religião e pragmatismo em william james - Universidade Federal de ...

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14.06.2013 Views

Assim, também na ciência está presente o pragmatismo na medida em que as leis formuladas por ela não são exatamente um retrato da realidade, não são explicações ou descrições perfeitas da realidade, mas apenas uma aproximação. Isso, porém, não tira seu valor prático. Basta observar o número de descobertas científicas tecnológicas para comprovar que essas “aproximações” têm grande utilidade prática. A palavra “pragmatismo” é utilizada também em um sentido mais amplo, como sendo uma certa “teoria da verdade”. Schiller e Dewey dizem que as idéias “tornam-se verdadeiras na medida em que nos ajudam a manter relações satisfatórias com outras partes de nossa experiência, para sumariá-las e destacá-las por meio de instantâneos conceptuais, ao invés de seguir a sucessão interminável de um fenômeno particular” (Idem Ibidem). Isso nos leva ao próximo tópico, que abordará o que significa o conceito de verdade de acordo com o pragmatismo. 1.2 – Concepção de verdade no pragmatismo A sexta conferência de William James sobre o pragmatismo é dedicada à concepção de verdade no pragmatismo. Nela, James discute não só o conceito de verdade, mas o que a torna verdade, suas características, etc. A definição encontrada em qualquer dicionário é que a verdade é uma propriedade de nossas idéias, que significa estar de “acordo” com a realidade. Porém, em um debate entre o pragmatismo e o intelectualismo, começa uma discordância sobre o que significa o termo “acordo” e “realidade”, quando realidade é tomada como algo com o qual nossas idéias devem concordar. Os pragmatistas são mais analíticos e meticulosos nessa análise, enquanto os intelectualistas mais imediatos e irreflexivos. James coloca essa diferença dando o exemplo de um relógio na parede, se fecharmos os olhos e pensarmos no relógio na parede tem-se um quadro verdadeiro, é uma cópia de seu mostrador. Porém a idéia que nós temos das peças do relógio não é exatamente uma cópia (a não ser que tenhamos conhecimento profundo de todas as partes do relógio), contudo ela não colide com a realidade, assim a 7

palavra “peças” é considerada verdadeiramente. E quando se fala de “função de marcar o tempo” do relógio, ou da “elasticidadede suas molas, é difícil ver exatamente o que sua idéias podem copiar. Claramente existe um problema com isso, quando nossas idéias não podem copiar exatamente o objeto, que significa a concordância com aquele objeto? A suposição dos intelectualistas é que “a verdade significa essencialmente uma relação estática inerte. Quando se chega à idéia verdadeira de alguma coisa, chega-se ao fim da questão”. O pragmatismo, por outro lado, diz que “as idéias verdadeiras são aquelas que podemos assimilar, validar, corroborar e verificar. As idéias falsas são aquelas com as quais não podemos agir assim”. Sendo que a posse de pensamentos verdadeiros significa a posse de valiosos instrumentos de ação. É dever primário do ser humano buscar essas idéias através de dois processos básicos na formação da verdade: a verificação e a validação. A posse dessas idéias verdadeiras não é um fim em si, mas um meio para a satisfação de outras necessidades vitais. O pensamento verdadeiro é útil, pois deriva primariamente da importância prática de seus objetos para nós, porém não em todos os tempos. James usa um exemplo de alguém que fica perdido na floresta, faminto e depara-se com o que parece ser uma trilha de gado, é de suma importância que se pense em uma habitação humana ao fim da mesma, se assim fizer a pessoa se salva. Nesse caso, a casa é um objeto útil para nós, por isso o pensamento verdadeiro se torna importante. Em outra ocasião, a casa pode não ser útil, então a idéia sobre ela poderia permanecer latente. Porém, quase todo objeto pode vir a ser útil em alguma ocasião, assim, é importante que se tenha um estoque geral em nossa memória de verdades “extras”, que poderão ser utilizadas em algum momento. Sempre que necessária, uma dessas verdades extras torna-se ativa para solucionar um caso de emergência. Podendo dizer então que as frases “é útil porque é verdadeira” e “é verdadeira porque é útil” significam a mesma coisa. Voltando no exemplo do relógio na parede, duas pessoas podem considerá-lo como sendo um relógio mesmo sem ter acesso às peças que fazem dele um relógio. Tem-se a noção de verdade sem verificá-la. Se considerarmos a verdade como processo de verificação, verdades como essas poderiam ser contestadas. Porém, elas formam um número imensamente grande de nossas verdades do dia-a-dia das quais vivemos. Como o 8

palavra “peças” é consi<strong>de</strong>rada verda<strong>de</strong>iramente. E quando se fala <strong>de</strong> “função <strong>de</strong> marcar o<br />

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idéias pod<strong>em</strong> copiar.<br />

Claramente existe um probl<strong>em</strong>a com isso, quando nossas idéias não pod<strong>em</strong><br />

copiar exatamente o objeto, que significa a concordância com aquele objeto? A suposição<br />

dos intelectualistas é que “a verda<strong>de</strong> significa essencialmente uma relação estática inerte.<br />

Quando se chega à idéia verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> alguma coisa, chega-se ao fim da questão”. O<br />

<strong>pragmatismo</strong>, por outro lado, diz que “as idéias verda<strong>de</strong>iras são aquelas que pod<strong>em</strong>os<br />

assimilar, validar, corroborar e verificar. As idéias falsas são aquelas com as quais não<br />

pod<strong>em</strong>os agir assim”. Sendo que a posse <strong>de</strong> pensamentos verda<strong>de</strong>iros significa a posse <strong>de</strong><br />

valiosos instrumentos <strong>de</strong> ação. É <strong>de</strong>ver primário do ser humano buscar essas idéias através<br />

<strong>de</strong> dois processos básicos na formação da verda<strong>de</strong>: a verificação e a validação.<br />

A posse <strong>de</strong>ssas idéias verda<strong>de</strong>iras não é um fim <strong>em</strong> si, mas um meio para a<br />

satisfação <strong>de</strong> outras necessida<strong>de</strong>s vitais. O pensamento verda<strong>de</strong>iro é útil, pois <strong>de</strong>riva<br />

primariamente da importância prática <strong>de</strong> seus objetos para nós, porém não <strong>em</strong> todos os<br />

t<strong>em</strong>pos. James usa um ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> alguém que fica perdido na floresta, faminto e <strong>de</strong>para-se<br />

com o que parece ser uma trilha <strong>de</strong> gado, é <strong>de</strong> suma importância que se pense <strong>em</strong> uma<br />

habitação humana ao fim da mesma, se assim fizer a pessoa se salva. Nesse caso, a casa é<br />

um objeto útil para nós, por isso o pensamento verda<strong>de</strong>iro se torna importante. Em outra<br />

ocasião, a casa po<strong>de</strong> não ser útil, então a idéia sobre ela po<strong>de</strong>ria permanecer latente. Porém,<br />

quase todo objeto po<strong>de</strong> vir a ser útil <strong>em</strong> alguma ocasião, assim, é importante que se tenha<br />

um estoque geral <strong>em</strong> nossa m<strong>em</strong>ória <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>s “extras”, que po<strong>de</strong>rão ser utilizadas <strong>em</strong><br />

algum momento. S<strong>em</strong>pre que necessária, uma <strong>de</strong>ssas verda<strong>de</strong>s extras torna-se ativa para<br />

solucionar um caso <strong>de</strong> <strong>em</strong>ergência. Po<strong>de</strong>ndo dizer então que as frases “é útil porque é<br />

verda<strong>de</strong>ira” e “é verda<strong>de</strong>ira porque é útil” significam a mesma coisa.<br />

Voltando no ex<strong>em</strong>plo do relógio na pare<strong>de</strong>, duas pessoas pod<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>rá-lo<br />

como sendo um relógio mesmo s<strong>em</strong> ter acesso às peças que faz<strong>em</strong> <strong>de</strong>le um relógio. T<strong>em</strong>-se<br />

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