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religião e pragmatismo em william james - Universidade Federal de ...

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casuais, e podiam ter sido transcendidos pelos teóricos passados do<br />

mesmo modo como o são pelos pensadores mo<strong>de</strong>rnos” (Id<strong>em</strong> Ibid<strong>em</strong>).<br />

Assim, a verda<strong>de</strong> absoluta terá que ser construída com a contribuição das<br />

meias-verda<strong>de</strong>s, “será feita como uma relação inci<strong>de</strong>ntal para o crescimento <strong>de</strong> uma massa<br />

<strong>de</strong> experiência-verificação, para a qual as meias-verda<strong>de</strong>s contribu<strong>em</strong> com sua cota” (Id<strong>em</strong><br />

Ibid<strong>em</strong>).<br />

A verda<strong>de</strong> é constituída <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte por verda<strong>de</strong>s prévias, a crença dos<br />

homens t<strong>em</strong> seu alicerce na experiência passada. Mas as próprias crenças faz<strong>em</strong> parte da<br />

experiência do mundo e contribu<strong>em</strong> para a formação <strong>de</strong> novas crenças futuras, sendo um<br />

processo <strong>de</strong> dupla influência. As verda<strong>de</strong>s estão <strong>em</strong> constante mutação, “as verda<strong>de</strong>s<br />

<strong>em</strong>erg<strong>em</strong> dos fatos; elas, porém, mergulham <strong>de</strong> novo nos fatos e traz<strong>em</strong> acréscimos a estes;<br />

os fatos criam <strong>de</strong> novo ou revelam nova verda<strong>de</strong> (a palavra é indiferente) e assim<br />

in<strong>de</strong>finidamente” (Id<strong>em</strong> Ibid<strong>em</strong>). Os fatos não são verda<strong>de</strong>iros <strong>em</strong> si mesmos, eles apenas<br />

são, a verda<strong>de</strong> é função das crenças que começam e terminam entre eles.<br />

Esse é o ponto crucial na diferença entre o pragmatista e o racionalista, o<br />

racionalista nunca vai admitir que a verda<strong>de</strong> <strong>em</strong> si ou a realida<strong>de</strong> <strong>em</strong> si é mutável. O<br />

racionalista po<strong>de</strong> permitir que a experiência esteja na mutação, e que nossas certezas<br />

psicológicas da verda<strong>de</strong> acham-se <strong>em</strong> constante mutação, mas nunca que a verda<strong>de</strong> <strong>em</strong> si<br />

está <strong>em</strong> mutação. Para o racionalista, a realida<strong>de</strong> mostra-se completa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a eternida<strong>de</strong> e a<br />

verda<strong>de</strong> não t<strong>em</strong> relação alguma com nossa experiência, não faz diferença alguma para a<br />

realida<strong>de</strong> <strong>em</strong> si. O pragmatista olha o futuro, o racionalista olha para o passado, busca os<br />

princípios, e pensa que uma vez adquiridos, virá uma solução oracular.<br />

Em poucas palavras, a verda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada benéfica, que cresce<br />

absolutamente preciosa, e a falsida<strong>de</strong> maléfica, que é absolutamente con<strong>de</strong>nável. Porém, a<br />

obrigação <strong>de</strong> reconhecer a verda<strong>de</strong> é muito condicional. A verda<strong>de</strong>, no singular, clama por<br />

ser reconhecida, mas as verda<strong>de</strong>s, no plural, apenas necessitam ser reconhecidas quando<br />

necessárias. Em uma mesma situação, a verda<strong>de</strong> é s<strong>em</strong>pre preferível do que a falsida<strong>de</strong>,<br />

mas quando não, a verda<strong>de</strong> é tão pouco necessária quanto a falsida<strong>de</strong>. Como por ex<strong>em</strong>plo,<br />

não precisamos ficar repetindo que dois mais dois são quatro in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da<br />

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