13.06.2013 Views

O argumento da Terra Gémea, desenvolvido por Hilary - Filosofia da ...

O argumento da Terra Gémea, desenvolvido por Hilary - Filosofia da ...

O argumento da Terra Gémea, desenvolvido por Hilary - Filosofia da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Deste aspecto indexical dos termos para espécies naturais resulta a<br />

falsificação do modelo descritivista que consiste na conjunção <strong>da</strong>s duas<br />

seguintes teses:<br />

- As palavras têm intensões, que consistem em algo como os<br />

conceitos que os falantes associam às palavras.<br />

- É a intensão que determina a extensão (de modo que, diferentes<br />

extensões implicam intensões diferentes)<br />

Isto <strong>por</strong>que a intensão associa<strong>da</strong> à palavra “água” pelo falante <strong>da</strong><br />

<strong>Terra</strong> e pelo falante <strong>da</strong> <strong>Terra</strong> <strong>Gémea</strong> é seguramente a mesma. Mas a<br />

extensão do termo não é, <strong>por</strong>que é fixa<strong>da</strong> indexicalmente: água é esta<br />

água, H2O. Deste modo, pelo menos uma <strong>da</strong>s teses descritivistas é falsa:<br />

- Se mantemos a ideia de que “água” tem o mesmo sentido na<br />

linguagem usa<strong>da</strong> na <strong>Terra</strong> e na linguagem usa<strong>da</strong> na <strong>Terra</strong> <strong>Gémea</strong>, mas<br />

extensões diferentes (H20 na <strong>Terra</strong> e XYZ na <strong>Terra</strong> <strong>Gémea</strong>), somos forçados<br />

a abandonar a ideia de que o sentido (enquanto intensão) determina a<br />

extensão.<br />

- Se aceitamos que uma diferença de extensões implica uma<br />

diferença de sentido (intensões), abdicamos <strong>da</strong> ideia de que os sentidos são<br />

conceitos ou enti<strong>da</strong>des mentais de qualquer espécie.<br />

O aspecto indexical envolvido na fixação <strong>da</strong> referência dos termos<br />

para espécies naturais, além de refutar a teoria clássica do sentido, exprime<br />

também um ponto de vista realista, fun<strong>da</strong>mental para a compreensão <strong>da</strong><br />

teoria externalista do sentido desenvolvi<strong>da</strong> <strong>por</strong> Putnam.<br />

Segundo ele, as pessoas tendem a ser, relativamente às suas<br />

intuições, ou fortemente realistas, ou fortemente anti-realistas. Assim,<br />

regressemos de novo à <strong>Terra</strong> <strong>Gémea</strong> e consideremos a seguine situação:<br />

um copo cheio de XYZ, em 1750, época na qual a composição química <strong>da</strong><br />

água era desconheci<strong>da</strong>. Esse copo, nessa altura, seria perfeitamente<br />

indistinguível de um copo de água. Relativamente a um cenário como este,<br />

Putnam não tem dúvi<strong>da</strong>s, como constatámos, de que ain<strong>da</strong> que o copo em<br />

causa fosse erra<strong>da</strong>mente tomado <strong>por</strong> água, não era de facto um copo de<br />

água. A substância XYZ não fazia parte <strong>da</strong> extensão do termo “água” ain<strong>da</strong><br />

que não se distinguisse <strong>da</strong> substância H20. Mas há uma tendência para<br />

5

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!