Figuras de linguagem - Editora Saraiva
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Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães<br />
<strong>Figuras</strong> <strong>de</strong> <strong>linguagem</strong><br />
Leia o texto a seguir e responda às questões <strong>de</strong> 1 a 6.<br />
Ignorância é fogo.<br />
E cinzas.<br />
Ainda tem gente que acha que fogo ajuda a <strong>de</strong>volver força à terra e viço às<br />
pastagens. Jogue um bal<strong>de</strong> <strong>de</strong> água fria nessa i<strong>de</strong>ia. Afinal, é preciso muita<br />
piromania para achar que fogo faz bem à Natureza. Se fosse assim, o tronco<br />
calcinado aí da foto ainda seria uma árvore.<br />
E<strong>de</strong>mir Rodriguez/Folha do Povo<br />
(Folha do Povo <strong>de</strong> Mato Grosso do Sul, 20/9/2001.)<br />
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1. O texto faz parte <strong>de</strong> uma campanha pública <strong>de</strong> conscientização.<br />
a) Qual é o tema <strong>de</strong>ssa campanha? Trata-se <strong>de</strong> uma campanha contra a prática <strong>de</strong> pôr fogo nas pastagens com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fortalecer a terra.<br />
b) Observe o nome do jornal e verifique o Estado em que ele foi publicado. Quem é o interlocutor<br />
que o texto preten<strong>de</strong> atingir? Os agricultores da região <strong>de</strong> Mato Grosso do Sul. Professor: Chame a atenção dos alunos para o fato <strong>de</strong> que a prática<br />
<strong>de</strong> queimadas se dá em todo o país.<br />
2. No enunciado em <strong>de</strong>staque, lemos “Ignorância é fogo”. Essa frase apresenta dois sentidos possíveis.<br />
a) Quais são esses sentidos? O sentido <strong>de</strong> que “ignorância não é fácil”, ou “ignorância é <strong>de</strong> difícil trato” e o <strong>de</strong> que “a ignorância leva ao fogo, à <strong>de</strong>struição”.<br />
b) Em qual <strong>de</strong>les a palavra fogo constitui uma metáfora? No segundo caso, pois está aproximando dois elementos diferentes: ignorância<br />
e fogo.<br />
3. Compare:<br />
“Ignorância é fogo.”<br />
“E [ignorância é] cinzas.”<br />
a) Que figura <strong>de</strong> <strong>linguagem</strong> a aproximação entre ignorância e cinzas constitui?Uma metáfora.<br />
b) A palavra cinzas representa o efeito <strong>de</strong> uma causa. Que causa é essa? O fogo ou a <strong>de</strong>struição causada por ele.<br />
c) Que figura <strong>de</strong> <strong>linguagem</strong> se verifica nessa relação entre a causa e o efeito? Uma metonímia.<br />
4. No texto abaixo da foto, lemos:<br />
“Ainda tem gente que acha que fogo ajuda a <strong>de</strong>volver força à terra e viço às pastagens. Jogue<br />
um bal<strong>de</strong> <strong>de</strong> água fria nessa i<strong>de</strong>ia.”<br />
Qual é o sentido da expressão bal<strong>de</strong> <strong>de</strong> água fria, no contexto? Desistir <strong>de</strong>ssa i<strong>de</strong>ia.<br />
5. As figuras <strong>de</strong> <strong>linguagem</strong> não existem apenas na <strong>linguagem</strong> verbal. Elas também po<strong>de</strong>m ocorrer<br />
em linguagens não verbais, como o cinema, a música, a fotografia, o código <strong>de</strong> trânsito, etc.<br />
Observe a foto que acompanha o texto.<br />
a) Com que o tronco queimado se parece? Ele se parece com um jacaré.<br />
b) A imagem é parte <strong>de</strong> um todo e representa o efeito <strong>de</strong> uma causa. De acordo com o sentido<br />
global do texto, qual é a causa ou o todo que o tronco representa?<br />
c) Portanto, que figura <strong>de</strong> <strong>linguagem</strong> essa imagem constitui? Uma metonímia.<br />
Ele é parte da queimada (ou da <strong>de</strong>struição provocada<br />
pelo fogo), assim como o resultado <strong>de</strong>la.<br />
6. Consi<strong>de</strong>rando a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse texto <strong>de</strong> campanha pública, você acha que os recursos utilizados,<br />
tanto na <strong>linguagem</strong> verbal quanto na <strong>linguagem</strong> visual, atingem o objetivo pretendido? Por<br />
quê? Resposta pessoal. Espera-se que o aluno reconheça que sim, pois texto e imagem chocam o leitor e mostram (inclusive pela imagem) como a falta <strong>de</strong> informações po<strong>de</strong> levar à<br />
<strong>de</strong>struição da fauna, da flora e do solo.<br />
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Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães<br />
Leia o poema a seguir, <strong>de</strong> Vinícius <strong>de</strong> Morais, e responda às questões <strong>de</strong> 7 a 15.<br />
Professor: Existem gravações em que o próprio Vinícius <strong>de</strong> Morais <strong>de</strong>clama o poema. Se possível, ouça uma <strong>de</strong>las com os alunos.<br />
De repente do riso fez-se o pranto<br />
Silencioso e branco como a bruma<br />
E das bocas unidas fez-se a espuma<br />
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.<br />
De repente da calma fez-se o vento<br />
Que dos olhos <strong>de</strong>sfez a última chama<br />
E da paixão fez-se o pressentimento<br />
E do momento imóvel fez-se o drama.<br />
De repente, não mais que <strong>de</strong> repente<br />
Fez-se <strong>de</strong> triste o que se fez amante<br />
E <strong>de</strong> sozinho o que se fez contente.<br />
Fez-se do amigo próximo o distante<br />
Fez-se da vida uma aventura errante<br />
De repente, não mais que <strong>de</strong> repente.<br />
(Poesia completa e prosa. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Aguilar, 1974. p. 226.)<br />
Soneto <strong>de</strong> separação<br />
7. O poema se intitula “Soneto <strong>de</strong> separação”. De que tipo <strong>de</strong> separação ele trata? Justifique sua<br />
resposta com elementos do texto. Uma separação amorosa, conforme comprova o 3º verso do poema: “E das bocas unidas [...]”.<br />
8. Todo o poema é construído a partir <strong>de</strong> uma oposição <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias: <strong>de</strong> um lado, <strong>de</strong>screve-se como<br />
era o relacionamento amoroso e a vida do eu lírico; <strong>de</strong> outro, <strong>de</strong>screve-se como é a vida do eu<br />
lírico no presente, sozinho.<br />
Riso e pranto; bocas unidas e espuma; mãos espalmadas e espanto; calma e vento, etc.<br />
a) Chama-se antítese a figura <strong>de</strong> <strong>linguagem</strong> que se constrói a partir da oposição <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias.<br />
I<strong>de</strong>ntifique no poema pelo menos dois pares <strong>de</strong> palavras ou expressões que formem antíteses.<br />
b) Em uma frase, resuma: Como era a vida do eu lírico antes da separação e como é no presente?<br />
Antes o eu lírico era feliz e tranquilo; no presente é solitário e sua vida per<strong>de</strong>u o sentido.<br />
9. Às vezes, para <strong>de</strong>screver certos sentimentos, a <strong>linguagem</strong> <strong>de</strong>notativa não é suficiente. O poeta<br />
emprega, então, a <strong>linguagem</strong> figurada, conotativa, poética. As figuras, nesse caso, contribuem<br />
para exprimir o que é quase inexprimível. Observe estes versos:<br />
“De repente da calma fez-se o vento<br />
Que dos olhos <strong>de</strong>sfez a última chama”<br />
“Fez-se da vida uma aventura errante”<br />
a) Qual é a figura <strong>de</strong> <strong>linguagem</strong> existente nos trechos <strong>de</strong>stacados? A metáfora.<br />
b) Traduza em <strong>linguagem</strong> <strong>de</strong>notativa o sentido <strong>de</strong>ssa figura.<br />
No 1º fragmento, “o vento” significa a separação; “a última chama dos olhos” se refere ao resto do amor que havia entre os amantes. No 2º fragmento, “aventura errante” sugere que,<br />
<strong>de</strong>pois da separação, a vida ficou sem rumo, per<strong>de</strong>u o sentido.<br />
10. Releia a 1ª estrofe do poema. Você já apren<strong>de</strong>u que aliteração é uma figura <strong>de</strong> <strong>linguagem</strong> construída<br />
a partir da repetição <strong>de</strong> um mesmo fonema consonantal. Na 1ª estrofe, há aliteração? Em caso<br />
positivo, exemplifique.<br />
pranto: choro.<br />
bruma: nevoeiro, neblina, cerração.<br />
espalmada: aberta e estendida.<br />
pressentimento: sentimento intuitivo que permite<br />
a previsão <strong>de</strong> acontecimentos.<br />
errante: sem rumo, sem <strong>de</strong>stino.<br />
Sim, há a aliteração do fonema /p/: pranto, espuma, espalmadas, espanto; do fonema<br />
/b/: branco, bruma, bocas; e dos fonemas /R/ e /r/: repente, riso, pranto, branco, bruma.<br />
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11. Observe nas colunas abaixo os elementos que existiam antes e os que passaram a existir <strong>de</strong>pois<br />
da separação:<br />
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antes × agora<br />
riso → pranto<br />
bocas unidas → espuma<br />
mãos espalmadas → espanto<br />
a) As palavras e expressões da primeira coluna faziam parte do estado <strong>de</strong> espírito em que se<br />
encontrava o eu lírico antes da separação. Qual é esse estado <strong>de</strong> espírito? Alegria.<br />
b) As palavras da segunda coluna fazem parte do estado <strong>de</strong> espírito em que se encontra o eu<br />
lírico no momento. Qual é esse estado <strong>de</strong> espírito? Tristeza.<br />
c) Que figura <strong>de</strong> <strong>linguagem</strong> sugere, por meio das partes, o todo? A metonímia.<br />
12. O trecho “fez-se o pranto / Silencioso e branco como a bruma” apresenta uma figura <strong>de</strong> <strong>linguagem</strong>.<br />
a) Qual é a figura existente na parte <strong>de</strong>stacada? Comparação.<br />
b) Lido sem a parte <strong>de</strong>stacada, esse trecho se torna menos ou mais forte, concreto e expressivo?<br />
13. Em quase todo o texto, o poeta faz uso <strong>de</strong> uma figura chamada inversão, que consiste em trocar a<br />
or<strong>de</strong>m sintática dos termos da oração. Observe alguns exemplos e a or<strong>de</strong>m direta correspon<strong>de</strong>nte:<br />
“De repente do riso fez-se o pranto” → O pranto fez-se do riso <strong>de</strong> repente<br />
“Que dos olhos <strong>de</strong>sfez a última chama” → Que <strong>de</strong>sfez a última chama dos olhos<br />
“Fez-se <strong>de</strong> triste o que se fez amante” → O que se fez amante fez-se <strong>de</strong> triste<br />
Consi<strong>de</strong>rando que o poema é construído sobre a oposição entre a vida do eu lírico antes e hoje,<br />
que semelhança existe entre a inversão e as duas situações retratadas?<br />
14. Observe que a expressão <strong>de</strong> repente é empregada quatro vezes em início <strong>de</strong> verso. A esse tipo <strong>de</strong><br />
repetição, chamamos anáfora. Consi<strong>de</strong>rando as i<strong>de</strong>ias do poema, qual a finalida<strong>de</strong> do poeta ao<br />
repetir tantas vezes essa expressão? O eu lírico parece não aceitar o fato <strong>de</strong> que tudo o que existia — amor intenso, amiza<strong>de</strong>, paixão, harmonia, etc. — acabou<br />
<strong>de</strong> repente, num único instante, o instante da separação; por isso enfatiza essa expressão.<br />
15. Se quiséssemos resumir as principais i<strong>de</strong>ias do poema em <strong>linguagem</strong> <strong>de</strong>notativa, teríamos um<br />
texto mais ou menos assim:<br />
X<br />
X<br />
X<br />
X<br />
Torna-se menos forte, menos concreto, menos expressivo.<br />
Também o eu lírico se encontra numa situação<br />
inversa à que vivia antes.<br />
Antes, com a pessoa amada, tudo era alegria e harmonia. Hoje, sozinho, tudo é tristeza<br />
e <strong>de</strong>solação.<br />
Compare o poema com esse enunciado e indique qual ou quais dos itens seguintes são corretos<br />
quanto ao papel das figuras <strong>de</strong> <strong>linguagem</strong> na construção <strong>de</strong> um texto poético.<br />
a) O texto figurado é mais carregado <strong>de</strong> emoções do que o texto <strong>de</strong>notativo.<br />
b) As figuras <strong>de</strong> <strong>linguagem</strong> criam imagens que aguçam a imaginação do leitor.<br />
c) As figuras <strong>de</strong> <strong>linguagem</strong> criam uma atmosfera envolvente, que faz o leitor se aproximar mais do texto.<br />
d) O texto figurado é fruto <strong>de</strong> um trabalho artístico, que não visa apenas informar, mas também<br />
envolver, emocionar.<br />
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães