religião e pragmatismo em william james - Universidade Federal de ...
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santida<strong>de</strong> que se mostra <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> medida inútil, pois o santo nesse caso se abstém <strong>de</strong><br />
todas as suas tarefas terrenas e não consegue mais viver <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong>. Passa a ser um fardo<br />
para aqueles que estão à sua volta, por se mostrar superficial e pouco edificante.<br />
A próxima virtu<strong>de</strong> <strong>em</strong> excesso a ser tratada é a Pureza. Em personagens<br />
teopáticos, o amor <strong>de</strong> Deus não po<strong>de</strong> se misturar com nenhum outro. Mesmo parentes ou<br />
amigos são consi<strong>de</strong>rados distrações que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser eliminadas, pois a sensibilida<strong>de</strong> e a<br />
estreiteza, quando juntas, requer<strong>em</strong> um mundo simplificado on<strong>de</strong> possam morar. Essa<br />
mente extr<strong>em</strong>amente sensível a discórdias íntimas, abrirá mão <strong>de</strong> todas as relações<br />
exteriores por interferir<strong>em</strong> com a absorção da consciência nas coisas espirituais. “Os<br />
divertimentos vão primeiro, <strong>de</strong>pois a ‘socieda<strong>de</strong>’ convencional, <strong>de</strong>pois os negócios, <strong>de</strong>pois<br />
as obrigações familiares, até chegar, por fim, à reclusão, com uma subdivisão do dia <strong>em</strong><br />
horas para <strong>de</strong>terminados atos religiosos, a única coisa que po<strong>de</strong> ser tolerada. As vidas dos<br />
santos constitu<strong>em</strong> uma história <strong>de</strong> sucessivas renúncias <strong>de</strong> complicações, <strong>em</strong> que são postas<br />
<strong>de</strong> lado, uma <strong>de</strong>pois da outra, todas as formas <strong>de</strong> contacto com a vida externa, para salvar a<br />
pureza do tom interior” (Id<strong>em</strong> Ibid<strong>em</strong>).<br />
Chegamos agora aos excessos <strong>de</strong> ternura e carida<strong>de</strong>. A santida<strong>de</strong> é acusada <strong>de</strong><br />
preservar os inaptos e alimentar os parasitos e mendigos. A questão é se o santo t<strong>em</strong> razão<br />
quando diz “ame seus inimigos” e realmente é possuidor <strong>de</strong> um grau mais profundo da<br />
verda<strong>de</strong>, ou são os homens que olham para essa atitu<strong>de</strong> com um certo grau <strong>de</strong> impaciência é<br />
que t<strong>em</strong> razão para isso. Não é possível <strong>de</strong> se obter uma resposta simples, a vida moral é<br />
complexa e o modo como os fatos e i<strong>de</strong>ais se entrelaçam é um mistério.<br />
A conduta perfeita é uma relação <strong>de</strong> três termos: aquele que age, os objetivos<br />
que o mov<strong>em</strong> a agir e os recipientes da ação. Para que a ação seja consi<strong>de</strong>rada perfeita, os<br />
três termos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser apropriados um ao outro. Portanto, a conduta do hom<strong>em</strong> perfeito só<br />
parecerá perfeita se o ambiente foi perfeito, ela não se adaptará convenient<strong>em</strong>ente a<br />
nenhum ambiente inferior. Consi<strong>de</strong>rando o mundo real tal como ele é, a ternura e a<br />
carida<strong>de</strong> pod<strong>em</strong> muito b<strong>em</strong> ser manifestadas <strong>em</strong> excesso. Porém, há <strong>de</strong> convir que se o<br />
mundo não possuísse pessoas que manifestass<strong>em</strong> esse tipo <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>, ele seria um mundo<br />
b<strong>em</strong> pior. Existindo da maneira como exist<strong>em</strong>, os santos pod<strong>em</strong> ser inspiradores das<br />
pessoas, eles pod<strong>em</strong> manifestar nas pessoas o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> dignos.<br />
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