religião e pragmatismo em william james - Universidade Federal de ...
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Essas características foram retratadas no livro através <strong>de</strong> muitos relatos, que<br />
fizeram com que o livro se enchesse <strong>de</strong> sentimentalismo. Isso se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> que ele<br />
procurou esses relatos no meio <strong>de</strong> extravagâncias do assunto, são ex<strong>em</strong>plos extr<strong>em</strong>os que<br />
foram escolhidos justamente por eles fornecer<strong>em</strong> uma informação mais profunda.<br />
Pensando na varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses relatos, surge a pergunta se <strong>em</strong> todos os homens<br />
estão presentes os mesmos el<strong>em</strong>entos religiosos. Será que a existência <strong>de</strong> tantos tipos, seitas<br />
e credos religiosos é algo lamentável? James respon<strong>de</strong> a essa pergunta com um enfático<br />
“não”. E argumenta que não é possível que criaturas tão diferentes e com po<strong>de</strong>res tão<br />
diferentes como são os seres humanos, ter<strong>em</strong> exatamente as mesmas funções e as mesmas<br />
obrigações. Não há duas pessoas com dificulda<strong>de</strong>s idênticas, cada um vê os fatos e os<br />
probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> um ângulo diferente. Sendo assim, “o divino não po<strong>de</strong> significar uma<br />
qualida<strong>de</strong> única, t<strong>em</strong> <strong>de</strong> significar um grupo e qualida<strong>de</strong>s, e se diferentes homens for<strong>em</strong><br />
paladinos <strong>de</strong>las alternadamente, po<strong>de</strong>rão todos encontrar missões dignas” (Id<strong>em</strong> Ibid<strong>em</strong>).<br />
Uma questão que po<strong>de</strong> ser feita a esse respeito é, po<strong>de</strong>ria uma ciência da<br />
<strong>religião</strong> tomar lugar <strong>de</strong> todas as outras religiões como sendo a única <strong>religião</strong> para todos?<br />
Para respon<strong>de</strong>r essa pergunta é preciso explorar alguns pontos.<br />
O primeiro <strong>de</strong>les, é com relação ao conhecimento <strong>de</strong> uma coisa não po<strong>de</strong>r ser a<br />
própria coisa. Essa distinção já foi feita antes <strong>em</strong> outra parte <strong>de</strong>sse texto, mas só para<br />
retomar alguns pontos, “se a <strong>religião</strong> for uma função pela qual a causa <strong>de</strong> Deus ou a causa<br />
do hom<strong>em</strong> <strong>de</strong>va ser realmente promovida, então aquele que vive a vida <strong>de</strong>la, por mais<br />
estreitamente que a viva, e será um servo melhor do que aquele que apenas sabe a respeito<br />
<strong>de</strong>la, por mais que saiba. O conhecimento da vida é uma coisa; a ocupação efetiva <strong>de</strong> um<br />
lugar na vida, com suas correntes dinâmicas passando através do nosso ser, é outra” (Id<strong>em</strong><br />
Ibid<strong>em</strong>).<br />
Por esse motivo, a ciência da <strong>religião</strong> nunca po<strong>de</strong>rá ser um equivalente da<br />
<strong>religião</strong> viva. Além do mais, as ciências da natureza mantém uma distancia tr<strong>em</strong>enda da<br />
<strong>religião</strong>, elas nada sab<strong>em</strong> <strong>de</strong> presenças espirituais. No geral, essas ciências são tão<br />
materialistas que pod<strong>em</strong>os dizer que a sua influência contraria a noção <strong>de</strong> que a <strong>religião</strong><br />
<strong>de</strong>ve ser reconhecida <strong>de</strong> algum modo. E esse pensamento ecoa <strong>de</strong>ntro da própria ciência da<br />
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