religião e pragmatismo em william james - Universidade Federal de ...
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uma categoria sobrenatural <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>, quando o primeiro dom da existência<br />
natural é infeliz, como tantas vezes acontece” (Id<strong>em</strong> Ibid<strong>em</strong>).<br />
Com essas relações entre a <strong>religião</strong> e a felicida<strong>de</strong>, talvez não seja tão<br />
surpreen<strong>de</strong>nte que os homens venham a consi<strong>de</strong>rar a felicida<strong>de</strong> proporcionada por uma<br />
crença religiosa como prova <strong>de</strong> sua verda<strong>de</strong>. Para o hom<strong>em</strong> comum, se uma crença o faz<br />
sentir-se feliz ele a adota quase que inevitavelmente, t<strong>em</strong> que ser verda<strong>de</strong>ira, então para ele<br />
será verda<strong>de</strong>ira.<br />
As espécies mais singelas da felicida<strong>de</strong> religiosa, <strong>em</strong> muitas pessoas, são<br />
congênitas e irrevogáveis. “Não me refiro apenas aos animalmente felizes. Refiro-me aos<br />
que, quando a infelicida<strong>de</strong> lhes é oferecida ou proposta, se recusam positivamente a senti-<br />
la, como se fosse alguma coisa mesquinha e errada” (Id<strong>em</strong> Ibid<strong>em</strong>). Para essas pessoas,<br />
Deus é aquele que oferece liberda<strong>de</strong>, assim como diz a máxima <strong>de</strong> Santo Agostinho, ama a<br />
Deus e faze o que <strong>de</strong>sejas. Em uma citação a Francis W. Newman, James coloca a<br />
diferença entre dois tipos <strong>de</strong> pessoas, os nascidos uma vez e os nascidos duas vezes, essa<br />
<strong>de</strong>nominação será por ele adotada no <strong>de</strong>correr do livro. Nas palavras <strong>de</strong> Newman:<br />
“Deus t<strong>em</strong> duas famílias <strong>de</strong> filhos nesta terra, os nascidos uma vez e os<br />
nascidos duas vezes”. E <strong>de</strong>screve os nascidos uma vez da seguinte forma: “Eles<br />
vê<strong>em</strong> Deus, não como Juiz rigoroso, n<strong>em</strong> como Glorioso Potentado; senão<br />
como Espírito animador <strong>de</strong> um belo mundo harmonioso, Benfazejo e Bondoso,<br />
Misericordioso e Puro. Esses personagens geralmente não têm tendências<br />
metafísicas: não olham para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si mesmos. Por conseguinte, não se<br />
aflig<strong>em</strong> com as próprias imperfeições; e, todavia, fora absurdo chamar-lhes<br />
presunçosos; pois escassamente pensam <strong>em</strong> si mesmos. Essa qualida<strong>de</strong> infantil<br />
da sua natureza faz o caminho da <strong>religião</strong> muito feliz para eles; pois eles não se<br />
encolh<strong>em</strong> mais diante <strong>de</strong> Deus quanto uma criança diante <strong>de</strong> um imperador,<br />
cuja presença faz tr<strong>em</strong>er seus pais: com efeito, eles não têm qualquer concepção<br />
vívida <strong>de</strong> nenhuma das qualida<strong>de</strong>s da mais severa Majesta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, que é,<br />
para eles, a personificação da Bonda<strong>de</strong> e da Beleza. Eles lê<strong>em</strong>-lhe o caráter, na<br />
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