Introdução ao estudo dos oceanos – aula 1

Introdução ao estudo dos oceanos – aula 1
Disciplina obrigatória do primeiro período do curso
de Oceanografia.
Carga horária: 45 horas/aula (3 horas semanais).
Professor: Agnaldo Silva Martins, doutor em
oceanografia Biológica pela FURG-RS, professor da
UFES desde 1994.
Ministra também as disciplinas: Processos
Oceanográficos (8 o período) e Avaliação e manejo
da Pesca (8 o período). Responsável pela criação do
curso.
OBJETIVO GERAL
Integração ao curso de oceanografia

Introdução ao estudo dos oceanos – aula 1
Outros objetivos: Informações básicas sobre as
áreas do curso e suas inter-relações; esclarecer
aspectos da estrutura curricular e atuação
profissional
Funcionamento da disciplina: aulas teóricas
expositivas e outras atividades (avaliações, filmes).
Avaliação será feita na forma prova escrita individual.
Atendimento ao aluno fora de sala de aula:
solicitar marcação de horário durante as aulas, por
email (agnaldo.ufes@gmail.com) ou via MSN
(asm992001@hotmail.com).

Avisos:
Introdução ao estudo dos oceanos – aula 1
1- Homepage da disciplina:
www.doc.ufes.br/agnaldo
2- Procurar livros na biblioteca:
www.bc.ufes.br
Usar a palavra chave “oceanography” e
clicar em título.
3- Caso um ou mais alunos estejam
atrapalhando o andamento da aula, esta
será imediatamente encerrada.

O que é Oceanografia?
Introdução ao estudo dos oceanos – aula 1
Ciência que procura descrever os oceanos, entender seu
funcionamento, obter elementos para prever seu
comportamento e gerenciá-lo buscando uma utilização
sustentada em seus diversos ambientes,
Considerando conjuntamente suas características físicas,
químicas, geológicas e biológicas.
Como a oceanografia pode ser diferenciada de ciências
correlatas e das ciências humanas e tecnológicas?
A oceanografia diferencia-se por ter caráter holístico dando
ênfase a interação entre os diversos aspectos do mar.

Introdução ao estudo dos oceanos – aula 1
Qual é o perfil profissional do
Oceanógrafo?
Formação básica e geral equivalente nas
áreas de Física, Química, Geologia e Biologia.
Na formação profissionalizante, qualificação
para atuar em questões de avaliação, manejo,
monitoramento e gerenciamento de
ambientes costeiros.

Introdução ao estudo dos oceanos – aula 1
Quais são as aptidões desejáveis a um
oceanógrafo?
Interesse por diversas áreas de conhecimento,
Disponibilidade para trabalho embarcado,
Dinamismo e engajamento,
Mentalidade marítima (relação sadia homemoceano),
Disponibilidade para aprendizado de outras línguas
(principalmente inglês),
Facilidade de trabalho em informática,
Disponibilidade para lidar com tecnologias novas e
avançadas.

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Como tornar-se um oceanógrafo?
Linha européia (Oceanologia) – formação geral na
graduação e posterior especialização.
Linha americana (Oceanografia) – formação específica e
posterior especialização em cursos de ciências marinhas.
Por que estudar oceanografia?
Razões pessoais: conjugação de realização profissional com
ambiente agradável e dinâmico de trabalho.
Outras razões:
● Vai de encontro ao espírito explorador do homem,
● Ambiente marinho exerce um fascínio na humanidade por
ser tão diferente dos continentes como poderia ser qualquer
ambiente extra-terrestre (existem mais pegadas do homem
na superfície da lua do que no leito dos oceanos).

Introdução ao estudo dos oceanos – aula 1
Por que a Oceanografia é importante?
● É uma dos últimas fronteiras a exploração e ocupação
humana.
● Cerca de 90% da água da chuva que precipita sobre os
continentes provêm dos oceanos.
● Possui recursos minerais pouco explorados como nódulos
de manganês e fosforita.

Nódulos de manganês

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Por que a Oceanografia é importante?
●A dessalinização da água pode ser uma alternativa de
obtenção de água potável no futuro.
● Mais de 90% de todo comércio internacional de mercadorias
trafega através dos oceanos.
● A maior parte da população mundial situa-se em áreas
litorâneas.

Introdução ao estudo dos oceanos – aula 1
Por que a Oceanografia é importante?
(continuação)
● Distúrbios climáticos importantes como o El
Niño e La Niña, furacões, tempestades
tropicais, entre outros, são formados a partir
de anomalias de temperatura em massas de
água dos oceanos
● Suas conseqüências tem influência decisiva
sobre a economia mundial.

Efeito do El Nino sobre o
clima e estrutura vertical do
Pacífico

Introdução à Oceanografia – aula 1
Efeito do El Nino
sobre a pesca

Introdução ao estudo dos oceanos – aula 1
Por que a Oceanografia é importante? (continuação)
● A produção de proteína animal através da pesca e
aqüicultura marinha e estuarina tem grande potencial
de geração de divisas e empregos.
● A extração do petróleo nos oceanos tende a ser
cada vez mais expressiva em relação as reservas
localizadas no continente.
● Os ambientes costeiros, quando bem gerenciados,
constituem-se numa importante fonte de divisas e
empregos para a comunidade através de seu
potencial turístico, extração de recursos vivos e
atividades portuárias.

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Exemplo da importância dada ao estudo de
oceanografia:
EUA: NOAA - National Oceanic and Atmosferic
Administratiton, mais de 14.000 pessoas e 25
navios. Diversos Programas de pesquisa
permanentes.
França: IFREMER - Institut francais de recherche
pour l'exploitation de la mer: mais de 1.700 pessoas,
72 laboratórios e 7 navios.

laboratórios NOAA Seatle
Navio Albatroz - NOAA

Base IFREMER Brest, França
Navio Oceanografico Thalassa - IFREMER

História da Oceanografia
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Ciência que só adquiriu identidade recentemente. Porém seus
primeiros passos são tão antigos quanto a própria
humanidade.
● História antiga (1000 A.C a 1000 D.C )
● Limitado a viagens próximas ao Mediterrâneo e Atlântico.
● Primeiras hipóteses sobre a localização e distribuição
dos continentes e associação das fases da lua com as
marés (gregos e romanos).
● Colonização de vários locais no Atlântico pelos Vikings.

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História da Oceanografia (continuação)
• Séculos XIV e XV
• Grandes viagens de descobrimentos pelos oceanos
Atlântico, Pacífico e Índico por Colombo, Vasco da Gama
etc.
• Primeiras sondagens do fundo oceânico registrados
(200-400 m).
● Século XVI a XVIII.
● Primeiros grandes exploradores (Ex. James Cook).
● Conhecimento das características básicas do oceano
como salinidade constante e águas mais frias no fundo do
que na superfície. Sondagens de mais de 1.000 metros.

Capitão James Cook
Barco Endeavour

Rotas das viagens de James Cook com o Endeavour

Introdução ao estudo dos oceanos – aula 1
História da Oceanografia (continuação)
● Século XIX. Viagem do Beagle (1831 -
1836).
Permitiu a fundação das bases da evolução
biológica (paradigma dessa ciência) e
estimulou outras expedições.

HMS Beagle

Rota da Expedição do HMS Beagle

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História da Oceanografia (continuação)
● Challenger Expedition (1872 – 1876) - Primeira
grande expedição oceanográfica. Considerada um
marco e a fundação da oceanografia moderna.
● Barco 68,8 m, tripulação de 243 pessoas, cobriu
12.700 Km, 362 estações oceanográficas.
● Dados coletados: correntes, temperatura da
água, composição da água, amostras de
organismos marinhos e sedimentos do fundo.

Introdução ao estudo dos oceanos – aula 1
● Descobertas mais de 4700 novas espécies
marinhas. Resultou num relatório de 29.500
páginas com 50 volumes e 23 anos para ser
completado.
● A expedição do Challenger estimulou outras
expedições como a alemã Gazelle (1874-1876) e
a Russa Vitiaz (1886-1889).

Introdução à Oceanografia – aula 1

Trabalho a bordo do Challenger
Draga usada no Challenger

Espécies exóticas descritas a partir da
expedição do HMS Challenger

Introdução ao estudo dos oceanos – aula 1
● Século XX (início) - Primeiro mapeamento
razoável do fundo oceânico.
● Expedição do Meteor (1925-1927), estudou
detalhadamente uma parte do Atlântico Sul.
Primeiro a usar uma eco-sonda eletrônica para
medir profundidade.
● Criação de instituições oceanográficas nos
EUA: Scripps (Califórnia), Woods Hole (costa
leste).

Sede do Instituto Woods Hole – Massachusets, EUA.

Sede do Instituto Scripps em San Diego, Califórnia, EUA, 1911 e atual

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História da Oceanografia (continuação)
● Pós-segunda guerra - Grande
d e s e n v o l v i m e n t o t e c n o l ó g i c o c o m
submersíveis, ecossondas e sonares. Trieste
(Batiscafo) desceu a mais de 10.000 m
● O submarino nuclear Nautilus atingiu o
pólo norte mostrando que todas as partes do
oceano podem ser exploradas.

Submarino Nautilus chegando ao polo norte

Batiscafo Trieste, hoje em exposição em um museu.

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História da Oceanografia (continuação)
● Anos 60 e 70 - Início de programas internacionais
de cooperação científica. Exemplo: Prospecção da
crosta terrestre, estudos da expansão do assoalho
oceânico, levantamento da produção primária
global.
● Oceanografia atual (temas mais importantes):
mudanças climáticas, gestão sustentável da zona
costeira, produtividade biológica, pesca, uso de
satélites, poluição costeira, modelagem numérica
de ecossistemas.

Oceanografia no Brasil
Introdução ao estudo dos oceanos – aula 1
Século XIX a início do século XX. Levantamentos isolados,
feitos pela marinha (principalmente batimetria)
Século XX. Surgimento do Instituto Oceanográfico da USP,
Prof. Wladimir Besnard. (anos 50).
Anos 60. Surgimento de departamentos de oceanografia em
diversas universidades brasileiras (Rio de Janeiro,
Pernambuco)
Anos 70. Criação do Curso de graduação em Oceanologia
(FURG) e Oceanografia (UERJ). Construção da Base
oceanográfica atlântica (Rio Grande)

Instituto Oceanográfico da USP

Base Oceanográfica Atlântica - FURG

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Oceanografia no Brasil (continuação)
Situação atual:
Cursos de graduação na maioria dos estados costeiros,
3 grandes institutos de pesquisa civis (Base Oceanográfica e
IOUSP, CEM),
1 instituto de pesquisa militar (IEAPM),
dezenas de grupos de pesquisa ao longo da costa brasileira.
Frota oceanográfica atual: Prof. Besnard (USP), Atlântico sul
(FURG), Solanci Moura (IBAMA), Diadorim (IEAPM), Astro-
Garoupa (Petrobrás), navios hidrográficos e geofísicos da
marinha (Antares, Órion), Cruzeiro do Sul (Marinha).

Navio Hidrográfico Sirius da Marinha do Brasil

Navio Oceanográfico Atlântico Sul da FURG

Navio de Pesquisa Pesqueira Almirante Paulo Moreira, do IBAMA

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Navio Hidrográfico Antares da Marinha do Brasil

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Navio Oceanográfico Prof. Besnard, do IOUSP

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Oceanografia na UFES
Curso construído de 1995 a 1999 a partir do interesse de
diversos setores da sociedade capixaba em ver a UFES
exercer a vocação marítima do estado.
Início em março de 2000.
Foi estruturado por profissionais com formação na área
baseando-se na experiência dos cursos em funcionamento.
Estrutura:
• Disciplinas: básicas, Formação geral e Profissionalizantes.
• Disciplinas optativas
• Estágio supervisionado
• Embarque supervisionado
• Monografia

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Atuação do profissional e mercado de trabalho
Áreas tradicionais de atuação:
● Gerenciamento de ecossistemas costeiros (órgãos públicos
municipais, estaduais e federais).
● Gestão de recursos vivos marinhos (órgãos públicos
federais).
● Controle e monitoramento da poluição marinha (empresas
potencialmente poluidoras).
● Elaboração de EIA-RIMAs e monitoramento ambiental
(Empresas de consultoria ambiental).
● Elaboração e gerenciamento de projetos em aqüicultura
(empresas).

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Atuação do profissional e mercado de trabalho (continuação)
Áreas em evolução no Espírito Santo e Costa Central do
Brasil:
● Levantamentos de condições oceanográficas em mar
profundo associado a exploração de petróleo.
● Monitoramento de prospecção sísmica.
●Avaliação de impacto ambiental em áreas recifais associado
a indústria de petróleo.
● Monitoramento da pesca de alto mar associada a industria
de petróleo.
● Controle da poluição costeira por atividades industriais
(CST, Vale do Rio Doce, Aracruz Celulose, Samarco) e por
esgotos domésticos.
● Planejamento e gestão de parques aqüícolas

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Guia de sobrevivência para o curso de
oceanografia
● Exijam boas aulas (com conteúdo).
● Saibam tirar o máximo de proveito do
conhecimento do professor (na universidade o
professor é um orientador de ensino e não um
formador de pessoas).
● Exijam aulas práticas (objetivo ser 40 a 50%).
● Reclamem sempre, mas com responsabilidade,
conhecimento de causa e diplomacia,
● Sejam unidos (integrem-se ao CA, Empresa Júnior,
etc.. Sem se isolar como turma.
●Respeitem os colegas e exijam respeito (Ex: trotes)

Introdução ao estudo dos oceanos – aula 1
Guia de sobrevivência para o curso de
oceanografia
● Participem de semanas universitárias e
ajudem na organização destas. São
importantes para integração do conhecimento.
● Não sejam exclusivistas e preconceituosos –
mantenham intercambio com outros cursos.
● Façam estágios direcionados a um interesse
profissional e integrem-se a sua possível área
de especialização sem esquecer o geral,

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Guia de sobrevivência para o curso de
oceanografia (continuação)
● Possíveis problemas: excesso de professores
substitutos, conteúdo inadequado (verificar e cobrar
ementa), falta de didática, excesso de exigências,
dificuldades para embarque, falta de aulas práticas.
● Obtenham uma posição de destaque como alunos
na UFES, isso tem repercussão na melhoria do
curso.
● Tomar cuidado com os pré-requisitos. Pode custar
o atraso de um ano para a formatura.

Introdução ao estudo dos oceanos – aula 1
Guia de sobrevivência para o curso de
oceanografia (continuação)
● Planejar bem as optativas de acordo com as áreas
de interesse.
● Preocupem-se desde já com estágios e
monografias mas sem afobação,
● Respeitem as instâncias de reclamação (professor,
coordenador do curso, departamento, centro,
administração geral). Sempre preferir o diálogo mas
se não for suficiente, usar sempre manifestações por
escrito e assinadas por todos.