religião e pragmatismo em william james - Universidade Federal de ...
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2.5 – Conversão e a unificação do eu<br />
Em termos gerais, conversão diz respeito ao processo, gradual ou repentino,<br />
“por cujo intermédio um eu até então dividido, e conscient<strong>em</strong>ente errado, inferior e infeliz,<br />
se torna unificado e conscient<strong>em</strong>ente certo, superior e feliz, <strong>em</strong> conseqüência do seu<br />
domínio mais firme das realida<strong>de</strong>s religiosas” (Id<strong>em</strong> Ibid<strong>em</strong>). Então, para enten<strong>de</strong>r o que<br />
ocorre na conversão é preciso enten<strong>de</strong>r o que é o “eu dividido”.<br />
Vimos na sessão anterior dois tipos <strong>de</strong> seres humanos não apenas distintos, mas<br />
opostos. Essas posições são os extr<strong>em</strong>os da experiência do hom<strong>em</strong>, mas a maioria dos<br />
outros homens se encontra <strong>em</strong> uma mistura ou varieda<strong>de</strong> intermediária. Algumas pessoas<br />
nasc<strong>em</strong> com uma constituição interior harmoniosa e b<strong>em</strong> equilibrada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio,<br />
enquanto outros são constituídos <strong>de</strong> maneira oposta, há uma heterogeneida<strong>de</strong> <strong>em</strong> sua<br />
personalida<strong>de</strong>, uma constituição moral e intelectual incompletamente unificada. “O espírito<br />
entra <strong>em</strong> choque com a carne, os <strong>de</strong>sejos são incompatíveis entre si, impulsos caprichosos<br />
lhes interromp<strong>em</strong> os planos mais <strong>de</strong>liberados, e suas vidas são um longo drama <strong>de</strong><br />
arrependimento e esforço para reparar inconveniências e erros” (Id<strong>em</strong> Ibid<strong>em</strong>). Os<br />
ex<strong>em</strong>plos extr<strong>em</strong>os <strong>de</strong>ssa personalida<strong>de</strong> heterogênea se encontram nos psicopatas.<br />
A evolução normal do caráter consiste principalmente no endireitamento e na<br />
unificação do eu interior. “Os sentimentos mais altos e os mais baixos, os impulsos úteis e<br />
os <strong>de</strong>sviados, começam criando um caos relativo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós – precisam acabar formando<br />
um sist<strong>em</strong>a estável <strong>de</strong> funções <strong>em</strong> correta subordinação” (Id<strong>em</strong> Ibid<strong>em</strong>). O interior do<br />
hom<strong>em</strong> é um campo <strong>de</strong> batalha para dois “eus” hostis um ao outro, sendo um real e outro<br />
i<strong>de</strong>al. Esse período <strong>de</strong> luta se caracteriza pela melancolia, e se o sujeito tiver a <strong>religião</strong> viva,<br />
a infelicida<strong>de</strong> tomará a forma do r<strong>em</strong>orso e da compunção moral, essa é a melancolia<br />
religiosa e a “convicção do pecado” que representaram tão gran<strong>de</strong> papel na história do<br />
Cristianismo protestante. Quando se chega à unida<strong>de</strong> interior, ela é acompanhada <strong>de</strong> uma<br />
característica <strong>de</strong> alívio, uma felicida<strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong>.<br />
Mas as pessoas que experimentaram esse tipo <strong>de</strong> melancolia nunca chegarão a<br />
ser equilibrados mentalmente. A melancolia se mostra <strong>de</strong> tal forma profunda que não é<br />
possível esquece-la ou negar a sua existência. O que interessa é que eles encontraram algo<br />
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