13.06.2013 Views

O argumento da Terra Gémea, desenvolvido por Hilary - Filosofia da ...

O argumento da Terra Gémea, desenvolvido por Hilary - Filosofia da ...

O argumento da Terra Gémea, desenvolvido por Hilary - Filosofia da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

aquilo que satisfaz a condição de ser o mesmo líquido que a enti<strong>da</strong>de<br />

referi<strong>da</strong> <strong>por</strong> “isto” no mundo possível em causa. Em 2. água corresponde<br />

àquilo que satisfaz a condição de ser o mesmo líquido que a enti<strong>da</strong>de<br />

referi<strong>da</strong> <strong>por</strong> “isto” no mundo actual, qualquer que seja o mundo em causa.<br />

A adesão à tese 2. consiste numa extensão <strong>da</strong> noção de designação<br />

rígi<strong>da</strong> desenvolvi<strong>da</strong> <strong>por</strong> Kripke a termos para espécies naturais. Pode dizer-<br />

se que o termo “água” é rígido:<br />

“A rigidez do termo “água” segue-se do facto de que, quando eu dou<br />

a definição ostensiva “este (líquido) é água” eu pretendo dizer 2. e não 1.” 2<br />

A tese kripkeana <strong>da</strong> rigidez tem consequências imediatas im<strong>por</strong>tantes<br />

para a teoria <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de necessária, já nota<strong>da</strong>s pelo próprio Kripke e que<br />

Putnam salienta nos seguintes termos<br />

Tendo em conta a teoria do sentido adopta<strong>da</strong>, consideremos dois<br />

líquidos L1 e L2, existentes respectivamente no mundo M1 e M2 . L1 tem as<br />

mesmas características e M1 que L2 tem em M2, ou seja entre eles há uma<br />

relação de identi<strong>da</strong>de. L1 é o mesmo líquido que L2. Se L1 for a água no<br />

mundo actual, L2 só será água se fôr idêntico àquilo que L1 é no mundo<br />

actual. Mas <strong>por</strong> idêntico entende-se aqui, realmente idêntico, isto é, com as<br />

mesmas características físicas esssenciais.<br />

Se assim é, e transpondo de novo o exemplo para o caso <strong>da</strong> <strong>Terra</strong><br />

<strong>Gémea</strong>, se a composição química <strong>da</strong> água fosse desconheci<strong>da</strong> e a “água<br />

gémea” pudesse satisfazer uma definição operacional de água<br />

(corresponder às características superficiais normais <strong>da</strong> água), isso não<br />

faria <strong>da</strong> “água gémea” “água”. Mesmo sem que ninguém o saiba, as<br />

características dos dois líquidos não são as mesmas. Não são o mesmo<br />

líquido. Num mundo possível idêntico à <strong>Terra</strong> <strong>Gémea</strong>, ain<strong>da</strong> que o líquido<br />

“gémeo” passe o teste operacional, será sempre diferente do líquido<br />

terrestre. A <strong>Terra</strong> <strong>Gémea</strong> é um mundo possível onde se bebe e se na<strong>da</strong> em<br />

XYZ, mas não um mundo no qual a água seja XYZ. Não há mundos<br />

possíveis nos quai a água seja diferente de H2O, <strong>por</strong>que essa é a natureza<br />

química <strong>da</strong> água, é aquilo que ela é necessariamente. É uma<br />

impossibili<strong>da</strong>de lógica que XYZ seja água. Trata-se de uma necessi<strong>da</strong>de<br />

metafísica.<br />

2 Ibidem, p.231<br />

3

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!