12.06.2013 Views

Arminianismo e Metodismo – José Goncalves Salvador

Arminianismo e Metodismo – José Goncalves Salvador

Arminianismo e Metodismo – José Goncalves Salvador

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ainda que o arminianismo realce o valor humano, não devemos confundir<br />

seu ponto de vista com o do pelagianismo, pois ambos se distinguem não só quanto<br />

ao conceito do homem, mas, também, quanto ao do pecado e da graça divina.<br />

Pelágio ensinava que o pecado de Adão somente afetara a este, nascendo-lhe<br />

os filhos e, de igual modo, todos os demais descendentes, com idênticas<br />

possibilidades às que ele tivera antes de cair. A sua falta consistia, apenas, em mau<br />

exemplo para as gerações seguintes. Ninguém, portanto, nasce pecador, sendo<br />

verídico dizer-se que todos trazem consigo o dom da graça, ou seja: os meios inatos<br />

para atingir a salvação, caso se faça preciso. Aquele que cair, poderá reerguer-se<br />

por si mesmo. Deus já colocou à disposição de cada um os recursos para tanto.<br />

Pelágio, porém, concebia esses meios como disposições individuais e influências<br />

externas e não como auxílio pessoal de Deus, através do seu Espírito. Por exemplo:<br />

a leitura dos Evangelhos, a imitação do procedimento de Nosso Senhor, etc.<br />

Armínio aproximava-se mais de Agostinho e, em muitos pontos, era<br />

agostiniano, de fato. Não aceitava fosse o pecado de Adão só de conseqüência<br />

individual, pois afetara a natureza humana e envolvera toda a raça. Todos caíram<br />

em Adão. Agora, só pela graça de Deus pode o homem regenerar-se e obter a<br />

salvação. Sem ela tudo é impossível ao pecador. “Sem mim nada podeis,” dissera<br />

bem Jesus. Todavia, Armínio discordava tanto de Agostinho como de Calvino,<br />

quando negava ter o homem ficado reduzido pelo pecado à inatividade. Houve algo<br />

que o homem não perdeu. Ainda lhe resta a capacidade de responder à graça de<br />

Deus e aceitá-la ou recusá-la. Noutras palavras: ainda possui liberdade e volição e,<br />

assim, é responsável por suas decisões. O homem ainda pode dizer “sim” ou “não”<br />

ao seu Criador.<br />

Para Tiago Armínio a graça de Deus é a ação operante do Espírito divino<br />

junto ao homem. É dom gratuito e, como tal, não depende de qualquer mérito do<br />

homem. Deus a reparte a todos os Seus filhos. Admitia, contudo, que,<br />

excepcionalmente, alguém poderia deixar de recebê-la. Entretanto, nenhuma<br />

pessoa é forçada a aceitá-la. A graça celestial pode, sim, ser recusada pelo homem,<br />

segundo as seguintes passagens bíblicas: “E estais esquecidos da exortação que,<br />

como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem<br />

do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado” (Hb 12.5), e em Mt 23.37<br />

as significativas expressões do lamento de Cristo sobre Jerusalém: “Jerusalém,<br />

Jerusalém! que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! quantas<br />

vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo<br />

das asas, e vós não o quisestes!” Em Lc 7.30, lê-se: “Mas os fariseus e os intérpretes<br />

da lei rejeitaram, quanto a si mesmos, o desígnio de Deus, não tendo sido batizados<br />

por ele.” No conceito de Armínio a graça pode também ser resistida, conforme a<br />

defesa de Estevão perante o Sinédrio: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de<br />

coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo: assim como fizeram<br />

vossos pais, também vós o fazeis” (At 7.51). Igualmente, a graça de Deus pode ser<br />

recebida em vão, nos dizeres de Paulo: “E nós, na qualidade de cooperadores com<br />

ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus” (2Co 6.1).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!