Arminianismo e Metodismo – José Goncalves Salvador
Arminianismo e Metodismo – José Goncalves Salvador
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I - O ESPÍRITO DO METODISMO:<br />
CAPÍTULO VI<br />
ARMINIANISMO E METODISMO<br />
<strong>Metodismo</strong> e arminianismo têm algo em comum e, também, diferenças. Um<br />
não é apenas continuação histórica do outro. Ou, para sermos mais precisos,<br />
diremos que o metodismo não é simples continuação do arminianismo. Eles se<br />
ligam quanto a certos conceitos, mas pouco quanto ao tempo e à história.<br />
O metodismo, conforme já vimos, desenvolveu-se quase independentemente<br />
do movimento holandês, tendo este surgido no início do século XVII, ao passo que<br />
o <strong>Metodismo</strong> aconteceu na Inglaterra, em meados do século XVIII. No primeiro<br />
caso, a religião oficial era o calvinismo; no segundo, reinava o anglicanismo. A vida<br />
dos fundadores de ambos os sistemas merece igual admiração, visto serem eles<br />
homens cultos e piedosos, dedicados ao bem estar de seus conterrâneos. Wesley, no<br />
entanto, foi mais longe em suas realizações e em sua teologia. Podemos até afirmar<br />
que o arminianismo deve sua maior difusão ao movimento wesleyano e quiçá, a sua<br />
própria sobrevivência.<br />
Há, até a experiência de Aldersgate, um quê de semelhança entre João<br />
Wesley e Tiago Armínio. Os dois são ministros de igrejas oficiais, preparados em<br />
universidades e consagrados à obra do Evangelho. Em ambos, porém, a piedade<br />
estava tingida por sua formação cultural; mais, sob o domínio da razão que do<br />
sentimento. É que nenhum deles havia ingressado na carreira religiosa através de<br />
grandes lutas espirituais, como sucedera ao Apóstolo Paulo e a Agostinho de<br />
Hipona. Por isso, acomodaram-se à situação prevalecente em suas confissões<br />
eclesiásticas: Armínio abraçou o Calvinismo extremado, enquanto Wesley mais e<br />
mais pendia para o pelagianismo.<br />
Quando a crise se apresentou na vida destes dois vultos, a teologia de cada<br />
um acabou tomando nova feição, porque a situação assim o exigiu, diferindo, por<br />
conseguinte, daí por diante, em sua natureza. Acontece que, para Armínio, o<br />
problema tal qual então se apresentava, era fundamentalmente teológico e afetava<br />
as Escrituras, ao passo que, para Wesley, era a sua própria vida espiritual que<br />
estava em jogo. Em resultado, o arminianismo seria fruto de controvérsia religiosa<br />
e o metodismo, por sua vez, da experiência de Aldersgate, quando Wesley, seu<br />
fundador, sentiu o coração estranhamente aquecido. Donde se vê que Armínio<br />
reestruturou sua teologia à luz das Escrituras e da razão, firmando-se no<br />
infralapsarianismo, enquanto João Wesley o fez estribando-se, sobretudo, no<br />
testemunho íntimo do Espírito Santo, ao lado de evidências bíblicas.<br />
Daí em diante, não era só o coração que ardia no vulto ímpar de Aldersgate,<br />
mas, também, a teologia resultante daquela maravilhosa experiência, a qual lhe<br />
comunicara vida nova e operante, motivo por que já não mais se confinou aos<br />
limites acanhados de uma universidade ou às paredes frias dos templos. Ao invés