religião e pragmatismo em william james - Universidade Federal de ...
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a reabilitação <strong>de</strong> enfermos e para a melhoria do t<strong>em</strong>po. Com relação aos enfermos, quando<br />
um fato médico po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se inabalável, a oração contribui para o restabelecimento e<br />
po<strong>de</strong> até ser estimulada como medida terapêutica, sendo que sua omissão po<strong>de</strong> ser até<br />
<strong>de</strong>letéria. No caso do t<strong>em</strong>po é diferente, sabe-se que os eventos climáticos são antecedidos<br />
<strong>de</strong> eventos físicos e que não se po<strong>de</strong> ir contra eles. Mas a oração peticional é apenas um<br />
<strong>de</strong>partamento da oração, e se a consi<strong>de</strong>rarmos <strong>em</strong> uma concepção mais ampla, significando<br />
todo tipo <strong>de</strong> comunhão ou conversação interior com o po<strong>de</strong>r reconhecido por divino,<br />
ver<strong>em</strong>os facilmente que a crítica científica a <strong>de</strong>ixou intocada.<br />
A oração nessa concepção mais ampla é a própria alma e essência da <strong>religião</strong>.<br />
James cita um francês, Auguste Sabatier, para ilustrara essa posição.<br />
“A <strong>religião</strong> é um intercâmbio, uma relação consciente e voluntária, na<br />
qual ingressou uma alma aflita, com o misterioso po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> que ela <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> e ao<br />
qual o seu <strong>de</strong>stino é contingente. O intercâmbio com Deus realiza-se pela<br />
oração. A oração é a <strong>religião</strong> <strong>em</strong> ato; ou melhor, a oração é a verda<strong>de</strong>ira<br />
<strong>religião</strong>. A oração distingue o fenômeno religiosos dos fenômenos similares ou<br />
vizinhos, como sentimento puramente moral e estético. A <strong>religião</strong> não será nada<br />
se não for o ato vital pelo qual a mente inteira procura salvar-se agarrada ao<br />
princípio do qual tira a sua vida. Esse ato é oração, termo pelo qual não entendo<br />
o vão exercício <strong>de</strong> palavras, n<strong>em</strong> a mera repetição <strong>de</strong> fórmulas sagradas, senão<br />
o próprio movimento da alma, que se coloca numa relação pessoa <strong>de</strong> contato<br />
com o misterioso po<strong>de</strong>r cuja presença sente – po<strong>de</strong> ser até antes que ele tenha<br />
um nome pelo qual possa ser chamado. On<strong>de</strong> quer que falte a oração interior,<br />
não há <strong>religião</strong>; por outro lado, on<strong>de</strong> quer que a oração se eleve e faça fr<strong>em</strong>ir a<br />
alma, mesmo na ausência <strong>de</strong> formas ou doutrinas, t<strong>em</strong>os a <strong>religião</strong> viva”<br />
(Sabatier, 1897 apud James, 1995).<br />
Como um todo, James parece concordar com essa posição adotada por Sabatier.<br />
Estudado como fato interior, o fenômeno religioso mostrou consistir, <strong>em</strong> toda parte e <strong>em</strong><br />
todos os estádios, na consciência que têm os indivíduos <strong>de</strong> um intercâmbio entre eles e<br />
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