

arquitectura mo<strong>de</strong>rna em Portugal, prefácio Pedro Vieira <strong>de</strong> Almeida, Lisboa, Livros Horizonte, 2ª edição, 2008, p.<br />

150 a 210.<br />

17 Sobre Raul Lino veja-se RIBEIRO, Irene, Raúl Lino, Pensador nacionalista da Arquitectura, Porto, FAUP<br />

Edições, col. ―Série 2 Argumentos, n.º 6‖, 2ª Ed., 1994.

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