1 - Plataforma 20
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ÍNDICE<br />
Matriz dos Testes de Avaliação Formativa ................................... 3<br />
Sequência 1<br />
Outros Percursos… Pelos Media<br />
Teste A ................................................................................... 4<br />
Teste B ................................................................................... 7<br />
Sequência 2<br />
Outros Percursos… Pelos Textos Argumentativos<br />
Teste A ................................................................................... 11<br />
Teste B ................................................................................... 15<br />
Sequência 3<br />
Outros Percursos… Pelos Textos Dramáticos<br />
Teste A ................................................................................... 19<br />
Teste B ................................................................................... 23<br />
Sequência 4<br />
Outros Percursos… Pelos Textos Narrativos/Descritivos<br />
Os Maias<br />
Teste A ................................................................................... 26<br />
Teste B ................................................................................... 30<br />
O Primo Basílio<br />
Teste...................................................................................... 34<br />
Sequência 5<br />
Outros Percursos… Pelo Texto Poético<br />
Teste A ................................................................................... 38<br />
Teste B ................................................................................... 42<br />
Propostas de correção e cotações .............................................. 45<br />
Nota<br />
Todos os testes se encontram disponíveis, em formato editável, em
MATRIZ DOS TESTES DE AVALIAÇÃO FORMATIVA<br />
Os testes de avaliação formativa que se apresentam contemplam a estrutura do exame nacional de<br />
Português - 12.º ano, pelo que os objetivos que se elencam foram retirados do documento do GAVE orientador<br />
da prova de exame.<br />
GRUPOS COMPETÊNCIAS E OBJETIVOS<br />
I Competências<br />
Leitura e Expressão Escritas<br />
Objetivos<br />
– explicitar o sentido global do texto;<br />
– processar a informação veiculada pelo texto, em função de um<br />
determinado objeto;<br />
– detetar linhas temáticas e de sentido, relacionando os diferentes<br />
elementos constitutivos do texto;<br />
– inferir sentidos implícitos a partir de indícios vários;<br />
– determinar a intencionalidade comunicativa;<br />
– identificar elementos de estruturação do texto, ao nível das<br />
componentes genológica, retórica e estilística;<br />
– avaliar aspetos textuais relativos à dimensão estética e simbólica da língua;<br />
– formular juízos de valor fundamentados;<br />
– interpretar relações entre linguagem verbal e códigos não verbais;<br />
– identificar funções do texto icónico;<br />
– produzir um discurso correto nos planos lexical, morfológico, sintático,<br />
semântico, pragmático, ortográfico e da pontuação;<br />
II Competências<br />
Funcionamento da Língua<br />
Objetivos<br />
– identificar elementos básicos da língua nos planos fónico,<br />
morfológico, lexical, sintático, semântico e pragmático;<br />
– identificar/analisar diferentes tipos de nexos interfrásicos (estruturas<br />
de coordenação e de subordinação);<br />
– reconhecer valores semânticos da estrutura frásica;<br />
– reconhecer a função de marcadores de continuidade e de progressão<br />
textual;<br />
– (...)<br />
III Competências<br />
Expressão Escrita<br />
Objetivos<br />
– planificar a atividade de escrita de acordo com a tipologia textual<br />
requerida;<br />
– adequar o discurso à situação comunicativa;<br />
– expressar ideias, opiniões, vivências e factos, de forma pertinente,<br />
estruturada e fundamentada;<br />
– estruturar um texto, com recurso a estratégias discursivas adequadas<br />
à explicitação e à defesa de um ponto de vista ou de uma tese;<br />
– cumprir as propriedades da textualidade (continuidade, progressão,<br />
coesão e coerência);<br />
– produzir um discurso correto nos planos lexical, morfológico, sintático,<br />
semântico, pragmático, ortográfico e da pontuação;<br />
– (...)<br />
TIPOLOGIA<br />
DE ITENS<br />
Resposta<br />
restrita<br />
e<br />
resposta<br />
extensa<br />
Escolha<br />
múltipla;<br />
associação;<br />
V/F;<br />
completamento<br />
Resposta<br />
extensa<br />
COTAÇÃO<br />
(em pontos)<br />
70<br />
30<br />
50<br />
50
1<br />
TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste A<br />
› SEQUÊNCIA 1<br />
Nome Turma Data<br />
Grupo I<br />
5<br />
10<br />
15<br />
<strong>20</strong><br />
Lê, atentamente, o texto.<br />
4 Outros Percursos 11<br />
A<br />
CRISE ENERGÉTICA FEITA OPORTUNIDADE RENOVÁVEL<br />
Os combustíveis atingem preços nunca vistos, sem razões, pelo menos aparentemente, que o justifiquem.<br />
É preciso perceber: nada, em termos energéticos, voltará a ser como antes.<br />
A questão não é nova, mas agora se levanta pela sua indiscutível atualidade. Quais as alternativas a<br />
um mundo movido à base de combustíveis fósseis? Desiludam-se os que acreditam que o preço da gasolina<br />
e do gasóleo vai regressar a preços sustentáveis. Nas palavras dos especialistas, isso não passa de um<br />
sonho irrealizável.<br />
O que nos resta fazer? Enquanto o salário encolhe, o preço que pagamos quando abastecemos depósito<br />
do automóvel cresce na proporcionalidade. Nem tudo é negativo. Olhemos para a crise energética<br />
como uma oportunidade. Mudar de meio de transporte pode ser uma possibilidade para quem não pretende<br />
queimar parte significativa do ordenado, na estrada, a caminho do trabalho.<br />
Transportes públicos? Claro. Desde que existam e respondam às necessidades dos cidadãos que deles<br />
precisam. Nunca é de mais lembrar aos responsáveis pela gestão dos transportes o seguinte: é necessário<br />
adaptar a mobilidade à realidade do novo século.<br />
Uma oportunidade, dizíamos. Embora a empresa se afigure tormentosa. Os responsáveis políticos -<br />
a mudança de paradigma só é possível com envolvimento desta gente - andam há anos a falar de eficiência<br />
energética, da troca dos combustíveis fósseis por fontes renováveis. A realidade, contudo, segue o ritmo<br />
e a práxis antigos, com estradas apinhadas de veículos alimentados a gasolina e a gasóleo. Aqui estão os<br />
principais responsáveis pelas emissões de gases com efeito de estufa. Mudar as lâmpadas em casa é um<br />
gesto louvável, mas insuficiente.<br />
E não nos venham dizer que não existe um relação direta entre as enxurradas no Rio de Janeiro, o degelo<br />
na Polónia e o efeito de estufa! Que são ideias de fundamentalistas, movidas por inconfessáveis interesses.<br />
O melhor mesmo, até prova em contrário, é prevenir. Nas grandes cidades, pelo menos, é possível<br />
uma mobilidade amiga do ambiente e mais suave para a bolsa. Fica o carro em casa, apanha-se o metro.<br />
A bicicleta também pode vir: na última carruagem, sem algum custo adicional. Antes que seja tarde.<br />
1. Responde às questões com frases completas.<br />
in www.jn.pt (19/1/11)<br />
1.1. Identifica o assunto do texto.<br />
1.2. Expõe três aspetos que são motivo de crítica evidentes no texto, recorrendo à fundamentação textual.<br />
1.3. Considera a frase: “Uma oportunidade, dizíamos.” (linha 14).<br />
1.3.1. Explicita a “oportunidade” referida.<br />
1.4. Retira do texto exemplos dos seguintes recursos retóricos, comentando o seu valor expressivo.<br />
1.4.1. Metáfora.<br />
1.4.2. Ironia.<br />
1.4.3. Antítese.<br />
1.5. Demonstra o caráter diretivo de algumas passagens textuais.<br />
1.6. Justifica o recurso aos exemplos “enxurradas no Rio de Janeiro, o degelo na Polónia e o efeito de<br />
estufa” (linhas <strong>20</strong>-21).
Observa, atentamente, a imagem que se segue.<br />
Num texto, entre oitenta e cento<br />
e trinta palavras, refere-te à intenção<br />
do cartoonista, analisando os diversos<br />
componentes da figura.<br />
Grupo II<br />
5<br />
10<br />
15<br />
Lê, atentamente, o texto.<br />
B<br />
EM DEFESA DOS OCEANOS<br />
Outros Percursos... pelos Media<br />
A vida marinha esteve demasiado tempo totalmente exposta à exploração por parte de quem possuísse<br />
meios para o fazer. Os rápidos avanços tecnológicos implicaram que, atualmente, a capacidade, o<br />
alcance e a potência das embarcações e do equipamento usados para explorar a vida marinha exceda de<br />
longe a capacidade da Natureza de a preservar. Se isso não for controlado, terá amplas consequências no<br />
ambiente marinho e nas pessoas que dele dependem. A vida nos oceanos possui um incrível conjunto de<br />
formas e dimensões – desde o plâncton microscópico até à maior das grandes baleias. Apesar disso, muitas<br />
espécies foram levadas à extinção, ou aproximam-se dela, devido a devastadores impactos humanos. (…)<br />
As ameaças que os nossos oceanos enfrentam são muitas e variadíssimas. Por um lado, os navios gigantes,<br />
utilizando equipamentos de ponta, podem localizar com precisão cardumes de peixe rapidamente.<br />
As frotas de pesca industrial ultrapassaram os limites ecológicos do oceano. À medida que o peixe<br />
maior é exterminado, os objetivos passam a ser as espécies seguintes de peixes mais pequenos, e assim<br />
sucessivamente (…).<br />
Em segundo lugar, a aquacultura é frequentemente apresentada como o futuro da indústria de alimentos<br />
marinhos. Mas a aquacultura de camarão é talvez a indústria de pesca mais destrutiva, insustentável<br />
e injusta no mundo. O desmatamento de mangais, a destruição do pescado, o assassínio e<br />
desmatamento de terrenos comunitários têm sido amplamente divulgados. (…)<br />
1. Identifica as afirmações verdadeiras (V) e as falsas (F).<br />
in www. greenpeace.org/Portugal/oceanos (texto adaptado e com supressões)<br />
A. No segmento “Os rápidos avanços tecnológicos implicaram que, atualmente, a capacidade (…)”<br />
(linha 2), a palavra sublinhada é um pronome relativo.<br />
B. Em “(…) a capacidade da Natureza de a preservar.” (linha 4), a palavra destacada retoma o referente<br />
“Natureza”.<br />
C. O terceiro período do texto é composto por três orações.<br />
Outros Percursos 11<br />
http://penatosambientalistas.blogspot.com<br />
5
› SEQUÊNCIA 1<br />
6 Outros Percursos 11<br />
D. O sujeito da oração “(...) que dele dependem” (linha 5) é composto.<br />
E. No último período do primeiro parágrafo, todas as frases estão na voz ativa.<br />
F. Na frase “As ameaças que os nossos oceanos enfrentam são muitas e variadíssimas.” (linha 8), a<br />
oração subordinada adjetiva relativa nela inserida acrescenta uma informação acessória ao<br />
grupo nominal que a antecede.<br />
G. Com o complexo verbal sublinhado, em “Por um lado, os navios gigantes, (…), podem localizar<br />
com precisão (…)” (linhas 8-9), evidencia-se um exemplo de modalidade epistémica de possibilidade.<br />
H. “(...) cardumes de peixe” (linha 9) corresponde ao complemento direto da oração subordinante.<br />
I. Entre os dois primeiros períodos do último parágrafo verifica-se uma relação de causa.<br />
J. A palavra sublinhada em “(...) têm sido amplamente divulgados.” (linha 16) é um modificador.<br />
2. Faz corresponder a cada segmento textual da coluna A um único segmento textual da coluna B, de<br />
modo a obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.<br />
Grupo III<br />
COLUNA A COLUNA B<br />
2.1. Com o recurso ao pronome<br />
pessoal “o”, em “para o fazer”<br />
(linha 2), ...<br />
2.2. Com a frase “terá amplas<br />
consequências no ambiente<br />
marinho e nas pessoas que<br />
dele dependem.” (linhas 4-5), ...<br />
2.3. Com o uso da locução<br />
subordinativa “Apesar disso”<br />
(linha 6), ...<br />
2.4. Com a oração gerundiva<br />
“utilizando equipamentos de<br />
ponta” (linha 9), ...<br />
2.5. Com a expressão “e assim<br />
sucessivamente” (linhas 11-12), ...<br />
a) o enunciador apresenta uma situação possível de<br />
acontecer, dependendo da concretização da ação<br />
referida anteriormente.<br />
b) o enunciador dá conta de uma progressão de<br />
acontecimentos de forma ordenada.<br />
c) o enunciador apresenta a condição do que refere<br />
posteriormente.<br />
d) o enunciador retoma uma informação apresentada<br />
anteriormente.<br />
e) o enunciador estabelece uma relação de finalidade.<br />
f) o enunciador introduz uma conexão concessiva.<br />
g) o enunciador apresenta o conteúdo da frase como<br />
uma impossibilidade.<br />
h) o enunciador dá conta de uma sucessão de<br />
hipóteses.<br />
Em tempos de crise, os comportamentos economicistas estão na linha da frente.<br />
Partindo da perspetiva exposta na frase acima transcrita, apresenta uma reflexão, entre duzentas e<br />
trezentas palavras, sobre a importância dos atos economicistas e sobre as formas de os pôr em prática.<br />
Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um deles<br />
com, pelo menos, um exemplo significativo.
5<br />
10<br />
15<br />
<strong>20</strong><br />
1<br />
Nome Turma Data<br />
Grupo I<br />
TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste B<br />
› SEQUÊNCIA 1<br />
Lê, com atenção, o texto.<br />
LEVAR A SÉRIO OS ENJOOS DA GRAVIDEZ<br />
EDITORIAL<br />
30 | 06 | <strong>20</strong>10 09.06H<br />
ISABEL STILWELL | EDITORIAL@DESTAK.PT<br />
As grávidas continuam a ser as maiores vítimas dos tabus com que todos nós, homens e mulheres,<br />
continuamos a rodear a ideia de mulher, sobretudo a da mulher-mãe. Demasiado cristalizados por dentro<br />
para podermos entender que todas as coisas boas têm sempre lados maus, sem deixarem, por isso, de ser<br />
maravilhosas, endeusámos aqueles nove meses de espera e proclamámos que o “parirás com dor” era um<br />
desígnio divino, como se o sofrimento fosse condição imprescindível ao milagre.<br />
Ainda me lembro de há <strong>20</strong> anos ter feito uma reportagem na Maternidade Alfredo da Costa, para<br />
constatar que as mulheres que recebiam uma muito desejada analgesia para o parto imploravam aos médicos<br />
que não revelassem a “fraqueza” aos maridos. Não queriam que eles soubessem, diziam “que não<br />
tinham sido suficientemente mulheres para aguentar a prova de que mereciam ser mães”. Não lhes passava<br />
pela cabeça (será que agora passa?) nem a elas, nem aos maridos, nem tão pouco à medicina, perguntar<br />
por que é que, então, se arrancavam dentes com anestesia...<br />
Os enjoos na gravidez são outro dos “episódios” reduzidos a simples incómodo de percurso. Aliás, o<br />
único medicamento que atenua os sintomas tem, pelo menos, 50 anos e quem é que duvida que, se fossem<br />
os homens a engravidar, por esta altura a indústria farmacêutica já teria inventado trezentos remédios<br />
para os eliminar? Felizmente os tempos estão a mudar, provavelmente com a ascensão das mulheres a<br />
lugares de decisão no mundo da ciência.<br />
Prova disso é a decisão da Sociedade inglesa de Obstetrícia de agendar o tema para um debate universitário.<br />
Alertam os médicos que as náuseas e vómitos são insuportáveis e graves em muitas gravidezes,<br />
provocando depressão e levando 2% das mulheres ao internamento hospitalar. Apelam, por isso, a que<br />
os médicos os levem a sério, e os cientistas investiguem as causas e procurem tratamento. Finalmente.<br />
1. Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas ao questionário.<br />
in www.destak.pt/ (texto adaptado)<br />
1.1. Propõe uma explicação para a metáfora “(...) endeusámos aqueles nove meses de espera” (linha 4).<br />
1.2. Identifica os elementos linguísticos que marcam a presença de dois tempos.<br />
1.3. Explicita a intenção da autora do texto quando relata um episódio ocorrido há vinte anos.<br />
1.4. Demonstra como o enunciado apresenta características do texto de opinião.<br />
A<br />
Outros Percursos 11<br />
7
Observa a imagem.<br />
Redige um texto publicitário, entre oitenta e cento e<br />
trinta palavras, que alerte para a realidade representada na<br />
figura. Para tal, segue as orientações:<br />
– descrição da situação;<br />
– medidas a tomar para evitar graves danos;<br />
– discurso apelativo.<br />
Grupo II<br />
5<br />
10<br />
15<br />
› SEQUÊNCIA 1<br />
8 Outros Percursos 11<br />
B<br />
Lê, atentamente, o texto que se segue.<br />
A INFÂNCIA E A ADOLESCÊNCIA NA INTERNET: QUAIS SERÃO AS NOVAS<br />
FORMAS DE ADOECER?<br />
Rui Tinoco (Psicólogo clínico)<br />
Estamos perante as primeiras gerações de crianças e jovens que crescem, utilizando<br />
quotidianamente a internet. A rede é cada vez mais utilizada para satisfazer<br />
um maior número de necessidades. À vertente de investigação e de<br />
conhecimento, soma-se ainda a vertente de consumo, publicidade, lazer e<br />
ainda de convivialidade. Esta disseminação é fomentada por ministérios da<br />
educação de diversos países, não sendo acompanhada pela correspondente necessidade<br />
de formação.<br />
Os desenhos animados dos mais novos existem online e disponibilizam pequenas atividades. As redes<br />
sociais disputam também este público mais jovem com jogos dirigidos às suas idades. Para os adolescentes,<br />
a tudo isso somam-se as já tradicionais salas de chat ou programas de troca de mensagem instantânea<br />
como os vários messenger existentes no mercado.<br />
Temos, pois, amplas franjas da população para as quais a internet é algo de evidente. A rede transformou-se<br />
num espaço de estar e de viver que, forçosamente, replicará formas de mal-estar social e psicológico.<br />
Mas que formas de mal-estar e de disfuncionalidade serão essas? A interrogação tem ainda<br />
poucos dados que possibilitem respostas. No imediato, podemo-nos socorrer de figuras que já fizeram<br />
algum furor mediático: a do viciado que privilegia a net sobre todas as outras áreas da sua vida pessoal;<br />
a do marido ou esposa mal casado que encontra uma aventura no mundo virtual; ou ainda a do jovem<br />
que é alvo de um predador que o ludibria na rede ou atrai-o ainda para alguma armadilha no mundo real.<br />
Está claro que existem ainda inúmeras nuances entre estes grandes esboços…
<strong>20</strong><br />
25<br />
Interessa-nos ainda o modo como certas pessoas com dificuldades de relacionamento interpessoal<br />
se reinventam na rede como outro eu; ou ainda como outros dão azo a esferas dos seus eus, a desejos<br />
ocultos e as afirmam de uma forma, desbragada até, no contexto de certas plataformas virtuais…<br />
Quais serão as consequências destes movimentos de centrifugação do eu no desenvolvimento psicológico?<br />
De que forma a perda da necessidade de coerência em plataformas internáuticas ou da ausência<br />
de consequências para determinados comportamentos virtuais (passe-se a contradição dos termos) serão<br />
refletidas no sujeito psicológico?<br />
O uso intensivo de computador pode até, fazer esquecer ou adiar certas necessidades corporais e fisiológicas…<br />
A multiplicação de identidades virtuais poderá ainda reforçar essa tendência de dissipação.<br />
O que será, para os vindouros, existir?<br />
in www.psicologia.com.pt/ (texto adaptado e com supressões)<br />
1. Seleciona, em cada um dos itens, a única alternativa que permite obter uma afirmação correta.<br />
1.1. De acordo com a informação do texto, cada vez mais crianças utilizam a internet para...<br />
a) recolha de informação.<br />
b) se informar, divertir e conviver.<br />
c) aceder a bens de escassa comercialização.<br />
d) investigar e socializar.<br />
1.2. Se os problemas familiares e relacionais provocados pelo “vício” da internet preocupam o autor do<br />
texto, um há que merece uma especial atenção:<br />
a) a infidelidade de um dos cônjuges.<br />
b) a rede de pedofilia.<br />
c) a marginalidade.<br />
d) a criação de novas identidades em indivíduos de difícil relacionamento.<br />
1.3. A forma verbal “replicará” (linha 13), no contexto em que surge, é sinónima de...<br />
a) desencadeará.<br />
b) resultará de.<br />
c) responderá.<br />
d) copiará.<br />
1.4. O segmento sublinhado em “(...) soma-se ainda a vertente de consumo, publicidade, lazer e ainda<br />
de convivialidade” (linhas 4-5) corresponde…<br />
a) ao complemento direto.<br />
b) ao complemento indireto.<br />
c) ao sujeito.<br />
d) a um modificador.<br />
Outros Percursos... pelos Media<br />
Outros Percursos 11<br />
9
› SEQUÊNCIA 1<br />
1.5. O enunciador, ao servir-se das expressões “dos mais novos” (linha 8) e “este público mais jovem”<br />
(linha 9), recorre a um mecanismo de...<br />
a) coesão lexical por substituição.<br />
b) coesão lexical por pronominalização.<br />
c) coesão referencial.<br />
d) coesão frásica.<br />
1.6. A palavra destacada na frase “Está claro que existem ainda inúmeras nuances entre estes grandes<br />
esboços (….)” (linha 19) é...<br />
a) um pronome relativo.<br />
b) uma conjunção subordinativa causal.<br />
c) uma conjunção subordinativa completiva.<br />
d) uma conjunção subordinativa consecutiva.<br />
1.7. A frase “O uso intensivo de computador pode, até, fazer esquecer ou adiar certas necessidades corporais<br />
e fisiológicas.” (linhas 27-28) possui um verbo auxiliar modal com valor de...<br />
a) obrigatoriedade.<br />
b) possibilidade.<br />
c) probabilidade.<br />
d) necessidade.<br />
2. Identifica as afirmações verdadeiras (V) e as falsas (F).<br />
Grupo III<br />
10 Outros Percursos 11<br />
A. O sujeito da primeira frase do texto é nulo expletivo.<br />
B. O segundo período do texto contém uma oração subordinada adverbial final.<br />
C. O sublinhado em “Esta disseminação é fomentada por ministérios de educação de diversos<br />
países” (linhas 5-6) corresponde ao complemento agente da passiva.<br />
D. As duas orações que iniciam o segundo parágrafo são subordinadas.<br />
E. Na frase “No imediato, podemo-nos socorrer de figuras que já fizeram algum furor mediático:<br />
a do viciado que privilegia a net sobre todas as outras áreas da sua vida pessoal; a do marido<br />
ou esposa mal casado que encontra uma aventura no mundo virtual; ou ainda a do jovem que<br />
é alvo de um predador que o ludibria na rede ou atrai-o ainda para alguma armadilha no mundo<br />
real.” (linhas 15-18), os sublinhados correspondem a pronomes relativos.<br />
Redige um artigo de apreciação crítica, entre duzentas e trezentas palavras, que pudesse ser publicado<br />
no jornal da tua escola, sobre um dos seguintes temas:<br />
A. um filme que te tivesse marcado.<br />
B. um livro que nunca tenhas esquecido.<br />
Atenção, deves fazer referência, entre outros aspetos:<br />
— ao título; — ao autor;<br />
— às personagens; — ao realizador;<br />
— aos atores; — a momentos marcantes...
5<br />
10<br />
15<br />
<strong>20</strong><br />
25<br />
30<br />
35<br />
2<br />
Nome Turma Data<br />
Grupo I<br />
TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste A<br />
› SEQUÊNCIA 2<br />
Lê o texto seguinte.<br />
A<br />
Mas para que, da admiração de uma tão grande virtude vossa, passemos ao louvor ou inveja de outra<br />
não menor, admirável é igualmente a qualidade daquele outro peixezinho, a que os latinos chamaram<br />
torpedo. Ambos estes peixes conhecemos cá mais de fama que de vista; mas isto têm as virtudes grandes,<br />
que quanto são maiores, mais se escondem. Está o pescador com a cana na mão, o anzol no fundo e a boia<br />
sobre a água, e em lhe picando na isca o torpedo começa a lhe tremer o braço. Pode haver maior, mais<br />
breve e mais admirável efeito? De maneira que, num momento, passa a virtude do peixezinho, da boca<br />
ao anzol, do anzol à linha, da linha à cana e da cana ao braço do pescador.<br />
Com muita razão disse que este vosso louvor o havia de referir com inveja. Quem dera aos pescadores<br />
do nosso elemento, ou quem lhes pusera esta qualidade tremente, em tudo o que pescam na terra! Muito<br />
pescam, mas não me espanto do muito; o que me espanta é que pesquem tanto e que tremam tão pouco.<br />
Tanto pescar e tão pouco tremer!<br />
Pudera-se fazer problema; onde há mais pescadores e mais modos e traças de pescar, se no mar ou<br />
na terra? E é certo que na terra. Não quero discorrer por eles, ainda que fora grande consolação para os<br />
peixes; baste fazer a comparação com a cana, pois é o instrumento do nosso caso. No mar, pescam as<br />
canas, na terra, as varas (e tanta sorte de varas); pescam as ginetas, pescam as bengalas, pescam os bastões<br />
e até os cetros pescam, e pescam mais que todos, porque pescam cidades e reinos inteiros. Pois é possível<br />
que, pescando os homens cousas de tanto peso, lhes não trema a mão e o braço?! Se eu pregara aos homens<br />
e tivera a língua de Santo António, eu os fizera tremer.<br />
Vinte e dois pescadores destes se acharam acaso a um sermão de Santo António, e às palavras do<br />
Santo os fizeram tremer a todos de sorte que todos, tremendo, se lançaram a seus pés; todos, tremendo,<br />
confessaram seus furtos; todos, tremendo, restituíram o que podiam (que isto é o que faz tremer mais<br />
neste pecado que nos outros); todos enfim mudaram de vida e de ofício e se emendaram.<br />
Quero acabar este discurso dos louvores e virtudes dos peixes com um, que não sei se foi ouvinte de<br />
Santo António e aprendeu dele a pregar. A verdade é que me pregou a mim, e se eu fora outro, também<br />
me convertera. Navegando de aqui para o Pará (que é bem não fiquem de fora os peixes da nossa costa),<br />
vi correr pela tona da água de quando em quando, a saltos, um cardume de peixinhos que não conhecia;<br />
e como me dissessem que os Portugueses lhe chamavam quatro-olhos, quis averiguar ocularmente a<br />
razão deste nome, e achei que verdadeiramente têm quatro olhos, em tudo cabais e perfeitos. Dá graças<br />
a Deus, lhe disse, e louva a liberalidade de sua divina providência para contigo; pois às águias, que são os<br />
linces do ar, deu somente dois olhos, e aos linces, que são as águias da terra, também dois; e a ti, peixezinho,<br />
quatro.<br />
Mais me admirei ainda, considerando nesta maravilha a circunstância do lugar. Tantos instrumentos<br />
de vista a um bichinho do mar, nas praias daquelas mesmas terras vastíssimas, onde permite Deus que<br />
estejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes há tantos séculos! Oh quão altas e incompreensíveis<br />
são as razões de Deus, e quão profundo o abismo de seus juízos!<br />
“Sermão de Santo António”, Padre António Vieira,<br />
in Sermão de Santo António e outros textos, Oficina do Livro, 1.ª Ed., agosto de <strong>20</strong>08<br />
Outros Percursos 11<br />
11
12<br />
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.<br />
1. Insere o excerto na estrutura interna e externa da obra.<br />
2. Reflete sobre a crítica feita aos homens, tendo por base a simbologia do peixe-torpedo.<br />
3. Explicita a alusão a Santo António.<br />
4. Clarifica as interrogações que se coloca o pregador sobre a região do Maranhão, a partir das características<br />
do peixe quatro-olhos.<br />
B<br />
Comenta a afirmação a seguir apresentada, num texto de oitenta a centro e trinta palavras, baseando-te<br />
nos conhecimentos adquiridos sobre Padre António Vieira e a sua produção literária.<br />
Grupo II<br />
5<br />
10<br />
15<br />
<strong>20</strong><br />
› SEQUÊNCIA 2<br />
O Padre António Vieira começou a desenvolver importante atividade missionária junto dos índios<br />
bra sileiros. E isso faz dele um homem notável. “É o lutador pela liberdade dos índios, nações, cul turas<br />
e povos com identidade própria, num tempo em que a regra era precisamente a da es cra vatura, domínio<br />
e subjugação”, aponta Marcelo Rebelo de Sousa.<br />
http://www.rtp.pt<br />
Lê, agora, o seguinte texto.<br />
Em janeiro, a UNESCO publicou um relatório sobre a avaliação global do<br />
programa “Educação Para Todos”. Trata-se de uma avaliação intercalar do<br />
objetivo que tinha sido apontado para que, em <strong>20</strong>15, todas as crianças do<br />
mundo tivessem acesso à educação primária. Os resultados são dececionantes.<br />
O relatório refere que 72 milhões de crianças estão ainda fora da escola e<br />
que, por este andar, 56 milhões ainda o estarão em <strong>20</strong>15. E isto porquê?<br />
Segundo Irina Bokova, diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência<br />
e a Cultura (UNESCO), “enquanto os países ricos alimentam a sua recuperação económica, muitos países<br />
pobres enfrentam um cenário iminente de atrasos educacionais. Não podemos permitir-nos criar uma<br />
geração perdida de crianças privadas da sua oportunidade de educação, que as poderia elevar do seu estado<br />
atual de pobreza”. No mesmo sentido, o coordenador do relatório, Kevin Watkins, escreve: “os países<br />
ricos mobilizam montanhas financeiras para estabilizar os seus sistemas financeiros e proteger a sua infraestrutura<br />
social e económica, mas só conseguiram mobilizar pequenas colinas para os pobres do<br />
mundo”. E, na verdade, estima-se que faltam 16 mil milhões de dólares para conseguir atingir o objetivo<br />
da educação primária em todo o mundo em <strong>20</strong>15.<br />
Estes números e opiniões são eloquentes. (...) A educação é a primeira e essencial condição para a<br />
existência de um desenvolvimento sustentado, contudo, verificamos que muitos Estados não colocam<br />
esta prioridade entre as mais prementes. Por outro lado, os países mais desenvolvidos não apostam suficientemente<br />
em criar as bases que poderão levar os países mais pobres a sair da pobreza. (...) Assim, a<br />
retórica de dinamizar o desenvolvimento local nos países pobres, para evitar as desesperadas migrações<br />
para os países mais ricos, não é fundamentada em medidas concretas. (...)<br />
É tempo, pois, de encararmos de que forma um sistema mundial sem solidariedade, sem justiça e<br />
autocentrado tem contribuído para que os países mais pobres não disponham de meios que lhes permitam<br />
assumir os destinos das suas crianças.<br />
Outros Percursos 11
25<br />
30<br />
› Outros Percursos... pelos Textos Argumentativos<br />
É tempo de pensar que a Educação Inclusiva, para além de uma reforma educacional que se passa<br />
em cada um dos países (ricos ou pobres), é também uma postura ética mundial. Uma postura que recusa<br />
o fatalismo da exclusão escolar ou o acesso a uma Escola tão debilitada que seja incapaz de promover a<br />
mobilidade social.<br />
Já sabíamos que era difícil pensar uma Escola Inclusiva numa sociedade que não o fosse. Sabemos<br />
agora, pelos dados deste relatório, que o caminho da inclusão não deve respeitar fronteiras. Não são apenas<br />
as crises que são mundiais; as soluções também têm que o ser. (...)<br />
16 milhões de dólares!?...<br />
David Rodrigues, in A Página da Educação, Ed. Profedições, primavera de <strong>20</strong>10 (adaptado e com supressões)<br />
1. Seleciona, em cada um dos itens, a opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.<br />
1.1. A utilização das aspas em “Educação Para Todos” (linha 2) justifica-se por...<br />
a) se tratar de uma frase que não pertence ao autor do texto.<br />
b) ser um título de um livro.<br />
c) ser o nome de um projeto.<br />
d) se referir a uma secção da UNESCO.<br />
1.2. A locução sublinhada em “para que, em <strong>20</strong>15, todas as crianças do mundo tivessem acesso à educação<br />
primária”(linhas 3-4) introduz uma oração...<br />
a) final.<br />
b) consecutiva.<br />
c) concessiva.<br />
d) completiva.<br />
1.3. Em “Os resultados são dececionantes.” (linha 4), a palavra sublinhada desempenha a função sintática<br />
de...<br />
a) complemento direto.<br />
b) sujeito.<br />
c) predicativo do complemento direto.<br />
d) predicativo do sujeito.<br />
1.4. O constituinte sublinhado em “que as poderia elevar do seu estado atual de pobreza” (linhas 10-11)<br />
substitui o grupo nominal...<br />
a) “oportunidade de educação.”<br />
b) “crianças.”<br />
c) “geração.”<br />
d) “geração perdida.”<br />
1.5. No segmento textual “os países ricos mobilizam montanhas financeiras” (linhas 11-12), a palavra<br />
sublinhada desempenha a função sintática de...<br />
a) modificador apositivo do nome.<br />
b) modificador restritivo do nome.<br />
c) predicativo do sujeito.<br />
d) complemento direto.<br />
Outros Percursos 11<br />
13
› SEQUÊNCIA 2<br />
1.6. O tipo de sujeito em “Estes números e opiniões são eloquentes.” (linha 16) é...<br />
a) composto.<br />
b) simples.<br />
c) nulo expletivo.<br />
14 Outros Percursos 11<br />
d) nulo indeterminado.<br />
1.7. O recurso retórico presente na expressão “… um sistema mundial sem solidariedade, sem justiça<br />
e autocentrado” (linhas 22-23) é uma...<br />
a) metáfora.<br />
b) adjetivação.<br />
c) enumeração.<br />
d) perífrase.<br />
2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a<br />
obteres afirmações verdadeiras.<br />
Grupo III<br />
COLUNA A COLUNA B<br />
2.1. Com a utilização da construção<br />
sintática “enquanto os países<br />
ricos…” muitos países pobres”<br />
(linhas 8-9), …<br />
2.2. Ao utilizar o complexo verbal<br />
“Não podemos permitir-nos<br />
criar…” (linha 9), …<br />
2.3. Na expressão “Estes números<br />
e opiniões são eloquentes.”<br />
(linha 16), …<br />
2.4. Na expressão “Assim, a retórica<br />
de dinamizar…” (linhas 19-<strong>20</strong>), …<br />
2.5. Com a pontuação do<br />
parágrafo final (linha 32), …<br />
a) o enunciador pretende exprimir, simultaneamente,<br />
perplexidade e incredulidade.<br />
b) o enunciador socorre-se de um verbo transitivo<br />
indireto.<br />
c) o enunciador destaca a realização em simultâneo de<br />
duas ações.<br />
d) o enunciador utiliza a modalidade deôntica com valor<br />
de proibição.<br />
e) o enunciador emprega um verbo copulativo.<br />
f) o enunciador utiliza um marcador discursivo com valor<br />
conclusivo.<br />
g) o enunciador pretende exprimir interesse e<br />
persistência.<br />
h) o enunciador utiliza um marcador discursivo com<br />
valor consecutivo.<br />
Ao longo da História são diversos os exemplos de povos ou grupos discriminados em virtude da<br />
etnia a que pertencem, da religião que professam, da opinião política que defendem.<br />
Tendo presente a sociedade tua contemporânea, apresenta uma reflexão sobre este tema.<br />
Redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a trezentas palavras, onde fundamentes<br />
o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo.
2<br />
Nome Turma Data<br />
Grupo I<br />
5<br />
10<br />
15<br />
<strong>20</strong><br />
25<br />
30<br />
35<br />
TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste B<br />
› SEQUÊNCIA 2<br />
Lê, com atenção, o texto que se segue.<br />
A<br />
Isto é o que se deve fazer ao sal que não salga. E à terra, que se<br />
não deixa salgar, que se lhe há de fazer? Este ponto não resolveu<br />
Cristo Senhor nosso no Evangelho; mas temos sobre ele a resolução<br />
do nosso grande português Santo António, que hoje celebramos, e<br />
a mais galharda e gloriosa resolução que nenhum santo tomou.<br />
Pregava Santo António em Itália na cidade de Arimino, contra os<br />
hereges, que nela eram muitos; e como erros de entendimento são<br />
dificultosos de arrancar, não só não fazia fruto o santo, mas chegou<br />
o povo a se levantar contra ele, e faltou pouco para que lhe não tirassem<br />
a vida. Que faria neste caso o ânimo generoso do grande<br />
António? Sacudiria o pó dos sapatos, como Cristo aconselha em<br />
outro lugar? Mas António com os pés descalços não podia fazer esta<br />
protestação; e uns pés, a que se não pegou nada da terra, não tinham<br />
que sacudir. Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia? Dissimularia?<br />
Daria tempo ao tempo? Isso ensinaria porventura a<br />
prudência, ou a covardia humana; mas o zelo da glória divina, que ardia naquele peito, não se rendeu a<br />
semelhantes partidos. Pois que fez? Mudou somente o púlpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina.<br />
Deixa as praças, vai-se às praias; deixa a terra, vai-se ao mar, e começa a dizer a altas vozes: Já que me<br />
não querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes. Oh, maravilhas do Altíssimo! Oh, poderes do que<br />
criou o mar e a terra! Começam a ferver as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores,<br />
os pequenos, e postos todos por sua ordem com as cabeças de fora da água, António pregava e eles ouviam.<br />
Se a Igreja quer que preguemos de Santo António sobre o Evangelho, dê-nos outro. Vós estis sal terrae.<br />
É muito bom o texto para os outros santos doutores; mas para Santo António vem-lhe muito curto. Os<br />
outros santos doutores da Igreja foram sal da terra. Santo António foi sal da terra e foi sal do mar. Este é<br />
o assunto que eu tinha para tomar hoje. Mas há muitos dias que tenho metido no pensamento que nas<br />
festas dos santos é melhor pregar como eles, que pregar deles. Quanto mais que o são da minha doutrina,<br />
qualquer que ele seja, tem tido nesta terra uma fortuna tão parecida à de Santo António em Arimino, que<br />
é força segui-la em tudo. Muitas vezes vos tenho pregado nesta igreja, e noutras, de manhã e de tarde,<br />
de dia e de noite, sempre com doutrina muito clara, muito sólida, muito verdadeira, e a que mais necessária<br />
e importante é a esta terra, para emenda e reforma dos vícios que a corrompem. O fruto que tenho<br />
colhido desta doutrina, e se a terra tem tomado o sal, ou se tem tomado dele, vós o sabeis e eu por vós o<br />
sinto.<br />
Isto suposto, quero hoje, à imitação de Santo António, voltar-me da terra ao mar e, já que os homens<br />
se não aproveitam, pregar aos peixes. O mar está tão perto que bem me ouvirão. Os demais podem deixar<br />
o sermão, pois não é para eles. Maria, quer dizer. Domina maris: “Senhora do mar”; e posto que o assunto<br />
seja tão desusado, espero que me não falte com a costumada graça. Ave Maria.<br />
“Sermão de Santo António”, Padre António Vieira,<br />
in Sermão de Santo António e outros textos, Oficina do Livro, agosto de <strong>20</strong>08<br />
Outros Percursos 11<br />
15
Responde com clareza e correção às seguintes perguntas.<br />
1. Insere o excerto na obra a que pertence, atendendo à sua estrutura interna.<br />
2. Expõe as razões da referência a Santo António neste passo do Sermão.<br />
2.1. Apresenta três traços caracterizadores da figura referenciada, recorrendo à fundamentação<br />
textual.<br />
3. Identifica, justificando, no segmento textual apresentado, as razões da pregação deste sermão do<br />
Padre António Vieira.<br />
4. Procede ao levantamento de dois recursos expressivos, comentando a sua expressividade.<br />
Num texto, entre oitenta e cento e trinta palavras, refere-te ao modo como as duas obrigações do sal se<br />
concretizam no Sermão de Santo António, de Padre António Vieira.<br />
Grupo II<br />
5<br />
10<br />
15<br />
<strong>20</strong><br />
› SEQUÊNCIA 2<br />
Lê, com atenção, o texto que se segue.<br />
16 Outros Percursos 11<br />
B<br />
No espetáculo Payassu, fazemos uso das tecnologias de manipulação de imagem, promovendo a interação<br />
de figuras projetadas com o discurso de Vieira, o espaço cénico e as ações do ator, de uma forma<br />
absolutamente orgânica. Na gestão dos recursos narrativos, quer plásticos quer cénicos, evitámos a mera<br />
ilustração do sermão e a coincidência de signos, especialmente os concorrentes com as imagens sugeridas<br />
pelo texto, já de si muito rico e profuso. A relação entre a multimédia, o teatro e as artes plásticas desenvolveu-se<br />
pelo processo de identificação, incorporação e fusão de elementos expressivos, e não pela sua<br />
simples combinação sequencial.<br />
Existe, ainda, na abordagem interpretativa do Sermão, uma questão importante: a oratória funciona<br />
como discurso direto, objetivo e frontal, procurando convencer o público, argumentando, provando,<br />
lançando reptos e propondo respostas. É um instrumento moralizador e edificante, no intuito de corrigir/melhorar<br />
a humanidade. Esta característica, que em Vieira ultrapassa os recursos do contador de estórias,<br />
é comum a todos os que têm o ofício de sal — políticos, professores, legisladores, religiosos — e<br />
concentra a ação dramática do ator (construindo alguma dessas personagens) no exercício da pregação,<br />
na sua profunda e intensa oralidade. Em Payassu, o parateatral sobrepõe-se ao teatro, na perspetiva do<br />
público, que vê um pregador religioso. Mas o teatro esconde-se na oratória, pois não temos orador, temos<br />
ator; não temos sermão; temos teatro. Para mais, no Sermão de Santo António aos Peixes, existe outro<br />
jogo de metalinguagem, que confunde e complica este juízo de frontalidade: Vieira não prega aos homens,<br />
prega aos peixes para pregar aos homens. Um jogo de ilusão, um malabarismo dialético, tanto barroco<br />
como contemporâneo, um caminho tão válido hoje como ontem. Evidente é que tudo isso dificulta o<br />
trabalho do ator, que tem de percorrer um labirinto de olhares, insinuações, alternâncias e subtilezas,<br />
oscilando entre um público real e um mundo aquático virtual.<br />
Payassu, o Verbo do Pai Grande (caderno de criação do espetáculo), Teatro de Formas Animadas de Vila do Conde<br />
(texto adaptado e com supressões)
1. Seleciona a opção correta.<br />
1.1. De acordo com a informação do texto, o espetáculo Payassu...<br />
a) oferece uma diversidade de recursos complementares ao discurso vieiriano.<br />
b) é uma representação teatral em que o ator joga apenas com o discurso de P. e António Vieira.<br />
c) apresenta-se como a atualização da mensagem de P. e António Vieira.<br />
d) reveste-se de uma plasticidade surpreendente, de forma a superar a ausência do texto vieiriano.<br />
1.2. Tanto no Sermão de Santo António aos Peixes, de P. e António Vieira, como em Payassu, ...<br />
a) a reação do público é imprescindível à atuação.<br />
b) há pregação religiosa, pelo facto de ambos se assumirem como sermões.<br />
c) verifica-se o recurso ao discurso indireto.<br />
d) assiste-se a um jogo de linguagens.<br />
1.3. O sujeito da oração “fazemos uso das tecnologias de manipulação de imagem” (linha 1) é...<br />
a) nulo subentendido.<br />
b) nulo indeterminado.<br />
c) nulo expletivo.<br />
d) simples.<br />
1.4. O segmento “a interação de figuras projetadas com o discurso de Vieira, o espaço cénico e as ações<br />
do ator” (linhas 1-2) corresponde...<br />
a) ao sujeito.<br />
b) ao modificador.<br />
c) ao complemento direto.<br />
d) ao predicativo do sujeito.<br />
1.5. Na expressão “quer plásticos quer cénicos” (linha 3), verifica-se uma relação de...<br />
a) oposição.<br />
b) alternância.<br />
c) condição.<br />
d) adição.<br />
1.6. No segmento “todos os que têm o ofício de sal – políticos, professores, legisladores, religiosos”<br />
(linha 12), entre o primeiro sublinhado e o segundo destaca-se uma relação de...<br />
a) meronímia-holonímia.<br />
b) hiperonímia-hiponímia.<br />
c) hiponímia-hiperonímia.<br />
d) holonímia-meronímia.<br />
1.7. A oração “que vê um pregador religioso” (linha 15) é uma...<br />
a) oração subordinada adjetiva relativa explicativa.<br />
b) oração subordinada substantiva completiva.<br />
c) oração subordinada adjetiva relativa restritiva.<br />
d) oração subordinada adverbial causal.<br />
› Outros Percursos... pelos Textos Argumentativos<br />
Outros Percursos 11<br />
17
› SEQUÊNCIA 2<br />
2. Considera as seguintes frases.<br />
a) “No espetáculo Payassu, fazemos uso das tecnologias de manipulação de imagem, promovendo a<br />
interação de figuras projetadas com o discurso de Vieira (…)” (linhas 1-2).<br />
b) “Na gestão dos recursos narrativos, quer plásticos quer cénicos, evitámos a mera ilustração do<br />
sermão e a coincidência de signos, especialmente os concorrentes com as imagens sugeridas pelo<br />
texto, já de si muito rico e profuso.” (linhas 3-5).<br />
c) “(…) concentra a ação dramática do ator (construindo alguma dessas personagens) no exercício da<br />
pregação (…)” (linha 13).<br />
2.1. Reescreve a frase a), de forma a incluir-lhe uma oração subordinada adverbial final, fazendo<br />
as alterações necessárias.<br />
2.2. Expande a frase b), incluindo-lhe uma oração subordinada adverbial causal.<br />
2.3. Reescreve a frase c), substituindo o segmento sublinhado por uma oração subordinada adjetiva<br />
relativa explicativa.<br />
Grupo III<br />
O significado de Herói tem sofrido algumas transformações ao longo dos tempos, nomeadamente<br />
com a massificação dos meios de comunicação social, misturando-se com a conceção de Ídolo.<br />
Partindo da perspetiva exposta no excerto acima transcrito, apresenta uma reflexão, entre duzentas<br />
e trezentas e cinquenta palavras.<br />
Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um deles<br />
com, pelo menos, um exemplo significativo.<br />
18 Outros Percursos 11
3<br />
Nome Turma Data<br />
Grupo I<br />
5<br />
10<br />
15<br />
<strong>20</strong><br />
25<br />
Lê o texto seguinte.<br />
Parte baixa do palácio de D. João de Portugal, comunicando, pela porta à esquerda do espetador com<br />
a capela da Senhora da Piedade na igreja de S. Paulo dos Domínicos de Almada: é um casarão sem ornato<br />
algum. Arrumadas às paredes, em diversos pontos, escadas, tocheiras 1 cruzes, ciriais 2 e outras alfaias e<br />
guisamentos 3 de igreja, de uso conhecido. A um lado um esquife 4 dos que usam as confrarias 5 , do outro,<br />
uma grande cruz negra de tábua com o letreiro J.N.R.J. 6 , e toalha pendente como se usa nas cerimónias<br />
da semana santa, mais para a cena uma banca velha com dois ou três tamboretes 7 : a um lado, uma tocheira<br />
baixa, com tocha acesa e já bastante gasta: sobre a mesa, um castiçal de chumbo, de credência 8 ,<br />
baixo e com vela acesa também, e um hábito completo de religioso domínico, túnica, escapulário, rosário,<br />
cinto, etc. No fundo, porta que dá para as oficinas e aposentos que ocupam o resto dos baixos do palácio.<br />
É alta noite.<br />
Manuel de Sousa, sentado num tamborete, ao pé da mesa, o rosto inclinado sobre o peito, os braços<br />
caídos e em completa prostração de espírito e de corpo; num tamborete, do outro lado, Jorge, meio encostado<br />
para a mesa, com as mãos postas e os olhos pregados no irmão.<br />
MANUEL — Oh! minha filha, minha filha! (Silêncio longo.) Desgraçada filha, que ficas órfã!... órfã<br />
de pai e de mãe... (Pausa.) e de família e de nome, que tudo perdeste hoje... (Levanta-se com violenta<br />
aflição.) A desgraçada nunca os teve. Oh! Jorge, que esta lembrança é que me mata, que me desespera!<br />
(Apertando a mão do irmão, que se levantou após dele e o está consolando do gesto.) É o castigo terrível<br />
do meu erro... se foi erro... crime sei que não foi. E sabe-o Deus, Jorge, e castigou-me assim, meu irmão.<br />
JORGE — Paciência, paciência: os seus juízos são imperscrutáveis (Acalma e faz sentir o irmão; tornam<br />
a ficar ambos como estavam.)<br />
MANUEL — Mas eu em que mereci ser feito o homem mais infeliz da terra, posto de alvo à irrisão e<br />
ao discursar do vulgo?... Manuel de Sousa Coutinho, o filho de Lopo de Sousa Coutinho, o filho do nosso<br />
pai, Jorge!<br />
1 Grandes castiçais para colocar as tochas ou as velas.<br />
2 Castiçais altos que terminam em lanterna, na parte superior, e que se colocam ao lado da cruz alçada nas procissões.<br />
3 Utensílios e alfaias necessários ao serviço divino, ao culto.<br />
4 Caixão.<br />
TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste A<br />
› SEQUÊNCIA 3<br />
JORGE — Tu chamas-te o homem mais infeliz da terra... Já te esqueceste que ainda está vivo aquele…<br />
5 Irmandades, congregações, associações para fins religiosos.<br />
6 Sigla que Pilatos mandou colocar sobre a cruz de Jesus Cristo e que significa Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.<br />
7 Cadeiras de braços sem espaldar.<br />
Cena I<br />
8 Mesa que se coloca ao pé do altar para aí colocar as galhetas e outros acessórios da missa.<br />
A<br />
Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa<br />
Outros Percursos 11<br />
19
5<br />
10<br />
15<br />
› SEQUÊNCIA 3<br />
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.<br />
1. Faz a caracterização espácio-temporal, destacando o seu aspeto funesto.<br />
2. Mostra de que modo o espaço contribui para o adensamento trágico da ação.<br />
3. Manuel de Sousa mostra-se desesperado.<br />
3.1. Evidencia de que forma essa aflição se manifesta.<br />
3.2. Explicita a sua maior preocupação.<br />
<strong>20</strong> Outros Percursos 11<br />
B<br />
Comenta a afirmação a seguir apresentada, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, baseando-te<br />
nos conhecimentos que possuis sobre Frei Luís de Sousa.<br />
Almeida Garrett afirma na “Memória ao Conservatório Real” que se contenta com a designação de<br />
drama para a sua obra, reconhecendo, todavia, que, “se na forma desmerece da categoria<br />
(de tragédia), pela índole há de ficar pertencendo sempre ao antigo género trágico”.<br />
Grupo II<br />
Lê, agora, o seguinte texto.<br />
Por Clara Teixeira<br />
O planeta poderá, em breve, tornar-se um lugar pouco recomendável<br />
para viver. Seremos mais, mas as nossas vidas serão mais<br />
difíceis, mesmo com a ajuda da tecnologia. Portugal sairá a ganhar,<br />
se souber aproveitar uma nova potência chamada África.<br />
O mundo está a mudar. E mudará ainda mais até <strong>20</strong>25. Em<br />
muitos aspetos, ficará irreconhecível. Exemplos? O Ocidente entrará em declínio, a idade da reforma estender-se-á<br />
para além dos 70 anos, África será o continente mais jovem e populoso, o México destronará<br />
a China no mercado global e esta pode, até, atravessar uma recessão.<br />
Um cenário por vezes apocalíptico é o que resulta da análise das tendências mundiais para <strong>20</strong>25 traçadas<br />
pelo think-tank global Business Policy Council (GBPC), da consultora internacional A.T. Kearney.<br />
Dirigido pelo historiador e jornalista Martin Walker, o estudo, a que a Visão teve acesso, levanta-nos a<br />
dúvida de saber se, em <strong>20</strong>25, o mundo será um lugar melhor para viver. À primeira vista, a resposta é negativa.<br />
A crise financeira de <strong>20</strong>08 tarda a dar tréguas, os países ocidentais estão em recessão ou registam<br />
crescimentos anémicos, os preços das matérias-primas não param de subir, os recursos naturais escasseiam<br />
e as alterações climáticas ameaçam o ecossistema.<br />
Mas Walker, o autor do estudo, acredita que estamos a tempo de evitar o pior: “O mundo poderá ser<br />
um lugar melhor, se alguma tecnologia mais recente vier a ser adotada”. Apesar das dificuldades que se<br />
anteveem para <strong>20</strong>25, o autor do estudo não hesita em escolher a Europa como a melhor região para viver,<br />
“desde que a idade da reforma seja atrasada e o sistema de pensões e as universidades reformados”. (…)<br />
in Visão, n.º 930, 30 de dezembro de <strong>20</strong>10 (com supressões)
1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido<br />
do texto.<br />
1.1. No segmento textual “pouco recomendável para viver “(linhas 1-2), a palavra sublinhada introduz<br />
uma oração subordinada adverbial…<br />
a) final.<br />
b) consecutiva.<br />
c) concessiva.<br />
d) condicional.<br />
1.2. O conector sublinhado na frase “as nossas vidas serão mais difíceis, mesmo com a ajuda da tecnologia.”<br />
(linhas 2-3) introduz no discurso uma ideia que…<br />
a) é uma consequência da anteriormente expressa.<br />
b) é a causa da anteriormente expressa.<br />
c) funciona como concessão à ideia anteriormente expressa.<br />
d) é impossível de realizar.<br />
1.3. Na frase “Em muitos aspetos, ficará irreconhecível.” (linhas 5-6), a palavra sublinhada desempenha<br />
a função sintática de…<br />
a) complemento direto.<br />
b) sujeito.<br />
c) predicativo do complemento direto.<br />
d) predicativo do sujeito.<br />
1.4. O constituinte destacado em “e esta pode, até, atravessar uma recessão” (linha 8) pode ser substituído<br />
por...<br />
a) desenvolvimento.<br />
b) progresso.<br />
c) retrocesso.<br />
d) aumento.<br />
1.5. O adjetivo sublinhado em “África será o continente mais jovem...” (linha 7) encontra-se no grau...<br />
a) normal.<br />
b) comparativo de superioridade.<br />
c) superlativo absoluto sintético.<br />
d) superlativo relativo de superioridade.<br />
1.6. O segmento sublinhado em “Dirigido pelo historiador e jornalista Martin Walker, o estudo…”<br />
(linha 11) desempenha a função sintática de...<br />
a) sujeito.<br />
b) complemento agente da passiva.<br />
c) complemento direto.<br />
d) complemento indireto.<br />
› Outros Percursos... pelos Textos Dramáticos<br />
Outros Percursos 11<br />
21
› SEQUÊNCIA 3<br />
1.7. A utilização das aspas em “O mundo poderá ser um lugar melhor, se alguma tecnologia mais<br />
recente vier a ser adotada.” (linhas 16-17) justifica-se por se tratar…<br />
Grupo III<br />
22 Outros Percursos 11<br />
a) de uma frase em discurso direto.<br />
b) da opinião da autora do texto.<br />
c) da previsão de um acontecimento.<br />
d) de uma frase condicional.<br />
2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a<br />
obteres afirmações verdadeiras.<br />
COLUNA A COLUNA B<br />
2.1. Com a utilização do complexo<br />
verbal em “O planeta poderá,<br />
em breve, tornar-se um<br />
lugar” (linha 1), ...<br />
2.2. Ao utilizar a conjunção “se” na<br />
frase “se souber aproveitar<br />
uma nova potência…”<br />
(linha 4), ...<br />
2.3. Com a utilização do pronome<br />
relativo em “é o que resulta<br />
da análise das tendências”<br />
(linha 9), ...<br />
2.4. Na expressão “acredita que<br />
estamos a tempo de evitar o<br />
pior” (linha 16), ...<br />
2.5. Com o uso da locução<br />
subordinativa “Apesar das”<br />
(linha 17), ...<br />
a) o enunciador socorre-se de uma conjunção<br />
completiva.<br />
b) o enunciador utiliza um mecanismo de coesão<br />
referencial.<br />
c) o enunciador faz depender a concretização da ação<br />
de uma condição.<br />
d) o enunciador utiliza a modalidade deôntica com valor<br />
de proibição.<br />
e) o enunciador socorre-se de um verbo modal para<br />
apresentar uma possibilidade.<br />
f) o enunciador apresenta uma situação que se realizará<br />
no futuro.<br />
g) o enunciador introduz uma conexão concessiva.<br />
h) o enunciador utiliza um marcador discursivo com<br />
valor consecutivo.<br />
O planeta sofre, todos os dias, diferentes tipos de agressões. Se quisermos continuar<br />
a habitá-lo, de forma confortável, devemos preservá-lo através de comportamentos equilibrados.<br />
Tendo presente a sociedade tua contemporânea e o seu comportamento perante o planeta Terra,<br />
apresenta uma reflexão sobre este tema.<br />
Redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a trezentas palavras, onde fundamentes<br />
o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo.
5<br />
10<br />
3<br />
Nome Turma Data<br />
Grupo I<br />
TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste B<br />
› SEQUÊNCIA 3<br />
Lê, atentamente, a cena seguinte.<br />
MADALENA — Jorge, meu irmão, meu bom Jorge, vós, que sóis tão prudente e refletido, não dais nenhum<br />
peso às minhas dúvidas?<br />
JORGE — Tomara eu ser tão feliz que pudesse, querida irmã.<br />
MADALENA — Pois entendeis?...<br />
Cena I<br />
MADALENA, MANUEL DE SOUSA, JORGE<br />
MANUEL — Madalena… senhora! Todas estas coisas são já indignas de nós. Até ontem, a nossa desculpa,<br />
para com Deus e para com os homens, estava na boa fé e seguridade de nossas consciências. Essa acabou.<br />
Para nós já não há senão estas mortalhas (Tomando os hábitos de cima da banca) e a sepultura de um<br />
claustro. A resolução que tomámos é a única possível; e já não há que voltar atrás… Ainda ontem,<br />
falávamos dos condes de Vimioso… Quem nos diria… oh, incompreensíveis mistérios de Deus… Ânimo,<br />
e ponhamos os olhos naquela cruz! Pela última vez, Madalena… pela derradeira vez neste mundo,<br />
querida… (Vai para a abraçar e recua). Adeus, adeus! (foge precipitadamente pela porta da esquerda).<br />
Apresenta, de forma completa e bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem.<br />
Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa<br />
1. Insere, justificadamente, a cena selecionada ao nível da estrutura interna da obra a que pertence.<br />
2. D. Madalena ainda manifesta uma réstia de esperança.<br />
2.1. Explica de que modo.<br />
A<br />
3. Uma vez mais, Manuel de Sousa mostra-se mais racional do que D. Madalena.<br />
3.1. Indica de que forma se manifesta essa racionalidade.<br />
3.2. Justifica, explicitando, a réplica de Manuel de Sousa: “Até ontem, a nossa desculpa, para com Deus<br />
e para com os homens, estava na boa fé e seguridade de nossas consciências.” (linhas 7-8)<br />
B<br />
Em Frei Luís de Sousa há vários elementos carregados de valor simbólico, alguns apontando<br />
o desenrolar da ação, outros pressagiando a desgraça das personagens.<br />
Redige um texto de oitenta a cento e trinta palavras, no qual confirmes a veracidade da afirmação,<br />
fazendo referência aos aspetos simbólicos associados quer à ação quer às personagens.<br />
Outros Percursos 11<br />
23
Grupo II<br />
5<br />
10<br />
15<br />
› SEQUÊNCIA 3<br />
Lê, agora, a introdução de uma entrevista à viúva de José Saramago.<br />
24 Outros Percursos 11<br />
13.11.<strong>20</strong>10 - 15:24<br />
Por Isabel Coutinho, em São Paulo<br />
A viúva de José Saramago, a tradutora e jornalista espanhola Pilar del<br />
Río, não para. Dá-nos uma lição sobre o que fazer quando a morte nos estraga<br />
a vida.<br />
Novembro é o mês de José Saramago. Numa entrevista à Visão, em<br />
<strong>20</strong>05, o Prémio Nobel da Literatura 1998 contou que a determinada altura<br />
da sua vida foi “à procura da grande biblioteca, as Galveias, que não seria<br />
tão grande assim, mas para (ele) era o mundo”.<br />
Na próxima terça-feira, dia em que o escritor português faria 88 anos, é atribuído o nome “Sala José<br />
Saramago” à principal sala da Biblioteca Municipal Palácio Galveias, em Lisboa. No dia anterior é lançado<br />
o livro José Saramago nas Suas Palavras, com organização e seleção do espanhol Fernando Gómez Aguilera<br />
(Ed. Caminho) e a 18 de novembro, no Palácio Galveias, realiza-se uma leitura da tradução de José Saramago<br />
do romance Anna Karenina, na iniciativa León Tolstoi e José Saramago - Dois Aniversários. Nessa<br />
noite, no Lux-Frágil, há o concerto de apresentação da banda sonora do filme José e Pilar, de Miguel Gonçalves<br />
Mendes, que se estreia também neste dia nas salas de cinema portuguesas.<br />
Pilar del Río estará em Lisboa na próxima semana, mas em São Paulo, na cerimónia do Prémio<br />
Portugal Telecom de Literatura <strong>20</strong>10, onde o seu marido foi homenageado, falou com o P2 sobre os novos<br />
projetos da Fundação José Saramago, de que é presidente. A casa de ambos em Lanzarote irá funcionar<br />
como casa-museu com “cheiro a café português” e terá uma residência para escritores seniores. Lição<br />
sobre o que fazer quando a morte nos estraga a vida.<br />
in www.publico.pt<br />
1. Seleciona, em cada um dos itens, a opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido do texto.<br />
1.1. O texto anterior põe em destaque…<br />
a) algumas das iniciativas de José Saramago.<br />
b) a ação de Pilar del Río após a morte do marido.<br />
c) as comemorações da morte de Saramago.<br />
d) o aniversário de José Saramago.<br />
1.2. O Nobel português faria 88 anos…<br />
a) na próxima terça-feira.<br />
b) no dia 24 de novembro de <strong>20</strong>10.<br />
c) no dia 17 de novembro de <strong>20</strong>10.<br />
d) em novembro de <strong>20</strong>05.<br />
1.3. A atribuição do nome de Saramago a uma sala da biblioteca de Galveias precederá…<br />
a) o lançamento do livro José Saramago nas Suas Palavras.<br />
b) a leitura da tradução saramaguiana de Anna Karenina.<br />
c) a apresentação da banda sonora do filme José e Pilar.<br />
d) a estreia do filme José e Pilar nas salas de cinema portuguesas.
1.4. Entre os novos projetos de Pilar del Río, conta-se…<br />
a) a abertura da fundação José Saramago.<br />
b) a transformação da casa de Lanzarote num museu.<br />
c) a receção de novos escritores em Lanzarote.<br />
d) a organização da homenagem ao marido em S. Paulo.<br />
1.5. No primeiro período do texto, verifica-se…<br />
a) o emprego de um sujeito nulo subentendido.<br />
b) a inexistência de tempos verbais.<br />
c) o recurso a um verbo transitivo direto.<br />
d) a utilização de um modificador apositivo.<br />
1.6. A oração subordinada adverbial temporal “quando a morte nos estraga a vida” (linhas 2-3) apresenta…<br />
a) complemento direto e indireto.<br />
b) complemento oblíquo e sujeito.<br />
c) predicado e predicativo do complemento direto.<br />
d) predicado e predicativo do sujeito.<br />
1.7. A oração “que a determinada altura da sua vida foi, “à procura da grande biblioteca…” (linhas 5-6)<br />
classifica-se como…<br />
a) subordinada adjetiva relativa.<br />
b) subordinada adverbial final.<br />
c) subordinada substantiva relativa.<br />
d) subordinada substantiva completiva.<br />
2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a<br />
obteres afirmações verdadeiras.<br />
Grupo III<br />
COLUNA A COLUNA B<br />
2.1. No segmento “A viúva de José<br />
Saramago” (linha 1), ...<br />
2.2. Na forma verbal utilizada em<br />
“era o mundo” (linha 7), ...<br />
2.3. Com a oração “que não seria<br />
tão grande assim” (linhas 6-7), ...<br />
2.4. Em “Dois Aniversários” (linha 12), ...<br />
2.5. Em “banda sonora” (linha 13), ...<br />
› Outros Percursos... pelos Textos Dramáticos<br />
a) o enunciador fornece a explicitação de uma ideia.<br />
b) o enunciador socorre-se de um verbo transitivo<br />
indireto.<br />
c) o enunciador serve-se de um adjetivo relacional.<br />
d) o enunciador apresenta o sujeito do primeiro período<br />
do texto.<br />
e) o enunciador emprega um advérbio conectivo.<br />
f) o enunciador utiliza um quantificador numeral.<br />
g) o enunciador recorre a um verbo copulativo.<br />
A partir da leitura do texto apresentado no Grupo II, é possível perceber a importância que a literatura<br />
e leitura têm em qualquer sociedade. Contudo, os livros não são a única fonte de informação.<br />
Partindo das afirmações anteriores, redige um texto de opinião, com duzentas a trezentas palavras, onde<br />
fundamentes o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo.<br />
Outros Percursos 11<br />
25
4TESTE<br />
DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste A<br />
› SEQUÊNCIA 4 - Os Maias<br />
Nome Turma Data<br />
Grupo I<br />
5<br />
10<br />
15<br />
<strong>20</strong><br />
25<br />
30<br />
35<br />
Lê o texto seguinte.<br />
— Quanto ganha você? exclamou Teles da Gama, assombrado.<br />
Carlos não sabia. No fundo do chapéu já reluzia ouro. Teles contou, com o olho brilhante.<br />
— Você ganha doze libras! disse ele maravilhado, e olhando Carlos com respeito.<br />
Doze libras! Esta soma espalhou-se em redor, num rumor de espanto. Doze libras! Em baixo os<br />
amigos de Darque, agitando os chapéus, davam ainda hurras. Mas uma indiferença, um tédio lento, ia<br />
pesando outra vez, desconsoladoramente. Os rapazes vinham-se deixar cair nas cadeiras, bocejando,<br />
com um ar exausto. A música, desanimada também, tocava coisas plangentes da “Norma”.<br />
Carlos, no entanto, num degrau da tribuna, com a ideia de descobrir o Dâmaso, sondava de binóculo<br />
o recinto das carruagens. A gente, agora, ia dispersando pela colina. As senhoras tinham retomado a imobilidade<br />
melancólica, no fundo das caleches, de mãos no regaço. Aqui e além um dog-cart, mal arranjado,<br />
dava um trote curto pela relva. Numa vitória estavam as duas espanholas do Euzebiosinho, a Concha e a<br />
Carmen, de sombrinhas escarlates. E sujeitos, de mãos atrás das costas, pasmavam para um char-à-bancs<br />
a quatro atrelado à Daumont onde, entre uma família triste, uma ama de lenço de lavradeira dava de<br />
mamar a uma criança cheia de rendas. Dois garotos esganiçados passeavam bilhas de água fresca.<br />
Carlos descia da tribuna, sem ter descoberto o Dâmaso — quando deu justamente de frente com ele,<br />
dirigindo-se para a escada, afoguedado, flamante, na sua sobrecasaca branca. (…)<br />
— Escuta lá homem, tenho que te dizer... Então, essa visita aos Olivais?... Nunca mais apareceste...<br />
tínhamos combinado que fosses convidar o Castro Gomes, que viesses dar a resposta... Não vens, não<br />
mandas... O Craft à espera... Enfim um procedimento de selvagem.<br />
Dâmaso atirou os braços ao ar. Então Carlos não sabia? Havia grandes novidades! Ele não voltara ao<br />
Ramalhete, como estava combinado, porque o Carlos Gomes não podia ir aos Olivais. Ia partir para o<br />
Brasil. Já partira mesmo, na quarta-feira. A coisa mais extraordinária... Ele chega lá, para fazer o convite,<br />
e Sua Excelência declara-lhe que sente muito, mas que parte no dia seguinte para o Rio... E já de mala<br />
feita, já alugada uma casa para a mulher ficar aqui à espera três meses, já a passagem no bolso. Tudo de<br />
repente, feito de sábado para segunda-feira... Telhudo, aquele Castro Gomes.<br />
— E lá partiu, exclamou ele, voltando-se a cumprimentar a viscondessa de Alvim e Joaninha Vilar<br />
que desciam das tribunas. Lá partiu, e ela já está instalada. Até já antes de ontem a fui visitar, mas não<br />
estava em casa... Sabes do que tenho medo? É que ela, nestes primeiros tempos, por causa da vizinhança,<br />
como está só, não queira que eu lá vá muito... Que te parece?<br />
— Talvez... E onde mora ela?<br />
Em quatro palavras, Dâmaso explicou a instalação de madame. Era muito engraçado, morava no prédio<br />
do Cruges! A mamã Cruges, havia já anos, alugava aquele primeiro andar mobilado: o inverno passado<br />
estivera lá o Bertoni, o tenor, com a família. Casa bem arranjada, o Castro Gomes tinha tido dedo...<br />
— E para mim, muito cómodo, ali ao pé do Grémio... Então não voltas cá acima, a cavaquear com o<br />
femeaço? Até logo... Está hoje chic a valer a Gouvarinho! E está a pedir homem! Good-bye.<br />
26 Outros Percursos 11<br />
A<br />
Eça de Queirós, Os Maias, 28.ª edição, s/data, Ed. Livros do Brasil, Lisboa
5<br />
10<br />
15<br />
<strong>20</strong><br />
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.<br />
1. Insere este excerto na obra.<br />
2. Caracteriza o ambiente em que decorre a ação narrada.<br />
3. Explica a urgência de Carlos em encontrar Dâmaso.<br />
4. Infere da simbologia da vitória de Carlos nas apostas das corridas de cavalos.<br />
Em Os Maias, o velho Guimarães assume o papel de mensageiro da desgraça, desenterra o passado<br />
revelando os laços de parentesco entre Carlos e Maria Eduarda, o que, inevitavelmente, conduzirá<br />
ao fim trágico de várias personagens.<br />
Grupo II<br />
B<br />
Num texto coerente, entre oitenta e cento e trinta palavras, comenta a afirmação supracitada.<br />
Lê, com atenção, o texto que se segue.<br />
› Outros percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos<br />
A simples leitura do título e do subtítulo da obra – Os Maias – Episódios da vida romântica – situa-nos<br />
num tempo, um tempo vago, o tempo da vida romântica, mas um tempo coletivo, no qual se move uma<br />
família. E o facto de o narrador qualificar este tempo coletivo de romântico é desde logo uma sugestão de<br />
leitura do Portugal seu contemporâneo. (…) E ao longo destes episódios, vamo-nos dando conta de que,<br />
apesar da passagem do tempo, apesar de algumas modificações introduzidas pela civilização, tão apreciadas,<br />
talvez desde diferentes pontos de vista, por Dâmaso ou Gouvarinho quanto odiadas por Alencar,<br />
o mundo em que se move a aristocracia e a alta burguesia lisboetas nos finais da década de 70 é substancialmente<br />
idêntico àquele em que se moveu Pedro da Maia ou até o velho Afonso. Isto torna-se por de<br />
mais evidente quando, em 1887, dez anos volvidos sobre o fim trágico da ação, que se situa entre outubro<br />
de 1875 e o fim do ano de 1876, Carlos, regressando da sua segunda viagem pelo mundo, encontra Lisboa<br />
imutável e constata que “Nada mudara.” (…) Parece que o tempo coletivo de há muito se encontra suspenso,<br />
o que aliás é simbolicamente transmitido por aquela “sentinela sonolenta”, talvez mesmo adormecida,<br />
(…) “em torno à estátua triste de Camões”.<br />
Jacinto do Prado Coelho considera que este tempo coletivo é um tempo “parado, estagnado, um<br />
tempo fora do tempo”, um tempo “coletivo, português” que contrasta com o tempo da ação em que<br />
Carlos é envolvido. Aí há progressão, há peripécias, “No tempo coletivo não há princípio, meio e fim:<br />
nada acontece. Imobilismo versus dinamismo”.<br />
Cremos que esta oposição imobilismo/dinamismo pode funcionar como uma importante pista de<br />
leitura do romance, dirigindo uma outra, morte/vida. Com efeito é este imobilismo, este tempo parado,<br />
que naturalmente o leitor só vai apreendendo como tempo português à medida que avança na leitura do<br />
romance, que, envolvendo tudo e todos e abafando qualquer vento inovador, acaba por comandar a<br />
desilusão. (…) E é curioso notarmos desde já que tudo o que perturbe, de qualquer forma, tal imobilismo<br />
em que o universo português está envolto vem do exterior, é estrangeiro.<br />
Isabel Pires de Lima in As Máscaras do Desengano –<br />
Para uma Abordagem Sociológica de “Os Maias” de Eça de Queirós, Ed. Caminho, Lisboa (1987: 55-56).<br />
Outros Percursos 11<br />
27
› SEQUÊNCIA 4 - Os Maias<br />
1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido<br />
do texto.<br />
1.1. Entre “título” e “obra” (linha 1), verifica-se uma relação de...<br />
28 Outros Percursos 11<br />
a) holonímia-meronímia.<br />
b) hiperonímia-hiponímia.<br />
c) hiponímia-hiperonímia.<br />
d) meronímia-holonímia.<br />
1.2. O sujeito do predicado “(…) situa-nos num tempo (…)” (linhas 1-2) é...<br />
a) nulo subentendido.<br />
b) simples.<br />
c) composto.<br />
d) nulo indeterminado.<br />
1.3. Em “(…) apesar da passagem do tempo (…)” (linha 5) , com o articulador utilizado, depreende-se<br />
uma ideia de...<br />
a) alternância.<br />
b) tempo.<br />
c) concessão.<br />
d) condição.<br />
1.4. Em “(…) Carlos, (…) constata que “Nada mudara.” (linhas 10-11), a palavra sublinhada é...<br />
a) um pronome relativo.<br />
b) uma conjunção subordinativa completiva.<br />
c) uma conjunção subordinativa consecutiva.<br />
d) uma conjunção subordinativa condicional.<br />
1.5. O segmento textual sublinhado em “(…) este tempo coletivo é um tempo “parado, estagnado, um<br />
tempo fora do tempo” (…)” (linhas 14-15) corresponde ao...<br />
a) complemento direto.<br />
b) complemento agente da passiva.<br />
c) predicativo do sujeito.<br />
d) complemento indireto.<br />
1.6. Em “dirigindo uma outra, morte/vida” (linha 19) , os termos sublinhados mantêm entre si uma relação<br />
de...<br />
a) oposição contraditória.<br />
b) oposição conversa.<br />
c) inclusão.<br />
d) sinonímia.
1.7. Na frase “E é curioso notarmos desde já que tudo o que perturbe, de qualquer forma, (…)” (linha 22), a<br />
palavra sublinhada é um...<br />
a) determinante.<br />
b) pronome pessoal.<br />
c) pronome demonstrativo.<br />
d) pronome possessivo.<br />
2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a<br />
obteres afirmações verdadeiras.<br />
Grupo III<br />
COLUNA A COLUNA B<br />
2.1. No segmento “é desde logo<br />
uma sugestão de leitura”<br />
(linhas 3-4), …<br />
2.2. No segmento “tão<br />
apreciadas” (linhas 5-6), …<br />
através do recurso ao termo<br />
sublinhado, …<br />
2.3. No segmento “em torno à<br />
estátua triste de Camões”.<br />
(linha 13), …<br />
2.4. Através do recurso ao<br />
complexo verbal “pode<br />
funcionar como” (linha 18), …<br />
2.5. No segmento “tudo o que<br />
perturbe” (linha 22), …<br />
› Outros Percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos<br />
a) o enunciador pretende estabelecer uma comparação.<br />
b) o enunciador recorre a um verbo copulativo.<br />
c) o enunciador apresenta a situação como possível.<br />
d) o enunciador recorre a um verbo transitivo predicativo.<br />
e) o enunciador recorre a um verbo no imperativo.<br />
f) o enunciador pretende marcar a intensidade.<br />
g) o enunciador recorre a um verbo presente do<br />
conjuntivo.<br />
h) o enunciador recorre à hipálage.<br />
“Afinal o que é estudar? Ir à escola? Ficar sentado a ouvir o professor, ler atentamente um livro?<br />
Fazer os trabalhos de casa? Na verdade é tudo isto e também observar o ambiente, as pessoas e o mundo<br />
à nossa volta.”<br />
in Revista Escolhas, n.º 16, setembro de <strong>20</strong>10<br />
Partindo das interrogações do excerto, redige um texto de opinião, com duzentas a trezentas palavras,<br />
onde fundamentes o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo<br />
significativo.<br />
Outros Percursos 11<br />
29
4TESTE<br />
DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste B<br />
› SEQUÊNCIA 4 - Os Maias<br />
Nome Turma Data<br />
Grupo I<br />
5<br />
10<br />
15<br />
<strong>20</strong><br />
25<br />
30<br />
35<br />
Lê o texto seguinte.<br />
30 Outros Percursos 11<br />
A<br />
Os velhos amigos de Afonso da Maia que vinham fazer o seu whist a Benfica, sobretudo o Vilaça, o<br />
administrador dos Maias, muito zeloso da dignidade da casa, não tardaram em lhe trazer a nova daqueles<br />
amores do Pedrinho. Afonso já os suspeitava: via todos os dias um criado da quinta partir com um grande<br />
ramo das melhores camélias do jardim; todas as manhãs cedo encontrava no corredor o escudeiro, dirigindo-se<br />
ao quarto do menino, a cheirar regaladamente o perfume dum envelope com sinete de lacre<br />
dourado; — e não lhe desagradava que um sentimento qualquer, humano e forte, lhe fosse arrancando o<br />
filho à estroinice bulhenta, ao jogo, às melancolias sem razão em que reaparecia o negro ripanço...<br />
Mas ignorava o nome, a existência sequer dos Monfortes; e as particularidades que os amigos lhe revelaram,<br />
aquela facada nos Açores, o chicote de feitor na Virgínia, o brigue Nova Linda, toda a sinistra<br />
legenda do velho contrariou muito Afonso da Maia.<br />
Uma noite que o coronel Sequeira, à mesa do whist, contava que vira Maria Monforte e Pedro passeando<br />
a cavalo, “ambos muito bem e muito distingués”, Afonso, depois dum silêncio, disse com um ar enfastiado:<br />
— Enfim, todos os rapazes têm as suas amantes... Os costumes são assim, a vida é assim, e seria<br />
absurdo querer reprimir tais coisas. Mas essa mulher, com um pai desses, mesmo para amante acho má. (…)<br />
No verão, Pedro partiu para Sintra; Afonso soube que os Monfortes tinham lá alugado uma casa. Dias<br />
depois o Vilaça apareceu em Benfica, muito preocupado: na véspera Pedro visitara-o no cartório, pedira-lhe<br />
informações sobre as suas propriedades, sobre o meio de levantar dinheiro. Ele lá lhe dissera que<br />
em setembro, chegando à sua maioridade, tinha a legítima da mamã...<br />
— Mas não gostei disto, meu senhor, não gostei disto...<br />
— E porquê, Vilaça? O rapaz quererá dinheiro, quererá dar presentes à criatura... O amor é um luxo<br />
caro, Vilaça.<br />
— Deus queira que seja isso, meu senhor, Deus o ouça!<br />
E aquela confiança tão nobre de Afonso da Maia no orgulho patrício, nos brios de raça de seu filho,<br />
chegava a tranquilizar Vilaça.<br />
Daí a dias, Afonso da Maia viu enfim Maria Monforte. Tinha jantado na quinta do Sequeira ao pé de<br />
Queluz, e tomavam ambos o seu café no mirante, quando entrou pelo caminho estreito que seguia o muro<br />
a caleche azul com os cavalos cobertos de redes. Maria, abrigada sob uma sombrinha escarlate, trazia um<br />
vestido cor-de-rosa cuja roda, toda em folhos, quase cobria os joelhos de Pedro sentado ao seu lado: as<br />
fitas do seu chapéu, apertadas num grande laço que lhe enchia o peito, eram também cor-de-rosa: e a<br />
sua face, grave e pura como um mármore grego, aparecia realmente adorável, iluminada pelos olhos dum<br />
azul sombrio, entre aqueles tons rosados. No assento defronte, quase todo tomado por cartões de modista,<br />
encolhia-se o Monforte, de grande chapéu panamá, calça de ganga, o mantelete da filha no braço, o<br />
guarda-sol entre os joelhos. Iam calados, não viram o mirante; e, no caminho verde e fresco, a caleche<br />
passou com balanços lentos, sob os ramos que roçavam a sombrinha de Maria. O Sequeira ficara com a<br />
chávena de café junto aos lábios, de olho esgazeado, murmurando:<br />
— Caramba! É bonita!<br />
Afonso não respondeu: olhava cabisbaixo aquela sombrinha escarlate, que agora se inclinava sobre<br />
Pedro, quase o escondia, parecia envolvê-lo todo - como uma larga mancha de sangue alastrando a caleche<br />
sob o verde triste das ramas.<br />
Eça de Queirós, Os Maias, 28.ª edição, s/data, Ed. Livros do Brasil, Lisboa
5<br />
10<br />
15<br />
<strong>20</strong><br />
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.<br />
1. Insere, justificadamente, o excerto na estrutura da obra.<br />
2. Apesar de Afonso não atribuir grande importância aos encontros de Pedro e Maria Monforte, isso desperta-lhe<br />
um sentimento ambivalente.<br />
2.1. Aponta algumas razões para esse comportamento.<br />
3. A despreocupação de Afonso contrasta com a apreensão de Vilaça.<br />
3.1. Explica esta atitude do procurador dos Maias.<br />
4. A atitude de Afonso muda quando vê Maria Monforte e Pedro juntos.<br />
4.1. Explicita o que faz o pai de Pedro mudar de opinião.<br />
B<br />
Comenta a afirmação a seguir apresentada, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, baseando-te<br />
nos conhecimentos adquiridos sobre Os Maias.<br />
Grupo II<br />
Lê, agora, o seguinte texto.<br />
DINÂMICA DE VITÓRIA<br />
› Outros percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos<br />
Em Os Maias existem diversas situações, espaços, elementos que pressagiam e concorrem para<br />
o fim trágico da família Maia.<br />
Os últimos estudos sobre a fórmula do êxito revelam que<br />
existe, para além do talento pessoal, da perseverança, do otimismo<br />
ou mesmo dos genes herdados, um elemento que age<br />
na sombra e que se revela determinante: a sorte. (…)<br />
Quando nos interrogamos sobre os motivos do êxito ou do<br />
fracasso, há quem coloque a ênfase na sorte ou no azar, enquanto outros evocam o talento ou a sua ausência,<br />
o esforço ou a abulia, a inteligência, as aptidões sociais, o dom da oportunidade, o faro para os negócios…<br />
A verdade é que costumamos atribuir os nossos êxitos ao mérito pessoal, e os dos outros às<br />
circunstâncias (sorte, cunhas…). Os nossos fracassos, pelo contrário, devem-se ao azar ou injustiça; os dos<br />
restantes, ao comportamento das pessoas em causa.<br />
Em psicologia, essa forma de ver as coisas é designada por “erro fundamental de atribuição”. Consiste<br />
em colocar a ênfase ou sobrevalorizar as características da personalidade e as motivações psicológicas, e em<br />
menosprezar ou ignorar fatores exteriores quando se pretende explicar o comportamento de alguém numa<br />
situação. Esse desvio está também relacionado com aquilo que Julian Rotter, psicólogo da Universidade de<br />
Connecticut, denomina “locus de controlo”, pelo local onde situamos as causas do que nos acontece. (…)<br />
A educação é, também, um fator fundamental. No meio familiar, as crianças aprendem muito ao<br />
observar o que fazem os pais, incluindo a atitude perante a vida. A hereditariedade não é apenas genética,<br />
também se manifesta pela forma como se copiam comportamentos. O êxito pode também ser condicionado<br />
pela educação e pela cultura em que vivemos. Há famílias que incentivam a procura de iniciativas,<br />
enquanto outras atribuem maior importância ao aspeto económico e material.<br />
Outros Percursos 11<br />
31
› SEQUÊNCIA 4 - Os Maias<br />
E não podemos esquecer o esforço. Herbert Simon, Prémio Nobel da Economia, estimou que é<br />
necessário, para ser um perito internacional em qualquer especialidade, dedicar pelo menos 40 horas<br />
por semana ao trabalho, 50 semanas por ano, durante uma década. Outros falam em dez mil horas de esforço<br />
como fórmula para alcançar a glória, e o senso comum costuma situar-se entre estas duas teorias.<br />
1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido<br />
do texto.<br />
1.1. Em “revelam que existe, para além do talento pessoal” (linhas 1-2), a palavra sublinhada é…<br />
32 Outros Percursos 11<br />
a) um pronome relativo.<br />
b) uma conjunção subordinativa consecutiva.<br />
c) uma conjunção subordinativa completiva.<br />
d) um pronome interrogativo.<br />
1.2. Na frase “há quem coloque a ênfase” (linha 6), o constituinte sublinhado pode ser substituído por…<br />
a) ostentação.<br />
b) realce.<br />
c) exibição.<br />
d) dignidade.<br />
1.3. A palavra sublinhada em “os dos restantes, ao comportamento das pessoas em causa” (linhas 9-10)<br />
retoma o segmento…<br />
a) êxitos.<br />
b) outros.<br />
c) nossos.<br />
d) fracassos.<br />
1.4. Na frase “Consiste em colocar a ênfase ou sobrevalorizar” (linhas 11-12), a conjunção sublinhada<br />
apresenta um valor…<br />
a) disjuntivo.<br />
b) copulativo.<br />
c) adversativo.<br />
d) consecutivo.<br />
1.5. O constituinte sublinhado em “Julian Rotter, psicólogo da Universidade de Connecticut” (linhas<br />
14-15), o conector sublinhado desempenha a função sintática de…<br />
a) sujeito.<br />
b) modificador apositivo do nome.<br />
c) modificador restritivo do nome.<br />
d) complemento direto.<br />
in Super Interessante, n.º 150, outubro de <strong>20</strong>10, pp. 22 a 24 (com supressões)
1.6. No segmento textual “situamos as causas do que nos acontece” (linha 15), o constituinte sublinhado<br />
desempenha a função sintática de…<br />
a) sujeito.<br />
b) complemento indireto.<br />
c) complemento direto.<br />
d) complemento oblíquo.<br />
1.7. Na frase “E não podemos esquecer o esforço.” (linha 21), está representada a modalidade...<br />
a) deôntica, valor de permissão.<br />
b) epistémica, valor de possibilidade.<br />
c) apreciativa.<br />
d) deôntica, valor de proibição.<br />
2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a<br />
obteres afirmações verdadeiras.<br />
Grupo III<br />
COLUNA A COLUNA B<br />
2.1. Para elencar alguns fatores<br />
que podem conduzir ao<br />
sucesso (1.º parágrafo), …<br />
2.2. Com a utilização do conector<br />
sublinhado em “Quando nos<br />
interrogamos” (linha 5), …<br />
2.3. Na frase iniciada em “O êxito<br />
pode também” (linha 18), …<br />
2.4. Com a utilização do conector<br />
sublinhado em “para ser um<br />
perito internacional em<br />
qualquer especialidade…”<br />
(linha 22), …<br />
2.5. Com o sublinhado na frase<br />
“e o senso comum costuma<br />
situar-se entre estas duas<br />
teorias” (linha 24), …<br />
› Outros Percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos<br />
a) o enunciador marca a temporalidade da ação.<br />
b) o enunciador introduz no discurso a ideia de<br />
finalidade.<br />
c) o enunciador serve-se de uma enumeração.<br />
d) o enunciador expressa um modificador restrito do<br />
nome.<br />
e) o enunciador serve-se de um complexo verbal que<br />
indica obrigação de realização da ação .<br />
f) o enunciador serve-se de um verbo auxiliar modal<br />
com valor de possibilidade.<br />
g) o enunciador recorre a uma frase que representa a<br />
modalidade deôntica.<br />
h) o enunciador apresenta a situação como obrigatória.<br />
Os últimos estudos sobre a fórmula do êxito revelam que existe, para além do talento pessoal,<br />
da perseverança, do otimismo ou mesmo dos genes herdados, um elemento que age na sombra e que<br />
se revela determinante: a sorte.<br />
in Super Interessante, n.º 150, outubro de <strong>20</strong>10, pp. 22 a 24 (com supressões)<br />
Partindo da perspetiva acima exposta, apresenta uma reflexão sobre este tema.<br />
Redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a trezentas palavras, onde fundamentes<br />
o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um exemplo significativo.<br />
Outros Percursos 11<br />
33
4TESTE<br />
DE AVALIAÇÃO FORMATIVA<br />
› SEQUÊNCIA 4 - O Primo Basílio<br />
5<br />
10<br />
15<br />
<strong>20</strong><br />
25<br />
Nome Turma Data<br />
Grupo I<br />
Lê, com atenção, o texto que se segue.<br />
Luísa olhava, calada. A multidão crescera. Nas ruas laterais, mais espaçosas, frescas, passeavam apenas,<br />
sob a penumbra das árvores, os acanhados, as pessoas de luto, os que tinham o fato coçado. Toda a<br />
burguesia domingueira viera amontoar-se na rua do meio, no corredor formado pelas filas cerradas das<br />
cadeiras do asilo: e ali se movia entalada, com a lentidão espessa de uma massa mal derretida, arrastando<br />
os pés, raspando o macadame, num amarfanhamento plebeu, a garganta seca, os braços moles, a palavra<br />
rara. Iam, vinham, incessantemente, para cima e para baixo, com um bamboleamento relaxado e um<br />
rumor grosso, sem alegria e sem bonomia, no arrebatamento passivo que agrada às massas mandrionas:<br />
no meio da abundância das luzes e das festividades da música, um tédio morno circulava, penetrava como<br />
uma névoa; a poeirada fina envolvia as figuras, dava-lhes um tom neutro; e nos rostos que passavam sob<br />
os candeeiros, nas zonas mais diretas de luz, viam-se desconsolações de fadiga e aborrecimentos de dia<br />
santo.<br />
Defronte, as casas da Rua Ocidental tinham na sua fachada o reflexo claro das luzes do Passeio;<br />
algumas janelas estavam abertas; as cortinas de fazenda escura destacavam sobre a claridade interior dos<br />
candeeiros. Luísa sentia como uma saudade de outras noites de verão, de serões recolhidos. Onde? Não<br />
se lembrava. O movimento então retraía-a; e encontrava em face, fitando-a numa atitude lúgubre, o<br />
sujeito da pera longa. Debaixo do véu sentia a poeira arder-lhe nos olhos: em redor dela gente bocejava.<br />
D. Felicidade propôs uma volta. Levantaram-se, foram rompendo devagar; as fileiras das cadeiras<br />
apertavam-se compactamente, e uma infinidade de faces a que a luz do gás dava o mesmo tom amarelado<br />
olhavam de um modo fixo e cansado, num abatimento de pasmaceira. Aquele aspeto irritou Basílio, e<br />
como era difícil andar lembrou – “que se fossem daquela sensaboria”.<br />
Saíram. Enquanto ele ia comprar os bilhetes, D. Felicidade, deixando-se quase cair num banco sob<br />
a folhagem de um chorão, exclamou aflita:<br />
- Ai, filha! Estou que arrebento!<br />
Passava a mão no estômago, tinha a face envelhecida.<br />
- E o Conselheiro, que me dizes? Olha que já é pouca sorte! Hoje que eu vim ao Passeio…<br />
34 Outros Percursos 11<br />
Eça de Queirós, O Primo Basílio (cap. IV), Ed. Livros do Brasil, Lisboa<br />
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.<br />
A<br />
1. Apresenta três traços caracterizadores do ambiente descrito no excerto.<br />
2. Identifica os elementos textuais que remetem para a época histórica que serve de pano de fundo a esta<br />
obra queirosiana.<br />
3. Explicita o modo como as três personagens do romance presentes neste excerto se inserem no ambiente<br />
descrito.<br />
4. Identifica um exemplo de hipálage e comenta o seu valor expressivo.
Grupo II<br />
5<br />
10<br />
15<br />
<strong>20</strong><br />
25<br />
30<br />
Lê, atentamente, o excerto.<br />
B<br />
› Outros percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos<br />
Em O Primo Basílio, a aventura romântica de Luísa, despida de qualquer romantismo, foi objeto<br />
de uma análise naturalista, método adotado por Eça de Queirós como forma de traçar um quadro<br />
crítico da sociedade portuguesa.<br />
Comenta a frase supracitada, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, fundamentando-te<br />
no romance O Primo Basílio, de Eça de Queirós.<br />
A valorização da família irá conduzir a alguns avanços na condição social da mulher, sobretudo no<br />
que respeita à sua instrução. E, embora se esteja longe do otimismo manifestado por Victor Hugo – que,<br />
em meados do século, vaticinava que, se “o século XVIII foi o século dos direitos do homem, o<br />
século XIX será o dos direitos da mulher” -, registaram-se alguns progressos neste domínio.<br />
De acordo com princípios tradicionais, a educação reservada às raparigas destinava-se a convertê-las<br />
em mulheres ociosas, sinal de prosperidade e de êxito material dos respetivos esposos.<br />
Considerava-se axiomático que a função social da mulher era a de ser esposa e mãe, e que para<br />
desempenhar esse papel necessitava sobretudo de valores morais e sentimentais. Nesta linha de domesticidade,<br />
o conteúdo intelectual da educação feminina era praticamente nulo. Saber ler, escrever e contar,<br />
ter alguns rudimentos de línguas vivas, em especial francês, doutrina cristã, princípio e regras de civilidade<br />
e uma aprendizagem apurada das “prendas próprias do sexo feminino”, em particular dos trabalhos<br />
de agulha, constituía a essência de um ensino que não se destinava a formar literatas, mas a preparar as<br />
raparigas para as nobres funções de esposa e mãe de família, sabendo receber e dirigir uma casa.<br />
Ora, a Regeneração irá imprimir algumas alterações neste modelo educacional. A necessidade de<br />
recuperar o atraso que nos separava dos países mais cultos e civilizados, que promoviam a educação da<br />
mulher, e o reconhecimento de que a instrução feminina era um contributo indispensável ao projeto de<br />
modernização do País fizeram-na avançar.<br />
Neste período de triunfo do capitalismo, em que se afirmavam em todos os domínios as noções de<br />
rentabilidade, eficácia e utilidade social dos indivíduos relativamente à sociedade, a mulher não podia<br />
ficar alheia. As suas funções tradicionais como esposa e mãe, sobretudo como educadora da primeira<br />
infância, tendem a ser valorizadas. (…)<br />
Mas, para além da valorização da família, assumia ainda particular relevância no quadro dos valores<br />
burgueses a importância dada às regras de etiqueta e às boas maneiras. Estas noções de civilidade visavam<br />
proporcionar o prestígio e o luzimento que a aquisição de um título só por si não conferia. Porém, ao criar<br />
novos valores, adoptará uma característica “revolucionária” relativamente aos hábitos da antiga nobreza.<br />
Nesta medida, a compostura e o porte ou, como se diz atualmente, a linguagem corporal, foram objeto<br />
de um discurso normativo no que concerne aos cuidados de higiene, ao vestuário e adornos, ao modo de<br />
andar e de falar. Recomendava-se a reserva e o comedimento. O porte deveria ser sério e grave, de modo<br />
a conquistar a aprovação dos outros, os gestos comedidos. Não se deveria falar alto ou gesticular e, por<br />
outro lado, deveria evitar-se tudo o que pudesse chamar a atenção para o corpo, que era proscrito do<br />
código das boas maneiras: abafava-se a tosse, escondiam-se os bocejos. O mesmo era válido para as<br />
efusões de riso ou de choro, “vulgares” e comuns entre “gente sem qualidade”.<br />
José Mattoso (Dir.), História de Portugal, vol. V, Editorial Estampa (texto adaptado e com supressões)<br />
Outros Percursos 11<br />
35
› SEQUÊNCIA 4 - O Primo Basílio<br />
1. Seleciona, em cada um dos itens, a única alternativa que permite obter uma afirmação correta, de<br />
acordo com as afirmações do texto.<br />
1.1. Assistiu-se a uma evolução no que diz respeito à condição social feminina...<br />
36 Outros Percursos 11<br />
a) em meados do século XVIII.<br />
b) porque Victor Hugo assim o vaticinou.<br />
c) aquando da proclamação dos direitos humanos.<br />
d) motivada pela política nacional da Regeneração.<br />
1.2. Os novos hábitos burgueses...<br />
a) sentiram-se exclusivamente no seio das famílias.<br />
b) implicavam comportamentos de recato e moderação.<br />
c) prendiam-se essencialmente com valores nobiliárquicos.<br />
d) implicavam uma participação mais ativa da mulher, tanto na esfera social como na política.<br />
1.3. A palavra sublinhada em “registaram-se alguns progressos neste domínio.” (linha 4) é...<br />
a) um “se” passivo.<br />
b) um pronome pessoal reflexo.<br />
c) um pronome pessoal recíproco.<br />
d) uma conjunção subordinativa condicional.<br />
1.4. A forma verbal “convertê-las” (linha 5) encontra-se no...<br />
a) presente do indicativo.<br />
b) imperativo.<br />
c) presente do conjuntivo.<br />
d) infinitivo.<br />
1.5. Na frase “Considerava-se axiomático que a função social da mulher era a de ser esposa e mãe, e que<br />
para desempenhar esse papel necessitava sobretudo de valores morais e sentimentais.” (linhas 7-8),<br />
as palavras destacadas são...<br />
a) pronomes relativos.<br />
b) conjunções subordinativas causais.<br />
c) conjunções subordinativas completivas.<br />
d) conjunções subordinativas consecutivas.<br />
1.6. O segmento sublinhado na frase “o conteúdo intelectual da educação feminina era praticamente<br />
nulo.” (linha 9) corresponde ao...<br />
a) sujeito.<br />
b) predicativo do sujeito.<br />
c) complemento direto.<br />
d) complemento oblíquo.
1.7. A forma verbal do predicado “constituía a essência de um ensino que não se destinava a formar literatas”<br />
(linha 12) encontra-se no singular, visto que...<br />
a) se trata de um sujeito composto, mas formado por verbos no infinitivo.<br />
b) se trata de um sujeito simples.<br />
c) o sujeito é nulo subentendido.<br />
d) o sujeito é nulo indeterminado.<br />
2. Faz corresponder a cada um dos cinco segmentos da coluna A um segmento da coluna B, de modo a<br />
obteres afirmações corretas.<br />
Grupo III<br />
COLUNA A COLUNA B<br />
2.1. Com o uso da conjunção<br />
subordinativa “embora”<br />
(linha 2), …<br />
2.2. Com a oração “que não se<br />
destinava a formar literatas”<br />
(linha 12), …<br />
2.3. Na frase “O porte deveria ser<br />
sério e grave, de modo a<br />
conquistar a aprovação dos<br />
outros” (linhas 28-29), …<br />
2.4. Com a repetição de formas do<br />
verbo auxiliar modal “dever”<br />
(linhas 28-30), …<br />
2.5. Na última frase do texto, ao<br />
servir-se de um pronome<br />
demonstrativo, …<br />
› Outros percursos... pelos Textos Narrativos/Descritivos<br />
a) o enunciador apresenta o facto e a respetiva<br />
finalidade.<br />
b) o enunciador introduz uma relação de disjunção.<br />
c) o enunciador pretende transmitir uma ideia de<br />
obrigatoriedade, como se se tratasse de um discurso<br />
normativo .<br />
d) o enunciador introduz uma conexão aditiva.<br />
e) o enunciador introduz uma conexão concessiva.<br />
f) o enunciador clarifica a referência de uma expressão<br />
verbal.<br />
g) o enunciador desvaloriza a importância dos factos<br />
apresentados.<br />
h) o enunciador restringe um grupo nominal.<br />
i) o enunciador retoma informação antecedente.<br />
A relação da mulher com o lar e com os filhos foi-se perdendo com os tempos.<br />
Partindo da perspetiva exposta na frase supracitada, apresenta uma reflexão, entre duzentas a trezentas<br />
palavras, sobre as consequências da evolução da condição feminina.<br />
Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um deles<br />
com, pelo menos, um exemplo significativo.<br />
Outros Percursos 11<br />
37
5<br />
10<br />
15<br />
<strong>20</strong><br />
25<br />
30<br />
35<br />
5<br />
Nome Turma Data<br />
Grupo I<br />
Lê, com atenção, o texto poético que se segue.<br />
I<br />
No campo; eu acho nele a musa que me anima:<br />
A claridade, a robustez, a ação.<br />
Esta manhã, saí com minha prima,<br />
Em quem eu noto a mais sincera estima<br />
E a mais completa e séria educação.<br />
II<br />
Criança encantadora! Eu mal esboço o quadro<br />
Da lírica excursão, de intimidade.<br />
Não pinto a velha ermida com seu adro;<br />
Sei só desenho de compasso e esquadro,<br />
Respiro indústria, paz, salubridade.<br />
(…)<br />
VI<br />
Numa colina azul brilha um lugar caiado.<br />
Belo! E arrimada ao cabo da sombrinha,<br />
Com teu chapéu de palha desabado,<br />
Tu continuas na azinhaga; ao lado<br />
Verdeja, vicejante, a nossa vinha.<br />
VII<br />
Nisto, parando, como alguém que se analisa,<br />
Sem desprender do chão teus olhos castos,<br />
Tu começaste, harmónica, indecisa,<br />
A arregaçar a chita, alegre e lisa<br />
Da tua cauda um poucochinho a rastos.<br />
(…)<br />
IX<br />
E, como quem saltasse, extravagantemente,<br />
Um rego de água sem se enxovalhar,<br />
Tu, a austera, a gentil, a inteligente,<br />
Depois de bem composta, deste à frente<br />
Uma pernada cómica, vulgar!<br />
X<br />
Exótica! E cheguei-me ao pé de ti. Que vejo!<br />
No atalho enxuto, e branco das espigas<br />
Caídas das carradas no salmejo,<br />
38 Outros Percursos 11<br />
TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste A<br />
› SEQUÊNCIA 5<br />
A<br />
DE VERÃO<br />
40<br />
45<br />
50<br />
55<br />
60<br />
65<br />
Esguio e a negrejar em um cortejo,<br />
Destaca-se um carreiro de formigas.<br />
XI<br />
Elas, em sociedade, espertas, diligentes,<br />
Na natureza trémula de sede,<br />
Arrastam bichos, uvas e sementes;<br />
E atulham, por instinto, previdentes,<br />
Seu antros quase ocultos na parede.<br />
XII<br />
E eu desatei a rir como qualquer macaco!<br />
“Tu não as esmagares contra o solo!”<br />
E ria-me, eu ocioso, inútil, fraco,<br />
Eu de jasmim na casa do casaco<br />
E de óculo deitado a tiracolo!<br />
A Eduardo Coelho<br />
XIII<br />
“As ladras da colheita! Eu se trouxesse agora<br />
Um sublimado corrosivo, uns pós<br />
De solimão, eu, sem maior demora,<br />
Envenená-las-ia! Tu, por ora,<br />
Preferes o romântico ao feroz.<br />
(…)”<br />
XVI<br />
Vibravam, na campina, as chocas da manada;<br />
Vinham uns carros a gemer no outeiro,<br />
E finalmente, enérgica, zangada,<br />
Tu inda assim bastante envergonhada,<br />
Volveste-me, apontando o formigueiro:<br />
XVII<br />
“Não me incomode, não, com ditos detestáveis!<br />
Não seja simplesmente um zombador!<br />
Estas mineiras negras, incansáveis,<br />
São mais economistas, mais notáveis,<br />
E mais trabalhadoras que o senhor.”<br />
Cesário Verde
5<br />
10<br />
15<br />
Responde com clareza e correção às seguintes perguntas.<br />
1. Caracteriza o espaço que serve de cenário à ação descrita no poema.<br />
2. Atendendo ao caráter dicotómico da poesia de Cesário Verde, associa cada uma das personagens a um<br />
determinado espaço, justificando com expressões textuais.<br />
3. Apresenta uma possível explicação para os versos “Não pinto a velha ermida com seu adro;/ Sei só<br />
desenho de compasso e esquadro.” (vv. 10-11).<br />
4. A “ação” associada ao campo é motivo de inspiração do “eu”.<br />
4.1. Confirma-o, com exemplos textuais.<br />
5. Identifica dois recursos estilísticos, comentando o seu valor expressivo.<br />
B<br />
A poesia de Cesário Verde revela a sua faceta de um observador atento da realidade da sua época.<br />
Num texto coerente, entre oitenta e cento e trinta palavras, aborda a opinião apresentada na frase<br />
supracitada, fundamentando com a obra poética de Cesário Verde.<br />
Grupo II<br />
Lê, atentamente, o texto.<br />
Outros Percursos... pelo Texto Poético<br />
Ascensão da burguesia e reforço da sua mentalidade é um dado a reter na evolução deste importante<br />
grupo social no decurso do século XIX. E se, numa primeira fase, a condição de burguês era transitória<br />
e intermédia, visto que, à medida que enriquecia, procurava adquirir o título com que se<br />
integrava na nobreza, progressivamente este modelo foi desaparecendo, na mesma proporção em que<br />
ganhava consciência política e social. Os escritores “malditos” ou os caricaturistas, ao caírem sem dó<br />
nem piedade sobre os parvenus, contribuíram indiretamente para “desmoralizar” o enobrecimento de<br />
todos aqueles que “se deitavam simples João Fernandes e que de repente acordavam Visconde Fernandes<br />
ou Conde João”.<br />
O despertar de uma nova mentalidade, quer no domínio da moral familiar, quer na imposição de<br />
novos hábitos de convívio, traduz esta afirmação social, que se acentua nas últimas décadas do século.<br />
Mais do que em qualquer outro período, a cultura burguesa difunde-se, dispondo de meios de influência<br />
decisivos na transformação das mentalidades. A escola primária e a imprensa são dois dos principais instrumentos<br />
que a possibilitam.<br />
Lenta, mas inexoravelmente, a sociedade “emburguesa-se”, difundindo-se novos gostos, novos<br />
costumes, que vão minando, aos poucos, as velhas estruturas sociais. Mas, tudo tem limites… A fraqueza<br />
numérica da burguesia permanecerá como um condicionalismo, que limitará, na prática, o seu progresso<br />
e capacidade interventiva.<br />
José Mattoso (Dir.), História de Portugal, vol. V, Editorial Estampa<br />
Outros Percursos 11<br />
39
› SEQUÊNCIA 5<br />
1. Seleciona, em cada um dos itens, a única alternativa que permite obter uma afirmação correta, de<br />
acordo com as afirmações do texto.<br />
1.1. Ao longo do século XIX, afirmou-se um relevante grupo social, especificamente, …<br />
40 Outros Percursos 11<br />
a) a nobreza, com a influência da burguesia.<br />
b) a burguesia.<br />
c) os escritores “malditos”.<br />
d) os caricaturistas.<br />
1.2. No final do século XIX, assistiu-se a uma transformação das mentalidades, motivada…<br />
a) exclusivamente pela ascensão do novo grupo social.<br />
b) essencialmente pela ação da imprensa.<br />
c) pelos novos hábitos que surgiram.<br />
d) fundamentalmente pelo acesso à instrução e pela imprensa.<br />
1.3. O segmento sublinhado em “a condição de burguês era transitória e intermédia” (linhas 2-3)<br />
corresponde ao...<br />
a) sujeito.<br />
b) complemento direto.<br />
c) predicativo do sujeito.<br />
d) modificador restritivo do nome.<br />
1.4. Na frase “procurava adquirir o título com que se integrava na nobreza” (linhas 3-4), a oração<br />
sublinhada...<br />
a) corresponde ao modificador restritivo, dado sob a forma de uma oração subordinada adjetiva<br />
relativa restritiva.<br />
b) desempenha a função sintática de complemento direto, dado sob a forma de uma oração subordinada<br />
substantiva completiva.<br />
c) é o modificador apositivo, dado sob a forma de uma oração subordinada adjetiva relativa<br />
explicativa.<br />
d) desempenha a função sintática de sujeito, dado sob a forma de uma oração subordinada substantiva<br />
completiva.<br />
1.5. O complexo verbal “foi desaparecendo” (linha 4) transmite o valor aspetual...<br />
a) de uma ação concluída.<br />
b) de uma ação ainda a concluir.<br />
c) do início de uma ação.<br />
d) de uma ação prolongada no tempo.<br />
1.6. O sujeito do predicado “traduz esta afirmação social” (linha 10) é...<br />
a) nulo subentendido.<br />
b) nulo expletivo.<br />
c) simples.<br />
d) nulo indeterminado.
1.7. A palavra sublinhada na frase “que limitará” (linha 16) retoma o referente...<br />
a) “um condicionalismo” (linha 16).<br />
b) “A fraqueza numérica” (linhas 15-16).<br />
c) “burguesia” (linha 16).<br />
d) “A fraqueza numérica da burguesia” (linhas 15-16).<br />
2. Completa o texto que se segue, selecionando a opção correta, a partir das propostas apresentadas.<br />
Grupo III<br />
Outros Percursos... pelo › Texto SEQUÊNCIA Poético5<br />
aqueles, todos, simultaneamente, abertos, fechados, particulares, simples, público, clausura,<br />
hera, uns, ascendentes, gradeamento, sentimental, contudo, igrejas, era, outros, estes, Lisboa,<br />
românticas, casadas, paraíso, social<br />
Um dos símbolos da civilização oitocentista (do seu sistema político e do seu modo de vida) foi, sem<br />
dúvida, o passeio a) ________________ , lugar privilegiado de sociabilidade das classes b) ________________ .<br />
Quase todas as principais povoações do País entram na c) ________________da vida d) ________________ ao<br />
ar livre, preferindo os espaços e) ________________ e arborizados à f) ________________ dos palácios e das<br />
g) ________________ do Antigo Regime. (…)<br />
h) _________________________ , o exemplo paradigmático é o do Passeio Público do Rossio, em Lisboa. Para<br />
i) ________________, ele era a “gaiola dos Lisboetas” (uma alusão ao j) ________________ que o cercava a toda<br />
a volta); para k) ________________ , era uma espécie de l) ________________ das jovens m) ________________ e<br />
dos namorados piegas, n) ________________ o coração físico e o) ________________ da capital.<br />
José Mattoso (Dir.), História de Portugal, vol. V, Editorial Estampa<br />
(texto adaptado e com supressões)<br />
Produz um texto argumentativo, entre duzentas e trezentas palavras, sobre a importância dos momentos<br />
de lazer na vida das pessoas.<br />
Fundamenta o teu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustra cada um deles<br />
com, pelo menos, um exemplo significativo.<br />
Outros Percursos 11<br />
41
5<br />
Nome Turma Data<br />
Grupo I<br />
5<br />
10<br />
15<br />
Lê atentamente o poema seguinte.<br />
DE TARDE<br />
› SEQUÊNCIA 5<br />
Naquele “pic-nic” de burguesas,<br />
Houve uma cousa simplesmente bela,<br />
E que, sem ter história nem grandezas,<br />
Em todo o caso dava uma aguarela.<br />
Foi quando tu, descendo do burrico,<br />
Foste colher, sem imposturas tolas,<br />
A um granzoal azul de grão-de-bico<br />
Um ramalhete rubro de papoulas.<br />
Pouco depois, em cima duns penhascos,<br />
Nós acampámos, inda o Sol se via;<br />
E houve talhadas de melão, damascos,<br />
E pão de ló molhado em malvasia.<br />
Mas, todo púrpuro a sair da renda<br />
Dos teus dois seios como duas rolas,<br />
Era o supremo encanto da merenda<br />
O ramalhete rubro das papoulas!<br />
42 Outros Percursos 11<br />
TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA Teste B<br />
Cesário Verde, O Livro de Cesário Verde,<br />
Paisagem Editora, 1982<br />
Apresenta, de forma completa e bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem.<br />
1. O poema apresentado é passível de uma divisão tripartida.<br />
1.1. Delimita-o, justificando essa tripartição.<br />
2. No texto poético esboça-se uma estrutura narrativa.<br />
2.1. Explicita a afirmação anterior.<br />
3. O uso de diferentes sensações é apanágio de Cesário Verde.<br />
3.1. Confirma o recurso às sensações visuais, gustativas e táteis.<br />
4. Analisa o poema a nível versificatório.<br />
A<br />
O pic-nic, Claude Monet.<br />
B<br />
Comenta a afirmação, num texto de oitenta a cento e trinta palavras, baseando-te nos conhecimentos<br />
adquiridos sobre Cesário Verde e a sua produção poética.<br />
“Os grandes motivos de inspiração de Cesário aprendeu-os ele na escola da vida e do dia a dia;<br />
entraram-lhe na alma através de todos os sentidos e a expressão saiu mais do seu intelecto do que da<br />
subordinação às exigências do coração.”<br />
In “Considerações introdutórias à vida e à obra de Cesário Verde”, 1982, Paisagem Editora
Grupo II<br />
5<br />
10<br />
15<br />
<strong>20</strong><br />
Lê, agora, a parte inicial da seguinte reportagem.<br />
Outros Percursos... pelo Texto Poético<br />
Por Isabel Lacerda, 11-11-<strong>20</strong>10<br />
Na igreja, as pessoas começavam a desesperar. Faltava um dia para as festividades da vila e ninguém<br />
sabia do padre. Já o tinham procurado em casa e nos cafés, já lhe tinham ligado para o telefone – mas<br />
nada. Estava desaparecido e isso era estranho. Educado no Opus Dei e membro da obra, disciplinado e<br />
respeitoso, nunca falhara na coordenação do evento, momento alto do ano religioso na paróquia. Só<br />
uma razão fortíssima poderia justificar a sua ausência. As hipóteses sobre o seu paradeiro multiplicaram-se<br />
quando, de repente, uma mulher, transtornada, irrompeu na igreja. Era a mãe da chefe das<br />
catequistas: “O padre fugiu com a minha filha. Estão os dois em parte incerta.”<br />
A notícia circulou rapidamente pela freguesia com perto de três mil habitantes, na zona centro do País,<br />
apanhando quase toda a gente de surpresa. A chefe das catequistas, casada, sempre de blusa e saia travada,<br />
pertencia a uma família “rica mas rude” da vila, e era um símbolo de devoção católica. O padre, por sua vez,<br />
apesar de ainda ter 30 e poucos anos (como ela) revelava uma ortodoxia inabalável. “Era muito puritano.<br />
Dizia aos adolescentes que a masturbação estava errada, que o esperma era naturalmente expelido através<br />
da urina”, recorda um dos moradores, na altura muito próximo do pároco. “Às mulheres que ousassem subir<br />
ao altar de pernas à mostra, durante a missa repreendia-as no momento”, acrescenta.<br />
Só os mais atentos tinham desconfiado. Uma funcionária da autarquia, sexagenária, lembra que<br />
“o carro dele era visto muitas vezes em frente à vivenda dela, e vice-versa, e toda a gente sabia que o<br />
marido, devido ao seu emprego, passava muito tempo fora de Portugal”. Um outro residente da vila,<br />
de 78 anos, ia para o emprego às 13 h, voltando ao fim do dia, e durante esse período via sempre o<br />
automóvel da catequista estacionado na garagem da casa paroquial. Outra pessoa afirma ainda que, a<br />
dada altura, os horários começaram a esticar-se pela madrugada. Alguns também sabiam que ambos<br />
tinham sido colegas no secundário, antes de ele entrar no seminário. (…)<br />
www.sabado.pt<br />
1. Seleciona, em cada um dos itens, a única opção que permite obter uma afirmação adequada ao sentido<br />
do texto.<br />
1.1. Pode dizer-se que o texto pretende salientar que…<br />
a) o Opus Dei impõe regras muito rígidas.<br />
b) os padres têm todos uma vida escondida.<br />
c) as tentações sexuais não poupam os padres.<br />
d) a vida religiosa é demasiado castradora.<br />
1.2. A história narrada pode ser entendida como…<br />
a) a pretexto para desenvolver um tema polémico e atual.<br />
b) o principal objetivo da cronista.<br />
c) exemplo da vida sexual dos padres.<br />
d) alerta para a instituição eclesiástica.<br />
1.3. As certezas de que algo de grave se teria passado para explicar a ausência do pároco deviam-se…<br />
a) à irregularidade revelada pelo padre na organização de eventos.<br />
b) ao cumprimento escrupuloso das obrigações paroquiais.<br />
c) ao puritanismo que o padre sempre demonstrou.<br />
d) à educação, disciplina e respeito revelados pelo pároco.<br />
Outros Percursos 11<br />
43
› SEQUÊNCIA 5<br />
1.4. A fuga inusitada do padre foi rapidamente espalhada, visto que…<br />
44 Outros Percursos 11<br />
a) a chefe das catequistas também estava envolvida.<br />
b) a mãe da catequista fez circular a notícia da fuga da filha.<br />
c) toda a população já se tinha apercebido do caráter do padre.<br />
d) a freguesia tinha apenas cerca de três mil habitantes.<br />
1.5. Os depoimentos de alguns habitantes da aldeia vêm confirmar…<br />
a) a surpresa causada pelo acontecimento.<br />
b) as suspeitas que recaiam sobre o pároco.<br />
c) a falsa moralidade da mulher que o acompanhou.<br />
d) a atenção que os mais velhos dedicam à vida religiosa.<br />
1.6. O primeiro período do texto apresenta…<br />
a) um complemento direto.<br />
b) um complemento indireto.<br />
c) um modificador.<br />
d) um predicativo do sujeito.<br />
1.7. Os pronomes “o” e “lhe” (linha 2) retomam…<br />
a) ambos o padre.<br />
b) o padre e a casa, respetivamente.<br />
c) o telefone e o padre.<br />
d) um dia e o padre.<br />
2. Faz corresponder a cada um dos cinco elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a<br />
obteres afirmações verdadeiras.<br />
COLUNA A COLUNA B<br />
2.1. Em “uma mulher, transtornada,<br />
irrompeu na igreja” (linha 6), …<br />
2.2. Em “A notícia circulou<br />
rapidamente pela freguesia”<br />
(linha 8), …<br />
2.3. Com o grupo nominal “um<br />
símbolo de devoção católica”<br />
(linha 10), …<br />
2.4. Ao utilizar a locução “apesar<br />
de” (linha 11), …<br />
2.5. Com a forma verbal<br />
“ousassem” (linha 13), …<br />
Grupo III<br />
a) o enunciador recorre a um complemento oblíquo.<br />
b) o enunciador regista o predicativo do sujeito.<br />
c) o enunciador evidencia o complemento direto.<br />
d) o enunciador emprega um modificador apositivo do<br />
nome.<br />
e) o enunciador sugere uma ideia consecutiva.<br />
f) o enunciador recorre ao conjuntivo para sugerir a<br />
possibilidade.<br />
g) o enunciador impõe uma lógica concessiva à frase.<br />
h) o enunciador serve-se de um advérbio de predicado.<br />
O celibato é um dos votos a que os padres estão obrigados. Contudo, são várias as vozes que criticam<br />
a inflexibilidade da igreja católica, defendendo, inclusive, o casamento para os servos eclesiásticos.<br />
Partindo das afirmações anteriores, redige um texto expositivo-argumentativo, com duzentas a trezentas<br />
palavras, onde fundamentes o teu ponto de vista com dois argumentos e com, pelo menos, um<br />
exemplo significativo.
PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES<br />
Teste A<br />
SEQUÊNCIA 1 (pp. 4-6)<br />
GRUPO I<br />
A<br />
1.1. .................................................................................................................................... 10 pontos<br />
1.2..................................................................................................................................... 15 pontos<br />
1.3.1. ................................................................................................................................. 10 pontos<br />
1.4.1. ................................................................................................................................. 5 pontos<br />
1.4.2.................................................................................................................................. 5 pontos<br />
1.4.3.................................................................................................................................. 5 pontos<br />
1.5..................................................................................................................................... 10 pontos<br />
1.6. ................................................................................................................................... 10 pontos<br />
B....................................................................................................................................... 30 pontos<br />
GRUPO II<br />
1. ...................................................................................................................................... 30 pontos<br />
2. ...................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />
GRUPO III .......................................................................................................................... 50 pontos<br />
GRUPO I A<br />
1.1. O aumento dos preços dos combustíveis como<br />
forma de renovação dos hábitos/comportamentos<br />
dos cidadãos, nomeadamente a troca dos transportes<br />
privados pelos públicos.<br />
1.2. - Aumento dos combustíveis (“Os combustíveis<br />
atingem preços nunca vistos” – linha 1);<br />
- Cortes salariais (“Enquanto o salário encolhe”<br />
– linha 7);<br />
- Desadequação entre os transportes públicos e<br />
as necessidades dos cidadãos (“Desde que<br />
existam e respondam às necessidades dos cidadãos<br />
que deles precisam.” – linhas 11-12).<br />
1.3.1. A oportunidade de mudar de meio de transporte.<br />
1.4.1. Metáfora – “para quem não pretende queimar<br />
parte significativa do ordenado” (linhas 9-10) – ao<br />
serviço da crítica da autora, denunciando as dificuldades<br />
económicas de muitos cidadãos.<br />
1.4.2. Ironia – “Nem tudo é negativo.” (linha 8) – ao<br />
serviço da crítica da autora, propondo uma alternativa,<br />
irrealizável, para atenuar a negatividade<br />
da situação.<br />
1.4.3. Antítese – “Enquanto o salário encolhe, o preço<br />
que pagamos quando abastecemos o depósito<br />
do automóvel cresce na proporcionalidade.” (linhas<br />
7-8) – ao serviço da crítica da autora, intensificando<br />
as dificuldades económicas de muitos<br />
cidadãos.<br />
1.5. O uso da frase interrogativa (linha 7); os conselhos<br />
que se depreendem no último parágrafo.<br />
1.6. Recurso à exemplificação para confirmar a ligação<br />
entre a indiferença dos responsáveis políticos<br />
relativamente às questões ambientais e as<br />
catástrofes que têm ocorrido.<br />
B<br />
Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno<br />
deverá:<br />
— referir-se à intenção do cartoonista (cartoon revelador<br />
de preocupações ambientais);<br />
— construir um texto coerente, baseando-se nos elementos<br />
que compõem a imagem (analisar, por<br />
exemplo, o contraste entre as cores);<br />
— respeitar o limite de palavras proposto.<br />
Outros Percursos 11<br />
45
PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES<br />
GRUPO II<br />
1. A) F; B) F; C) V; D) V; E) F; F) F; G) V; H) V; I) F; J) V.<br />
2.1. d); 2.2. a); 2.3. f); 2.4. c); 2.5. b).<br />
GRUPO III<br />
(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os cri -<br />
térios de classificação para a produção de um texto que<br />
visa avaliar a expressão escrita do aluno).<br />
GRUPO I A<br />
1.1. Valoriza excessivamente o período de gestação,<br />
entendido como uma fase da vida feminina em<br />
que a dor estaria associada à vida.<br />
1.2. Passado<br />
– verbos no pretérito perfeito: “endeusámos”,<br />
proclamámos” (…);<br />
– verbos no pretérito imperfeito: “recebiam”,<br />
“imploravam” (…);<br />
– expressão temporal: “há <strong>20</strong> anos”;<br />
Presente<br />
– verbos no presente do indicativo: “continuam”,<br />
“são” (…);<br />
– advérbio de tempo: “agora”.<br />
1.3. Realçar o modo de pensar da época, nomeadamente<br />
o facto de a sociedade considerar que a<br />
46 Outros Percursos 11<br />
Assinala corretamente:<br />
10 afirmações – 30 pontos; 9 afirmações – 24 pontos;<br />
7 ou 8 afirmações – 18 pontos; 5 ou 6 afirmações – 12<br />
pontos; 3 ou 4 afirmações – 6 pontos.<br />
4 ou 5 correspondências corretas – <strong>20</strong> pontos; 2 ou 3<br />
correspondências corretas – 12 pontos; 1 correspondência<br />
correta – 4 pontos.<br />
Teste B<br />
SEQUÊNCIA 1 (pp. 7-10)<br />
GRUPO I<br />
A<br />
1.1........................................................................................................................................ 15 pontos<br />
1.2. ...................................................................................................................................... 15 pontos<br />
1.3. ...................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />
1.4 ....................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />
B ......................................................................................................................................... 30 pontos<br />
GRUPO II<br />
1. ......................................................................................................................................... 35 pontos<br />
2.......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos<br />
mulher que recorria a analgésicos para atenuar a<br />
dor do parto não reunia as qualidades necessárias<br />
para ser mãe.<br />
1.4. – marcas da 1.ª pessoa: “Ainda me lembro”; (linha 6)<br />
– advérbios: “Felizmente” (linha 15), “Finalmen -<br />
te” (linha <strong>20</strong>);<br />
– expressão parentética: “(será que agora pas -<br />
sa?)” (linha 10);<br />
– adjetivação expressiva: “cristalizados” (linha 2);<br />
“desígnio divino” (linha 5).<br />
B<br />
Resposta de caráter pessoal. No entanto, espera-se<br />
que o aluno oriente o seu texto, obedecendo aos aspetos<br />
elencados, para o cuidado que se deve ter relativamente<br />
ao fácil acesso das crianças aos medicamentos/detergentes...
GRUPO II<br />
1.1. b); 1.2. d); 1.3. c); 1.4. a); 1.5. a); 1.6. c); 1.7. b). 2. A. – F; B. – V; C. – V; D. – F; E. – V.<br />
GRUPO III<br />
(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os cri té -<br />
rios de classificação para a produção de um texto que<br />
visa avaliar a expressão escrita do aluno)<br />
Teste A<br />
SEQUÊNCIA 2 (pp. 11-14)<br />
GRUPO I<br />
A<br />
1........................................................................................................................................... 15 pontos<br />
2. ......................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />
3. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
4. ......................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />
B ......................................................................................................................................... 30 pontos<br />
GRUPO II<br />
1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />
2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos<br />
GRUPO I A<br />
1. O excerto insere-se no desenvolvimento, terceiro<br />
capítulo, no momento em que orador distingue,<br />
individualmente, as virtudes dos peixes, concretamente,<br />
o passo em que evidencia as qualidades<br />
de torpedo e quatro-olhos.<br />
2. Torpedo apresenta como característica principal o<br />
facto de, no momento em que está a ser pescado,<br />
evitar que isso se concretize, utilizando, para se defender,<br />
descargas elétricas que fazem tremer o<br />
braço do pescador, obrigando-o a largar a cana. O<br />
pregador, estabelecendo um paralelismo entre os<br />
pescadores do mar e os pescadores da terra, reflete<br />
acerca da inúmera variedade deste últimos, metaforizados<br />
nas “varas”, “ginetas”, “bengalas”, “bastões”<br />
e “cetros”, afirma a sua “voracidade” e o<br />
modo como se apropriam dos bens, (cidades, reinos),<br />
interrogando-se e mostrando o seu espanto<br />
pela inatividade dos que estão a ser “pescados”,<br />
“Pois é possível que, pescando os homens cousas<br />
de tanto peso, lhes não trema a mão e o braço?!”<br />
(linhas 16-17).<br />
3. Santo António, através da sua palavra (fez tremer<br />
22 pescadores destes), conseguiu comover e<br />
demover aqueles que tinham comportamentos desonestos,<br />
levando-os não só a emendar-se mas<br />
também a devolver o fruto dos roubos, elevando,<br />
assim, o valor da doutrina pregada pelo Santo.<br />
4. Após ter descrito os quatro-olhos como peixinhos<br />
dotados da capacidade de se livrarem dos perigos<br />
vindos de dois elementos, uma vez que Deus lhes<br />
deu “quatro-olhos”, interroga-se sobre os desígnios<br />
do próprio Deus, pois dota uns de grandes capacidades<br />
para se defenderem e permite que outros<br />
vivam cegos e na ignorância, numa alusão clara aos<br />
povos indígenas do Maranhão que vivem abandonados<br />
e maltratados.<br />
B<br />
A vida de Vieira decorreu, essencialmente, no Brasil<br />
onde se dedicou à pregação, o que no século XVII<br />
constituía uma maneira de ser escutado por todas as<br />
camadas sociais.<br />
Elegeu o Maranhão como seu local predileto, aí<br />
pregou o “Sermão de Santo António”. Pretendendo<br />
Outros Percursos 11<br />
47
PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES<br />
alcançar os fins da oratória, docere, delectare, movere,<br />
aí se tornou um acérrimo defensor dos direitos dos<br />
índios, vítimas da ganância e corrupção dos colonos.<br />
A sua luta não se ficou pelas críticas, às quais nem a<br />
Igreja escapou. Vieira agia, tendo mesmo obtido do rei<br />
48 Outros Percursos 11<br />
um documento reconhecendo aos Jesuítas a jurisdição<br />
sobre os Índios. Visando “preservar o são para que se<br />
não corrompa”, metaforizou nos peixes os homens e<br />
satirizou a sociedade do seu tempo: os vaidosos, os<br />
parasitas, os traidores, os ambiciosos. (129 palavras)<br />
GRUPO II<br />
1.1. c); 1.2. a); 1.3. d); 1.4. a); 1.5. b); 1.6. a); 1.7. c). 2.1. c); 2.2. d); 2.3. e); 2.4. f); 2.5. a).<br />
GRUPO III<br />
(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os cri té -<br />
rios de classificação para a produção de um texto que<br />
visa avaliar a expressão escrita do aluno).<br />
Teste B<br />
SEQUÊNCIA 2 (pp. 15-18)<br />
GRUPO I A<br />
A<br />
1........................................................................................................................................... 15 pontos<br />
2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
2.1. ....................................................................................................................................... 10 pontos<br />
3. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
4. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
B .......................................................................................................................................... 30 pontos<br />
GRUPO II<br />
1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />
2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
GRUPO IIII ............................................................................................................................ 50 pontos<br />
GRUPO I A<br />
1. Exórdio – final do capítulo I do Sermão de Santo António,<br />
de Padre António Vieira; momento da referência<br />
a St.º António e justificação da escolha do<br />
auditório – peixes, tal como o fez o santo referido.<br />
2. St.º António, exemplo de homem/pregador a seguir,<br />
pelas virtudes que apresenta; comemoração<br />
do dia do santo (13 de junho de 1654), festividade<br />
que, segundo Padre António Vieira, deverá implicar<br />
uma pregação seguindo o modelo do santo<br />
(“nas festas dos santos é melhor pregar como eles,<br />
que pregar deles.” – linhas 26-27);<br />
2.1.– pregador (“Pregava Santo António em Itália” –<br />
linha 6);<br />
– homem puro (“uns pés, a que se não pegou nada<br />
da terra, não tinham que sacudir.” – linhas 13-14);<br />
– perseverante (“mas não desistiu da doutrina.” –<br />
linha 17); (…):<br />
3. De acordo com o excerto, emendar os vícios da<br />
terra (“Muitas vezes vos tenho pregado nesta igreja,<br />
e noutras, de manhã e de tarde, de dia e de noite,<br />
sempre com doutrina muito clara, muito sólida,<br />
muito verdadeira, e a que mais necessária e importante<br />
é a esta terra, para emenda e reforma dos vícios<br />
que a corrompem.” (linhas 29-31);
4. Interrogação retórica – “Que faria neste caso o<br />
ânimo generoso do grande António? Sacudiria o pó<br />
dos sapatos, como Cristo aconselha em outro<br />
lugar?” (linhas 10-12) – de forma a captar a atenção<br />
do público e a fomentar a reflexão.<br />
Paralelismo anafórico – “Começam a ferver as ondas,<br />
começam a concorrer os peixes” (linha <strong>20</strong>) – para realçar<br />
os efeitos que as palavras de Santo António causaram<br />
nos seus recetores (peixes).<br />
GRUPO II<br />
1.1. a); 1.2. d); 1.3. a); 1.4. c); 1.5. b); 1.6. b); 1.7. a).<br />
2.1. “No espetáculo Payassu, fazemos uso das tecnologias<br />
de manipulação de imagem, para promover<br />
a interação de figuras projetadas com o discurso<br />
de Vieira.”<br />
2.2. “Como o texto de Vieira é muito rico e profuso,<br />
na gestão dos recursos narrativos, quer plásticos<br />
GRUPO III<br />
(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios<br />
de classificação para a produção de um texto que<br />
visa avaliar a expressão escrita do aluno)<br />
B<br />
Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno deverá:<br />
– referir-se às duas obrigações do sal: louvar o bem<br />
para o preservar e repreender o mal para se livrar<br />
dele;<br />
– exemplificar com os louvores em geral (cap. II) e em<br />
particular (cap. III) e as repreensões no geral (cap.<br />
IV) e em particular (cap. V);<br />
– construir um texto coerente;<br />
– respeitar o limite de palavras proposto.<br />
quer cénicos, evitámos a mera ilustração do sermão<br />
e a coincidência de signos, especialmente os<br />
concorrentes com as imagens sugeridas pelo<br />
texto.”<br />
2.3. “(…) concentra a ação dramática do ator, que<br />
constrói alguma dessas personagens, no exercício<br />
da pregação (…).”<br />
Teste A<br />
SEQUÊNCIA 3 (pp. 19-22)<br />
GRUPO I<br />
A<br />
1........................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />
2. ......................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />
3.1........................................................................................................................................ 15 pontos<br />
3.2........................................................................................................................................ 15 pontos<br />
B .......................................................................................................................................... 30 pontos<br />
GRUPO II<br />
1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />
2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
GRUPO II .............................................................................................................................. 50 pontos<br />
GRUPO I A<br />
1. A ação decorre madrugada alta, num espaço exíguo,<br />
sem decoração, apenas se veem objetos religiosos,<br />
escuro, sóbrio, havendo, portanto, entre<br />
espaço e tempo uma correlação. O caráter funesto<br />
é evidente nos objetos: cruzes, tochas, uma<br />
enorme cruz negra e outros que se prendem com<br />
a realização de funerais.<br />
Outros Percursos 11<br />
49
50<br />
PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES<br />
2. À medida que a ação se vai aproximando do fim trágico,<br />
o espaço físico vai afunilando, vai perdendo<br />
claridade e harmonia, revestindo-se, pelo contrário,<br />
de elementos que provocam o adensamento<br />
trágico.<br />
3.1. Manuel de Sousa está desesperado, atribuindo a<br />
causa da situação que está a viver ao seu casamento<br />
com D. Madalena, que, nas suas palavras,<br />
“foi um terrível erro.” O modo como nos é descrito,<br />
“o rosto inclinado sobre o peito, os braços<br />
caídos e em completa prostração de espírito e de<br />
corpo”, é revelador do desalento e da extenuação<br />
sentidas. A prová-lo está também o discurso sincopado<br />
e o recurso constante a interjeições e as<br />
frases exclamativas.<br />
3.2. A sua maior preocupação é a sua filha Maria e<br />
a tragédia que se abaterá sobre ela e que a desonrará.<br />
GRUPO II<br />
1.1. a); 1.2. c); 1.3. d); 1.4. c); 1.5. d); 1.6. b); 1.7. a). 2.1. e); 2.2. c) 2.3. b); 2.4. a); 2.5. g).<br />
GRUPO III<br />
(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios<br />
de classificação para a produção de um texto que<br />
visa avaliar a expressão escrita do aluno)<br />
Teste B<br />
SEQUÊNCIA 3 (pp. 23-25)<br />
GRUPO I<br />
A<br />
1........................................................................................................................................... 15 pontos<br />
2.1. ....................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />
3.1........................................................................................................................................ 15 pontos<br />
3.2........................................................................................................................................ <strong>20</strong> pontos<br />
B .......................................................................................................................................... 30 pontos<br />
GRUPO II<br />
1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />
2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
GRUPO IIII ............................................................................................................................ 50 pontos<br />
GRUPO I A<br />
1. Esta cena (VIII) de Frei Luís de Sousa pertence ao<br />
ato III, uma vez que o diálogo apresentado ocorre<br />
Outros Percursos 11<br />
B<br />
Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno deverá<br />
abordar alguns dos seguintes tópicos:<br />
Conteúdo<br />
– Drama - não está escrita em verso; não tem cinco<br />
atos; o assunto não é fornecido pela mitologia nem<br />
pela história grega.<br />
– Índole trágica – assunto nacional ao gosto romântico;<br />
número reduzido de personagens; unidade de<br />
ação; o pathos apodera-se das personagens; os<br />
acontecimentos progridem dramaticamente até ao<br />
clímax; personagens cuja função se aproxima da do<br />
coro da tragédia clássica (Telmo Pais e Frei Jorge).<br />
Forma<br />
– construir um texto coerente;<br />
– respeitar o limite de palavras proposto.<br />
quase no final da obra, no momento em que os<br />
dois esposos veem, como salvação das suas almas,<br />
o ingresso na vida conventual.
2.1. D. Madalena não quer aceitar que a solução passe<br />
pela dissolução do seu matrimónio e, por isso,<br />
ainda duvida que o seu primeiro marido possa<br />
estar vivo, questionando frei Jorge sobre a possibilidade<br />
de o romeiro não ter dito a verdade.<br />
3.1. A racionalidade de Manuel de Sousa manifesta-se<br />
em toda a sua intervenção, embora esta seja ainda<br />
mais evidente no momento em que se dirige a<br />
D. Madalena para a abraçar e reconfortar, mas, ime -<br />
diatamente, recua (“Vai para a abraçar e recua”).<br />
3.2. Manuel de Sousa pretende assegurar que até à<br />
chegada do romeiro ninguém os poderia acusar<br />
de má fé, que a sua união violara as leis da igreja,<br />
uma vez que desconheciam a verdade e, como tal,<br />
ambos estiveram de consciência tranquila. Contudo,<br />
a partir da descoberta da verdade, seria impossível<br />
viverem sem remorsos ou sem pecado.<br />
GRUPO II<br />
1.1. b); 1.2. c); 1.3. a); 1.4. b); 1.5. d); 1.6. a); 1.7. d). 2.1. d); 2.2. g); 2.3. a); 2.4. f); 2.5. c).<br />
GRUPO III<br />
(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios<br />
de classificação para a produção de um texto que<br />
visa avaliar a expressão escrita do aluno)<br />
Teste A<br />
SEQUÊNCIA 4 - Os Maias (pp. 26-29)<br />
GRUPO I<br />
A<br />
1........................................................................................................................................... 15 pontos<br />
2. ......................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />
3. ......................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />
4. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
B .......................................................................................................................................... 30 pontos<br />
GRUPO II<br />
1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />
2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos<br />
GRUPO I A<br />
1. O texto é um excerto do capítulo X, onde se insere<br />
o episódio das corridas de cavalos, cujo objetivo é<br />
apresentar uma visão irónica e satírica da sociedade<br />
B<br />
Em Frei Luís de Sousa há elementos carregados de<br />
simbolismo que surgem ao longo da obra.<br />
Assim, logo no início, D. Madalena lê o episódio<br />
de Inês de Castro, sugerindo a vivência de um amor<br />
fugaz e impuro que terminará de forma trágica. Ao<br />
nível das notações temporais, a sexta-feira surge<br />
associada a acontecimentos que marcaram o percurso<br />
de vida da personagem: numa sexta-feira casou com<br />
D. João de Portugal, viu Manuel de Sousa pela primeira<br />
vez e o romeiro regressou.<br />
A numerologia adquire igualmente valores simbólicos<br />
inigualáveis, particularmente o número 7:<br />
D. Madalena esperou sete anos pelo regresso de D. João,<br />
esteve casada 14 com Manuel de Sousa e o primeiro<br />
marido regressa ao fim de 21. Também o 13 pode sugerir<br />
azar, idade com que Maria morre. (129 palavras)<br />
lisboeta que, apesar do seu provincianismo, se<br />
julga cosmopolita e elegante.<br />
2. O ambiente é de desalento e abatimento, como se<br />
pode observar pela descrição dos comportamentos<br />
Outros Percursos 11<br />
51
52<br />
PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES<br />
dos que assistiam às corridas – os rapazes deixavam-<br />
-se cair nas cadeiras, bocejando; a música tocava<br />
coisas plangentes; até as senhoras voltavam à<br />
quietude tristonha. Um momento que se pretende<br />
elegante e de diversão é, afinal, encarado de forma<br />
entediada e sem entusiasmo.<br />
3. Carlos procurava ansiosamente Dâmaso, pois este<br />
deveria tê-lo já apresentado a Castro Gomes, “marido”<br />
de Maria Eduarda, o que não se verificara.<br />
Por outro lado, as corridas, sendo um acontecimento<br />
em que a alta sociedade lisboeta se encontrava,<br />
seriam uma hipótese para ele rever Maria.<br />
Como o único conhecido da família Castro Gomes<br />
em Lisboa era Dâmaso, seria de esperar que este os<br />
acompanhasse e, assim, Carlos teria hipótese de<br />
rever a sua amada.<br />
4. A sorte de Carlos nas apostas, apesar de serem<br />
sobre um cavalo não favorito, são bem sucedidas,<br />
indiciando um final infeliz para o seu amor, o que<br />
se verificará.<br />
GRUPO II<br />
1.1. d); 1.2. b); 1.3. c); 1.4. b); 1.5. c); 1.6. a); 1.7. c). 2.1. b); 2.2. f); 2.3. h); 2.4. c); 2.5. g).<br />
GRUPO III<br />
(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios<br />
de classificação para a produção de um texto que<br />
visa avaliar a expressão escrita do aluno).<br />
Teste B<br />
SEQUÊNCIA 4 - Os Maias (pp. 30-33)<br />
GRUPO I<br />
A<br />
1........................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />
2.1. ....................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />
3.1........................................................................................................................................ 15 pontos<br />
4.1........................................................................................................................................ 15 pontos<br />
B ......................................................................................................................................... 30 pontos<br />
GRUPO II<br />
1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />
2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos<br />
GRUPO I A<br />
1. O excerto pertence à intriga secundária e relata<br />
factos ocorridos após a morte de Maria Eduarda<br />
Runa, mãe de Pedro, precisamente o momento<br />
Outros Percursos 11<br />
B<br />
Carlos e Maria Eduarda foram separados pelo destino,<br />
mas o destino fê-los reencontrarem-se à porta<br />
de um hotel.<br />
A beleza e a elegância de ambos atrai-os irresistivelmente<br />
e fá-los protagonistas de uma história de<br />
amor. O mesmo destino que os uniu separa-os, retirando<br />
de uma caixa de velhos papéis, confiada a um<br />
amigo, a sua consanguinidade. Contudo, Carlos, mes -<br />
mo tendo consciência da gravidade da situação, comete<br />
o incesto. O caráter funesto deste ato provoca o<br />
final trágico de Afonso, ao saber que o neto sucumbiu<br />
ao incesto, apesar da educação que lhe proporcionou.<br />
O que o destino não conseguira alcançou a realidade.<br />
A perceção de que a dor tinha matado o avô leva<br />
Carlos a terminar o romance e a separar-se da irmã.<br />
(122 palavras)<br />
em que Pedro se apaixona por Maria Monforte e sai<br />
da abulia em que caíra.<br />
2.1. Afonso, por um lado, fica agradado com a ideia de<br />
que Pedro possa estar interessado por uma mulher,
uma vez que isso poderá contribuir para o afastar<br />
da letargia em que caíra por causa da morte da<br />
mãe. Contudo, quando toma conhecimento dos<br />
factos que no passado foram protagonizados pelo<br />
pai de Maria, fica apreensivo e afirma mesmo que:<br />
“essa mulher, com um pai desses, mesmo para<br />
amante acho má.” (linha 14)<br />
3.1. Vilaça mostra-se preocupado, pois corre a contar<br />
a Afonso, e a outros amigos o passado do pai de<br />
Maria Monforte. Mais preocupado se mostra<br />
quando o jovem Maia decide informar-se sobre<br />
as suas capacidades financeiras, pois antevê que<br />
essa atitude não é motivada só pelo facto de querer<br />
oferecer presentes à amada.<br />
4.1. Quando Afonso vê Maria, fica surpreendido com<br />
a sua beleza “e a sua face, grave e pura como um<br />
mármore grego” (linhas 29-30). Contudo, um facto<br />
deixa-o apreensivo: a sombrinha escarlate de<br />
Maria que cobria Pedro assemelhava-se a uma<br />
mancha de sangue que o envolvia.<br />
GRUPO II<br />
1.1. c); 1.2. b); 1.3. d); 1.4. a); 1.5. b); 1.6. b); 1.7. d). 2.1. c); 2.2. a); 2.3. f); 2.4. b); 2.5. d).<br />
GRUPO III<br />
(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios<br />
de classificação para a produção de um texto que<br />
visa avaliar a expressão escrita do aluno).<br />
SEQUÊNCIA 4 - O Primo Basílio (pp. 34-37)<br />
GRUPO I<br />
A<br />
1........................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />
2. ......................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />
3. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
4. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
B .......................................................................................................................................... 30 pontos<br />
GRUPO II<br />
1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />
2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos<br />
GRUPO I A<br />
1. Caracterização do ambiente:<br />
– lento (“com a lentidão espessa de uma massa<br />
mal derretida”) (linha 4);<br />
B<br />
Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno<br />
deverá abordar alguns dos seguintes tópicos:<br />
Conteúdo<br />
– Espaços: descrição do jardim do Ramalhete quando<br />
é feito o restauro: o cipreste, o cedro, a fonte e a estátua<br />
de Vénus;<br />
- descrição de alguns objetos que adornam a Toca: o<br />
quadro de São João Batista degolado; a tapeçaria representando<br />
os amores de Vénus e Marte;<br />
- a lenda referida por Vilaça de que as paredes do Ramalhete<br />
são fatais aos Maias;<br />
- a vitória de Carlos nas apostas na corrida de cavalos,<br />
contra todas as expectativas (...)<br />
Forma<br />
- construir um texto coerente;<br />
- respeitar o limite de palavras proposto.<br />
– passivo (“no arrebatamento passivo que agrada<br />
às massas mandrionas”) (linha 7);<br />
– entediante (“um tédio morno circulava”) (linha 8);<br />
Outros Percursos 11<br />
53
54<br />
PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES<br />
2. Época histórica retratada - segunda metade do<br />
século XIX:<br />
– “burguesia domingueira” (linha 3) – ascensão da<br />
classe burguesa;<br />
– “o macadame” (linha 5) – tipo de pavimento da<br />
época;<br />
– “poeirada fina” (linha 9) – resultante do piso de<br />
terra;<br />
– “os candeeiros” (linha 10) – iluminação pública;<br />
– “Debaixo do véu” (linha 16) – peça de vestuário/<br />
acessório da época;<br />
– “a luz do gás dava o mesmo tom amarelado”<br />
(linha 18) – iluminação pública a gás.<br />
3. Luísa: retraída pela inadaptação ao espaço onde<br />
se encontra, sentindo saudades do lar, da privacidade:<br />
“Luísa sentia como uma saudade (…) de<br />
serões recolhidos”; “O movimento então retraía-<br />
-a (…)”;<br />
Basílio: irritado pela inadaptação ao espaço onde<br />
se encontra e devido ao ar abatido dos transeuntes:<br />
“(…) num abatimento de pasmaceira. Aquele<br />
aspeto irritou Basílio (…)”;<br />
D. Felicidade: desanimada, frustrada devido à ausência<br />
do conselheiro Acácio.<br />
GRUPO II<br />
1.1. d); 1.2. b); 1.3. a); 1.4. d); 1.5. c); 1.6. b); 1.7. a). 2.1. e); 2.2. h); 2.3. a); 2.4. c); 2.5. i).<br />
GRUPO III<br />
(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios<br />
de classificação para a produção de um texto que<br />
visa avaliar a expressão escrita do aluno).<br />
Teste A<br />
SEQUÊNCIA 5 (pp. 38-41)<br />
GRUPO I<br />
A<br />
1........................................................................................................................................... 15 pontos<br />
2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
3. ......................................................................................................................................... 10 pontos<br />
4.1........................................................................................................................................ 15 pontos<br />
5. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
B .......................................................................................................................................... 30 pontos<br />
GRUPO II<br />
1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />
2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos<br />
Outros Percursos 11<br />
4. “Bamboleamento relaxado” – com a atribuição do<br />
adjetivo “relaxado”, normalmente associado a<br />
pessoas, ao nome “bamboleamento”, o narrador<br />
pretende destacar a impressão dominante, neste<br />
caso, a de relaxamento, inércia da massa humana<br />
que se passeava pelo Passeio.<br />
B<br />
De facto, a aventura romântica de Luísa foi “pintada”<br />
à luz naturalista, método adotado por Eça de<br />
Queirós, de modo a criticar, de forma demolidora e<br />
sarcástica, os costumes da pequena burguesia lisboeta<br />
da época retratada.<br />
Luísa surge-nos descrita como uma mulher romântica,<br />
sentimental, ociosa, sem valores espirituais,<br />
que, na ausência do marido, se entrega a uma relação<br />
adúltera com o primo Basílio, aventura que a leitura<br />
de romances lhe despertara. No primeiro capítulo,<br />
Eça prepara o leitor para os futuros comportamentos<br />
da personagem, destacando o seu envolvimento com<br />
o primo, antes de conhecer Jorge, e o interesse da<br />
mãe de Luísa naquela relação, pois “Basílio era rico”.<br />
Ora, a origem social, a educação e influências externas<br />
são os fatores determinantes do comportamento<br />
da personagem eciana. (126 palavras)
GRUPO I A<br />
1. Espaço rural, luminoso:<br />
“No campo” (linha 2); “A claridade” (linha 3); “velha<br />
ermida com seu adro” (linha 10); “Numa colina azul<br />
brilha um lugar caiado” (linha 15); “azinhaga” (linha 18);<br />
(…)<br />
2. Sujeito poético – citadino: “E ria-me, eu ocioso,<br />
inútil, fraco,/Eu de jasmim na casa do casaco/E<br />
de óculo deitado a tiracolo” (linhas 48-50).<br />
A prima do sujeito poético – campestre/rural<br />
“chapéu de palha” (linha 17); “Sem desprender do<br />
chão teus olhos castos,/Tu começaste, harmónica,<br />
indecisa,/A arregaçar a chita, alegre e lisa” (linhas<br />
22-24); “Tu, a austera, a gentil, a inteligente,/Depois<br />
de bem composta, deste à frente/Uma pernada cómica,<br />
vulgar!” (linhas 30-32); (…)<br />
3. Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno poderá<br />
orientar a sua resposta para o rigor, a exatidão<br />
que Cesário Verde pretende com os seus versos, distanciando-se,<br />
deste modo, da poesia romântica.<br />
4.1. A energia e a desenvoltura da prima, rapariga do<br />
campo; “A claridade, a robustez, a ação.” (linha 3)<br />
do espaço campesino transmitem ao poeta força<br />
e vitalidade, daí ser um local que lhe serve de<br />
“musa” e “ que [o] anima” (linha 2).<br />
5. A (dupla) adjetivação expressiva: “completa e<br />
séria educação” (linha 6); “alegre e lisa” (linha 24)–<br />
ao serviço do caráter impressionista da poesia de<br />
Cesário Verde, de modo a realçar as características<br />
do que observa e os sentimentos que o observado<br />
despertam no observador.<br />
Enumeração – “Respiro indústria, paz, salubridade”<br />
(linha 12) – realçando os aspetos positivos do<br />
espaço onde o “eu” se encontra. (…)<br />
B<br />
Resposta de caráter pessoal. No entanto, o aluno deverá:<br />
– referir-se ao caráter deambulante da poesia de Cesário<br />
Verde;<br />
– fazer alusão aos espaços/figuras antagónicos(as) observados(as)<br />
e descritos(as) pelo poeta;<br />
– construir um texto coerente;<br />
– respeitar o limite de palavras proposto.<br />
GRUPO II<br />
1.1. b); 1.2. d); 1.3. c); 1.4. a); 1.5. d); 1.6. c); 1.7. a). 2. a) público; b) ascendentes; c) era; d) social; e) abertos;<br />
f) clausura; g) igrejas; h) contudo; i) uns;<br />
j) gradeamentos; k) outros; l) paraíso; m) român-<br />
GRUPO III<br />
ticas; n) simultaneamente; o) sentimental.<br />
(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios<br />
de classificação para a produção de um texto que<br />
visa avaliar a expressão escrita do aluno).<br />
Teste B<br />
SEQUÊNCIA 5 (pp. 42-44)<br />
GRUPO I<br />
A<br />
1.1. ....................................................................................................................................... <strong>20</strong> pontos<br />
2.2........................................................................................................................................ <strong>20</strong> pontos<br />
3.1........................................................................................................................................ 15 pontos<br />
4. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
B .......................................................................................................................................... 30 pontos<br />
GRUPO II<br />
1........................................................................................................................................... 35 pontos<br />
2. ......................................................................................................................................... 15 pontos<br />
GRUPO III ............................................................................................................................. 50 pontos<br />
Outros Percursos 11<br />
55
56<br />
PROPOSTAS DE CORREÇÃO E COTAÇÕES<br />
GRUPO I A<br />
1.1. A primeira quadra constitui a introdução do<br />
poema; nas segunda e terceira quadras descreve-se<br />
a ação levada a cabo pela dama que desce do<br />
burrico e vai colher o “ramalhete de papoulas” e<br />
acampam para fazer um pic-nic. A última estrofe<br />
constitui a conclusão, fixando o “supremo encanto<br />
da merenda.”(V. 15);<br />
2.1. No poema é possível encontrar categorias próprias<br />
do discurso narrativo, nomeadamente a localização<br />
no tempo (“De tarde”, “Pouco depois/<br />
… inda o Sol se via”), no espaço (campo – “um<br />
granzoal”, “em cima duns penhascos”), a intervenção<br />
de personagens (“burguesas”, “tu”, “Nós”)<br />
e ação (um “pic-nic”, “descendo do burrico,/<br />
Foste colher…”, “Nós acampámos…”).<br />
3.1. É notória a utilização de várias sensações. Assim,<br />
o recurso à sensação visual é percetível em versos<br />
como: “granzoal azul”, “ramalhete rubro de papoulas”,<br />
“inda o Sol se via”. A sensação gustativa<br />
salienta-se na referência aos alimentos (“E pão de<br />
ló molhado em malvasia”) e, finalmente, a tátil<br />
em expressões como “molhado em malvasia” e<br />
“seios como duas rolas”, percecionando a humidade<br />
e a suavidade, respetivamente.<br />
GRUPO II<br />
Outros Percursos 11<br />
4. O poema é constituído por quatro quadras, com<br />
versos decassilábicos, com rimas cruzadas e graves<br />
em todas as estrofes, exceto nos versos 10 e 12 onde<br />
a rima é aguda. O ritmo é conferido pelas rimas e<br />
pelas aliterações em “r” e em “m”.<br />
B<br />
Cesário Verde marcou uma rutura com a poética<br />
tra dicional e romântica principalmente porque se<br />
inspi rou em motivos prosaicos, abandonando a sen ti -<br />
mentalidade característica do movimento literário anterior.<br />
Na verdade, a poesia cesariana reflete a dupla vivência<br />
do poeta, a qual oscilou entre a cidade e o cam -<br />
po, e foi nestes cenários que Cesário se inspirou e<br />
deles falou nos seus textos. Contudo, para que essa<br />
realidade pudesse chegar ao leitor de forma mais concreta,<br />
vai lançar mão dos órgãos dos sentidos de modo<br />
a descrever a realidade como se de um pintor se tratasse.<br />
E porque conseguiu pintar por letras e sinais o seu<br />
quotidiano, pode dizer-se que a subjetividade ou a<br />
emotividade foi preterida por este poeta que tanto se<br />
aproximou do impressionismo. (123 palavras)<br />
1.1. c); 1.2. a); 1.3. b); 1.4. d); 1.5. a); 1.6. c); 1.7. a). 2.1. d); 2.2. a); 2.3. b); 2.4. g); 2.5. f).<br />
GRUPO III<br />
(Ver as orientações do GAVE, nomeadamente os critérios<br />
de classificação para a produção de um texto que<br />
visa avaliar a expressão escrita do aluno).