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Arminianismo e Metodismo – José Goncalves Salvador

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CAPÍTULO V<br />

A GÊNESE DO ARMINIANISMO WESLEYANO<br />

1. A SITUAÇÃO NA IGREJA ANGLICANA.<br />

Ser-nos-á fácil compreender a posição que o fundador do movimento<br />

metodista, João Wesley, tomou, com relação ao arminianismo, se nos lembramos<br />

que ele nasceu dentro da Igreja Anglicana, no começo do século XVIII e pertenceu<br />

à Igreja Anglicana até ao fim de sua vida (1703-1784).<br />

Naquela época os Trinta e Nove Artigos de religião continuavam sendo o<br />

padrão doutrinário, calvinistas em sua natureza, porém a interpretação que deles<br />

se fazia, já era predominantemente arminiana. A transição que nesse sentido se<br />

vinha realizando datava de Richard Hooker (1586) e de Pedro Baro, mas ao tempo<br />

da ascensão do rei George I (1714-1727), estava quase concluída.<br />

Desde Hooker, portanto, os teólogos tentavam conciliar a doutrina calvinista<br />

da graça com a das obras, esta segundo a Igreja Católica, e a conseqüência resultava<br />

em evidente aproximação do arminianismo. A melhor prova disso encontra-se, sem<br />

dúvida, na obra escrita pelo bispo George Bull: a Harmonia Apostólica. Tão bem se<br />

saíra no empreendimento o preclaro (ilustre, brilhante) eclesiástico que ela veio a<br />

tornar-se clássica e a gozar de grande aceitação na Inglaterra. Muitos ministros a<br />

tinham em suas bibliotecas, pautando pela referida obra as suas idéias. A teologia<br />

de George Bull generalizou-se, pois, no seio da Igreja oficial e para termos uma<br />

noção da mesma, daremos, a seguir, breve apanhado: Jesus Cristo, por Sua obra<br />

expiatória, é o <strong>Salvador</strong> dos homens, mas cada qual tem a sua parte a fazer,<br />

procurando ativamente reformar a própria vida. Se cada um agir desse modo,<br />

tornar-se-á capaz de receber os méritos da expiação. Fé e obras são identificadas<br />

numa só finalidade. A justificação é pela fé e pelas obras. São dois aspectos de uma<br />

só realidade. Nem Paulo se opõe a Tiago e nem Tiago a Paulo. No conceito do bispo<br />

Bull, a fé inclui todas as obras da piedade cristã. A fé não se limita só a aceitar como<br />

válidos os ensinos do Evangelho: envolve, também, o desejo de ser bom e de fazer o<br />

bem. Noutras palavras: a fé passa a ser ato do próprio homem. 1<br />

A justificação exige, igualmente, a co-participação do homem. Deus<br />

considera ao transgressor como justo, livre da pena, desde que este assim queira.<br />

Ou, melhor, Deus o perdoa, se ele tiver merecido a sentença de inocência. O ato<br />

divino é conseqüente das disposições existentes no homem. Mas isso não se<br />

confunde com o pelagianismo, porque, sem o auxílio de Deus, nada consegue o<br />

pecador. Todos dependemos, antes de tudo, de Cristo. Somos justificados por Seus<br />

méritos, desde que satisfaçamos as condições estabelecidas.<br />

A expiação é de âmbito universal e pode, potencialmente, salvar a todos os<br />

homens, se as exigências, para tanto, forem por eles cumpridas. A redenção, em<br />

1 Cannon, W. R. - The Theology of John Wesley - Pág. 41.

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