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Jackson Luiz Araújo Souza

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE<br />

N⁄CLEO DE P”S-GRADUA« O E ESTUDOS DO SEMI-¡RIDO<br />

PROGRAMA REGIONAL DE P”S-GRADUA« O EM<br />

DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE<br />

PROJETOS P⁄BLICOS DE DESENVOLVIMENTO<br />

NO SEMI-¡RIDO SERGIPANO<br />

Impactos ambientais, Controle e Efetividade<br />

S O CRIST”V O<br />

2003<br />

<strong>Jackson</strong> <strong>Luiz</strong> Ara˙jo <strong>Souza</strong><br />

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JACKSON LUIZ ARA⁄JO SOUZA<br />

PROJETOS P⁄BLICOS DE DESENVOLVIMENTO<br />

NO SEMI-¡RIDO SERGIPANO<br />

Impactos ambientais, Controle e Efetividade<br />

DissertaÁ„o apresentada ao Programa de PÛs-GraduaÁ„o da<br />

Universidade Federal de Sergipe, N˙cleo de PÛs-GraduaÁ„o e<br />

Estudos do Semi-¡rido, para defesa p˙blica junto ao Curso de<br />

Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, vinculado ao<br />

Programa Regional de PÛs GraduaÁ„o em Desenvolvimento e Meio<br />

Ambiente ñ PRODEMA, como requisito para obtenÁ„o para o titulo<br />

de Mestre.<br />

¡rea de ConcentraÁ„o: Desenvolvimento Regional e PolÌticas<br />

P˙blicas.<br />

Sub-¡rea: Desenvolvimento de Regiıes Semi-¡ridas.<br />

Orientadora: Profa. Dra. Vania Fonseca.<br />

S O CRIST”V O<br />

2003<br />

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JACKSON LUIZ ARA⁄JO SOUZA<br />

PROJETOS P⁄BLICOS DE DESENVOLVIMENTO<br />

NO SEMI-¡RIDO SERGIPANO<br />

Impactos ambientais, Controle e Efetividade<br />

DissertaÁ„o apresentada ao Programa de PÛs-GraduaÁ„o da Universidade<br />

Federal de Sergipe, como requisito para obtenÁ„o do titulo de Mestre em Desenvolvimento e<br />

Meio Ambiente.<br />

Aracaju, em 11 de agosto de 2003<br />

Nota: 10,00 (dez)<br />

BANCA EXAMINADORA<br />

_______________________________________________<br />

Prof. Dr. JosuÈ Modesto Passos Sobrinho<br />

_______________________________________________<br />

Prof. Dr. Nilton Pedro da Silva<br />

_______________________________________________<br />

Profa. Dra. Vania Fonseca<br />

Orientadora<br />

Universidade Federal de Sergipe<br />

RESULTADO<br />

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Para Tatiana e meus filhos Victor e Luana,<br />

razıes da minha constante busca por<br />

crescimento, e como forma de sempre estar ao<br />

alcance de suas expectativas.<br />

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AGRADECIMENTOS<br />

Agradecer sempre se constitui numa tarefa ambÌgua. Ao tempo em que È<br />

gratificante, por possibilitar uma singela homenagem ‡queles que despretenciosamente tanto<br />

ajudaram na concretizaÁ„o deste trabalho, tambÈm È angustiante, ante a possibilidade de n„o<br />

contemplar todos os facilitadores da imensa tarefa que foi executar esta empreitada. Mas a<br />

vontade de exteriorizar o meu sentimento de gratid„o supera o receio de cometer alguma<br />

injustiÁa, ao que peÁo, se È que È possÌvel me desculpar por tamanho deslize, antecipadamente<br />

desculpas se porventura alguns dos meus preciosos colaboradores ficarem de fora.<br />

A express„o ìdespretenciosamenteî utilizada anteriormente n„o È mera<br />

retÛrica, pois È o sentimento que me vem ‡ mente quando me lembro das in˙meras vezes que<br />

fui auxiliado, corrigido, amparado, entendido por pessoas realmente desprendidas de outro<br />

sentimento sen„o o de colaborar para o bom andamento do presente trabalho, faz-me imaginar<br />

que os mesmos coraÁıes generosos estar„o abertos a entender t„o imperdo·vel deslize.<br />

Sem que se constitua em uma ordem de import‚ncia ou de relev‚ncia para o<br />

presente trabalho, os meus agradecimentos v„o especialmente para essas pessoas que, mesmo<br />

envolvidas em seus trabalhos, nunca se furtaram a estender a m„o:<br />

¿ professora Vania Fonseca, por sua generosidade e empatia, que com jeito<br />

firme e sereno soube me conduzir nos meandros dos caminhos acadÍmicos, da pesquisa<br />

cientÌfica e da busca pela compreens„o dos fatos observados ao longo do trabalho, entendendo<br />

minhas dificuldades e limitaÁıes e os obst·culos impostos pela indefiniÁ„o de minha situaÁ„o<br />

profissional.<br />

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Ao DionÌsio, pessoa de extremo conhecimento das questıes sociais e<br />

econÙmicas por que passam as comunidades carentes, de cuja sabedoria tive o privilÈgio de<br />

compartilhar e apreender um pouco, mesmo que por momentos limitadamente breves, ante<br />

toda a sabedoria por compartilhar, mas que o escasso tempo disponÌvel impediu que se<br />

prolongasse o aprendizado.<br />

Aos meus queridos amigos Symone e Carlos, verdadeiros paradigmas na busca<br />

de desafios, autÍnticas referÍncias quando se trata de capacidade de conquistar objetivos<br />

pessoais e profissionais, pela intermin·vel bondade da acolhida num momento delicado da<br />

minha vida, mas que me fez compreender o significado da palavra amizade.<br />

Aos colegas de mestrado, que, apesar de nesta fase final termos nos afastado<br />

um pouco, em nada arrefeceu o sentimento de amizade e de admiraÁ„o adquiridos ao longo da<br />

prazerosa convivÍncia. Em especial, ‡ Ana Cristina, verdadeira companheira de luta e de<br />

convicÁıes, pelas ìtrocas de figurinhasî ao longo de todo o perÌodo; ‡ Nadja, pelo sempre<br />

presente apoio nos momentos mais difÌceis por que passei e tambÈm pelas broncas corretivas<br />

que me ajudaram a manter firme a busca dos objetivos; ‡ Mara pelas palavras de apoio e fÈ<br />

nos momentos de incerteza; ao M·rio, pela constante alegria e certeza do sucesso e que nos<br />

empurrava para onde estamos hoje; e ‡ Heleni, pelo exemplo de dedicaÁ„o e esforÁo.<br />

Aos meus colegas de trabalho, de BrasÌlia e de Aracaju, que souberam<br />

compreender a import‚ncia do mestrado para a minha formaÁ„o pessoal e profissional e me<br />

ajudaram e entenderam quando das minhas ausÍncias.<br />

Aos funcion·rios da Pronese pelo auxÌlio na compreens„o do mecanismo de<br />

funcionamento dos Programas, em especial a Paulo Fernandes, Carmem, Terezinha, Magaly e<br />

Oswaldo.<br />

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Aos moradores das comunidades visitadas de PoÁo Redondo, que com sua<br />

sabedoria e simplicidade traduziram de forma objetiva as suas necessidades, vivÍncias,<br />

expectativas e convicÁıes, que tanto contribuÌram para o conhecimento da realidade retratada<br />

neste trabalho.<br />

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RESUMO<br />

Este trabalho analisa a intervenÁ„o p˙blica no semi-·rido sergipano por meio de<br />

projetos p˙blicos de desenvolvimento, tomando o municÌpio de PoÁo Redondo como<br />

referÍncia. O estudo traÁa um histÛrico dos projetos de desenvolvimento no Nordeste, aborda<br />

a inserÁ„o do componente ambiental nas discussıes de cunho econÙmico, discorre sobre os<br />

Ûrg„os institucionais de controle p˙blico e o controle social e analisa a efetividade de trÍs<br />

formas de intervenÁ„o p˙blica: a de grandes projetos planejados de forma centralizada; a de<br />

projetos executados por meio de convÍnios entre a Uni„o e os municÌpios; e a de projetos<br />

planejados e executados por associaÁıes comunit·rias, sendo referenciado o Programa de<br />

Combate ‡ Pobreza Rural (PCPR) para an·lise detalhada. Para a consecuÁ„o do trabalho,<br />

foram feitas pesquisas bibliogr·ficas e documentais, bem como em sistemas informatizados,<br />

entrevistas com gestores e tÈcnicos governamentais e com as comunidades alvo dos<br />

investimentos. O estudo mostrou que independente da forma de autuaÁ„o do Estado, a falta de<br />

efetividade do gasto p˙blico È marca caracterÌstica e o componente ambiental ainda n„o est·<br />

internalizado nos atores envolvidos, n„o passando de retÛrica para satisfaÁ„o das formalidades<br />

e exigÍncia legais, sem alcanÁar os atores envolvidos, sejam os formuladores de polÌticas<br />

p˙blicas, sejam as populaÁıes atingidas/beneficiadas pelos projetos.<br />

Palavras-chave: Projeto P˙blico ñ Desenvolvimento ñ Meio Ambiente ñ PoÁo Redondo<br />

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ABSTRACT<br />

This thesis centers on government interference in the Sergipean arid region trough<br />

public development projects, based on PoÁo Redondo town as archetype. The study starts with<br />

the history of public development initiatives in the Northeastern Region of Brazil. An analysis<br />

of the inclusion of environmental aspects in the economic arguments is then provided<br />

followed by an overview of the organizations devoted to public and social control, and also<br />

examines the three major ways of public intervention, namely , the large scale, centrally<br />

planed projects; projects financed by contracts between the Union an the several<br />

municipalities; and those planed and executed by community associations. The Program to<br />

Eradicate Rural Poverty was selected for a detailed analysis. The study was based on<br />

bibliographical research, analysis of unpublished documents available trough Government<br />

offices, retrieval of electronic data, and interviews with government personnel, both technical<br />

and managerial, as well as with members of the target communities. The main conclusion is<br />

that, independent of how the Government acts, the low effectiveness of Public expenditures is<br />

pervasive. Also, that the environmental considerations are not really integrated to the way of<br />

thinking of the officials involved, and it is mostly lip service to satisfy legal requirements and<br />

formalities, without any kind of influence over the people involved in the projects, be then the<br />

formulators of policies or the affected communities.<br />

Key words: Public Projects ñ Development ñ Environment ñ PoÁo Redondo<br />

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PROJETOS P⁄BLICOS DE DESENVOLVIMENTO<br />

Impactos ambientais, Controle e Efetividade<br />

SUM¡RIO<br />

1 INTRODU« O...................................................................................................................10<br />

2 ECONOMIA E MEIO AMBIENTE ...................................................................................22<br />

3 PROJETOS P⁄BLICOS DE DESENVOLVIMENTO....................................................33<br />

3.1 O NORDESTE, AS SECAS E OS PLANOS DE SALVA« O................................35<br />

4 CONTROLES SOBRE PROJETOS P⁄BLICOS E MEIO AMBIENTE NO BRASIL.45<br />

4.1 ”RG OS DE CONTROLE .........................................................................................47<br />

4.2 CONTROLE SOCIAL ...............................................................................................55<br />

5 EFETIVIDADE DE PROJETOS P⁄BLICOS EM SERGIPE.........................................63<br />

5.1 PROJETOS DE IRRIGA« O - UMA AN¡LISE CRÕTICA ..................................64<br />

5.1.1 A EXPERI NCIA DO PROJETO CALIF”RNIA .............................................70<br />

5.1.2 PROJETO JACAR…-CURITUBA .......................................................................74<br />

5.1.3 A CULTURA DA DESCONTINUIDADE..........................................................78<br />

5.2 INTERVEN«’ES P⁄BLICAS E AS TRANSFER NCIAS<br />

INTERGOVERNAMENTAIS ...................................................................................80<br />

5.3 PROGRAMAS DE APOIO AO PEQUENO PRODUTOR RURAL ..........................85<br />

6 PO«O REDONDO E OS PROJETOS P⁄BLICOS ñ AN¡LISE CRÕTICA A PARTIR<br />

DO MUNICÕPIO DE REFER NCIA ......................................................................................91<br />

6.1 CARACTERÕSTICAS..................................................................................................91<br />

6.2 INTERVEN« O P⁄BLICA EM PO«O REDONDO ñ PROJETOS EM<br />

DISCUSS O..............................................................................................................97<br />

6.3 PROGRAMA DE COMBATE ¿ POBREZA RURAL EM PO«O REDONDO.....103<br />

6.4 A EFETIVIDADE DO GASTO P⁄BLICO - PAPP E PCPR..................................112<br />

6.4.1 MECANISMOS DE CONTROLE......................................................................121<br />

6.4.2 EFETIVIDADE DOS PROJETOS......................................................................125<br />

7 CONCLUS’ES.................................................................................................................132<br />

8 REFER NCIAS BIBLIOGR¡FICAS ..............................................................................146<br />

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1 INTRODU« O<br />

Apesar da reduÁ„o do papel do Estado, atravÈs da transferÍncia de algumas<br />

atribuiÁıes p˙blicas para entidades da sociedade civil organizada, as OrganizaÁıes Sociais de<br />

Interesse P˙blico, as associaÁıes comunit·rias, e as demais OrganizaÁıes n„o<br />

Governamentais (ONG), via processo que foi denominado de ìpublicizaÁ„oî (PEREIRA,<br />

1998), quando a matÈria atine a questıes ambientais e de desenvolvimento, n„o h· como fugir<br />

da Ûrbita estatal face ao grande poder impactante que tÍm as polÌticas p˙blicas. Ratificando<br />

este pensamento, Bursztyn (1993, p. 85) assim se refere ao tema:<br />

Num mundo tendendo a reduzir a aÁ„o estatal, a quest„o ambiental se<br />

apresenta como importante exceÁ„o ‡ regra. Em toda parte (...) foram sendo<br />

criadas estruturas governamentais voltadas para a regulaÁ„o e para a<br />

fiscalizaÁ„o das atividades causadoras de danos ao meio ambiente.<br />

AtÈ mesmo os mais radicais expoentes do pensamento neoliberal viriam a<br />

admitir que neste terreno [quest„o ambiental] caberia ao Estado o papel de<br />

definiÁ„o das regras do jogo econÙmico e de assegurar o seu cumprimento.<br />

AÁıes que visem ao desenvolvimento de comunidades e regiıes, de igual<br />

forma, tÍm no Estado o seu principal agente, seja diretamente, por meio de projetos p˙blicos,<br />

seja por meio de fomento ‡ iniciativa privada, atravÈs de subsÌdios ou ren˙ncia de receitas,<br />

ambas modalidades de transferÍncia de recursos p˙blicos a entidades privadas promotoras de<br />

aÁıes de desenvolvimento de cunho econÙmico.<br />

Ali·s, È exatamente quando se reduz a quest„o ao prisma econÙmico ñ e o<br />

Brasil n„o foge ‡ regra, dada a popularizaÁ„o dos conceitos neoliberais ñ que aparecem uma<br />

sÈrie de questionamentos que devem ser respondidos ‡ luz das novas demandas sociais: (i) a<br />

perenidade do modelo de desenvolvimento adotado, j· que a sustentabilidade dos<br />

empreendimentos deve ser fator primordial nas tomadas de decis„o; (ii) a qualidade da<br />

tomada de decis„o, cristalizada na forma e na origem do planejamento; (iii) a forma como È<br />

calcada a sustentabilidade dos projetos, levando-se em conta o aproveitamento racional dos<br />

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ecursos disponÌveis; (iv) a percepÁ„o do homem como agente e ao mesmo tempo objeto da<br />

aÁ„o econÙmica, considerando-o como integrante da biodiversidade; (v) a qualidade do<br />

controle, institucional e social, dos projetos de desenvolvimento e os seus impactos no meio<br />

ambiente.<br />

Por muito tempo se pensou que o desenvolvimento econÙmico, por si sÛ,<br />

garantiria o crescente aumento na qualidade de vida das pessoas, por meio, unicamente, do<br />

aprimoramento tecnolÛgico, que possibilitaria ‡ humanidade uma inesgot·vel fonte de<br />

satisfaÁ„o de suas necessidades materiais, ou, como mencionam Morin e Kern (2000, p. 92)<br />

ìa fÈ na miss„o providencial da tecnociÍncia alimentou a certeza do progresso, as grandiosas<br />

esperanÁas do desenvolvimento futuroî.<br />

A partir dos anos 60 constatou-se que a fonte n„o era inesgot·vel e que a<br />

tecnologia, da forma como estava calcada, seria insuficiente ñ e atÈ mesmo impeditiva ñ para<br />

alcance de tais metas. A constataÁ„o das limitaÁıes ‡ exploraÁ„o dos recursos naturais e a<br />

inserÁ„o da componente ambiental nas discussıes econÙmicas refrearam os ‚nimos dos<br />

adeptos do crescimento econÙmico progressivo e ilimitado, trazendo para o centro das<br />

discussıes o conceito de desenvolvimento sustent·vel, que Binswanger (2001, p. 41) vÍ como<br />

uma alternativa ao conceito de desenvolvimento econÙmico, pois para ele, desenvolvimento<br />

sustent·vel significa ìqualificar o crescimento e reconciliar o desenvolvimento econÙmico<br />

com a necessidade de se preservar o meio ambienteî.<br />

Capra (2001), citando Brown (1981), comenta a import‚ncia que o conceito de<br />

sustentabilidade teve para o movimento ecolÛgico considerando como sustent·vel uma<br />

sociedade que satisfaz suas necessidades sem diminuir as perspectivas das geraÁıes futuras, o<br />

que nos leva ao conceito cl·ssico de sustentabilidade, elaborado a partir do RelatÛrio<br />

Brundtland (1991) como sendo aquele que atende as necessidades do presente sem<br />

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comprometer a possibilidade de as geraÁıes futuras de atenderem a suas prÛprias<br />

necessidades.<br />

Esta nova forma de se enxergar o desenvolvimento numa perspectiva<br />

sustent·vel, diferente da atÈ ent„o aplicada, mostrou o esgotamento do modelo<br />

desenvolvimentista desvinculado das limitaÁıes impostas pela possibilidade de exaust„o das<br />

fontes de recursos naturais, o que levou ao questionamento tambÈm da forma de intervenÁ„o<br />

do Estado, ou seja, a maneira como o Estado vinha intervindo por meio de aÁıes e projetos<br />

com impactos nas ·reas de desenvolvimento e de meio ambiente tambÈm passou a ser<br />

questionada, por n„o contemplar a sustentabilidade do desenvolvimento proposto.<br />

Nos projetos de desenvolvimento 1 , o Estado, que sempre foi o formulador,<br />

implantador e executor de polÌticas, passou a transferir parte de suas atribuiÁıes para alguns<br />

segmentos da sociedade. Antes mesmo das decisıes de como e onde investir em projetos<br />

p˙blicos migrarem do centro do poder estatal em direÁ„o ‡ comunidade, deu-se um<br />

movimento entre nÌveis estatais, ou seja, a transferÍncia de algumas atividades que antes eram<br />

afeitas a uma esfera estatal para outra, mais prÛxima dos benefici·rios das aÁıes. Esse<br />

movimento È observado principalmente na esfera federal, na qual a Uni„o passou a transferir<br />

atribuiÁıes aos Estados e/ou aos MunicÌpios juntamente com transferÍncias financeiras<br />

impostas e garantidas por Lei e atÈ mesmo pela ConstituiÁ„o.<br />

Veja-se, por exemplo, na ·rea de educaÁ„o, o Fundo de Desenvolvimento do<br />

Ensino Fundamental (Fundef) e a merenda escolar ñ por meio do Programa Nacional de<br />

AlimentaÁ„o Escolar (PNAE); na ·rea da sa˙de o Sistema ⁄nico de Sa˙de (SUS) e os<br />

programas pontais como o Programa de AtenÁ„o B·sica (PAB) e seus desdobramentos, a<br />

1 Apesar das restriÁıes ao termo (ao que Morin e Kern (2000) chamaram de conceito ìsubdesenvolvido), pois o<br />

desenvolvimento que se busca È o pleno e n„o apenas o econÙmico, ser· utilizada a express„o comumente (ao<br />

menos atÈ ent„o) aceita pela maioria, e expresso em obras e documentos em que se faz referÍncia a melhorias<br />

oriundas de aÁ„o estatal ou privada, resultante de inversıes financeiras.<br />

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exemplo do Programa Nacional de Combate ‡ CarÍncia Nutricional (PNCC), e, por fim, o<br />

Programa de Sa˙de da FamÌlia (PSF) e o de agentes comunit·rios de sa˙de, sÛ para citar<br />

alguns. Esta postura mostrou que a aÁ„o deveria estar vinculada ‡ proximidade dos<br />

benefici·rios, reconhecendo, a Uni„o, a sua incapacidade de gerir bem os ñ ‡s vezes ñ parcos<br />

recursos disponÌveis, enfrentando realidades t„o distintas como as encontradas na enorme<br />

diversidade cultural ao longo do Brasil.<br />

A proximidade entre o agente estatal executor e os benefici·rios da aÁ„o estatal<br />

permite n„o sÛ o tratamento adequado das questıes intervenientes de todo o processo, por ser<br />

local e bem conhecer as especificidades da cultura dominante e da sociedade objeto da aÁ„o,<br />

como tambÈm o controle da aÁ„o estatal por esta mesma sociedade, controle a ser exercido<br />

mediante a verificaÁ„o da qualidade dos serviÁos prestados, fiscalizaÁ„o da aplicaÁ„o dos<br />

recursos disponibilizados e da efetividade das aÁıes. … certo que este controle depende, e<br />

muito, do nÌvel de conscientizaÁ„o da sociedade civil do seu papel em todo o processo por<br />

meio do exercÌcio pleno do controle social 2 , 0 o mais avanÁado ñ e atÈ mesmo por isto, o mais<br />

difÌcil de ser atingido ñ mecanismo de controle da aÁ„o p˙blica.<br />

… o que se busca com uma nova forma de intervenÁ„o estatal, na qual o Estado<br />

chama a sociedade a planejar, executar e/ou fiscalizar a aplicaÁ„o de recursos p˙blicos. AtÈ<br />

mesmo pelo car·ter novel desta forma de intervenÁ„o, os recursos financeiros alocados para<br />

tais projetos s„o em regra de pequena monta ñ se considerados de forma isolada, analisados<br />

apenas por agente planejador/executor ñ mas os montantes envolvidos s„o consider·veis,<br />

quando consolidados os dados pulverizados de milhares de agentes parceiros do Estado.<br />

Como exemplo, tem-se o programa Farol do Desenvolvimento no qual o Banco do Nordeste È<br />

2 O tema ser· abordado oportunamente em capÌtulo prÛprio, entendido este como o controle exercido pela<br />

sociedade, a qual fiscaliza e cobra dos agentes p˙blicos a aderÍncia de conduta ‡s normas pactuadas, n„o sÛ<br />

aquelas positivadas (posta em Lei formal) como tambÈm ‡quelas assentadas em normas de condutas<br />

sendimentadas no seio daquela comunidade.<br />

0<br />

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o agente p˙blico fomentador de projetos que se aproximam da concepÁ„o inovadora da<br />

origem comunit·ria das demandas e do atendimento de necessidades nascidas no seio destas<br />

comunidades; pode-se ainda citar na mesma linha de aÁ„o (planejamento e execuÁ„o) o<br />

Programa de Apoio ao Pequeno Produtor (PAPP) e o Programa de Combate ‡ Pobreza Rural<br />

(PCPR), no ‚mbito dos Projetos Nordeste e S„o JosÈ, ambos financiados com recursos do<br />

Banco Mundial (BIRD) e gerenciados, em Sergipe, pela Empresa Sergipana de<br />

Desenvolvimento Sustent·vel (Pronese).<br />

Destaque-se ainda, na concepÁ„o e implantaÁ„o da forma mais participativa de<br />

atuaÁ„o p˙blica, a influÍncia (que poderia tambÈm ñ em alguns casos ñ se chamar de<br />

imposiÁ„o) de organismos internacionais de desenvolvimento, principalmente o Banco<br />

Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a ìmodismosî a que est„o<br />

expostos os paÌses em desenvolvimento, devido ‡ necessidade que os seus formuladores de<br />

polÌticas p˙blicas tÍm em apresentar pseudo-inovaÁıes como forma de justificar a<br />

manutenÁ„o de suas ìilhas de poderî 3 .<br />

As intervenÁıes que alteram o meio ambiente, por seu turno, s„o decorrentes ñ<br />

mas n„o apenas ñ de aÁıes de desenvolvimento, que por muito tempo foram relegadas a<br />

segundo plano, apoiadas na concepÁ„o dominante de inesgotabilidade do meio natural de<br />

fornecer inputs e de suportar outputs do processo de desenvolvimento puramente econÙmico.<br />

Esta vis„o permitia que os projetos estatais, por mais impactantes que fossem, n„o<br />

considerassem as conseq¸Íncias danosas ao meio ambiente 4 . E aqueles projetos que n„o<br />

tinham concepÁ„o desenvolvimentista, ou seja, eram fundados em aÁıes de intervenÁ„o na<br />

3 … comum entre gestores e formuladores de polÌticas p˙blicas a ades„o sem critÈrio a modismos, sejam<br />

econÙmicos, sejam de administraÁ„o p˙blica, uma vez que a descontinuidade de aÁıes e de polÌticas È uma triste<br />

regra, o que, associado ‡ pouca memÛria polÌtica da populaÁ„o, leva a este descompromisso com o resultado a<br />

ser alcanÁado, visando apenas ‡ criaÁ„o de factoides dos quais sÛ se servem os seus criadores.<br />

4 O conceito de meio ambiente era (e muitas vezes ainda È) sempre associado apenas ao meio natural, ‡ natureza,<br />

no sentido amplamente divulgado e aceito pelo pensamento da sociedade racional cartesiana ocidental,<br />

desconsiderando as interligaÁıes dos meios naturais, sociais e culturais em que est„o inseridos os seres humanos.<br />

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natureza (mesmo que alguns deles visassem benefÌcio econÙmico) n„o viam o meio natural de<br />

forma completa, complexa e contextual, e sim, particionada, desconsiderando o car·ter inter-<br />

relacional dos agentes naturais; como observam Morin e Kern (2000, p.167) ìa relaÁ„o do<br />

homem com a natureza n„o pode ser concebida de forma redutora nem de forma separadaî.<br />

Desse modo, o cen·rio que se observa È o de mudanÁa na postura estatal em<br />

sua forma de se relacionar como a sociedade quando se refere a projetos de desenvolvimento,<br />

saindo do centralismo estatal (mas n„o assumidamente estatizante) para a descentralizaÁ„o em<br />

favor da sociedade (mais especificamente da comunidade objeto da aÁ„o estatal, as quais<br />

seriam os nascedouros das demandas) tendo o Estado a funÁ„o de viabilizar financeiramente a<br />

concretizaÁ„o dos projetos; assim, mais uma vez, a comunidade seria chamada a atestar a<br />

efetividade dos gastos.<br />

Entretanto, nesse novo papel, o Estado n„o pode se afastar de atividades que<br />

lhes s„o prÛprias ou, em funÁ„o da natureza destas, que somente ele possa desincumbir-se<br />

satisfatoriamente.<br />

A redefiniÁ„o do Estado implicaria a reduÁ„o de suas funÁıes econÙmicas e o<br />

fortalecimento de suas funÁıes sociais e ambientais nos diferentes nÌveis; alÈm<br />

de um profundo processo de descentralizaÁ„o polÌtica.<br />

Nessa perspectiva, a qualidade ambiental È essencialmente um bem p˙blico, que<br />

somente pode ser mantido atravÈs de uma incisiva intervenÁ„o normativa e<br />

regulatÛria do Estado, complementada com incentivos de mercado.<br />

(FERREIRA, 1998, p.24)<br />

Com base nessas preocupaÁıes, o presente trabalho buscou respostas para<br />

questıes como a compatibilidade entre o discurso e a pr·tica da aÁ„o p˙blica em projetos de<br />

desenvolvimento, o nÌvel de controle social e a capacidade da sociedade em exercÍ-lo, a<br />

atuaÁ„o dos Ûrg„os institucionalmente encarregados de exercer o controle sobre a aÁ„o estatal<br />

e a efetividade de projetos p˙blicos de desenvolvimento. Para tanto, a an·lise foi situada em<br />

Sergipe, tomando como referÍncia um municÌpio do ìSert„o do Baixo S„o Francisco<br />

Sergipanoî, regi„o delimitada atravÈs de bacias hidrogr·ficas como unidade de estudo e<br />

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planejamento, mas cuja express„o polÌtico-administrativa no estado de Sergipe È composta<br />

pelos municÌpios de CanindÈ do S„o Francisco, PoÁo Redondo, Porto da Folha, Gararu,<br />

Monte Alegre e Nossa Senhora da GlÛria. Pontualmente, foram analisados os resultados do<br />

PAPP/PCPR no municÌpio de PoÁo Redondo, tomando-o como municÌpio de referÍncia<br />

regional.<br />

A escolha desse municÌpio se deveu ‡ sua representatividade regional no<br />

contexto de estudos do semi-·rido sergipano e, tambÈm, ao grande potencial modificador dos<br />

projetos p˙blicos de desenvolvimento, diante do grande volume de carÍncias que a regi„o<br />

apresenta. Assim, qualquer aÁ„o estatal, cujo objetivo seja o de melhorar as condiÁıes de vida<br />

da regi„o, poder· causar grande impacto na comunidade que ali vive, podendo trazer<br />

significativos efeitos positivos na relaÁ„o homem-natureza. Por outro lado, esses impactos<br />

poder„o ganhar uma significativa conotaÁ„o negativa quando a aÁ„o È malograda por<br />

ineficiÍncia e falta de efetividade, seja por incompetÍncia gerencial, seja por mau uso dos<br />

recursos disponibilizados, frustando as expectativas de uma comunidade pobre e com<br />

pouquÌssimas alternativas de subsistÍncia, e deixando, muitas das vezes, impactos<br />

indesej·veis, e por vezes irreversÌveis, no meio natural j· bastante fr·gil.<br />

Ao se buscar respostas para essas questıes, foi analisada a relaÁ„o entre os<br />

controles estabelecidos (sejam eles institucionais ou sociais) com a efetividade dos projetos<br />

p˙blicos de desenvolvimento no estado de Sergipe, particularmente na regi„o do sert„o do<br />

Baixo S„o Francisco. Essa an·lise utilizou estudo dos registros histÛricos sobre projetos de<br />

desenvolvimento para o semi-·rido nordestino, da an·lise da inserÁ„o da componente<br />

ambiental nas discussıes econÙmicas com impacto nas decisıes sobre projetos de<br />

desenvolvimento, da avaliaÁ„o da atuaÁ„o dos Ûrg„os de controle ñ Tribunais de Contas do<br />

Estado e da Uni„o e do MinistÈrio P˙blico Federal ñ e do controle exercido pela sociedade, e<br />

da efetividade de projetos p˙blicos no estado de Sergipe, tendo como referÍncia projetos de<br />

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irrigaÁ„o, programas financiados por meio de transferÍncias intergovernamentais (convÍnios)<br />

e programas de desenvolvimento com participaÁ„o da comunidade local.<br />

O resultado desses estudos est· apresentado em capÌtulos cuja distribuiÁ„o<br />

procurou privilegiar o entendimento da transformaÁ„o por que passou a aÁ„o estatal em alguns<br />

projetos de desenvolvimento no Nordeste, migrando do centro, representado pela aÁ„o de<br />

planejadores distantes da realidade sobre a qual se iria agir, para as prÛprias comunidades<br />

alcanÁadas pelos projetos, esta sim conhecedora de sua realidade.<br />

No histÛrico traÁado, foram considerados os projetos de desenvolvimento para<br />

o Nordeste e projetos implantados em Sergipe, bem como algumas entidades criadas com o<br />

fim especÌfico de se fomentar o desenvolvimento da regi„o, sem entrar no mÈrito dos seus<br />

trabalhos, apenas quantificando os valores alocados nos diversos projetos para se dar uma<br />

dimens„o financeira de mais de um sÈculo de ìpreocupaÁ„oî com a situaÁ„o crÙnica de<br />

desnivelamento econÙmico e social com outras regiıes do paÌs.<br />

O componente ambiental foi analisado a partir de sua inserÁ„o nas discussıes<br />

econÙmicas e com impacto nas decisıes sobre projetos de desenvolvimento, pois È ineg·vel<br />

que n„o se pode mais pensar em qualquer aÁ„o, seja ela p˙blica ou privada, grandiosa ou de<br />

pequeno porte, sem levar em consideraÁ„o as suas potenciais conseq¸Íncias para o meio<br />

ambiente. A inserÁ„o do componente ambiental na discuss„o econÙmica È recente e traz<br />

consigo a necessidade de estendÍ-lo aos mais variados debates, sejam eles polÌticos,<br />

empresariais, acadÍmicos ou cientÌficos. Nesse sentido, os trabalhos que procuram discutir as<br />

formas como a sociedade tem se relacionado com o assunto e o que essa sociedade pretende<br />

deixar como legado, associando sua necessidade de desenvolvimento com a tambÈm<br />

necessidade de perenidade deste desenvolvimento, por si sÛ j· carregam o componente de<br />

validade e legitimam o esforÁo desprendido para a sua execuÁ„o.<br />

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O presente estudo n„o foge a esta regra; ao execut·-lo, procurou-se instigar o<br />

debate acerca de questıes cruciais com que se depara a sociedade, tais como: de que forma<br />

atender ‡ demanda crescente por crescimento econÙmico de regiıes pobres sem comprometer<br />

a perenidade do crescimento, o desenvolvimento humano e as geraÁıes futuras? Os projetos<br />

p˙blicos implementados traziam consigo o conceito de sustentabilidade? … feita tambÈm uma<br />

an·lise da inserÁ„o da preocupaÁ„o ambiental nos normativos dos Ûrg„os institucionais de<br />

controle p˙blico.<br />

O controle, como um dos enfoques do trabalho, foi introduzido por meio da<br />

caracterizaÁ„o dos Ûrg„os institucionalizados para exercer a fiscalizaÁ„o da aÁ„o p˙blica, n„o<br />

mais apenas como meros verificadores da conformidade cont·bil de gestores de recursos<br />

p˙blicos, no caso especÌfico dos tribunais de contas, mas, e principalmente, como<br />

fiscalizadores do patrimÙnio p˙blico, nele incluÌdo o meio ambiente. Foi ainda abordado o<br />

controle social, como uma das formas de controle n„o institucional, mas que melhores<br />

resultados se pode alcanÁar, fazendo distinÁ„o entre os diversos nÌveis de evoluÁ„o social e<br />

entre sociedades diferentes.<br />

Por fim, uma an·lise sobre a efetividade de projetos p˙blicos em Sergipe,<br />

tomando para exame os programas de desenvolvimento de pequenas comunidades, na ·rea<br />

delimitada para o estudo, pontuando com an·lises sobre os projetos de irrigaÁ„o e as aÁıes<br />

financiadas por meio de convÍnios com a Uni„o. Nos programas para pequenas comunidades,<br />

estudou-se o PAPP e o PCPR, aprofundando a an·lise de forma crÌtica e apontando<br />

responsabilidades por sucessos e insucessos. As an·lises se prenderam aos aspectos de<br />

controle e de efetividade de cada um dos projetos, suas intervenientes causais e conseq¸entes.<br />

Na an·lise do PAPP e PCPR, foram postos ‡ prova o discurso e a pr·tica da<br />

mencionada descentralizaÁ„o, por meio de pesquisa de campo, na qual se buscou verificar se a<br />

propalada ascens„o da comunidade ‡ condiÁ„o de ìformuladoresî de polÌticas de<br />

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desenvolvimento, por meio da escolha de onde e como investir recursos p˙blicos estava<br />

ocorrendo de fato ou se as velhas estruturas que h· muito dominam o cen·rio da regi„o<br />

continuam se constituindo em Ûbices ‡ inovaÁ„o benÈfica, o que, conforme defende Gil<br />

(1995) mostra que alÈm do interesse cientÌfico das questıes de pesquisa, h· o interesse pr·tico<br />

do resultado das discussıes.<br />

As conclusıes apresentadas ao final se constituem em um apanhado dos<br />

achados de pesquisa do farto material analisado, transformados em juÌzo de valor, o mais<br />

imparcial possÌvel, procurando apenas refletir a realidade observada sem descurar da<br />

imparcialidade prÛpria de um trabalho acadÍmico.<br />

… importante, pois, que as discussıes advindas do presente trabalho encontrem<br />

amparo nos agentes envolvidos ou impactados pelos problemas discutidos, suas implicaÁıes e<br />

repercussıes em seu desenvolvimento, ou seja, que haja o que Perelman e Olbrechts-Tyteca<br />

(2002) chamam de contato dos espÌritos, uma vez que n„o basta escrever, h· que ser lido.<br />

Afinal, mesmo correndo o risco de um antropocentrismo exacerbado ñ o objeto principal de<br />

estudo ainda È o homem ñ h· que se reconhecer que n„o h· como desvincular a quest„o<br />

ambiental (entendida aqui ainda com o significado restrito de meio natural/natureza) da<br />

quest„o sÛcio-econÙmica, no qual o homem est· inserido. As relaÁıes entre homem e natureza<br />

e as implicaÁıes sociais, econÙmicas, jurÌdicas, polÌticas e culturais desta associaÁ„o, o coloca<br />

como objeto e destinat·rio do estudo.<br />

Quando se distingue homem de natureza, evidentemente È uma referÍncia ‡<br />

clara percepÁ„o errÙnea do homem moderno como ser apartado da natureza, pois como<br />

observa GonÁalves (2000, p. 75) ìn„o s„o os homens enquanto categoria genÈrica que est„o<br />

destruindo a natureza, mas sim o homem sob determinadas formas de organizaÁ„o socialî ao<br />

que chamamos de homem moderno.<br />

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O aspecto antropocÍntrico do trabalho se caracteriza ainda na medida em que<br />

considera o homem como objeto e destinat·rio do estudo. Objeto do estudo, pois, È ele quem<br />

formula e sobre ele È aplicada a polÌtica p˙blica. Destinat·rio, porque È para ele que ser„o<br />

dirigidas as conclusıes, apontando possibilidades e perspectivas e tambÈm para ele ser„o<br />

dirigidas as crÌticas sobre os projetos ineficazes ou deturpados, em especial aqueles que n„o<br />

passaram de promessas apostas sobre um papel e que tÍm condenado o semi-·rido nordestino<br />

ao cumprimento de uma sentenÁa perversa e injusta.<br />

Mesmo reconhecendo diferenÁas conceituais entre planos, programas e<br />

projetos, importa ressaltar que, para o presente trabalho, os planos, programas e projetos ser„o<br />

tratados todos como projetos, de forma a unificar e melhor compreender os diversos<br />

instrumentos de polÌticas p˙blicas. Assim, em que pese poder haver distinÁ„o na denominaÁ„o<br />

de algumas aÁıes de intervenÁ„o estatal no semi-·rido nordestino, todas ser„o tratadas de<br />

igual maneira para efeito de comparaÁ„o, desde que possuam similitude e se caracterizem<br />

como um instrumento de que dispıe o Estado para a implementaÁ„o de sua polÌtica de<br />

desenvolvimento e para o meio ambiente. Somente quando da an·lise do PAPP e PCPR È que<br />

se utilizar· a express„o ìprojetosî como forma de designar as demandas das comunidades<br />

materializadas em uma obra, serviÁo ou aquisiÁ„o de bens.<br />

Foram pesquisadas informaÁıes e trabalhos desenvolvidos a respeito de<br />

projetos p˙blicos de desenvolvimento no semi-·rido sergipano, em especial o Sert„o do Baixo<br />

S„o Francisco, tomando-se como base os resultados alcanÁados e os impactos relacionados ‡s<br />

comunidades atingidas. Foram pesquisadas v·rias formas de intervir, analisando suas<br />

diferenÁas e aperfeiÁoamentos porventura existentes utilizando-se como fonte, informaÁıes e<br />

dados de instituiÁıes como Sudene, Departamento Nacional de Obras contra a Seca<br />

(DNOCS), Companhia de Desenvolvimento do Vale do S„o Francisco (Codevasf), Pronese,<br />

Banco do Nordeste (BNB), Tribunal de Contas da Uni„o (TCU), Tribunal de Contas do<br />

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Estado de Sergipe (TCE-SE), ServiÁo Brasileiro de Apoio ‡s Micro e Pequenas Empresas<br />

(Sebrae) e outras, alÈm de trabalhos acadÍmicos desenvolvidos sobre o tema.<br />

Na pesquisa de campo foram analisados aspectos como aderÍncia dos projetos<br />

‡s necessidades das comunidades, cumprimento dos objetivos propostos, populaÁ„o atingida e<br />

pertinÍncia dos projetos, considerando o completo e permanente aproveitamento dos<br />

investimentos destinados aos projetos, tendo como vari·veis a origem das demandas, n˙mero<br />

de projetos executados apenas parcialmente - em comparaÁ„o com o todo, n˙mero de famÌlias<br />

atingidas, recursos alocados para cada projeto e vida ˙til dos objetos dos projetos. A<br />

finalidade da pesquisa foi conhecer e analisar as polÌticas p˙blicas sobre o tema com o intuito<br />

de fornecer base para o entendimento de como a aÁ„o estatal vem procedendo na regi„o.<br />

Assim, segundo o esquema preconizado por Bruyne (1991), a pesquisa passou pela coleta de<br />

informaÁıes, seleÁ„o e processamento de dados e reduÁ„o a ìfatosî, estes expostos na<br />

conclus„o do trabalho.<br />

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2 ECONOMIA E MEIO AMBIENTE<br />

A emergÍncia da economia como a ciÍncia que mais tem permeado nossas<br />

vidas, pontuando as aÁıes dos mais diversos setores da sociedade, n„o È nova, mas se tem<br />

acentuado desde meados do sÈculo passado.<br />

A economia desempenha um papel central na formaÁ„o das atividades do<br />

mundo moderno, visto fornecer os critÈrios do que È ëeconÙmicoí e do que È<br />

ëantieconÙmicoí, e n„o existir outro conjunto de critÈrios que exerÁa maior<br />

peso, tanto nas aÁıes de indivÌduos e grupos como dos governos.<br />

(SCHUMACHER, 1977, p.34)<br />

Os modelos econÙmicos desenvolvidos para conduzir, orientar e predizer os<br />

rumos da sociedade moderna foram amplamente aceitos atÈ que o modelo dominante passou a<br />

n„o encontrar respostas, ou esquivar-se delas, quando defrontado com a possibilidade de<br />

esgotamento de um dos pilares em que se sustentava, em que pese a sua incapacidade de<br />

admiti-lo como tal: o meio ambiente, aqui entendido como a sociedade e a natureza<br />

interligadas de forma indissoci·vel. N„o sem raz„o, Morin e Kern (2000, p. 160) consideram<br />

a economia como:<br />

a ciÍncia social matematicamente mais avanÁada (...) e humanamente mais<br />

atrasada, pois se abstraiu das condiÁıes sociais, histÛricas, polÌticas,<br />

psicolÛgicas e ecolÛgicas insepar·veis das atividades econÙmicas. Por isso<br />

seus especialistas s„o cada vez mais incapazes de interpretar as causas e<br />

conseq¸Íncias das perturbaÁıes monet·rias e financeiras, de prever e prÈdizer<br />

o curso econÙmico, mesmo a curto prazo.<br />

Essa postura, aparentemente intencional, de n„o reconhecer o meio ambiente<br />

como i) fornecedor de recursos e receptor de dejetos; ii) espaÁo onde se d„o as interaÁıes<br />

entre processos naturais e socioculturais e iii) habitat em sentido amplo (VIEIRA, 1992),<br />

levou ‡ possibilidade de esgotamento dos recursos ante a aÁ„o antrÛpica amparada pela<br />

ìcegueiraî do modelo econÙmico. O homem ocidental (e o ocidentalizado) se viu perplexo<br />

diante da falta de respostas para os novos enfrentamentos que se dariam dali por diante. Se h·<br />

alguns anos o conceito de desenvolvimento estava hermeticamente contido em duas opÁıes<br />

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excludentes, mas que se auto consideravam suficientes, agora a modelo È ˙nico e, mais do que<br />

nunca, insuficiente.<br />

De fato, quando a dicotomia comunismo/capitalismo dominava a cena, cada<br />

sistema propalava a sua capacidade de promover o progresso da humanidade, mas ambos<br />

estavam lastreados no que Morin e Kern (2000) chamaram de descontrolada corrida da trÌade<br />

ciÍncia/tÈcnica/ind˙stria. A base desses dois sistemas sÛcio-polÌticos sendo a mesma, n„o<br />

havia como resultar diferenÁas no trato com o meio ambiente, diferenciado-os apenas pela<br />

forma de organizaÁ„o econÙmica. Seja por meio da prevalÍncia do mercado, seja pela<br />

planificaÁ„o estatal, ambos desconsideraram o meio ambiente nas decisıes econÙmicas e, o<br />

que È pior, ignoraram os ecossistemas e suas capacidades de regeneraÁ„o, induzindo toda a<br />

humanidade ‡s conseq¸Íncias da mudanÁa provocadas nos fluxos naturais. No m·ximo, o<br />

modelo considerava como externalidades ambientais, e isso de algum tempo para c·, as<br />

agressıes ao meio ambiente e os custos de sua degradaÁ„o gerados pela produÁ„o, como<br />

observa Silverstein (1993, p.28):<br />

Em dÈcadas recentes, os economistas reconheceram a necessidade de<br />

contabilizar os enormes custos trazidos pela poluiÁ„o intensiva. Entretanto,<br />

fazem isso de maneira limitada que se relaciona como o que È chamado, no<br />

jarg„o econÙmico, de ìinternalizar as externalidadesî, via regulamentaÁıes.<br />

O resultado È a situaÁ„o preocupante em que se encontra o planeta, com<br />

aumento da temperatura global e do buraco na camada de ozÙnio, diminuiÁ„o da<br />

biodiversidade, e uma sÈrie de outras mudanÁas prejudiciais ‡ vida em geral. Por se ter saÌdo<br />

vitorioso no embate com o comunismo (e a histÛria costuma ser cruel com os derrotados), os<br />

defensores do capitalismo continuam a firmar posiÁ„o quanto a capacidade de se superar os<br />

obst·culos por vir, considerando ser esta mais uma crise, a qual o sistema saber· contornar<br />

como j· o fez em outras oportunidades, sempre apoiado na crenÁa da genialidade humana e<br />

seus aparatos tecnolÛgicos.<br />

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Foi graÁas ‡ ciÍncia que se conseguiu feitos enormes para a humanidade (com<br />

a populaÁ„o atual n„o seria possÌvel alimentar tanta gente com os sistemas e tÈcnicas de<br />

produÁ„o vigentes h· 500 anos) mas esta mesma ciÍncia e estes mesmos benefÌcios trouxeram<br />

consigo uma vasta gama de problemas inimagin·veis. Basta lembrar a capacidade da ciÍncia<br />

moderna em criar elementos antes inexistentes e sobre os quais a natureza n„o est· preparada<br />

para lidar.<br />

A ërevoluÁ„o verdeí, levada a efeito em algumas ·reas mais favorecidas do<br />

Terceiro Mundo, lanÁou m„o de fertilizantes artificiais, pesticidas quÌmicos,<br />

sementes hÌbridas e irrigaÁ„o; tudo isso criou problemas que sÛ agora<br />

comeÁamos a avaliar (SCHWARZ, 1990, p.103)<br />

Os processo econÙmicos amparados na ciÍncia da economia n„o fogem a esta<br />

situaÁ„o, pois cria modelos de utilizaÁ„o da natureza que afetam o meio ambiente sem que<br />

seja levada em conta a capacidade deste meio de reagir, utilizando-o, desprezando-o,<br />

depredando-o.<br />

A an·lise econÙmica tradicional concentra-se no problema da troca de riqueza<br />

entre os membros de uma economia, focalizando o papel das preferÍncias dos<br />

consumidores, das tecnologias e da dotaÁ„o de capital para a existÍncia e<br />

estabilidade dos equilÌbrios de mercado. (CLEVELAND e RUTH, 2001, P.133)<br />

Nesse sentido, Daly (2001) traz importante observaÁ„o ao questionar o<br />

paradigma usualmente aceito de se considerar a economia como um sistema total ao invÈs de<br />

um subsistema. Ele explica que no paradigma da economia com um sistema ela poderia ser<br />

graficamente representada por meio de um ret‚ngulo, chamado de economia, com inputs que<br />

seriam os insumos e outputs que seria a produÁ„o. Tal representaÁ„o È descabida, por sua<br />

incompletude, j· que n„o h· indicaÁ„o de onde provÍm as entradas e nem para onde v„o as<br />

saÌdas. J· no paradigma da economia como subsistema, tal representaÁ„o estaria inserida em<br />

um sistema maior, o meio ambiente. Esta forma explica de onde vÍm as matÈrias primas, os<br />

insumos, e para onde vai o resultado da transformaÁ„o, os produtos, conforme a representaÁ„o<br />

gr·fica:<br />

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Figura 1 - RelaÁ„o entre a Economia e o Meio Ambiente<br />

Meio Ambiente<br />

Dessa forma, a relaÁ„o entre o meio ambiente e a economia ficaria clara ñ<br />

especificamente no sentido de que a economia È um subsistema do meio<br />

ambiente e depende dele tanto como fonte de insumos e de materiais como<br />

depÛsito para o lanÁamento da produÁ„o de lixo. O texto que acompanharia o<br />

diagrama deveria explicar que o meio ambiente sustenta a economia fisicamente<br />

pela regeneraÁ„o dos insumos de baixa entropia de que ela necessita e pela<br />

absorÁ„o do lixo de alta entropia que ela n„o consegue evitar de gerar, da<br />

mesma forma que fornecendo outros serviÁos ecolÛgicos sistÍmicos. (DALY,<br />

2001, p.180)<br />

ìQu„o grande È o subsistema relativamente ao sistema total? Qu„o grande ele<br />

pode ser sem desarrumar o funcionamento do sistema total?î Pegunta Daly (2001, p.181),<br />

Dimensionar a proporÁ„o do subsistema em relaÁ„o ao sistema seria o desafio do<br />

desenvolvimento sustent·vel, o qual teria a difÌcil tarefa de conciliar interesses que s„o, na<br />

maioria das vezes, antagÙnicos.<br />

inputs outputs<br />

Economia<br />

A ConferÍncia de Estocolmo em 1972 pode ser considerada como um marco na<br />

inserÁ„o da quest„o do desenvolvimento econÙmico vinculado ‡ preocupaÁ„o com o meio<br />

ambiente, o que decorreria na elaboraÁ„o de termos como desenvolvimento sustent·vel.<br />

Entretanto, as discussıes acadÍmicas contrastam, na essÍncia, com as preocupaÁıes dos<br />

paÌses ricos que vÍm na escassez de recursos naturais o comprometimento do padr„o de vida<br />

que construÌram e querem manter no futuro. Ao mesmo tempo em que desfraldam a bandeira<br />

do desenvolvimento, como forma de garantir mercado para os seus produtos, os paÌses ricos<br />

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procuram minar os esforÁos de naÁıes mais pobres em ver o seu padr„o de vida melhorado (‡s<br />

custas de uma certa dose de degradaÁ„o ambiental, como j· fizeram os ricos) com restriÁıes<br />

de natureza polÌtica e comercial, com o argumento declarado de proteÁ„o dos recursos<br />

naturais para as futuras geraÁıes de todo o planeta, mas visando, a curto prazo, evitar o<br />

esgotamento das matÈrias primas de que precisam para manter o atual nÌvel de<br />

ìdesenvolvimentoî e conforto prÛprios.<br />

Na verdade, subentende-se que os paÌses ricos n„o est„o preocupados com todos<br />

os habitantes do planeta, o que fica nas entrelinhas È que o processo de<br />

exploraÁ„o promovido pelos ricos, tornou-se t„o selvagem que essas naÁıes<br />

ricas temem pelo fim das fontes de recursos, como tambÈm das reservas<br />

existentes nos paÌses pobres, o que afetaria o nÌvel de consumo e de conforto<br />

dos paÌses ricos. (FONSECA, VARGAS e BASTOS, 1997, p. 9)<br />

Gomes (1995) afirma n„o ter d˙vidas de que entre a pobreza sem degradaÁ„o<br />

ambiental e a possibilidade de se sair do estado miser·vel em que se encontram populaÁıes<br />

inteiras do Nordeste Brasileiro com algum dano ambiental, È preferÌvel a segunda opÁ„o. De<br />

fato, para quem j· utilizou os recursos naturais de forma predatÛria para alcanÁar o padr„o de<br />

vida atual, como o fizeram os paÌses ricos, È f·cil criticar e impor argumentos priorizando a<br />

preservaÁ„o ambiental em detrimento de aÁıes que visam o crescimento econÙmico<br />

concomitante ao desenvolvimento social. Segundo Gomes (1995, p. 14) ì[...] nas condiÁıes<br />

em que vive a maioria da populaÁ„o nordestina, nada È mais importante do que o atendimento<br />

a necessidades b·sicas, e isto n„o pode ser alcanÁado sem o crescimento econÙmico.î<br />

Daly (2001) propıe soluÁıes que ele mesmo considera ìdolorosamente<br />

Ûbviasî: controle populacional, redistribuiÁ„o de renda e melhoria na produtividade. A esse<br />

respeito, j· em 1974, quando da realizaÁ„o da primeira conferÍncia internacional sobre<br />

populaÁ„o, e novamente em 1984, ano da segunda conferÍncia, ambas promovidas pela<br />

OrganizaÁ„o das NaÁıes Unidas (ONU), chegou-se ‡ conclus„o de que as medidas para o<br />

controle da natalidade e para a reduÁ„o da pobreza eram necess·rias para a necess·ria reduÁ„o<br />

das taxas de crescimento da populaÁ„o mundial (SEITZ, 1991). Afora o debate infrutÌfero<br />

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entre ricos e pobres sobre se a raz„o pelo subdesenvolvimento era a explos„o demogr·fica ou<br />

vice-versa, chama atenÁ„o a posiÁ„o dos Estados Unidos, paÌs que se isolou ao tentar impor o<br />

crescimento econÙmico intensivo como ˙nica soluÁ„o para as mazelas dos paÌses pobres,<br />

corol·rio do modelo econÙmico que o governo Reagam tentava disseminar de forma<br />

impositiva para o resto do mundo, em especial para os paÌses em desenvolvimento.<br />

Situando no caso brasileiro, Cavalcanti (2001) defende o uso de recursos<br />

naturais n„o renov·veis de forma adequada, com o propÛsito de postergar ao m·ximo a sua<br />

extinÁ„o, j· que s„o irremediavelmente finitos; e o uso dos recursos renov·veis, respeitando-<br />

se suas capacidades de regeneraÁ„o e absorÁ„o de impactos. Segundo o autor, a forma<br />

adequada de uso de recursos naturais n„o renov·veis È aquela em que eles s„o considerados<br />

como um ativo e n„o como renda, como usualmente È feito. Ao explorar uma jazida de um<br />

minÈrio, por exemplo, est·-se consumindo um ativo ao invÈs de gerando renda, pois o<br />

consumo continuado levaria ‡ exaust„o da jazida, fazendo com que tal minÈrio deixasse de<br />

existir. Os sistemas de contabilidade nacional, de quantificaÁ„o do Produto Interno Bruto<br />

(PIB) de um paÌs, continuam a considerar como renda ñ portanto, refletindo positivamente nas<br />

contas nacionais ñ a depreciaÁ„o, via consumo, de um ativo. Ao inverter essa lÛgica, estar-se-<br />

ia mensurando adequadamente o valor dos recursos naturais n„o renov·veis e a sua real<br />

dimens„o no processo de geraÁ„o de riqueza de uma naÁ„o.<br />

Isso demonstra como aÁıes, procedimentos ou polÌticas p˙blicas podem agir<br />

como incentivadores ‡ degradaÁ„o ou preservaÁ„o dos recursos naturais disponÌveis.<br />

Cavalcanti (2001) considera, assim como Daly (2001), a necessidade de subordinar a<br />

economia ‡s limitaÁıes impostas pelos ciclos naturais ao que chamou de ìfluxo metabÛlico<br />

sustent·velî, atravÈs da qualificaÁ„o do crescimento econÙmico, pois segundo ele:<br />

Sustentabilidade quer dizer o reconhecimento de limites biofÌsicos colocados,<br />

incontornavelmente, pela biosfera no processo econÙmico. Esta È uma<br />

percepÁ„o que sublinha o fato de que a primeira (a ecologia) sustenta o ˙ltimo<br />

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(a economia), dessa forma obrigando-o a operar em sintonia com os princÌpios<br />

da natureza. O discurso oficial, entretanto, gira em torno da idÈia de que o<br />

desenvolvimento sustent·vel pode ser conquistado com crescimento infinito<br />

desde que certas ressalvas de proteÁ„o ambiental sejam observadas. Esta noÁ„o<br />

difere muito da compreens„o de que meio ambiente deve ser visto como fonte<br />

derradeira de certas funÁıes, sem as quais a economia simplesmente n„o pode<br />

existir ou operar, e cujos ritmos determinam a velocidade do que pode ser feito.<br />

(CAVALCANTI, 2001, p.38)<br />

Viola e Reis (1992) identificam trÍs categorias de atores no trato da quest„o<br />

ambiental, especialmente como idealizadores de versıes de desenvolvimento sustent·vel: a<br />

estatista, a comunit·ria e a empresarial. A predominante, a estatista, È associada ‡ elaboraÁ„o<br />

de polÌticas e ‡s agÍncias ambientais e È a mais disseminada em todo mundo. A comunit·ria,<br />

por desconfiar do Estado e do mercado como alocadores de recursos, vem ganhando espaÁo<br />

graÁas ‡ possibilidade de maior controle e da maior participaÁ„o da sociedade civil. J· a<br />

empresarial, por seu enfoque no princÌpio da eficiÍncia alocativa em detrimento da equidade<br />

social, sÛ encontra espaÁo entre os defensores do mercado e de alguns economistas,<br />

notadamente aqueles que vÍm a economia como sistema isolado, desvinculado do meio que<br />

lhe serve como fonte de recursos e absorvedor de produtos. Independente da categoria, a<br />

relaÁ„o do modelo econÙmico dominante com a natureza È a peÁa chave para se entender a<br />

premÍncia de discussıes e estudos sobre a quantidade e a qualidade que se deseja e/ou se<br />

pode de crescimento econÙmico.<br />

N„o se vislumbre, entretanto, a pretens„o ecolÛgica atual como uma quimera<br />

em que o homem se integre ‡ natureza face ‡ exclusiva preocupaÁ„o com a sua degradaÁ„o.<br />

Como dito, o componente econÙmico e social È o determinante para esta integraÁ„o.<br />

Cairncross (1992, p. 59) comenta como internalizar o ideal da conservaÁ„o ambiental:<br />

Depois de anos argumentando a favor da conservaÁ„o pela conservaÁ„o, alguns<br />

ambientalistas mudaram de sintonia. ComeÁaram a perceber que existem<br />

melhores perspectivas de se conservarem as espÈcies e terras virgens se as<br />

pessoas se convencerem de que talvez valha a pena conservar. Por mais que os<br />

economistas se esforcem para atribuir opÁ„o, heranÁa ou outros valores ‡<br />

natureza, È mais prov·vel que as pessoas levem a sÈrio a conservaÁ„o se<br />

perceberem que o fracasso em pratic·-la ir· custar-lhes muito dinheiro,<br />

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enquanto o sucesso ir· trazer-lhes recompensas concretas. Em particular, a<br />

comunidade local somente se converter· em aliada do conservacionismo se<br />

puder ver que ao pratic·-lo ir· aumentar seus rendimentos.<br />

Observa-se, portanto, que as formas de se ver o meio ambiente e a economia<br />

s„o determinantes para a elaboraÁ„o e implementaÁ„o de polÌticas p˙blicas, especialmente em<br />

regiıes como o semi-·rido nordestino cujas demandas por aÁıes, que de fato atendam ‡s reais<br />

necessidades, s„o t„o urgentes.<br />

O embate maior parece ser entre os defensores do desenvolvimento<br />

diferenciado para os paÌses que ainda n„o atingiram os nÌveis considerados satisfatÛrios de<br />

progresso e bem estar social, mesmo que associado a algum tipo de degradaÁ„o ambiental e<br />

aqueles que defendem o congelamento do desenvolvimento nos moldes dominante e que tanto<br />

dano vem causando ao meio ambiente e que potencialmente È condenatÛrio da humanidade,<br />

admitindo-se apenas aqueles em que se leve em conta a sustentabilidade ambiental. Nessa<br />

discuss„o È preciso levar em conta que o homem integra o meio ambiente para que n„o se caia<br />

na tentaÁ„o de recrudescer o ìecologismoî vazio ou o humanismo individual reducionista,<br />

ambos desprovidos de raz„o.<br />

No embate, sobressai a quest„o polÌtica de dominaÁ„o dos paÌses ricos sobre os<br />

pobres, os quais n„o tÍm outra saÌda sen„o a do desenvolvimento. Se os ricos acham que n„o<br />

se pode mais buscar o desenvolvimento a qualquer preÁo, que paguem por isso; afinal a<br />

agonia planet·ria (Morin e Kern, 2000) atinge a todos e enquanto os paÌses subdesenvolvidos<br />

n„o atingirem os nÌveis mÌnimos de bem estar sÛcio-econÙmico, v„o continuar a sua busca<br />

mesmo que a custa de degradaÁ„o da natureza. Algo como o conceito de poluidor-pagador de<br />

efeito retardado, resgatando o direito a compensaÁıes para aqueles que n„o contribuÌram para<br />

o estado de degradaÁ„o atual e, em decorrÍncia, est„o muito abaixo do nÌvel de<br />

desenvolvimento econÙmico daqueles que hoje se arvoram no direito de tolher esta busca.<br />

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AlÈm disso, como j· fora tentado por diversas vezes, o controle sobre o<br />

desenvolvimento de paÌses perifÈricos È uma forma de se preservar mercados e evitar a<br />

concorrÍncia. Nessa lÛgica, quanto mais cedo eles atingirem o patamar desejado, mais<br />

facilmente os impactos sobre os recursos naturais ser„o otimizados, ao mesmo tempo em que<br />

se constituir„o em mercados potencialmente mais avanÁados. Resta, entretanto, a<br />

concorrÍncia, mas segundo a receita dominante, os mercados se auto regulariam por meio da<br />

vocaÁ„o de cada regi„o em melhor produzir determinados produtos.<br />

A quest„o, no entanto, È bastante complicada, uma vez que v·rios paÌses ricos<br />

n„o se contentam com nenhuma das opÁıes apresentadas para o desenvolvimento futuro, pois<br />

querem continuar a atuar no modelo de desenvolvimento predatÛrio, onde os pobres<br />

permanecer„o pobres, apenas com o mÌnimo necess·rio para continuar a comprar os seus<br />

produtos. Basta observar a resistÍncia do EUA em participar de conferÍncias internacionais<br />

sobre o assunto e atÈ mesmo de assinar acordos internacionais de preservaÁ„o ambiental, pois<br />

eles implicam em reduzir o seu ritmo de desenvolvimento predatÛrio, como È o caso do<br />

protocolo de Kioto. Os mesmos paÌses ricos que por muito tempo poluÌram e degradaram o<br />

ambiente agora se arvoram no direito de dizer como outros paÌses (o pobres, certamente)<br />

devem conduzir suas polÌticas de desenvolvimento e meio ambiente.<br />

Mesmo aqueles que se apresentam como paÌses mais avanÁados quanto ao trato<br />

da quest„o ambiental se mostram mais retÛricos do que pr·ticos. PolÌticas ambientais s„o<br />

propostas e aplicadas sem que necessariamente se faÁam sentir resultados verdadeiramente<br />

efetivos na qualidade ambiental de tais paÌses, o que evidencia ser a quest„o ambiental de<br />

‚mbito mundial e local ao mesmo tempo. McCormick (2001) mostra como o conjunto de<br />

normas polÌtico-ambientais da Uni„o EuropÈia n„o foi suficiente para se assegurar que o meio<br />

ambiente estaria seguro a partir de ent„o, pois elas foram implementadas, muitas das vezes,<br />

sob a forte influÍncia da prÛpria ind˙stria e, portanto, s„o viciadas desde o nascedouro. AlÈm<br />

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disso, isoladamente cada membro da Uni„o È incapaz de assegurar o bem estar ambiental<br />

somente com seus normativos legais, cuja competÍncia se restringe ‡s suas fronteiras.<br />

Por fim, contrastando com a corrente dominante quando o assunto e<br />

desenvolvimento sustent·vel, ou a sustentabilidade de projetos de desenvolvimento,<br />

Montibeller-Filho (2001) faz observaÁıes quanto a real possibilidade de predomÌnio da<br />

racionalidade ambiental quando das decisıes relativas a investimentos em bases capitalistas,<br />

questionando se a economia capitalista pode vir a se tornar sustent·vel ambiental e<br />

socialmente. Cita como exemplo, a exploraÁ„o ecologicamente correta de determinado<br />

produto e que, em funÁ„o deste diferencial, consegue penetrar em mercados ecologicamente<br />

conscientes e maduros, e em conseq¸Íncia, cobrar um diferencial econÙmico por isto, via<br />

preÁo mais alto que os produtos similares produzidos no sistema tradicional. Apesar do<br />

diferencial ecolÛgico de sua produÁ„o, a comercializaÁ„o se assenta em bases capitalistas,<br />

pois identifica nichos especÌficos de mercado ñ dispostos a pagar mais ñ procurando<br />

maximizar os ganhos. Entretanto, na medida em que outros produtores identifiquem neste tipo<br />

de produÁ„o a mesma possibilidade de ganho e passem a tambÈm produzir nas mesmas bases,<br />

todo o sistema de preÁo se regular·, retirando a vantagem competitiva inicial, diminuindo<br />

assim os incentivos que inicialmente levaram a produzi-los.<br />

O ganho extraordin·rio que os capitalistas individuais acumulam no princÌpio È<br />

tempor·rio e desaparece logo que os demais capitalistas adotam a mesma<br />

tecnologia ou mudam para situaÁıes igualmente vantajosas. (HARVEY, 1990<br />

apud MONTIBELLER-FILHO, 2001).<br />

A esse respeito, Middlenton e OíKeefe (2001) expıem as limitaÁıes quanto a<br />

sustentabilidade ambiental de projetos econÙmicos em funÁ„o das regras de mercado<br />

capitalistas a que todos devem se sujeitar para se tornarem vi·veis.<br />

Considerando todas as variantes econÙmicas e ambientais, as limitaÁıes do<br />

crescimento econÙmico como medida de desenvolvimento, a real sustentabilidade da<br />

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economia, tanto em escala local como regional - e, o que È mais importante, somente com<br />

uma a aÁ„o conjunta e integrada, na qual participem os diversos atores envolvidos, polÌticos,<br />

sociedade, classes produtoras e legisladores ñ È que se pode propiciar uma melhor efetividade<br />

em projetos de desenvolvimento em regiıes como o semi-·rido nordestino, aprendendo a<br />

conviver com a seca, tirando da regi„o o substrato de sua existÍncia e do seu desenvolvimento<br />

pleno, sem que isto signifique degradaÁ„o ambiental progressiva e irreversÌvel,<br />

comprometendo a sua utilizaÁ„o pelas geraÁıes futuras.<br />

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3 PROJETOS P⁄BLICOS DE DESENVOLVIMENTO<br />

O Nordeste Brasileiro, ao longo de sua histÛria, tem sido considerado regi„o<br />

problema, sobre a qual muito se tem estudado e debatido, buscando formas de melhor integr·-<br />

la ao restante do paÌs, especialmente ‡ regi„o Sul, considerada mais desenvolvida. As<br />

adversidades clim·ticas a que est· sujeita boa parte do Nordeste, aliadas ‡ estrutura polÌtica e<br />

cultural dominante, constitui-se, ao mesmo tempo, em ìcombustÌvelî e pretexto para as aÁıes<br />

dos poderes p˙blicos na forma de intervenÁıes de cunho econÙmico, seja diretamente, por<br />

meio de projetos de desenvolvimento, seja indiretamente atravÈs de subsÌdios e incentivos.<br />

A histÛria, entretanto, tem mostrado uma realidade perversa, na qual, por<br />

razıes sobejamente conhecidas - mas escondidas por tr·s da m·scara do assistencialismo e<br />

caracterizada como a forma populista de autuaÁ„o polÌtica - os grupos dominantes tÍm<br />

perpetrado a situaÁ„o de dependÍncia do nordestino pobre como forma de manutenÁ„o do<br />

poder, transformando aÁıes que deveriam resolver problemas regionais em moeda de troca<br />

polÌtica, desvirtuando e desviando dos objetivos, ao menos explÌcitos, a que se propunham.<br />

Do coronelismo, ainda presente, aos novos redentores, todos tÍm mantido a populaÁ„o carente<br />

nordestina (aquela que fato sofre com o atraso da regi„o) em massa de manobra, utilizando-se<br />

de seculares artifÌcios para a ascens„o ou perpetuaÁ„o no poder, artifÌcios estes quase que<br />

obrigatÛrios na realidade polÌtico-eleitoral brasileira.<br />

N„o fosse assim, boa parte da regi„o n„o apresentaria t„o baixos Ìndices de<br />

desenvolvimento econÙmico e t„o prec·rias condiÁıes sociais, em que pese os elevados<br />

investimentos p˙blicos j· realizados. O desenvolvimento em sua plenitude, desta forma,<br />

nunca foi alcanÁado, pois este pressupıe a melhoria da qualidade de vida das populaÁıes que<br />

ali vivem e n„o apenas resultados numÈricos apostos ‡ apreciaÁ„o distante e isolada da<br />

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ealidade material. Neste sentido, o enfoque ambiental n„o pode estar dissociado da relaÁ„o<br />

estreita entre sociedade e natureza, quem compıem o conceito mais amplo de meio ambiente.<br />

O desenvolvimento referenciado È aquele que congrega as preocupaÁıes e<br />

interesse de toda uma populaÁ„o, que se beneficia dos seus frutos de forma eq¸itativa (KHAN<br />

apud FONSECA; VARGAS e BASTOS, 1997), em contraste com a forma que tem<br />

predominado ainda na maioria das polÌticas p˙blicas com vistas a diminuir diferenÁas<br />

regionais a qual realÁa o car·ter desigualit·rio e individualista da sociedade. No dizer de<br />

Fonseca, Vargas e Bastos (1997, p.9):<br />

Os custos sociais e ambientais decorrentes dessas propostas de desenvolvimento<br />

n„o foram adequadamente considerados e ainda hoje percebe-se que essas<br />

vari·veis s„o freq¸entemente negligenciadas pelas autoridades p˙blicas. Os<br />

Ùnus decorrentes dessa flagrante e deliberada negligÍncia s„o imputados ‡<br />

sociedade e a natureza. A primeira que se vÍ submetida a crescentes nÌveis de<br />

misÈria, fruto da inflaÁ„o, do desemprego e da desigual distribuiÁ„o de renda, e<br />

a segunda, pelos efeitos decorrentes da exploraÁ„o irrespons·vel de recursos<br />

naturais, dos elevados nÌveis de degradaÁ„o ambiental subjacentes aos diversos<br />

processos de produÁ„o e pelo imediatismo das aÁıes produtivas.<br />

Um projeto p˙blico que atenda as necessidades da comunidade alvo deve ser<br />

aquele em que a melhoria de vida da populaÁ„o seja perceptÌvel n„o sÛ por quem se debruce<br />

sobre n˙meros, a estudar os efeitos macroeconÙmicos de uma intervenÁ„o estatal sobre uma<br />

regi„o, mas, principalmente, seja percebido por aqueles que foram objeto da intervenÁ„o, sem<br />

que sejam necess·rios instrumentos de aferiÁ„o, bastando para isto o simples sentimento<br />

comum de que a vida melhorou nos seus v·rios aspectos, social, econÙmico e ambiental. De<br />

outro modo, a intervenÁ„o p˙blica ter· sido danosa e contr·ria aos interesses da comunidade<br />

atingida e, uma vez incorrida, dever· contemplar em seu bojo polÌticas compensatÛrias com o<br />

intuito de minimizar os seus efeitos, no caso da inevitabilidade de sua execuÁ„o. Panayotou<br />

(1994, p.27) comenta:<br />

Os projetos p˙blicos visam a aumentar o bem-estar total ou promover o<br />

desenvolvimento econÙmico, e n„o realizar uma redistribuiÁ„o de renda,<br />

embora devam ser preferidos, mantida a igualdade em outros aspectos, os<br />

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projetos que beneficiam mais os pobres do que os ricos. Por essa raz„o os<br />

projetos p˙blicos devem compensar inteiramente todos os afetados incluindo as<br />

geraÁıes futuras. Se um projeto È verdadeiramente benÈfico, deve tornar todos<br />

os envolvidos ou afetados mais beneficiados com o projeto, do que sem ele,<br />

atravÈs de um compensaÁ„o real, n„o hipotÈtica.[...]<br />

AlÈm disso, os benefÌcios esperados do projeto devem ser suficientes para<br />

mitigar ou compensar os seus efeitos ambientais de modo que o ambiente do<br />

paÌs n„o seja decididamente pior com o projeto do que sem ele. Por exemplo, se<br />

uma floresta for inundada pela construÁ„o de uma represa, uma ·rea equivalente<br />

de floresta dever ser criada em outra parte (comprando os direitos de corte de<br />

madeira de companhias concession·rias ou atravÈs de extensiva replantaÁ„o de<br />

espÈcies similares).<br />

3.1 O NORDESTE, AS SECAS E OS PLANOS DE SALVA« O<br />

H· muito que se aplicam recursos p˙blicos com o intuito de dotar o Nordeste<br />

Brasileiro de meios de promover o seu crescimento, desatrelado-o da tutela do governo<br />

federal. Remontam aos tempos do ImpÈrio as primeiras aÁıes de combate aos efeitos da<br />

adversidade clim·tica da regi„o e esse tipo de aÁ„o permanece sendo desenvolvida ainda hoje,<br />

sem que os objetivos declarados, de promoÁ„o do desenvolvimento e emancipaÁ„o da tutela<br />

governamental, tenham sido alcanÁados.<br />

Carvalho (1987) identifica um marco temporal da emergÍncia da regi„o como<br />

uma ìquest„oî nacional: com o declÌnio da economia aÁucareira, a segunda metade do sÈculo<br />

XVIII e o inÌcio do sÈculo XIX viram crescer o contingente populacional do sert„o,<br />

impulsionado pelo que Silva (1992) chamou de ìexcelente instrumento de expans„o e<br />

colonizaÁ„oî do Brasil, a pecu·ria extensiva e o cultivo do algod„o. Entretanto, boa parte do<br />

sert„o estava sujeita aos efeitos clim·ticos das secas prolongadas e de suas dr·sticas<br />

conseq¸Íncias. A autora afirma que:<br />

Foi no rastro desse ìNordesteî, onde o algod„o e a pecu·ria se mesclavam<br />

ao cultivo de subsistÍncia e das estiagens que os castigavam (como o fazem<br />

atÈ hoje), que surgiu uma Quest„o Nordeste. Pode ser tomada como um<br />

marco desse surgimento a grande seca de 1877/78, avaliada como a maior de<br />

todos os tempos e responsabilizada pela morte de cerca de meio milh„o de<br />

pessoas, dando lugar ‡s famosas e solenes declaraÁıes de D. Pedro II, de que<br />

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n„o restaria nenhuma das jÛias de sua coroa, mas que nenhum nordestino<br />

morreria mais de fome.<br />

As jÛias n„o foram vendidas e parte delas integra hoje o acervo de alguns<br />

museus. Muitas outras secas se sucederam e, com sua ocorrÍncia ou n„o, a<br />

fome dos nordestinos vem tendo continuidade. (CARVALHO, 1987, p. 45)<br />

Ainda segundo Carvalho (1987, p. 44/45) muito antes da Coroa Portuguesa<br />

mostrar seu pretenso interesse na regi„o nordestina em funÁ„o das longas estiagens, o<br />

fenÙmeno clim·tico j· era objeto de menÁ„o desde h· poucos anos apÛs o descobrimento do<br />

paÌs atÈ os dias atuais, como informa a autora:<br />

As secas s„o um velho fenÙmeno nordestino, pois, j· em 1587, o viajante<br />

Fern„o Cardim fez referÍncia a uma delas em carta dirigida a Portugal,<br />

informando que ìquatro ou cinco mil Ìndios se socorreram com os brancosî.<br />

Conta-se que duas teriam ocorrido no sÈculo XVI, seis no sÈculo XVII, trinta<br />

no sÈculo XVIII e dezoito no sÈculo XIX. No presente sÈculo, estima-se que<br />

elas j· chegaram a dezessetes, sendo consideradas como as mais graves as de<br />

1915, 1932, 1952/53, 1938 e, principalmente a atual. Nos primÛrdios da<br />

colonizaÁ„o ou no perÌodo que se segue mais imediatamente a ela,<br />

entretanto, a populaÁ„o das ·reas atingidas era mais rarefeita e se refugiava<br />

naqueles lugares ˙midos, onde encontravam abrigo e alimentaÁ„o.<br />

Lembrando, tambÈm, que os efeitos da seca n„o podem ser dissociados das<br />

formas de organizaÁ„o da produÁ„o das ·reas por elas afetadas, e certo que o<br />

desmatamento indiscriminado e outras agressıes do homem ‡ ecologia da<br />

Regi„o tambÈm contribuÌram para que os efeitos negativos das estiagens<br />

fossem multiplicados. Por outro lado, o prÛprio tratamento dispensado ao<br />

problema tambÈm contribuiu para a manutenÁ„o e ampliaÁ„o desses efeitos<br />

[...].<br />

A seca, na verdade, escondia uma realidade ainda mais perversa, na qual as<br />

estruturas polÌticas arcaicas se mantinham, alimentadas com o atraso da regi„o. Foram estas<br />

estruturas que ìimplodiramî no nascedouro iniciativas com vistas a dotar o Nordeste de<br />

autonomia econÙmica. As dificuldades da Sudene de implementar as polÌticas preconizadas<br />

em sua concepÁ„o original, bem como de se definir com exatid„o qual a verdadeira ìquest„oî<br />

da regi„o, passando ora de uma quest„o meramente hÌdrica para outras de maior alcance como<br />

a concentraÁ„o de terras fruto de uma sempre postergada reforma agr·ria, mostra qu„o difÌcil<br />

È mudar a regi„o por meio de medidas exÛgenas sem que se mude ao mesmo tempo a<br />

estrutura polÌtica e social dominante, principalmente no ìNordeste secoî.<br />

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36


A seca tem servido de pano de fundo para as mais diversas formas de<br />

mobilizaÁ„o, tornando o problema visÌvel ao resto do paÌs, gerando reaÁıes variadas nos<br />

meios polÌtico e social. Com o fenÙmeno clim·tico das secas, especificamente, o Estado se<br />

viu obrigado a se manifestar de forma mais concreta, seja por pressıes polÌticas ou da opini„o<br />

p˙blica. As ConstituiÁıes de 1934 e 1946 chegaram a incluir diversos dispositivos que<br />

demonstravam a preocupaÁ„o com o problema da adversidade clim·tica da regi„o e que<br />

visavam garantir receitas financeiras para aÁıes de combate ‡s secas ou de incremento ao<br />

desenvolvimento da regi„o nordestina. Pela ConstituiÁ„o da Rep˙blica dos Estados Unidos do<br />

Brasil, de 1934:<br />

Art. 5 - Compete privativamente ‡ Uni„o:<br />

[...]<br />

XV - organizar defesa permanente contra os efeitos da seca nos Estados do<br />

Norte 5 ;<br />

[...]<br />

Art. 177 - A defesa contra os efeitos das secas nos Estados do Norte<br />

obedecer· a um plano sistem·tico e ser· permanente, ficando a cargo da<br />

Uni„o, que depender·, com as obras e os serviÁos de assistÍncia, quantia<br />

nunca inferior a quatro por cento da sua receita tribut·ria sem aplicaÁ„o<br />

especial.<br />

ß 1 - Dessa percentagem, trÍs quartas partes ser„o gastas em obras normais<br />

do plano estabelecido, e o restante ser· depositado em caixa especial, a fim<br />

de serem socorridos, nos termos do art. 7 , n II, as populaÁıes atingidas pela<br />

calamidade.<br />

ß 2 - O Poder Executivo mandar· ao Poder Legislativo, no primeiro<br />

semestre de cada ano, a relaÁ„o pormenorizada dos trabalhos terminados, e<br />

em andamento, das quantias despendidas com material e pessoal no<br />

exercÌcio anterior, e das necess·rias para a continuaÁ„o das obras.<br />

ß 3 - Os Estados e MunicÌpios compreendidos na ·rea assolada pelas secas<br />

empregar„o quatro por cento da sua receita tribut·ria, sem aplicaÁ„o<br />

especial, na assistÍncia econÙmica ‡ populaÁ„o respectiva.<br />

ß 4 - Decorridos dez anos, ser· por lei ordin·ria revista a percentagem<br />

acima estipulada.<br />

J· a ConstituiÁ„o da Rep˙blica dos Estados Unidos do Brasil de 1946 dispunha:<br />

5 A divis„o polÌtica-administrativa da Època n„o contemplava a existÍncia de uma regi„o nordeste, sendo a atual<br />

regi„o inserida no que se chamava de regi„o norte.<br />

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37


Art. 5 - Compete ‡ Uni„o:<br />

[...]<br />

XIII - organizar defesa permanente contra os efeitos da seca, das endemias<br />

rurais e das inundaÁıes;<br />

[...]<br />

Art. 198 - Na execuÁ„o do plano de defesa contra os efeitos da denominada<br />

seca do Nordeste, a Uni„o depender·, anualmente, com as obras e os<br />

serviÁos de assistÍncia econÙmica e social, quantia nunca inferior a trÍs por<br />

cento da sua renda tribut·ria.<br />

ß 1 - Um terÁo dessa quantia ser· depositado em caixa especial, destinada<br />

ao socorro das populaÁıes atingidas pela calamidade, podendo essa reserva,<br />

ou parte dela, ser aplicada a juro mÛdico, consoante as determinaÁıes legais,<br />

emprÈstimos a agricultores e industriais estabelecidos na ·rea abrangida pela<br />

seca.<br />

ß 2 - Os Estados compreendidos na ·rea da seca dever„o aplicar trÍs por<br />

cento da sua renda tribut·ria na construÁ„o de aÁudes, pelo regime de<br />

cooperaÁ„o, e noutros serviÁos necess·rios ‡ assistÍncia das suas populaÁıes.<br />

Mas, apesar do disposto constitucional, nas dÈcadas de 30 e 40 a atuaÁ„o da<br />

Chesf e a Comiss„o do Vale do S„o Francisco n„o foram suficientes para evitar a<br />

diferenciaÁ„o de tratamento recebido pelo Nordeste e por outras regiıes do paÌs,<br />

especialmente Sul e Sudeste, estas aparentemente privilegiadas pelo Governo Federal.<br />

Em 1945 a Inspetoria Federal de Obras Contra a Seca (IFOCS) È transformada<br />

no Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), sem que se conseguisse alterar<br />

o quadro de disputas polÌticas que atuavam sobre o Ûrg„o e que impediam que aÁıes concretas<br />

e eficazes fossem implementadas, mantendo-se assim os processos de atraso e dependÍncia<br />

destas forÁas.<br />

Nesse sentido, as disputas polÌticas entre os grupos dominantes sempre<br />

permearam a atuaÁ„o do aparato estatal que se propunha a resolver o ìproblema Nordesteî,<br />

atrelando a atuaÁ„o de grupos econÙmicos ‡s forÁas polÌticas que dominavam o cen·rio. De<br />

inÌcio, a oligarquia aÁucareira detinha o poder polÌtico (e muitas das vezes o poder estatal,<br />

representado pela forÁa coativa do prÛprio Estado sobre os ìcidad„os comunsî), migrando<br />

esse poder para a ascendente oligarquia pecu·rio-algodoeira. Ocorre, em ambos os casos, o<br />

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que Arrighi (1996) classifica como subordinaÁ„o das redes de poder ‡s redes de acumulaÁ„o,<br />

ou seja, em determinadas Èpocas do capitalismo, os grupos econÙmicos para alcanÁar seus<br />

objetivos se subordinavam aos Estados, que detinham o poder. A partir do crescimento desses<br />

grupos, o poder estatal passava a lhes ser subordinado.<br />

Foi o que ocorreu com as oligarquias que dominaram o Nordeste atÈ meados<br />

do sÈculo XX e ainda hoje mostram o seu poderio, por meio de interferÍncias de natureza<br />

polÌtica que alteram a execuÁ„o do planejamento elaborado para a regi„o. Esses grupos, que<br />

apesar de se sucederem, um sobrepujando 6 o outro no processo de dominaÁ„o (ou de<br />

predomin‚ncia econÙmica), constituÌram sempre em poderosos ditadores do destino dos<br />

nordestinos pobres e dependentes de seus favores econÙmicos e polÌticos, e colocando, como<br />

j· fora mencionado, a seca como raz„o e combustÌvel para essa dominaÁ„o.<br />

A seca, no Nordeste, produz situaÁıes de extremo paradoxo: enquanto muitos<br />

padecem na misÈria em decorrÍncia dos efeitos da seca, outros retiram dela proveito<br />

econÙmico. AlÈm dos benefici·rios da ind˙stria da seca, que por ast˙cia se aproveitam da<br />

ignor‚ncia e misÈria dos flagelados, tambÈm h· aqueles que, embora faÁam parte desta ˙ltima<br />

ìclasseî, vÍm, na adversidade, oportunidades de ganho, como relatado na Folha de S„o Paulo:<br />

A seca provocou a explos„o de um comÈrcio diferente em Santa Cruz do<br />

Capibaribe: a dos vendedores de ·gua. J· s„o cerca de 500, segundo estimativas<br />

locais. S„o pessoas pobres: desempregados, trabalhadores rurais, biscateiros.<br />

Circulam em uma carroÁa puxada por um jumento, carregada com um tonel<br />

cheio de ·gua. Compram a lata de ·gua por R$ 0,25 e a revendem por R$ 0,50.<br />

"Nos dias de muito movimento d· pra ganhar atÈ uns R$ 30", disse C‚ndido<br />

Martins, 32, um dos "carroceiros". A AgÍncia Folha entrevistou 12 deles. Todos<br />

falaram da seca como algo positivo. "A seca est· garantindo o nosso ganhap„o",<br />

disse JosÈ Carlos da Silva, 32, que foi trabalhador rural. A seca tem sido<br />

melhor ainda para os "donos da ·gua". Eles seriam trÍs na regi„o. A AgÍncia<br />

Folha falou com Pedro Duarte, 26. Ele È reticente sobre ganhos, mas tem trÍs<br />

caminhıes e disse que o gasto com o transporte fica em torno de R$ 15. Com a<br />

·gua transportada, afirmou, ele fatura, lÌquidos, entre R$ 65 e R$ 75. (SECA...,<br />

1998, p. 1-9)<br />

6 … o que Pirenne (1953) citado por Arrighi (1996), chama de quebra de continuidade da dominaÁ„o capitalista,<br />

na qual capitalistas representantes de uma organizaÁ„o econÙmica, por se mostrarem incapazes de acompanhar<br />

as evoluÁıes que se fazem necess·rias ‡ sua Època, transformam-se em aristocratas passando a dominaÁ„o a ser<br />

exercida por um novo grupo capitalista.<br />

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As aÁıes de combate ‡ seca, ora tentavam atacar de frente o problema<br />

clim·tico ñ como que a pretender extirpa-lo ñ ora minimizar os seus efeitos, tornando possÌvel<br />

a convivÍncia do homem aos seus efeitos. Na verdade, mesmo se abstraindo da discuss„o<br />

Ètico-polÌtica das decisıes, tais aÁıes nunca tiveram a virtude de adotar uma postura emp·tica,<br />

partindo sempre de soluÁıes exÛgenas desvinculadas das demandas daqueles que deveriam<br />

ser o principal ìobjetoî de tais aÁıes.<br />

ApÛs a Segunda Guerra Mundial a atenÁ„o de grupos econÙmicos,<br />

principalmente do setor industrial, nacionais ou vinculados ao capital externo, voltaram-se<br />

para uma regi„o especÌfica do Nordeste brasileiro, o vale do rio S„o Francisco, regi„o<br />

estagnada, mas com potencialidades que aguÁaram o interesse destes grupos, ante as<br />

potencialidades de retornos econÙmicos por meio da implantaÁ„o de projetos agrÌcolas. O vale<br />

do Tenessee, nos Estados Unidos, serviu como par‚metro e estÌmulo, e os constituintes de<br />

1946 pensaram em repetir no Brasil as experiÍncias exitosas dos americanos e estabeleceram<br />

que 1% da renda da Uni„o seria destinado ‡ recuperaÁ„o econÙmica da regi„o. Era criada<br />

assim a Comiss„o do Vale do S„o Francisco (CVSF) a qual tinha entre suas preocupaÁıes a<br />

produÁ„o de energia, o desenvolvimento da navegaÁ„o e o estÌmulo ‡ agricultura irrigada, a<br />

fim de atender n„o sÛ a populaÁ„o ribeirinha, mas todo a ·rea sanfranciscana, considerada<br />

ainda mais subdesenvolvida que a regi„o Nordeste, esta j· em desvantagem com relaÁ„o ao<br />

todo nacional. (ANDRADE, 1982, p. 91-92)<br />

Em 1950 foi apresentado o ìPlano Geral para o aproveitamento do Vale do S„o<br />

Franciscoî, que, apÛs an·lise, foi aprovado pelo governo federal que passou a considerar a<br />

bacia do rio S„o Francisco dentro do ìcontexto do planejamento do desenvolvimento<br />

nacionalî (VARGAS, 1999, p. 90). … importante ressaltar que ìa grande maioria das aÁıes<br />

federais para a regi„o Nordeste e para o semi-·rido, desenvolvidas para atuar na ·rea da bacia<br />

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do S„o Francisco teve penetraÁ„o no Estado de Sergipe que, ali·s, apresentou atuaÁ„o de<br />

vanguarda nessa quest„o.î (ARA⁄JO, C. 1997, p. 41)<br />

Ao longo das dÈcadas de 60 e 70 o paÌs passou por um surto de crescimento<br />

econÙmico denominado de ìmilagre econÙmicoî no qual crescia a taxas bem superiores ‡<br />

mÈdia mundial, fruto principalmente o aporte maciÁo de capitais externos e pesados<br />

investimentos p˙blicos. Neste cen·rio, o Nordeste brasileiro n„o ficou de fora da ìonda de<br />

prosperidadeî (tomando apenas o crescimento do PIB como medida) experimentando um<br />

crescimento econÙmico ‡s vezes ainda maior que a mÈdia nacional (5,2% contra 4,4%, no<br />

perÌodo de 1960 a 1967). No inÌcio da dÈcada de 80, mesmo o paÌs tendo recuado o seu PIB, a<br />

regi„o Nordeste continuou a crescer mantendo taxas percentuais acima de 5%, chegando ao<br />

pico de incrÌveis 10,2% de crescimento do PIB regional.<br />

Segundo Gomes, <strong>Souza</strong> e Magalh„es (1995), citando fontes do Instituto<br />

Brasileiro de Geografia e EstatÌstica (IBGE), FundaÁ„o Get˙lio Vargas (FGV) e<br />

SuperintendÍncia de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em um perÌodo de 20 anos<br />

(1965 a 1985), enquanto os paÌses ricos cresceram a uma taxa mÈdia anual de 2,4%, o PIB<br />

nordestino alcanÁava marcas superiores a 4,5% anuais.<br />

Entretanto, tal crescimento n„o refletiu na melhoria geral do povo nordestino,<br />

devido ao car·ter localizado, a existÍncia de ilhas de prosperidades em meio a oceanos de<br />

atraso, como bem propalam Bezerra e Veiga (2000, p.21):<br />

(...) nos ˙ltimos trinta anos, houve forte alteraÁ„o da realidade nordestina,<br />

que deu origem a ëpÛlosí, ou ëmanchasí de dinamismo econÙmico, que<br />

mantÍm ligaÁıes ainda pouco estudadas com a agropecu·ria mais tradicional<br />

da regi„o. Foi assim superado o dÈbil crescimento econÙmico que<br />

caracterizou, durante a maior parte do sÈculo XX, o ambiente da regi„o sem<br />

que tenha sido alterada, entretanto, sua principal marca: a extrema pobreza<br />

da maioria dos nordestinos.<br />

Ainda segundo os autores, a integraÁ„o produtiva do Nordeste com o restante<br />

da economia nacional se deu unicamente nesses ìpÛlosî enquanto grandes sub-regiıes<br />

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permaneceram estagnadas. Estas sub-regiıes (inclusive a porÁ„o semi-·rida), que a geografia<br />

convencional denomina de sert„o e que os autores se referem como o ìNordeste secoî,<br />

abrange 70% do territÛrio do Nordeste Brasileiro, concentrando 63% de sua populaÁ„o. Para<br />

essa regi„o, restaram projetos macroeconÙmicos que insistiam em repetir erros seculares.<br />

Segundo Ara˙jo, C. (1997, p. 36) ìuma r·pida avaliaÁ„o de indicadores<br />

macroeconÙmicos e sociais [È] suficiente para se poder caracterizar a economia nordestina, e<br />

por conseq¸Íncia, o resultado das polÌticas implementadasî. Tal caracterÌstica, acentua o<br />

aspecto de insulamento dos pÛlos de desenvolvimento com o resto da regi„o, sempre<br />

subordinados e dependentes de mercados exÛgenos.<br />

Como resultante, os principais centros urbanos do Nordeste passaram a receber<br />

um contingente populacional constituÌdo de retirantes, expulsos de suas terras como<br />

conseq¸Íncia do malogro do combate ‡ seca, e de todo o tipo de pessoas ·vidas por emprego,<br />

atraÌdas pela promessa de industrializaÁ„o das cidades nordestinas, aumentando o quadro de<br />

misÈria j· existente nas grandes metrÛpoles do Nordeste. Com o inchaÁo das cidades, os<br />

bolsıes de misÈria se consolidaram, favorecendo ainda mais as polÌticas assistencialistas que,<br />

muitas vezes, alimentam o perverso quadro social da regi„o, constituindo-se no ciclo<br />

mantenedor das mazelas das populaÁıes carentes, ao que Jara (1997) considera como erro de<br />

enfoque ao conceber a quest„o como meramente um problema de mercado e de polÌticas<br />

compensatÛrias.<br />

… o que Vieira (1992) chama de ìmaldesenvolvimentoî: um elevado Ìndice de<br />

crescimento material paralelo ao crescimento das desigualdades sociais.<br />

A partir das dÈcadas de 70 e 80, instituiÁıes como Sudene, Departamento<br />

Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) e Companhia de Desenvolvimento do Vale do<br />

S„o Francisco (Codevasf), passaram a se destacar nas aÁıes que visavam ‡ promoÁ„o do<br />

desenvolvimento da regi„o. Entretanto, coadunando com o modelo polÌtico-econÙmico<br />

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vigente ‡ Època, a tÙnica dos investimentos consistia em grandes projetos elaborados pela<br />

tecnocracia estatal que, sem levar em conta as especificidades locais, alteravam sobremaneira<br />

o ambiente em que eram inseridos, resultando, muitas vezes, em danos maiores do que os<br />

benefÌcios concebidos.<br />

No baixo S„o Francisco, segundo Silva (2000) foi a partir da construÁ„o das<br />

usinas hidroelÈtricas de TrÍs Marias, Sobradinho e Itaparica que se estabeleceu um marco de<br />

intervenÁ„o estatal no ambiente da regi„o, tendo ‡ frente a Companhia HidroelÈtrica do S„o<br />

Francisco (Chesf), o que aliado a programas federais de modernizaÁ„o da agricultura, por<br />

meio do aproveitamento da barragem das ·guas dos rios em projetos de irrigaÁ„o, causou<br />

graves problemas ambientais. A autora completa:<br />

A regi„o do Baixo S„o Francisco passou a ser palco de intervenÁ„o estatal, mais<br />

efetivamente, a partir de 1975, quando da implantaÁ„o dos perÌmetros irrigados<br />

de Propri· em Sergipe, e de Itituba em Alagoas, pela CODEVASF. Essa<br />

intervenÁ„o, resultante de uma imposiÁ„o do Banco Mundial, que condicionou a<br />

liberaÁ„o de recursos para a conclus„o das obras da barragem de Sobradinho e<br />

do complexo hidrelÈtrico de Paulo Afonso a cargo Companhia HidrelÈtrica do<br />

S„o Francisco ñ CHESF, tinha por objetivo desencadear aÁıes que pudessem<br />

minimizar os impactos negativos que iriam ocorrer em detrimento dessas obras.<br />

(SILVA, 2000, p. 4)<br />

A partir do final da dÈcada de 80 e inÌcio da dÈcada de 90, com a inserÁ„o mais<br />

efetiva do componente ambiental nas discussıes econÙmicas, os projetos destinados ‡s<br />

regiıes secas do Nordeste passaram por uma mudanÁa radical em sua concepÁ„o e execuÁ„o.<br />

Com o declÌnio do modelo dos ìgrandes investimentosî sai a figura do Estado fomentador de<br />

ìdesenvolvimentoî compulsÛrio e entram em cena os ìagentes de desenvolvimentoî que, sem<br />

sair da esfera estatal, despem-se da figura tecnocrata polÌtico-paternalista, para assumir uma<br />

posiÁ„o mais prÛxima das comunidades, a ouvir o que estas tÍm a dizer, para decidirem juntos<br />

qual o melhor caminho a seguir, visando o desenvolvimento da regi„o.<br />

Com esse modelo, tentou-se evitar a sÈrie de obst·culos entre a formulaÁ„o da<br />

polÌtica p˙blica e sua efetividade, ou seja, os desperdÌcios de recursos tendem a diminuir<br />

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sobremaneira, otimizando o gasto p˙blico e resultando em real benefÌcio para as comunidades<br />

atingidas pelos programas. Permite ainda, o respeito das especificidades locais, em especial o<br />

conhecimento empÌrico das comunidades, suas vocaÁıes e tradiÁıes culturais.<br />

Mesmo quando ainda presentes alguns projetos nos moldes tradicionalmente<br />

aplicados, justific·veis ante a envergadura dos projetos, como a construÁ„o de grandes<br />

barragens ou adutoras, j· se nota uma postura menos indiferente quanto as conseq¸Íncias<br />

futuras daquele projeto. … o que se nota, por exemplo, da observaÁ„o de um burocrata<br />

ministerial comentando as dificuldades em viabilizar um contrato de financiamento do Banco<br />

Mundial para a construÁ„o de grandes adutoras em ·reas crÌticas do semi-·rido nordestino:<br />

[...] a seleÁ„o das obras exigiu v·rios estudos para atestar a viabilidade de cada<br />

projeto. "Foram apresentadas 258 obras, mas a grande maioria n„o se<br />

enquadrava no conceito de sustentabilidade exigido pelo banco [Banco<br />

Mundia]". (BIRD..., 1998, p. 3-5)<br />

Observe-se que o conceito de sustentabilidade passou a integrar os projetos n„o<br />

apenas como uma intenÁ„o dispersa, mas uma condiÁ„o primeira para aprovaÁ„o dos projetos.<br />

Infelizmente esta era uma soluÁ„o externa ‡ realidade e ‡ cultura, brasileira em geral e<br />

nordestina em particular, j· que tal conceito ainda se encontra longe de estar sedimentado nas<br />

estruturas polÌtico, social e legal do nosso paÌs, constituindo-se, na verdade, em uma exigÍncia<br />

a ser superada por meio de mecanismos no campo das intenÁıes ou mesmo suposiÁıes,<br />

apostas apenas no papel.<br />

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4 CONTROLES SOBRE PROJETOS P⁄BLICOS E MEIO<br />

AMBIENTE NO BRASIL<br />

O controle È uma importante ferramenta de administraÁ„o, mas tem sido visto<br />

como algo inconveniente, sempre disposto a tolher a aÁ„o ·gil e necess·ria para o<br />

desempenho de tarefas, com suas rotinas e procedimentos rÌgidos, confundido com o sentido<br />

pejorativo da burocracia, impress„o esta talvez explicada pela origem sem‚ntica da palavra,<br />

que comumente È associado ‡ dominaÁ„o.<br />

A administraÁ„o cientÌfica preconizada por Taylor previa o controle como uma<br />

das importantes funÁıes administrativas. Na administraÁ„o p˙blica ele assume uma<br />

import‚ncia fundamental, uma vez que, se na gest„o de um negÛcio privado o dono pode<br />

flexibilizar o controle em nome de uma maior agilidade de procedimentos, na administraÁ„o<br />

p˙blica, mesmo correndo o risco de uma menor agilidade, o gestor p˙blico n„o dispıe dessa<br />

discricionariedade, uma vez que os recursos geridos n„o pertencem a ele, e o dever de prestar<br />

contas ‡ sociedade (accountability) È indeclin·vel. Meirelles (2001, p.101) vaticina: ì[...] a<br />

regra È universal: quem gere dinheiro p˙blico ou administra bens ou interesses da comunidade<br />

deve contas ao Ûrg„o competente para a fiscalizaÁ„oî.<br />

Diversos s„o os instrumentos formais de que dispıe a sociedade para o<br />

exercÌcio direto ou indireto do controle sobre os atos da administraÁ„o p˙blica na gest„o do<br />

er·rio: a partir da ConstituiÁ„o Federal, atÈ as exigÍncias formais quanto a elaboraÁ„o e<br />

execuÁ„o orÁament·rias (Plano Plurianual-PPA, Lei de Diretrizes OrÁament·rias-LDO, Lei<br />

OrÁament·rias Anual-LOA), passando por leis dispersas sobre controle da aÁ„o p˙blica (a<br />

exemplo da Lei das LicitaÁıes - Lei 8.666/93) o arcabouÁo institucional-legal existente<br />

confere ao controle um car·ter impositivo e que a todos deve alcanÁar e beneficiar.<br />

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A ConstituiÁ„o Federal reserva em seu TÌtulo IV, capÌtulo I, seÁ„o IX as<br />

competÍncias dos integrantes do sistema de controle da Uni„o e em um artigo especÌfico (art.<br />

71) as competÍncias do Tribunal de Contas da Uni„o (TCU), quanto ‡ sua atribuiÁ„o de<br />

auxÌlio do Congresso Nacional no exercÌcio do controle externo; em seu capÌtulo IV, seÁ„o I,<br />

(art. 129) fixa as competÍncias do MinistÈrio P˙blico. Como patrimÙnio de todos a ser<br />

protegido, a ConstituiÁ„o atribui ‡ Uni„o, aos Estados e ao Distrito Federal (art. 24, inciso VI)<br />

a proteÁ„o ao meio ambiente, competÍncia esta que se d· de maneira concorrente, ou seja, as<br />

duas esferas governamentais podem legislar sobre a matÈria sem prevalÍncia de uma esfera<br />

sobre a outra, atuando cada uma delas no ‚mbito de sua ·rea jurisdicionada.<br />

Depreende-se dos mencionados normativos que os projetos p˙blicos, no caso<br />

particular os que tratam de projetos de desenvolvimento e meio ambiente devem passar pelo<br />

ìcrivoî de tais instituiÁıes ou, ao menos, estarem sujeitos ‡ fiscalizaÁ„o exercida por um<br />

deles.<br />

Fazendo-se um exercÌcio de hermenÍutica jurÌdica, por meio de uma<br />

interpretaÁ„o sistem·tica do texto constitucional, pode-se identificar na ConstituiÁ„o Federal,<br />

alÈm dos capÌtulos especÌficos, v·rios dispositivos apostos no texto constitucional que tratam<br />

de questıes ambientais, e que impıem a proteÁ„o ao meio ambiente e o controle sobre as<br />

aÁıes que demandem ou tenham o potencial de provocar alteraÁıes ambientais.<br />

A internalizaÁ„o social e o aumento dos instrumentos normativos de proteÁ„o<br />

ao meio ambiente tÍm chamado a atenÁ„o de v·rios segmentos da sociedade, e com a inserÁ„o<br />

de questıes ecolÛgicas, especialmente da problem·tica ambiental, o assunto ganhou dimens„o<br />

maior, espalhando-se por ·reas antes refrat·rias ou ap·ticas ao tema.<br />

Coadunando com estas preocupaÁıes, instituiÁıes que antes passavam ‡<br />

margem desta discuss„o ñ como, ali·s, quase toda a sociedade ñ voltam-se para a quest„o<br />

ambiental como foco de suas aÁıes. Na ·rea jurÌdica o direito ambiental cresce em status;<br />

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atuaÁıes reluzentes do MinistÈrio P˙blico no trato de assuntos relacionados ‡ preservaÁ„o<br />

ambiental se fazem presentes em diversas partes do paÌs; empres·rios passam a ter<br />

preocupaÁ„o com a imagem de ìempresa limpaî que n„o agride o ambiente e, finalmente, a<br />

inclus„o na pauta de aÁıes dos Ûrg„os governamentais de controle de medidas que visem a<br />

salvaguardar o meio ambiente.<br />

4.1 ”RG OS DE CONTROLE<br />

De um modo geral, as principais instituiÁıes encarregadas de controle do<br />

patrimÙnio p˙blico s„o o Tribunal de Contas da Uni„o (TCU), os Tribunais de Contas dos<br />

Estados e de alguns municÌpios (TCE), a Secretaria Federal de Controle Interno e os<br />

MinistÈrio P˙blicos, da Uni„o e dos Estados.<br />

De acordo com a divis„o de competÍncia, cada uma dessas instituiÁıes tem<br />

uma ·rea de atuaÁ„o, competindo algumas das vezes de forma concorrentes em suas<br />

atribuiÁıes. A concorrÍncia, neste caso, n„o significa competiÁ„o (ao menos n„o<br />

formalmente) na atuaÁ„o, e sim que compete a ambos, mantendo-se a separaÁ„o e<br />

independÍncia de inst‚ncias. Desta forma, a Secretaria Federal de Controle Interno, Ûrg„o<br />

integrante da Controladoria Geral da Uni„o, tem como atribuiÁ„o precÌpua a fiscalizaÁ„o e o<br />

controle dos gastos do poder executivo, verificando a efetividade de projetos p˙blicos. Os<br />

tribunais de contas dos Estados e MunicÌpios atuam limitados ‡ esfera estadual, tanto<br />

geograficamente quanto ‡ natureza do gasto p˙blico, sendo este exclusivamente estadual ou<br />

municipal. Os ministÈrios p˙blicos, estadual e federal, atuam em suas respectivas<br />

competÍncias delimitadas segundo a esfera p˙blica que lhe È afeita, competindo-lhes proteger<br />

o patrimÙnio p˙blico estadual/municipal ou federal. Por fim, o Tribunal de Contas da Uni„o, a<br />

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quem compete as mesmas atribuiÁıes dos tribunais de contas dos estados, sÛ que no ‚mbito<br />

do gasto p˙blico federal.<br />

O MinistÈrio P˙blico se diferencia das outras instituiÁıes por atuar n„o<br />

somente onde h· gasto p˙blico, mas principalmente na defesa do interesse da coletividade por<br />

meio da proteÁ„o do patrimÙnio p˙blico.<br />

Dentre as instituiÁıes cujas competÍncias est„o inseridas nessas preocupaÁıes,<br />

o Tribunal de Contas da Uni„o, que tem como miss„o ìassegurar a efetiva e regular gest„o<br />

dos recursos p˙blicos, em benefÌcio da sociedadeî (TCU, 2000, p. 44), j· h· algum tempo<br />

voltou sua atenÁ„o para o cuidado com o meio ambiente, mediante a responsabilizaÁ„o de<br />

gestores, quando da aÁ„o governamental decorram danos ambientais. Ao elaborar o<br />

documento intitulado Controle da Gest„o Ambiental (TCU, 1998, p. 15 e 16), o Tribunal<br />

assim se reportou quanto ao seu interesse na quest„o ambiental:<br />

A ConstituiÁ„o Federal, (...), define o meio ambiente como bem de uso comum do<br />

povo, essencial ‡ sadia qualidade de vida. Tal definiÁ„o assegura a esse bem a<br />

condiÁ„o de patrimÙnio p˙blico estratÈgico para a sobrevivÍncia e o<br />

desenvolvimento da atual e das futuras geraÁıes. (...)<br />

Para maior compreens„o da abrangÍncia do campo de atuaÁ„o ora em apreciaÁ„o, È<br />

necess·rio que se conheÁa o objeto do controle a que est· relacionado: gest„o<br />

ambiental.<br />

Denomina-se gest„o ambiental o conjunto das aÁıes que visem ‡ adequada<br />

utilizaÁ„o do meio ambiente. O termo abrange tanto o ambiente natural, como o<br />

ambiente transformado pela aÁ„o humana. Essa gest„o compreende n„o somente<br />

aÁıes destinadas estritamente ao controle e proteÁ„o do meio ambiente, mas tambÈm<br />

aquelas relacionadas a atividades que potencialmente ou efetivamente causem<br />

impactos ambientais negativos.<br />

Em v·rios de seus normativos o TCU estabelece como alvo de suas aÁıes o<br />

controle sobre impactos efetivos ou potenciais ao meio ambiente, fazendo constar de seus<br />

relatÛrios menÁıes expressas sobre o atendimento ou n„o ‡s normas ou procedimentos que<br />

visem ‡ preservar n„o sÛ o ambiente natural como tambÈm o meio ambiente. AlÈm disso, as<br />

auditorias ambientais passaram a constar de sua programaÁ„o anual de auditorias, aquelas de<br />

natureza ambiental.<br />

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Ressalte-se que a natureza ambiental das auditorias, e n„o apenas as auditorias<br />

ambientais, s„o uma preocupaÁ„o do Tribunal e neste aspecto importar distinguir as suas<br />

diferenÁas. Enquanto uma auditoria ambiental È realizada diretamente em Ûrg„os ambientais,<br />

por meio da verificaÁ„o da aderÍncia dos procedimentos executados ‡s normas de proteÁ„o<br />

ambiental, a preocupaÁ„o ambiental nas auditorias extrapola o universo de entidades<br />

diretamente ligadas ‡ execuÁ„o e controle de polÌticas ambientais e alcanÁa toda e qualquer<br />

entidade que, direta ou indiretamente em suas atividades, causem ou sejam potencialmente<br />

causadoras de danos ambientais. Assim, ao fazer uma fiscalizaÁ„o ou an·lise de contas de um<br />

determinado ente p˙blico ou recebedor de recursos p˙blicos, o Tribunal verifica n„o sÛ os<br />

aspectos formais-legais da sua atividade, como tambÈm os impactos que decorrem de tal<br />

atividade. Como mencionado por Lima (2000, pg. 22) ì[...] n„o se pode atestar a regularidade<br />

do emprego de recursos p˙blicos que venham a produzir danos ao meio ambiente ou gerar<br />

ameaÁas ‡ sa˙de e ‡ seguranÁa p˙blicasî.<br />

O entrelaÁamento das aÁıes do TCU com a correta aplicaÁ„o dos recursos<br />

p˙blicos e a proteÁ„o ao meio ambiente permite, por exemplo, que se determine (em processo<br />

de fiscalizaÁ„o) a promoÁ„o de aÁıes regressivas contra gestores p˙blicos que tenham dado<br />

causa ‡ infraÁ„o ‡ norma ambiental punÌvel com penalidade pecuni·ria contra o Ûrg„o que<br />

dirige. AlÈm disso, recursos transferidos do governo federal para estados e municÌpios tÍm<br />

que ter sua aplicaÁ„o vinculada a objetos n„o causadores de impactos ambientais negativos,<br />

sob pena de n„o serem aprovadas as contas, mesmo que no instrumento firmado nada conste<br />

sobre o assunto. De igual modo, financiamentos a empresas privadas, ren˙ncias de receitas ou<br />

outro instrumento de fomento ao desenvolvimento econÙmico regional devem estar<br />

vinculados a regras de n„o impactos ambientais sob pena de serem repelidos pelo TCU.<br />

(LIMA, 2000)<br />

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O posicionamento daquele Tribunal È acertado ao considerar o meio ambiente<br />

como um patrimÙnio p˙blico a ser fiscalizado e ao procurar dotar o seu corpo tÈcnico de<br />

conhecimentos especÌficos sobre gest„o e auditoria ambiental. O Tribunal integra<br />

organizaÁıes internacionais que atuam no controle da coisa p˙blica, as chamadas Entidades<br />

de FiscalizaÁ„o Superiores (EFS), as quais possuem em suas estruturas setores especÌficos<br />

relacionados ao meio ambiente. A International Organization of Supreme Audit Institutions<br />

(INTOSAI), que congrega v·rias EFS de paÌses do mundo inteiro, mantÈm um grupo de<br />

trabalho, o Working Group on Environmental Auditing, somente para discutir e integrar<br />

formas e tÈcnicas de auditorias ambientais ou aqueles em que envolvam danos potenciais ao<br />

meio ambiente.<br />

No ‚mbito da TCU, a Secretaria de Obras È a detentora da clientela<br />

(jurisdicionados) quando o assunto È meio ambiente. Nesta Secretaria, o Tribunal concentra<br />

os especialistas em questıes ambientais que participam de constantes eventos de capacitaÁ„o<br />

e troca de experiÍncias internacionais por intermÈdio dos mencionados organismos que<br />

congregam as EFS de v·rios paÌses.<br />

De igual modo, o MinistÈrio P˙blico Estadual e o Federal, tambÈm voltam-se<br />

para a proteÁ„o ao meio ambiente, possuindo seÁıes especializadas na forma de C‚maras<br />

especiais e Curadorias do meio ambiente.<br />

O MinistÈrio P˙blico, como instituiÁ„o, tem suas atribuiÁıes e composiÁ„o<br />

definidas na ConstituiÁ„o Federal de 1988 (art. 127 a 130), a ele cabendo a proteÁ„o dos<br />

interesses sociais e individuais indisponÌveis, entendidos estes, no sentido de que mesmo com<br />

a anuÍncia do suposto ofendido n„o cabe ausÍncia de aÁ„o ou necessidade de provocaÁ„o para<br />

a aÁ„o com vistas ‡ restituiÁ„o da ordem normativa. Assim o È, por exemplo, quando h·<br />

ofensa a um direito individual ou coletivo, constitucionalmente garantido, mas que nenhum<br />

dos ofendidos se disponha a exigir o seu cumprimento; neste caso, o MinistÈrio P˙blico, como<br />

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guardi„o da ordem jurÌdica, aciona exerce a funÁ„o jurisdicional do Estado, agindo para<br />

garantir os direitos violados.<br />

O inciso III, do artigo 129 da ConstituiÁ„o elenca como competÍncia do<br />

MinistÈrio P˙blico a proteÁ„o ao patrimÙnio p˙blico e social e ao meio ambiente. Cabe ao<br />

MinistÈrio P˙blico, seja ele estadual ou federal, j· que a instituiÁ„o È uma sÛ 7 , a guarda dos<br />

interesse difusos relacionados ao meio ambiente, independente de provocaÁ„o, ou seja, ao<br />

contr·rio do Judici·rio, que sÛ age quando provocado (den˙ncia), o MinistÈrio P˙blico È<br />

quem È encarregado da vigÌlia e do oferecimento de den˙ncia quando observada alguma<br />

agress„o ao meio ambiente.<br />

Os Tribunais de Contas dos Estados, no caso especÌfico do Estado de Sergipe,<br />

n„o possui uma seÁ„o especializada ou mesmo uma preocupaÁ„o normatizada sobre as<br />

questıes ambientais. PÙde-se observar que a preocupaÁ„o daquela instituiÁ„o ainda est· mais<br />

voltada aos aspectos formais da despesa p˙blica, o que contrasta com a natureza<br />

constitucional da proteÁ„o do meio ambiente, que imputa ‡ Uni„o e aos estados a competÍncia<br />

concorrente de sua execuÁ„o. Assim procedendo, o TCE deixa uma lacuna de controle, uma<br />

vez que somente compete ao TCU o exercÌcio de suas funÁıes fiscalizadoras quando<br />

envolvidos recursos p˙blicos federais, entendidos estes strictu sensu como recursos<br />

financeiros, ou seja, quando alguma aÁ„o p˙blica envolver dispÍndios financeiros da Uni„o. A<br />

lacuna pode, deve, e o È, preenchida pelo MinistÈrio P˙blico estadual que possui uma<br />

procuradoria especializada, mas que n„o deveria prescindir da aÁ„o do TCE ante as j·<br />

mencionadas dificuldades materiais por que passam a maioria dos Ûrg„os p˙blicos.<br />

7 O art. 128 da ConstituiÁ„o Federal elenca as instituiÁıes que compıe o MinistÈrio P˙blico, sendo elas os<br />

ministÈrios p˙blicos da Uni„o (Federal, do Trabalho, Militar e do Distrito Federal) e os ministÈrios p˙blicos de<br />

cada Estado da FederaÁ„o, preservando a autonomia e independÍncia entre eles.<br />

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… de se perguntar, por que com tantas instituiÁıes voltadas para o controle da<br />

atuaÁ„o p˙blica, do gasto p˙blico ou mesmo da proteÁ„o do patrimÙnio p˙blico, ainda assim<br />

s„o recorrentes na mÌdia notÌcias sobre transgressıes relativas aos bens protegidos por estas<br />

instituiÁıes? E o que È pior, considerando que infraÁıes ‡s normas legais n„o s„o privilÈgio de<br />

nossa realidade, por que n„o se tÍm notÌcias de efetivas providÍncias quanto a<br />

responsabilizaÁıes exemplares relativas ‡s agressıes recorrentes ao patrimÙnio p˙blico e em<br />

particular ao meio ambiente?<br />

Quando muito, o que se observa È alguma repercuss„o quando a agress„o È ao<br />

ambiente natural, graÁas, muitas das vezes, a cobertura sensacionalista da mÌdia, mas que<br />

poucas vezes redunda em soluÁıes ou providÍncia efetivas para sanar o dano ou evitar que<br />

ocorra novamente. O meio ambiente como um todo, em especial o socio-antropolÛgico, È<br />

desprezado, quantificado apenas em n˙meros que n„o representam, por n„o individualizar, o<br />

dano causado a cada um daqueles afetados pelo problema.<br />

V·rias s„o as razıes que se poderia enumerar para explicar a recorrÍncia de<br />

problemas em que pese a estrutura institucional disponibilizada para reprimi-los. Uma que se<br />

pode mencionar, sem valoraÁ„o de predomin‚ncia sobre as outras, È a atuaÁ„o isolada, o<br />

insulamento de aÁıes de cada um dos Ûrg„os, concorrendo (no sentido literal da palavra) uns<br />

com os outros na busca do alcance de visibilidade que lhes dÍ forÁa polÌtica, e respaldo<br />

p˙blico, para reivindicaÁıes de cunho estrutural, a exemplo de condiÁıes materiais e legais<br />

para a sua atuaÁ„o.<br />

Essa busca por visibilidade, por outro lado, parece ter razıes puramente<br />

corporativas, representadas pela necessidade de demonstrar para a sociedade o qu„o essencial<br />

È o Ûrg„o, legitimando demandas por melhorias nas condiÁıes salariais e de condiÁıes de<br />

trabalho e, em ˙ltima an·lise, justificando os seus elevados gastos.<br />

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Tal comportamento È o que se poderia chamar de ìilhas de poderî, cada<br />

instituiÁ„o n„o querendo abrir m„o de parcelas deste poder sob pena de comprometer o seu<br />

desempenho e em conseq¸Íncia as justificativas para a sua existÍncia ou manutenÁ„o. Com<br />

isto quem sai perdendo È a populaÁ„o e o patrimÙnio p˙blico que ficam desguarnecidos de<br />

aÁıes efetivas de proteÁ„o.<br />

… bem verdade que aÁıes isoladas com vistas a mudar esta realidade tem sido<br />

observadas nos ˙ltimos anos, por meio de acordos de cooperaÁ„o e troca de informaÁıes, mas<br />

o resultado ainda n„o se materializou em uma atuaÁ„o do poder p˙blico de car·ter preventivo,<br />

efetiva e, principalmente, tempestiva que, de fato, minimizem as agressıes ao patrimÙnio<br />

p˙blico, seja ele ambiental ou financeiro. Somente com a ruptura desse isolamento, e<br />

contando com a participaÁ„o da sociedade, È que se poder· ter um verdadeiro sistema de<br />

controle, como preconizado pela ConstituiÁ„o.<br />

Outra fonte normalmente apontada como raz„o pela falta de efetividade das<br />

aÁıes de controle, È o exacerbado apego ao legalismo e formalismo de que padecem tais<br />

Ûrg„os, raz„o esta fundada em observaÁıes antigas e que n„o refletem a moderna atuaÁ„o do<br />

sistema de controle da administraÁ„o p˙blica nacional. Basta observar as auditorias de<br />

natureza operacional em que se procura avaliar a gest„o operacional do Ûrg„o auditado com<br />

vistas a determinaÁıes e sugestıes de como melhora a aÁ„o finalÌstica daquela entidade.<br />

Entretanto, o formalismo e o legalismo ainda s„o importantes instrumentos de<br />

adequaÁ„o da gest„o p˙blica, por meio das auditorias de conformidade, n„o pelo alegado<br />

apego (ou mesmo pelas insinuaÁıes de que os Ûrg„os de controle somente assim sabem<br />

proceder), mas, principalmente, pela qualidade da gest„o p˙bica observada em nosso paÌs. …<br />

inconcebÌvel pensar somente na natureza operacional de uma gest„o se ela n„o est· aderente<br />

com os preceitos legais. Em outras palavras, n„o h· como se posicionar ao lado de gestores<br />

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avaliando operacionalmente sua gest„o quando esta se apresenta corroÌda por infraÁıes legais<br />

que normalmente implicam em prejuÌzo ao er·rio em benefÌcio de objetivos particulares.<br />

Ademais, as estruturas polÌticas, objeto da aÁ„o dos Ûrg„os de controle, s„o<br />

bastante refrat·rias a qualquer mudanÁa que implique em alteraÁ„o do quadro que tanto as<br />

beneficia. A mudanÁa de foco da responsabilidade È urgente e reclama uma aÁ„o mais efetiva<br />

do que aquela propiciada pelos Ûrg„os institucionalizados para o controle. A descentralizaÁ„o,<br />

desta forma, aparece como um possÌvel caminho a ser seguido. N„o apenas a descentralizaÁ„o<br />

administrativa (esta, mesmo que incipiente, j· vem sendo implementada), como tambÈm a<br />

descentralizaÁ„o de responsabilidades e deveres, descendo atÈ o nÌvel mais prÛximo do<br />

cidad„o, as estruturas comunit·rias desatreladas da tutela estatal. De nada adianta pensar a<br />

descentralizaÁ„o somente como uma atribuiÁ„o ou necessidade das estruturas p˙blicas, pois<br />

mesmo com o conceito que se procura difundir que quanto mais prÛximo do cidad„o, mais o<br />

agente p˙blico se sente pressionado e agir corretamente, È uma premissa que se deve observar<br />

com cautela, principalmente com os baixos Ìndices de participaÁ„o popular nas decisıes,<br />

reflexo direto da condiÁ„o sÛcio-cultural em que se encontra a maioria da populaÁ„o<br />

brasileira, a populaÁ„o carente.<br />

Nesse sentido, Toffler (1992) observa que a descentralizaÁ„o n„o garante a<br />

efetividade da aÁ„o pretendida, uma vez que n„o È ela quem assegura a lisura das polÌticas. O<br />

autor acrescenta:<br />

A descentralizaÁ„o polÌtica n„o È garantia da democracia ñ s„o possÌveis tiranias<br />

localistas inteiramente corruptas. Os polÌticos locais s„o muitas vezes mais<br />

corruptos do que os polÌticos nacionais. AlÈm do mais, muito disso passa por<br />

descentralizaÁ„o. (TOFFLER, 1992, pg. 424)<br />

… a inexistÍncia do que Putnam (2000) chama de ìcapital socialî, que segundo<br />

o autor consiste em regras de reciprocidade e sistemas de participaÁ„o cÌvica com vista ‡<br />

superaÁ„o de dilemas da aÁ„o coletiva e do oportunismo contraproducente, ou a policy<br />

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networks de Miller (1994) que consiste em redes sociais suficientemente regulares que<br />

permitem o surgimento de confianÁa entre os seus integrantes a ponto de serem estabelecidos<br />

opiniıes e valores comuns. Esta inexistÍncia leva, muitas vezes, as comunidades a se<br />

degladiarem entre si na luta pela sobrevivÍncia, ora sendo coniventes como maus gestores<br />

p˙blicos, ora sendo cooptados por estes, passando ainda por aqueles que n„o se enquadram<br />

em nenhuma das duas situaÁıes, mas s„o omissos, n„o se dispondo a denunciar ilegalidades<br />

observadas ou ficar contra a situaÁ„o estabelecida por receio de n„o encontrar apoio no resto<br />

da comunidade e ficar isolado. Ainda segundo o autor, e citando Coleman (1990, p. 302, 304):<br />

Assim como outras formas de capital, o capital social È produtivo,<br />

possibilitando a realizaÁ„o de certos objetivos que seriam inalcanÁ·veis se ele<br />

n„o existisse (...). Por exemplo, um grupo cujos membros demonstrem<br />

confiabilidade e que depositem ampla confianÁa uns nos outros È capaz de<br />

realizar muito mais do que outros grupo que careÁa de confiabilidade e<br />

confianÁa.<br />

O que vai garantir a efetividade do investimento p˙blico, ou seja, que os<br />

objetivos declarados sejam alcanÁados e as comunidades percebam a aÁ„o estatal benÈfica, È o<br />

controle social, aquele exercido pelas comunidades alvo dos investimentos, por meio da<br />

participaÁ„o direta na elabora, execuÁ„o, acompanhamento e controle dos projetos.<br />

4.2 CONTROLE SOCIAL<br />

A reforma administrativa implementada no Brasil a partir de 1995 desenhou<br />

uma conformaÁ„o de Estado um pouco diferente do que atÈ ent„o se preconizava como ideal:<br />

intervenÁ„o direta da m·quina estatal em diversos setores da vida das pessoas, extrapolando e<br />

exacerbando a sua presenÁa em ·reas de vocaÁ„o eminentemente privada, principalmente em<br />

setores da economia. Os serviÁos p˙blicos, principalmente, eram prestados quase que<br />

exclusivamente pelo Estado, como corol·rio do modelo de administraÁ„o ent„o vigente.<br />

Na nova conformaÁ„o, o Estado passaria a contar com quatro n˙cleos:<br />

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a) n˙cleo estratÈgico, respons·vel pelas funÁıes que por sua natureza s„o<br />

indeleg·veis, a exemplo das funÁıes legislativas, judici·rias, do MinistÈrio P˙blico, e, no<br />

Executivo, as funÁıes relacionadas ao planejamento e formulaÁ„o de polÌticas p˙blicas,<br />

seguranÁa e defesa nacional, administraÁıes financeira e tribut·ria, e relaÁıes exteriores;<br />

b) n˙cleo das atividades exclusivas como cobranÁa de impostos, previdÍncia<br />

social, polÌcia e tr‚nsito, educaÁ„o b·sica, sa˙de e outros;<br />

c) n˙cleo de serviÁos n„o exclusivos em que o Estado, por meio de<br />

organizaÁıes sociais de direito privado, mas com exercÌcio de atividade p˙blica, recebe<br />

dotaÁıes orÁament·rias pelo seu exercÌcio;<br />

d) n˙cleo de produÁ„o de bens e serviÁos, quando o Estado atua no mercado<br />

por necessidade de substituiÁ„o ou incentivo ‡ produÁ„o de um setor especÌfico, constituindo-<br />

se em atividade tempor·ria, meramente exploratÛria em ·reas ainda n„o atraentes ao capital<br />

privado, mas tendentes ‡ privatizaÁ„o (PEREIRA, C., 1998).<br />

A partir da reforma, sob forte influÍncia das administraÁıes de Ronald Reagan<br />

nos Estados Unidos e Margareth Tatcher na Inglaterra, conceitos como Estado mÌnimo,<br />

organizaÁıes sociais de interesses p˙blicos, publicizaÁ„o, passam a ser incorporados pelas<br />

organizaÁıes, resultando em uma diminuiÁ„o, e atÈ mesmo retirada, da presenÁa do Estado em<br />

atividades antes inimaginadas sen„o exercidas pelo poder p˙blico, num processo que Osborne<br />

e Gaebler (1995) chamaram de reinvenÁ„o do governo. Na publicizaÁ„o, por exemplo, o<br />

Estado procura transferir para o que se convencionou chamar de setor p˙blico n„o estatal<br />

algumas atividades como serviÁos sociais e cientÌficos reduzindo a sua presenÁa direta nessas<br />

atividades, apesar de manter, em princÌpio, o financiamento das atividades.<br />

O Estado passou ent„o a se retirar da execuÁ„o das atividades assumindo uma<br />

postura mais reguladora, sem, no entanto, abrir m„o da sua competÍncia quanto a estas<br />

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atividades. Esta diminuiÁ„o da presenÁa do Estado em atividades antes executadas por ele<br />

importa em um aumento dos mecanismos de controle, com vistas a se manter os novos<br />

executores de atividades de interesse p˙blico aderentes, n„o sÛ ‡s normas que regem a<br />

execuÁ„o da atividade, como, principalmente, vinculados aos objetivos a que se destinam, ou<br />

seja, o atingimento da finalidade p˙blica daquele serviÁo ou atividade. Em ˙ltima an·lise,<br />

interessa saber se o serviÁo ou atividade est· alcanÁando a coletividade de forma n„o sÛ<br />

eficiente e eficaz, como efetiva.<br />

Entretanto, os mecanismos de controle institucionalizados de que dispıe a<br />

sociedade, via m·quina estatal, n„o s„o suficientes para cobrir todas as atividades passÌveis de<br />

fiscalizaÁ„o, acompanhamento e controle, n„o sÛ pela variedade e complexidade em que se<br />

deparam os Ûrg„os de controle, como pela histÛrica deficiÍncia instrumental de que padecem<br />

tais Ûrg„os, aliada ‡ tambÈm histÛrica ingerÍncia polÌtica que sofrem alguns deles.<br />

Tome-se como exemplo o quadro de pessoal do TCU (lotaÁ„o prevista de 859<br />

analistas distribuÌdos entre a Sede em BrasÌlia e as Secretarias nos Estados) 8 em relaÁ„o aos<br />

seus jurisdicionados. A clientela do TCU È composta de 2.578 Ûrg„os e entidades, que por<br />

mandamento legal ou constitucional est„o obrigados a prestar contas anualmente 9 (TCU,<br />

2001), alÈm dos 27 estados e 5.561 municÌpios, que se submetem ‡ jurisdiÁ„o do Tribunal por<br />

serem recebedores de transferÍncias volunt·rias quando do recebimento de recursos da Uni„o,<br />

e os atos de admiss„o e aposentadoria dos servidores p˙blicos federais que devem ser<br />

apreciados pelo TCU. Em face desta clientela, foram autuados em 2002, 10.508 processos<br />

para serem analisados e julgados (TCU, 2003). Os Tribunais de Contas dos estados e os<br />

MinistÈrio P˙blicos estadual e federal tambÈm padecem dessa relaÁ„o extremamente<br />

desfavor·vel.<br />

8 Conforme disposto na Portaria Segecex n 1, de 7 de janeiro de 2003 (TCU, 2003).<br />

9 O n˙mero de refere ‡s entidades da AdministraÁ„o direta e indireta e dos trÍs poderes, no ano de 2000.<br />

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Se o Estado se afasta cada vez mais de muitas das atividades que antes lhes era<br />

incumbido de executar (n„o que isso fosse garantia de boa execuÁ„o e se dispensasse o<br />

controle) entregando os serviÁos para organizaÁıes privadas, organizaÁıes p˙blicas n„o<br />

estatais, o controle a ser exercido nesta nova conformaÁ„o de prestaÁ„o de serviÁos p˙blicos È<br />

muito mais complexo e exige a pronta atuaÁ„o, somente possÌvel como o acompanhamento de<br />

perto da execuÁ„o da atividade p˙blica. Como dito, os mecanismos institucionalizados de<br />

controle n„o s„o suficientes, pois n„o tÍm capacidade de acompanhar, com a mesma<br />

celeridade, aquele que pode ser exercido pela prÛpria populaÁ„o usu·ria ou benefic·ria do<br />

bem ou serviÁo. A participaÁ„o de Conselhos correspondentes, como deve prevÍ o<br />

regulamento do termo do instrumento que transferiu a execuÁ„o do serviÁo ou bem para um<br />

ente n„o estatal (Meirelles, 2001) È condiÁ„o essencial para o exercÌcio desse controle. Isso<br />

exige, entretanto, uma maturaÁ„o social e consciÍncia cidad„ ainda muito distante da<br />

realidade que ordinariamente se observa. O reconhecimento dessa dist‚ncia, entretanto, n„o<br />

pode servir de obst·culo para a sua viabilizaÁ„o.<br />

… necess·rio, desta forma, o fortalecimento de um tipo de controle<br />

desvinculado da esfera estatal e que possa se fazer presente de uma forma din‚mica, ·gil e<br />

concomitante com a aÁ„o p˙blica, o Controle Social, que Pinotti (2003) classifica como a<br />

alma da democracia. Entenda-se este n„o como controle da sociedade, mas pela sociedade.<br />

Enquanto aquele se refere a um conceito empregado para caracterizar os mecanismos de<br />

contenÁ„o de grupos sociais com vistas um objetivo coletivo maior (ROSSI, 2003 ; MELO,<br />

2002), este È o mecanismo de que dispıem as sociedades mais avanÁadas, no sentido de<br />

cidadania, para refrear o Ìmpeto malversador dos gestores p˙blicos, acompanhando,<br />

fiscalizando, cobrando e colaborando com a boa conduÁ„o da coisa p˙blica.<br />

Os obst·culos s„o muitos, pois o exercÌcio de controle social pressupıe a<br />

existÍncia de uma sociedade mais homogÍnea, quanto ‡s condiÁıes de educaÁ„o e cidadania, e<br />

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menos individualista/imediatista. Pressupıe pensar no coletivo com vistas a um benefÌcio<br />

prÛprio. Pressupıe apontar para o erro e cobrar o acerto. Pressupıe se expor, mesmo que o<br />

benefÌcio advindo da exposiÁ„o n„o seja imediato.<br />

Nessa linha, a criaÁ„o de conselhos se constitui em importante instrumento de<br />

aÁ„o para o exercÌcio da cidadania por meio do controle da gest„o p˙blica. O n˙mero de<br />

conselhos tem crescido bastante em todo o paÌs nos ˙ltimos anos. S„o conselhos instituÌdos<br />

nas trÍs esferas federativas, da Uni„o, dos estados e municipais; nestes ˙ltimos, de acordo<br />

com as dimensıes do municÌpio, s„o instituÌdos tambÈm conselhos distritais ou de bairro. Os<br />

conselhos s„o compostos por representantes dos prestadores de serviÁos (p˙blicos ou<br />

privados), por trabalhadores e usu·rios (majorit·rios na composiÁ„o do conselho), sendo estes<br />

˙ltimos que acabam por se tornar os ìvigiasî da boa prestaÁ„o do serviÁo p˙blico.<br />

Entretanto, a maioria dos conselhos ainda padece de um mal, determinante<br />

para a efetividade de sua miss„o de controlar a execuÁ„o da atividade p˙blica: a falta de<br />

capacitaÁ„o da maioria de seus membros. Desde aquele pai de aluno que integra um conselho<br />

municipal da merenda escolar de um pequeno municÌpio isolado do sert„o nordestino, que<br />

padece de instruÁ„o b·sica que lhe permita conhecer de fato os seus direitos de cidad„o, atÈ o<br />

mais dotado de instruÁ„o formal, mas que integra um conselho que demanda conhecimentos<br />

tÈcnicos especÌficos para acompanhar a execuÁ„o do serviÁo ou programa p˙blico. O<br />

fundamental de se perceber È que o controle social n„o pode estar desvinculado de um<br />

processo maior de educaÁ„o e cultura, no qual dote a populaÁ„o dos conhecimentos<br />

necess·rios que lhe permitam decidir sobre os destinos de seu grupo social.<br />

O MinistÈrio P˙blico tem papel fundamental na consolidaÁ„o do exercÌcio do<br />

controle social pela comunidade, pois ele se apresenta como o Ûrg„o institucionalizado de<br />

controle mais prÛximo da sociedade. … nele que a sociedade vÍ a possibilidade pronta e<br />

imediata de atendimento ‡s suas demandas. A sua estrutura mais ·gil, na qual cada<br />

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epresentante do ministÈrio p˙blico se investe da funÁ„o do prÛprio Ûrg„o, personificando o<br />

Ûrg„o em si, possibilita e fortalece esta imagem junto ‡ populaÁ„o. ”rg„os como Tribunais de<br />

Contas e Controladoria da Uni„o s„o vistos como instrumentos distantes para os reclames dos<br />

cidad„os, enclausurados em si mesmos, e que, para a populaÁ„o em geral, integram a estrutura<br />

estatal/governamental, n„o tendo, portanto, a condiÁ„o ou isenÁ„o necess·ria para a pronta<br />

resposta quanto a den˙ncias da sociedade pelo mau uso do patrimÙnio p˙blico.<br />

Em que pese ser uma vis„o distorcida das funÁıes e obrigaÁıes destes Ûrg„os<br />

de controle - atÈ mesmo porque a sociedade dispıe de um arsenal legal que lhe confere o<br />

direito de representar aos diversos Ûrg„os de controle quando observada a malversaÁ„o do<br />

dinheiro p˙blico - a realidade comprova a assertiva anterior, tendo em vista os baixos Ìndices<br />

de apuraÁıes de mau uso da coisa p˙blica demandadas por den˙ncias da populaÁ„o. A maioria<br />

dos trabalhos destes Ûrg„os È originada de seus prÛprios mÈtodos de seleÁ„o ou verificaÁıes<br />

ordin·rias de cuja obrigaÁ„o decorre um mandamento legal.<br />

Veja-se, por exemplo, a construÁ„o de determinada obra p˙blica em uma<br />

pequena comunidade do interior, financiada com recursos da Uni„o, mas executada pela<br />

prefeitura local por meio de convÍnio. Para a comunidade, a obra est· sendo feita pela<br />

prefeitura que se vangloria, no inÌcio, de sua presteza e competÍncia em estar fazendo obra t„o<br />

importante (muitas das vezes os dividendos polÌticos s„o de algum polÌtico que tem sua base<br />

eleitoral na regi„o), mas quando a obra atrasa ou n„o È executada por completo, sendo<br />

abandonada inacabada, ela se apressar em responsabilizar o governo federal por n„o ter<br />

repassado os recursos na totalidade, quando na maioria das vezes os recursos foram<br />

transferidos e foram, ou desviados ou mal utilizados. Fica mais f·cil, para essa mesma<br />

comunidade, aceitar as justificativas do gestor local. Ainda que conheÁa a situaÁ„o de fato, a<br />

quem recorrer? A maioria das pessoas n„o sabe da existÍncia de instituiÁıes passÌveis de<br />

receber as suas den˙ncias, restando-lhes apenas o MinistÈrio P˙blico, que est· mais prÛximo.<br />

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Isso, se vencida a barreira da sensaÁ„o de inutilidade de uma den˙ncia, ante a baixa<br />

ocorrÍncia de puniÁ„o daqueles que se aproveitam do patrimÙnio p˙blico em benefÌcio<br />

prÛprio.<br />

Dessa forma, o esforÁo a ser empreendido para se alcanÁar um nÌvel de<br />

maturaÁ„o da sociedade para se ter um efetivo controle social È muito grande, e passa pela<br />

aproximaÁ„o dos Ûrg„os institucionalizados de controle com a sociedade, clareado para ela os<br />

seus objetivos e suas missıes, ao mesmo tem em que aÁıes de exercÌcio de cidadania sejam<br />

corriqueiramente praticadas, pois sÛ a pr·tica ensina o qu„o importante e valoroso È conhecer<br />

os seus direitos e obrigaÁıes.<br />

Podemos afirmar, sem medo, que os instrumentos normativos colocados a nossa<br />

disposiÁ„o nos permitem avanÁar na quest„o da cidadania. PorÈm, essa evoluÁ„o<br />

n„o se dar· sem o trabalho diuturno de aprimoramento institucional que a nossa<br />

jovem democracia sofrer·. E o controle social, como forma de mediar maior<br />

participaÁ„o da sociedade e, conseq¸entemente, dando maior legitimidade ao<br />

Estado, tem lugar assegurado nesse futuro. (FARIAS, 2003, p. 80)<br />

O controle social somente ser· efetivo com a conscientizaÁ„o da sociedade do<br />

seu direito de participar do controle da coisa p˙blica como um todo, da certeza de que ela<br />

tambÈm integra o sistema de controle dos gastos p˙blicos. Os instrumentos de participaÁ„o<br />

social no sistema de controle devem ser amplamente divulgados e postos ao alcance de todos.<br />

Enquanto o controle social n„o fizer parte da cultura da sociedade, n„o h· como prescindir ou<br />

diminuir a import‚ncia dos controles ent„o existentes. (DI PIETRO, 1998)<br />

Todo este esforÁo ser· bastante otimizado se acompanhado da melhoria dos<br />

nÌveis de formaÁ„o em educaÁ„o e cultura da populaÁ„o.<br />

A educaÁ„o de qualidade e para todos, inegavelmente, dever· ser uma das<br />

conquistas mais estratÈgicas e urgentes para o Brasil neste final de milÍnio; sem<br />

ela a democracia ser· pura m·scara encobrindo o autoritarismo, a exclus„o, a<br />

servid„o. (ARA⁄JO, S. 1997, p. 151)<br />

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Em ˙ltima an·lise, o exercÌcio do controle social, com as condiÁıes<br />

precedentes apontadas, resulta no exercÌcio pleno da democracia com vistas ‡ sua<br />

consolidaÁ„o.<br />

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5 EFETIVIDADE DE PROJETOS P⁄BLICOS EM SERGIPE<br />

Muito tem sido gasto com o intuito declarado de minorar os efeitos das<br />

adversidades clim·ticas da Regi„o Nordeste, buscando diminuir o descompasso de<br />

desenvolvimento dessa regi„o, quando em comparaÁ„o com outras regiıes brasileiras, mais<br />

desenvolvidas. Em Sergipe a situaÁ„o n„o È diferente do resto do Nordeste, onde recursos<br />

financeiros p˙blicos s„o alocados para o combate aos efeitos da seca e para projetos de<br />

desenvolvimento econÙmico e social.<br />

Esses projetos, em sua maioria, n„o contemplam a preocupaÁ„o ambiental,<br />

embora, mesmo que indiretamente, as intervenÁıes p˙blicas via projetos de desenvolvimento<br />

causem impactos no meio ambiente, com alteraÁıes inesperadas, e muitas vezes danosas e,<br />

portanto, indesej·veis, no meio natural e na sociedade.<br />

As v·rias formas utilizadas pelo poder p˙blico para a intervenÁ„o econÙmica<br />

em Sergipe n„o tÍm alcanÁado os resultados esperados, ou mesmo declarados nas<br />

justificativas apresentadas para a sua implementaÁ„o, apresentando baixa efetividade e<br />

resultados econÙmicos e sociais aquÈm dos propagados.<br />

Isso ocorre com todos os projetos, desde grandes projetos de irrigaÁ„o ñ cujos<br />

impactos oneram ao mesmo tempo e com grande intensidade o meio natural e o meio<br />

antrÛpico ñ passando por aqueles mais voltados para as pequenas comunidades ñ financiados<br />

pelas descentralizaÁıes de recursos do governo federal para os municÌpios por meio de<br />

convÍnios ñ atÈ a forma de intervenÁ„o na qual o financiamento de pequenos projetos s„o<br />

demandados pela prÛpria comunidade alvo dos investimentos.<br />

O municÌpio tomado como ·rea de referÍncia neste estudo, por meio da an·lise<br />

destas formas de intervenÁ„o, demonstra que os resultados da aÁ„o estatal para o<br />

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desenvolvimento econÙmico e social n„o atingiram a efetividade que se espera ante os<br />

montantes despendidos e as expectativas geradas.<br />

5.1 PROJETOS DE IRRIGA« O - UMA AN¡LISE CRÕTICA 10<br />

Na analise de um projeto p˙blico ou um conjunto de aÁıes p˙blicas em uma<br />

determinada ·rea de atuaÁ„o, principalmente de forma crÌtica, avaliando possÌveis ociosidade<br />

e/ou ineficiÍncia, È importante uma vis„o geral do sistema e o conhecimento de par‚metros<br />

com que se possa trabalhar. Desta forma, como o presente trabalho tem por campo de estudo<br />

o Sert„o do Baixo S„o Francisco Sergipano, inserido no semi-·rido do Estado de Sergipe,<br />

ser„o apresentados dados gerais da regi„o, nestes incluÌdos os do municÌpio de PoÁo Redondo,<br />

tomado como referÍncia.<br />

A agricultura irrigada, apresentada como redentora das ·reas com baixa<br />

precipitaÁ„o pluviomÈtrica, escorada em projetos bem sucedidos como os do Estado da<br />

CalifÛrnia nos Estados Unidos, e os de Israel, passou a se configurar em uma panacÈia com<br />

ampla aceitaÁ„o, sendo que entre os seus defensores se incluÌam gestores p˙blicos, muitos<br />

deles descompromissados e ·vidos por aÁıes que rendessem dividendos polÌticos, ao lado de<br />

comunidades carentes, desejosas de aÁıes que minimizassem seu sofrimento, e da sociedade<br />

civil, despreparada para analisar e avaliar as propostas nesse sentido.<br />

Sergipe conta atualmente com 12 projetos de irrigaÁ„o nos mais variados<br />

est·gios de implementaÁ„o e utilizaÁ„o. O quadro a seguir relaciona-os apontando os recursos<br />

aplicados:<br />

10 A an·lise teve como base principal o trabalho realizado pelo TCU-Secex/SE exarado no relatÛrio que compıe<br />

o processo TC 008.041/2000-0<br />

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Nome do<br />

Projeto<br />

Tabela 1 - Projetos de irrigaÁ„o no Estado do Sergipe (1980 a 2000)<br />

”rg„o<br />

Respons·vel<br />

LocalizaÁ„o<br />

e Ìndice pluviomÈtrico<br />

da regi„o<br />

InÌcio e<br />

tÈrmino das<br />

obras<br />

InÌcio da<br />

operaÁ„o<br />

Valor do<br />

investimento<br />

inicial<br />

(em US$)<br />

Propri· CODEVASF Propri· 1974/1976 1975 N„o informado*<br />

Betume CODEVASF NeÛpolis<br />

1.555 mm<br />

1976/1979 1977 N„o informado*<br />

Cotinguiba-<br />

Pindoba<br />

CODEVASF Propri· 1981/1983 1981 N„o informado*<br />

Jacarecica I Cohidro/SE Itabaiana<br />

1984/ MarÁo 1987 2.828.455,75<br />

886 mm<br />

marÁo 1987<br />

Jabiberi Cohidro/SE Tobias Barreto MarÁo 1985/<br />

dezembro 1986<br />

Janeiro 1987 3.648.088,44<br />

CalifÛrnia Cohidro/SE CanindÈ do S„o Julho 1985/ MarÁo 1987 4.713.856,76<br />

Francisco/PoÁo Redondo marÁo 1987<br />

483,9 mm<br />

Amargosa Cohidro/SE PoÁo Verde<br />

Outubro 1985/ Nunca entrou 877.551,00<br />

754,8 mm<br />

abril 1987 em operaÁ„o<br />

PiauÌ Cohidro/SE Lagarto<br />

1.020,6 mm<br />

1985/1987 MarÁo 1987 3.909.866,20<br />

Ribeira Cohidro/SE Itabaiana<br />

886 mm<br />

1985/1987 1987 8.093.857,83<br />

Jacarecica II Cohidro/SE Itabaiana/Malhador 10.06.1992 N„o est· em 22.220.000,00<br />

886 mm<br />

n„o concluÌda operaÁ„o<br />

JacarÈ-Curituba Cohidro/SE CanindÈ do S„o 01.10.97 N„o entrou 30.555.555,00<br />

Francisco<br />

N„o h· previs„o em operaÁ„o.<br />

483,9 mm<br />

de tÈrmino Obra em<br />

ritmo lento.<br />

PlatÙ de Cohidro/SE NeÛpolis<br />

N„o informado Outubro 1995 N„o informado<br />

NeÛpolis<br />

1.555 mm<br />

Fontes: Cohidro/SE e Codevasf.<br />

* N„o foi possÌvel apurar o valor do investimento inicial pois os dados disponÌveis juntavam estes com os valores aplicados na manutenÁ„o<br />

dos perÌmetros.<br />

Os projetos de irrigaÁ„o sob a responsabilidade da Codevasf foram<br />

implementados como parte de uma polÌtica compensatÛria para as populaÁıes ribeirinhas do<br />

S„o Francisco que sofreram com as alteraÁıes na vaz„o do rio provocados pelas barragens de<br />

Sobradinho e Paulo Afonso. Os demais projetos se constituÌram em iniciativas do governo<br />

estadual no bojo de um conjunto de aÁıes que visavam minimizar os efeitos da seca e<br />

promover a fixaÁ„o do homem no campo. Observa-se, pelos dados, que todos os projetos<br />

foram iniciados, mas nem todos terminados, indicando problemas de efetividade do gasto<br />

p˙blico uma vez que n„o entraram em operaÁ„o ou suas obras se arrastam por v·rios anos sem<br />

uma utilizaÁ„o efetiva pela populaÁ„o.<br />

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Neste cen·rio, nos ˙ltimos anos, frutificaram projetos que se apresentavam<br />

como redentores das adversidades clim·ticas, mas passados cerca de 25 anos de pesados<br />

investimentos, apresentaram parcos resultados face ‡s ambiciosas metas propostas, frustrando<br />

a expectativa gerada com o inÌcio do seu desenvolvimento. E isso pode ter se traduzido em<br />

problemas ainda maiores para as comunidades atingidas que, confiando nos resultados<br />

ìprometidosî pelo projeto, deixaram de buscar outras alternativas de melhores condiÁıes de<br />

vida e, mesmo, podem n„o ter aproveitado oportunidades que se apresentaram. Neste perÌodo,<br />

foram destinados recursos para projetos de irrigaÁ„o no Estado, a tÌtulo de investimento<br />

inicial, o montante de US$ 76.847.230,98 11 , neles incluÌdos recursos do Estado, da Uni„o e de<br />

fontes de financiamento externo (BIRD).<br />

O Nordeste brasileiro n„o pode prescindir da irrigaÁ„o, pois ela permite o<br />

plantio em ·reas assoladas pela seca, possibilitando ‡s comunidades que ali vivem a produÁ„o<br />

de alimentos para sua sobrevivÍncia e com comercializaÁ„o do excedente, o que permite o<br />

rompimento das tradicionais relaÁıes de dependÍncia e subordinaÁ„o aos ìcoronÈisî e<br />

polÌticos locais. Por meio da geraÁ„o de renda que ela, potencialmente, propicia, alavanca-se a<br />

economia da regi„o, diminuindo o Íxodo rural e fixando em sua prÛpria regi„o um<br />

contingente de trabalhadores que, sem essa oportunidade de trabalho, migrariam para os<br />

centros urbanos maiores, engrossando o contingente populacional que chega a viver abaixo da<br />

linha da misÈria.<br />

Afora o exagero de trat·-la como soluÁ„o para todos os males de regiıes como<br />

o semi-·rido sergipano, e ainda, dos erros de planejamento e de execuÁ„o induzidos por<br />

ausÍncia de critÈrios tÈcnicos quando da escolha e da alocaÁ„o dos recursos disponÌveis, a<br />

11 N„o est„o incluÌdos no montante os valores relativos aos projetos da Codevasf (Betume, Propri· e<br />

Continguiba-Pindoba) e ao PlatÙ de NeÛpolis, pois, enquanto neste o dado n„o estava disponÌvel, naqueles, n„o<br />

foi possÌvel distinguir, segundo o material de pesquisa, o que era investimento inicial e o que era de custeio e<br />

manutenÁ„o.<br />

<br />

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agricultura irrigada apresenta, de fato, vantagens nada desprezÌveis que atestam sua<br />

capacidade de provocar mudanÁas efetivas, sua viabilidade econÙmica e social de<br />

implantaÁ„o, podendo-se destacar, dentre outras: produÁ„o agrÌcola planejada independente<br />

do perÌodo de chuvas, ampliaÁ„o dos n˙meros de safras, produÁ„o nas entresafras e/ou em<br />

perÌodos propÌcios de demanda externa, aumento na produtividade e no valor bruto da<br />

produÁ„o.<br />

Apesar de aparentemente haver falta de recursos para a continuidade de<br />

algumas obras, observa-se que, ainda assim, algumas novas obras s„o inauguradas. Esse<br />

quadro pode ser observado em boa parte dos projetos p˙blicos, evidenciando a priorizaÁ„o em<br />

iniciar novos empreendimentos, em detrimento da conclus„o de obras j· iniciadas e dos<br />

necess·rios e constantes investimentos na manutenÁ„o do conjunto de equipamentos<br />

implementados com recursos p˙blicos e postos a disposiÁ„o da populaÁ„o.<br />

Um exemplo a ser citado È o dos projetos Jacarecica II e JacarÈ-Curituba.<br />

Apesar das diferenÁas de concepÁ„o, de finalidade e de alcance econÙmico e social, parte da<br />

execuÁ„o do dois projetos se deu de forma concomitante, concorrendo pela obtenÁ„o de<br />

recursos e comprometendo a celeridade de sua execuÁ„o.<br />

O primeiro foi implantado em ·rea de transiÁ„o semi-·rida, enquanto que o<br />

segundo se localiza em uma regi„o de clima semi-·rido acentuado, onde a produÁ„o, n„o<br />

garantida, se restringe a roÁas em perÌodo de chuvas. O Projeto Jacarecica II È praticamente<br />

um prolongamento do Jacarecica I, mas n„o conseguiu o mesmo sucesso do seu predecessor,<br />

executado cinco anos antes. Dentre os v·rios motivos apontados para a sua n„o operaÁ„o, est·<br />

a falta de investimentos em equipamentos e manutenÁ„o. J· o Projeto JacarÈ-Curituba tem<br />

uma situaÁ„o mais complexa, pois foi concebido para a vinicultura, por micro-aspers„o,<br />

acoplada a agro-ind˙stria de aproveitamento da uva, com lotes empresariais e lotes para<br />

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pequenos agricultores, tambÈm vinicultores, mas que trabalhariam nas suas terras e nas dos<br />

empres·rios. Com o redirecionamento, passou para um projeto do tipo ìcolonizaÁ„oî, para<br />

assentamento de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).<br />

Tem-se assim, a dispers„o de esforÁos para a execuÁ„o de dois projetos de alcance bem<br />

distintos, com prejuÌzo para a efetividade de ambos.<br />

Outro exemplo de dispers„o de gastos e falta de compromisso com os<br />

resultados do investimento È o projeto Amargosa, no municÌpio de PoÁo Verde. Com recursos<br />

inicialmente alocados na ordem de US$ 877,551.00, teve iniciadas suas obras em outubro de<br />

1985, no conjunto de uma sÈrie de obras de aproveitamento dos recursos hÌdricos, como<br />

poÁos artesianos, barramento de ·gua e projetos de irrigaÁ„o, dentro de um projeto polÌtico<br />

levado a cabo ‡ Època pelo Governo do Estado.<br />

Inaugurado em abril de 1987, o projeto que deveria armazenar ·gua para ser<br />

aproveitada para o abastecimento humano e em ·reas de irrigaÁ„o, por meio de aduÁ„o por<br />

canais, nunca funcionou, por erros grosseiros de projeto que superdimensionou a capacidade<br />

de armazenamento de ·gua e situou a linha de barramento da ·gua em uma localizaÁ„o n„o<br />

alcanÁada pelo curso dí·gua que seria utilizado para alimentar o reservatÛrio. O dinheiro<br />

p˙blico aplicado resultou em frustraÁ„o das expectativas geradas pela obra, em desperdÌcio de<br />

recursos em uma regi„o t„o carente, restando hoje apenas um lago que serve apenas para um<br />

pequeno projeto de piscicultura, muito aquÈm das possibilidades de retorno do investimento<br />

feito.<br />

Em Època recente, a Prefeitura Municipal de PoÁo Verde iniciou novo<br />

empreendimento com a finalidade de barramento de ·guas, principalmente do rio Real. O<br />

projeto denominado Padre Melo pretende construir quatro barragens ao custo inicial de cerca<br />

de 24 milhıes de reais. N„o obstante a experiÍncia fracassada de Amargosa, a Prefeitura de<br />

PoÁo Verde, visivelmente despreparada para a empreitada, consideraÁ„o esta n„o observada<br />

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pelo MinistÈrio respons·vel pelo aporte de recursos federais, insiste nos mesmos erros que<br />

levaram ao fracassado o projeto Estadual. Os estudos iniciais e projetos b·sicos s„o<br />

superficiais e carecem de seguranÁa quanto a viabilidade do empreendimento, existindo quase<br />

que apenas para cumprir exigÍncias legais para o inÌcio do processo de contrataÁ„o. O estudo<br />

de impacto ambiental, por exemplo, somente foi feito depois de licitada a empresa construtora<br />

e firmado o contrato. Ora, se È com o estudo È que se vai inferir da viabilidade ambiental n„o<br />

parecer razo·vel licitar e contratar sem antes saber se a obra È vi·vel.<br />

Figura 2 - ReservatÛrio de ·gua da barragem Amargosa<br />

Ac˙mulo de ·gua da chuva,<br />

no local onde deveria existir<br />

um reservatÛrio para<br />

abastecer a populaÁ„o e para<br />

o perÌmetro irrigado.<br />

Amargosa, PoÁo Verde-SE<br />

Como conseq¸Íncia, as obras foram paralisadas cautelarmente, por<br />

determinaÁ„o do Tribunal de Contas da Uniao, estando ameaÁadas de o serem em definitivo,<br />

por meio da anulaÁ„o do contrato com a construtora e atÈ mesmo do ConvÍnio que garantiria<br />

o aporte de recursos. Pesam sobre o projeto, alÈm da superficialidade dos estudos iniciais, as<br />

suspeitas de superfaturamento, de inadequaÁ„o do local de construÁ„o das barragens,<br />

referentes ‡ qualidade da ·gua e a vaz„o dos rios que encheriam os reservatÛrios.<br />

Foram gastos cerca de 750 mil reais entre projetos, um canteiro de obras que se<br />

encontra abandonado e uma rede elÈtrica de 2,5 km, que correm o sÈrio risco de n„o servirem<br />

para nada, sem que retorno algum tenha gerado para a comunidade. Para esta sobrou a<br />

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incerteza quanto a concretizaÁ„o do projeto, especialmente alguns propriet·rios que teriam<br />

partes de suas terra inundadas, j· que foram desapropriados sem que antes se procedesse ao<br />

pagamento da indenizaÁ„o correspondente.<br />

A motivaÁ„o para a inauguraÁ„o de novos projetos (inauguraÁ„o esta<br />

representada apenas pelo inÌcio das obras - ind˙stria da pedra fundamental), em que pese as<br />

necessidades de investimentos na manutenÁ„o dos projetos j· existentes, sÛ pode ser explicada<br />

por razıes meramente polÌticas que fogem do critÈrio tÈcnico e apontam para a m· utilizaÁ„o<br />

do dinheiro p˙blico em detrimento da populaÁ„o atingida.<br />

Como resultado, promove-se uma desorganizaÁ„o social em comunidades<br />

est·veis, apesar de sofridas, em face da expectativa gerada pelo projeto, aumentando o afluxo<br />

de pessoas de outras comunidades em busca de novas oportunidades de vida, afluxo este bem<br />

superior ‡ capacidade daquele n˙cleo urbano de suportar tal press„o. … comum, nesses casos,<br />

ocorrer a supervalorizaÁ„o de terras, demandas por alteraÁıes dos projetos em benefÌcio de<br />

interesses locais, inflaÁ„o de preÁos de serviÁos e aumento artificial dos equipamentos<br />

urbanos que atendam ‡ maior demanda por alguns setores devido ao inchaÁo das cidades,<br />

como bares e pousadas/hotÈis. Com isso, ao se verem frustados na consecuÁ„o dos seus<br />

projetos pessoais, aquelas comunidades ficam em situaÁ„o pior do que a observada<br />

anteriormente ao inÌcio (ou promessa) do novo projeto.<br />

5.1.1 A EXPERI NCIA DO PROJETO CALIF”RNIA 12<br />

O Projeto CalifÛrnia, cuja ·rea abrange os municÌpios de CanindÈ do S„o<br />

Francisco e PoÁo Redondo, foi concebido para ser um modelo de aplicaÁ„o racional das<br />

12 A an·lise tomou como referÍncia as observaÁıes feita por Ara˙jo, C. (1997) e os conceitos esposados foram<br />

tomados emprestados de sua obra.<br />

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potencialidades da irrigaÁ„o em regiıes como o semi-·rido nordestino. Numa ·rea de 3.980<br />

hectares, foi planejada originalmente a implantaÁ„o de projetos de agricultura irrigada e de<br />

agropecu·ria de sequeiro. Nas ·reas irrigadas o planejamento previu produÁ„o de fruticultura,<br />

principalmente para a exportaÁ„o, considerando o seu alto valor agregado, alÈm de culturas<br />

alimentares e de algod„o herb·ceo. Os lotes foram destinados a pequenos agricultores, micro<br />

empres·rios e tÈcnicos agrÌcolas. A ·rea n„o irrig·vel foi reservada a lotes para a exploraÁ„o<br />

da agropecu·ria de sequeiro. Foram previstos, tambÈm, lotes para pesquisas e<br />

desenvolvimento de novas tecnologias, alÈm de ·reas de reserva florestal e improdutivas.<br />

O projeto se propunha a possibilitar a agricultura no semi-·rido com a<br />

utilizaÁ„o das ·guas do rio S„o Francisco, bombeadas por meio de um sistema de irrigaÁ„o<br />

complexo, que contemplava estaÁıes de bombeamento, elevatÛrias, canalizaÁıes em ferro e<br />

em material pl·stico em PVC. A ·rea irrigada compreendia 1.360 hectares de um total de<br />

3.980 hectares do Projeto.<br />

Em que pese as condiÁıes desfavor·veis da regi„o e algumas deficiÍncias do<br />

projeto, a exemplo dos altos custos de bombeamento em funÁ„o da coluna dí·gua a ser<br />

vencida e a falta de cultura local no manejo dos cultivos planejados para integrar o sistema<br />

produtivo, o PerÌmetro foi implantado e nele se depositaram muitas esperanÁas de melhoria de<br />

vida e de redenÁ„o da regi„o.<br />

A produÁ„o que deveria ser variada, prevalecendo a fruticultura irrigada pelo<br />

seu alto valor agregado e mercados consumidores atraentes e de perfil comprador, deu lugar ‡<br />

concentraÁ„o em poucos produtos, limitando, de igual modo, a comercializaÁ„o e o mercado<br />

consumidor, reduzindo as taxas de retorno e comprometendo a viabilidade econÙmica.<br />

Poucos produtos sugeridos na elaboraÁ„o do Projeto tiveram suas produÁıes<br />

mantidas no PerÌmetro, na medida em que se consolidava a sua<br />

operacionalizaÁ„o.<br />

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Na pr·tica, a produÁ„o frutÌcola do PerÌmetro nunca correspondeu ‡s propostas<br />

dos estudos originais, n„o obstante a ocorrÍncia dos cultivos de banana, goiaba,<br />

mam„o, melancia, mel„o e acerola, que em 1996 representavam 1,53% da ·rea<br />

total plantada do PerÌmetro (em 1990 ·rea plantada com fruteiras representou<br />

8,22% da ·rea). (ARA⁄JO, C. 1997, p. 53)<br />

A cultura do quiabo passou a predominar, chegando a representar, em 1996,<br />

67,18% da produÁ„o e 45,82% de toda a ·rea cultivada no PerÌmetro. A concentraÁ„o em<br />

poucos produtos pode ser observada nos dados da ·rea plantada no mesmo perÌodo, em que<br />

85% da produÁ„o È dirigida para apenas 4 culturas: quiabo, milho feij„o e tomate (ARA⁄JO,<br />

C. 1997).<br />

Tal situaÁ„o pode ser entendida como reflexo dos erros no planejamento<br />

desvinculado da realidade cultural da regi„o, que n„o levou em consideraÁ„o a vocaÁ„o<br />

agrÌcola daqueles que seriam os produtores no empreendimento, nem a necessidade de<br />

assistÍncia a ser oferecida pelas instituiÁıes que inicialmente estavam encarregadas de<br />

fornecer suporte tÈcnico e mercadolÛgico aos produtores. … certo que esperar as elevadas<br />

taxas de produtividade e de retorno consignados nos estudos de viabilidade n„o seria realista,<br />

mas as alteraÁıes sofridas no mix de produÁ„o, a premÍncia por resultados e a condiÁ„o<br />

momentaneamente favor·vel para a produÁ„o de determinados cultivos, praticamente induz os<br />

produtores (descapitalizados para aguardar culturas de perÌodo de maturaÁ„o maiores) ‡<br />

monocultura, procurando o caminho aparentemente mais r·pido e f·cil para a obtenÁ„o do<br />

retorno ao investimento.<br />

AlÈm disso, a difus„o de tecnologias desenvolvidas nos lotes destinados para<br />

estes fins, esbarrou na lentid„o do Estado em destinar recursos para o custeio dessas<br />

atividades e nas limitaÁıes das instituiÁıes encarregadas de fomentar a pesquisa e a<br />

introduÁ„o de novas tÈcnicas no perÌmetro.<br />

Mesmo considerando as mudanÁas de foco nas culturas implantadas, os<br />

produtores esbarram em carÍncias estruturais que independem do produto colhido. A n„o<br />

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previs„o de locais no PerÌmetro para armazenagem e os problemas de comercializaÁ„o dos<br />

produtos, extremamente dependentes de atravessadores e de mercado consumidor fora de<br />

Sergipe, limitam as taxas de retorno do investimento.<br />

Esse conjunto de problemas s„o bem diagnosticados por Ara˙jo, C. (1997), que<br />

tambÈm analisou aspectos ambientais de forma geral. A falta de aplicaÁ„o de tÈcnicas<br />

adequadas de produÁ„o, aliada ‡s baixas taxas de retorno dos produtos cultivados, tem levado<br />

ao uso indiscriminado de fertilizantes e agrotÛxicos, bem como ao uso inadequado da ·gua<br />

disponÌvel, refletindo no desgaste do solo e numa degradaÁ„o ambiental potencialmente mais<br />

ampla, em funÁ„o da inviabilidade futura do PerÌmetro.<br />

Os problemas observados no Projeto CalifÛrnia ñ este j· passÌvel de uma<br />

an·lise segura ante a maturaÁ„o dos resultados e avaliaÁ„o ex post das polÌticas p˙blicas<br />

implementadas ñ permitem concluir a inadequaÁ„o da forma de conduÁ„o do Projeto, desde a<br />

fase de concepÁ„o e planejamento, passando pela execuÁ„o, operaÁ„o e manutenÁ„o,<br />

acompanhamento e avaliaÁ„o dos resultados do PerÌmetro. As deficiÍncias do planejamento,<br />

representadas pela superficialidade do projeto b·sico sob o qual foi desenvolvido o sistema,<br />

resultou em desvirtuamento das propostas iniciais de produÁ„o, conduzidos pelas situaÁıes<br />

conjunturais por que passam os produtores (ARA⁄JO, C., 1997)<br />

Mesmo considerando alguns aspectos do Projeto que se possa reputar como<br />

positivos, como a convivÍncia de mais de uma pr·tica de produÁ„o, os resultados esperados<br />

n„o foram alcanÁados, pois n„o houve interaÁ„o entre os pequenos produtores e os<br />

empreendedores empresariais; ao contr·rio, a competiÁ„o entre eles sÛ fez aumentar a<br />

situaÁ„o de fragilidade quando da comercializaÁ„o dos produtos.<br />

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5.1.2 PROJETO JACAR…-CURITUBA<br />

Na ·rea estudada, o projeto JacarÈ-Curituba, abrange territÛrio dos municÌpios<br />

de PoÁo Redondo e CanindÈ do S„o Francisco, com a maior parte do perÌmetro em terras do<br />

primeiro e concentraÁ„o da infra-estrutura no segundo municÌpio.<br />

Em 1993 foram realizados os estudos de viabilidade da obra de implantaÁ„o do<br />

Projeto, e as obras civis iniciadas em 1997. Os recursos para a sua execuÁ„o foram<br />

viabilizados mediante convÍnio e teve como intervenientes a Uni„o, por meio do hoje<br />

MinistÈrio da IntegraÁ„o Nacional e o Estado de Sergipe. Desde o inÌcio das obras, foram<br />

gastos R$ 51.110.199,00, recursos recebidos por meio de dois convÍnios firmados com a<br />

Uni„o. O primeiro, datado de setembro de 1997, cuja vigÍncia estava prevista para o seu<br />

tÈrmino em junho de 2000, tinha como valor original R$ 8.000.000,00, sendo aditivado<br />

posteriormente em mais R$ 6.798.870,00, totalizando R$ 14.797.870,00 que somados ‡<br />

contrapartida estadual de R$ 1.479.787,00 totalizava 16.277.657,00. O segundo, firmado em<br />

novembro de 1999, com vigÍncia atÈ dezembro de 2002, previa um custo de R$ 6.296.785,00,<br />

sendo aditivado posteriormente em mais R$ 30.015.544,00 que somados ‡ contrapartida<br />

estadual de R$ 629.678,50 totalizando R$ 36.942.007,50 13 .<br />

O custo estimado da obra era de cerca de 55 milhıes de reais, excluÌdos os<br />

custos para obras de infra-estrutura, como drenos, tubulıes de distribuiÁ„o interna dos lotes,<br />

como tambÈm n„o est„o incluÌdos neste custo qualquer edificaÁ„o social (escolas, postos de<br />

sa˙de, etc.) Considerando a ·rea a ser irrigada, de 3.155 hectares, infere-se que o projeto iria<br />

irrigar um hectare por cerca R$ 17.400,00. Entretanto, no c·lculo n„o foram consideradas as<br />

previsıes de que para o projeto a vaz„o destinada ser· de 3,6m /s, que somada ao desvio para<br />

o Projeto CalifÛrnia (localizado em CanindÈ do S„o Francisco) na ordem de 2,6m /s, e os<br />

13 Dados extraÌdos do SIAFI-Sistema Integrado de AdministraÁ„o Financeira do Governo Federal<br />

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3,8m /s ainda sem destinaÁ„o, colocam-no em posiÁ„o bastante vantajosa na relaÁ„o de custo<br />

por hectare irrigado quando comparado com o seu ìconcorrenteî de verbas orÁament·rias,<br />

Jacarecica II, estimado em mais de R$ 35.000,00 por hectare irrigado, apesar deste se<br />

apresentar com pouca viabilidade econÙmica e de baixo impacto social em contrapartida com<br />

JacarÈ-Curituba, com o priorit·rio aspecto social de sua conclus„o.<br />

Esse projeto, ainda n„o foi concluÌdo, provavelmente como resultado da<br />

polÌtica de ìtocarî v·rias obras ao mesmo tempo, mesmo que isto implique em postergar<br />

indefinidamente as suas conclusıes, visto que atende a interesses polÌticos de pulverizar o<br />

gasto p˙blico em diversas bases polÌticas, aumentando a ades„o de lideranÁas regionais ‡s<br />

polÌticas p˙blicas levadas adiante pelo mandat·rio do executivo.<br />

Outro aspecto que se mostra emblem·tico para a an·lise da atuaÁ„o do poder<br />

p˙blico em projetos de desenvolvimento, È a descontinuidade dos seus propÛsitos, ou a<br />

manutenÁ„o dos procedimentos e objetivos inicialmente planejados, que motivaram e<br />

legitimaram a viabilidade de projetos como os de irrigaÁ„o que ora se analisa.<br />

O JacarÈ-Curituba foi planejado para ser utilizado por pequenos produtores<br />

empres·rios, com lotes de 50 hectares cada um. Essa concepÁ„o demandava sistemas de<br />

irrigaÁ„o prÛprios, planejamento agrÌcola, culturas diversificadas e de alto valor agregado e<br />

investimentos por parte dos empreendedores. Entretanto a sua implementaÁ„o coincidiu com a<br />

mudanÁa de comando do executivo municipal do principal municÌpio beneficiado com o<br />

projeto, administraÁ„o esta com um projeto polÌtico diferente do antecessor cujo ponto de<br />

destaque È o apoio ao movimento pela posse de terras, demanda antiga e que encontra amparo<br />

no chefe do executivo local. Com o redirecionamento do projeto para assentar integrantes do<br />

MST, os lotes empresariais foram divididos em v·rios pequenos lotes mas a tomada parcelar<br />

n„o foi estendida atÈ eles, sendo deixado para os assentados a responsabilidade de<br />

implantaÁ„o de tomada parcelar assim como a operaÁ„o (e custeio) do condomÌnio. AlÈm<br />

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disso, o planejamento da produÁ„o foi redirecionado para plantas que utilizam volume<br />

substancial de ·gua e outra forma de aspers„o, comprometendo, talvez de forma irremedi·vel,<br />

as viabilidades fÌsica e econÙmica se persistir a implantaÁ„o com esse redirecionamento.<br />

Por fim, os potenciais problemas ambientais s„o advindos, n„o sÛ da<br />

implantaÁ„o de um projeto deste tipo, como, principalmente, das mudanÁas de foco<br />

implementadas. Apesar do redirecionamento do projeto, as soluÁıes tÈcnicas propostas<br />

inicialmente n„o foram readequadas ‡ nova realidade, uma vez que os lotes empresariais, de<br />

50 hectares foram divididos para o assentamento de 10 famÌlias cada um, sem qualquer<br />

modificaÁ„o na infra-estrutura projetada.<br />

Considerando que os solos da regi„o s„o rasos, tÍm camadas imperme·veis e<br />

com componentes salÌnicos prÛximos da superfÌcie, a salinizaÁ„o È um problema que n„o se<br />

pode descurar, sob pena de um dano ambiental de largas proporÁıes para a regi„o,<br />

inviabilizando a sobrevivÍncia das comunidades. Essa preocupaÁ„o È fortemente procedente,<br />

pois o sistema de irrigaÁ„o, que inicialmente foi concebido para microaspers„o, dever· ser<br />

alterado para aspers„o tradicional, pois os cultivos a serem implantados tambÈm foram<br />

alterados, passando de uva a banana, capim bufel e pinha.<br />

A ausÍncia de hidrÙmetros, n„o previstos no projeto (o irrigante pagaria pelo<br />

tamanho do lote e n„o pelo consumo efetivo de ·gua), aliada ‡ crÙnica falta de tÈcnica e<br />

cultura dos usu·rios (a ausÍncia de assistÍncia tÈcnica de que padecem os assentamentos<br />

oriundos da reforma agr·ria), ‡ possibilidade de alteraÁ„o do sistema de irrigaÁ„o, passando<br />

de microaspers„o e gotejamento (que exigem investimentos iniciais elevados) para aspers„o<br />

tradicional, ‡ n„o execuÁ„o de estruturas de drenagem (tambÈm por problemas de capacidade<br />

de investimento), podem levar a um processo de degradaÁ„o ambiental resultante de eros„o e<br />

salinizaÁ„o do solo e desperdÌcios de ·gua, gerando elevaÁ„o de custos e inviabilidade do<br />

projeto.<br />

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AlÈm dos aspectos mencionados, tÍm-se os problemas advindos da<br />

desapropriaÁ„o das terras. O Incra, respons·vel pela desapropriaÁ„o das terras, n„o utiliza<br />

metodologias geralmente aplicadas na avaliaÁ„o de terras como tabelas de deflaÁ„o, escala de<br />

Norton e tabela Mendes Sobrinho, procedendo a um estudo de mercado baseado em<br />

informaÁıes locais, propiciando a ocorrÍncia de desvirtuamentos dos processos de<br />

desapropriaÁ„o.<br />

A esse respeito merecem ser citados dois casos que exemplificam bem o a falta<br />

de controle do uso dos recursos p˙blicos e o seu uso em proveito prÛprio.O primeiro caso diz<br />

respeito a uma propriedade desapropriada que teve indenizada uma benfeitoria denominada<br />

adutora, que na verdade se constituÌa em uma captaÁ„o ilegal de ·gua do projeto de irrigaÁ„o<br />

CalifÛrnia. O outro se refere a uma avaliaÁ„o feita pelo Incra, com a qual concordou o<br />

propriet·rio, mas que posteriormente uma perÌcia determinada pelo juÌzo da comarca majorou<br />

o preÁo a ser pago em cerca de 117 mil reais, acrescidos ao valor depositado inicialmente pelo<br />

Incra, de cerca de 393 mil reais.<br />

Os problemas observados no projeto tomado como referÍncia, em funÁ„o da<br />

·rea de estudo, podem ser estendidos para os demais projetos, variando de acordo com as<br />

peculiaridades locais. Nota-se, entretanto, pontos em comum que n„o passam desapercebidos,<br />

como o superdimensionamento da viabilidade do projeto na sua fase de elaboraÁ„o, a<br />

descontinuidade de projetos, a geraÁ„o de benefÌcios econÙmicos indevidos para alguns<br />

(problemas nas desapropriaÁıes) e potencial de danos ao meio ambiente elevado, em face da<br />

prevalÍncia de decisıes polÌticas em detrimento das tÈcnicas.<br />

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5.1.3 A CULTURA DA DESCONTINUIDADE<br />

A escassez de ·gua no Nordeste tem sido muitas vezes responsabilizada pelas<br />

mazelas das populaÁıes pobres, embora cada vez mais se difunda a consciÍncia da<br />

irresponsabilidade das classes dominantes no trato da quest„o nordestina, onde a ·gua se torna<br />

um bem ainda mais precioso do que em outras regiıes, n„o se podendo conceber projetos que<br />

venham a agravar o problema pelo mau uso da ·gua, seja com desperdÌcios, seja com<br />

utilizaÁ„o inadequada prejudicando o solo. TambÈm n„o se pode aceitar que projetos n„o<br />

obtenham sucesso devido ‡ mudanÁas da sua concepÁ„o ou a alteraÁıes na sua execuÁ„o em<br />

atendimento a interesses de pessoas ou grupos dominantes. O volume de recursos investidos<br />

nos projetos de irrigaÁ„o deveriam se constituir em molas propulsoras para o desenvolvimento<br />

da regi„o, mas n„o se observa mudanÁas significativas na qualidade de vida das populaÁıes<br />

que deveriam ser beneficiadas com esses projetos.<br />

Assim, embora a agricultura irrigada tenha o potencial de induzir o<br />

desenvolvimento de regiıes que n„o conseguem atingir nÌveis de produÁ„o agrÌcola em<br />

funÁ„o da baixa precipitaÁ„o pluviomÈtrica, para que atinja estes objetivos È preciso antes<br />

vencer alguns desafios de natureza estrutural que mistura polÌticas p˙blicas duradouras,<br />

cultura administrativa de compromisso com resultados e planejamento de longo prazo. O que<br />

se vÍ, atÈ ent„o, È o que se pode chamar de ìind˙stria da pedra fundamentalî, ou ìind˙stria da<br />

inauguraÁ„oî, na qual a etapa mais importante de um projeto È o descerramento da placa<br />

inaugural.<br />

Muitas vezes o compromisso parece ser restrito ‡ fase inicial da implantaÁ„o de<br />

um projeto: o seu lanÁamento, quando as metas s„o apresentadas de forma<br />

superdimensionada, assim como as expectativas de retorno ñ no caso especÌfico de projetos de<br />

irrigaÁ„o superdimensionam a capacidade de ampliaÁ„o da ·rea irrigada e da produtividade a<br />

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ser alcanÁada ñ e tomam estas expectativas como verdades absolutas, em que tudo dar·<br />

extremamente certo, os fatos ir„o ocorrer na cronologia otimamente planejada, os governos<br />

manter„o os fluxos de investimentos, os preÁos ser„o favor·veis e os mercados sempre<br />

receptivos, sem concorrÍncias e sem gargalos de infra-estrutura.<br />

Quem capta e quem concede os recursos tambÈm se mostram despreocupados<br />

com a efetividade daquele investimento, pois os n˙meros apresentados s„o bastante<br />

favor·veis, justificando-se por si sÛ, afinal, os n˙meros macroeconÙmicos de ìinvestimentoî<br />

num setor t„o carente d· a falsa impress„o de que o correto foi feito. Quando o tempo se<br />

encarrega de desmascarar o investimento, ou seja, mostrar o qu„o ineficaz foi aquele gasto, os<br />

respons·veis por aquele desperdÌcio geralmente n„o est„o mais ali para se justificar. Ou<br />

quando est„o, se socorrem das velhas e conhecidas saÌdas retÛricas: de perseguiÁ„o polÌtica,<br />

fatores conjunturais fora do seu alcance, ou mesmo condiÁıes externas desfavor·veis. Para se<br />

ter uma idÈia, projetos com cerca de 20 anos de operaÁ„o ainda n„o chegaram ao ponto de<br />

maturaÁ„o, geralmente planejados para se atingir em 5 anos.<br />

AlÈm disso, padecem, os projetos, de continuidade em sua execuÁ„o,<br />

continuidade esta que garantiria a manutenÁ„o dos equipamentos j· disponibilizados e postos<br />

em operaÁ„o para a execuÁ„o do que foi planejado, gerando, como conseq¸Íncia, o risco de<br />

perda dos investimentos, o atraso tecnolÛgico e o sucateamento, rebaixando ainda mais a<br />

combalida produtividade.<br />

A cultura da descontinuidade alÈm de comprometer os projetos que porventura<br />

estejam em operaÁ„o, gera um outro problema n„o menos importante: com a compuls„o em<br />

iniciar novos projetos, a estrutura de perÌmetros irrigados instalada supera a capacidade de<br />

manutenÁ„o em condiÁ„o Ûtima dos projetos j· existentes. Os recursos planejados para a<br />

execuÁ„o de novos projetos viabilizaria a recuperaÁ„o, revitalizaÁ„o e modernizaÁ„o dos<br />

perÌmetros existentes. Ao n„o se levar em conta a necessidade de disponibilizar verbas de<br />

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custeio para manter os investimentos realizados, mostra de forma cabal a inefetividade e falta<br />

de planejamento da AdministraÁ„o P˙blica.<br />

5.2 INTERVEN«’ES P⁄BLICAS E AS TRANSFER NCIAS<br />

INTERGOVERNAMENTAIS<br />

… sabido que a maioria dos municÌpios brasileiros n„o tÍm condiÁ„o de auto-<br />

sustentaÁ„o, dependendo na maioria das vezes da receita oriunda de transferÍncias de<br />

recursos, constitucionais e volunt·rias, que suprem mais de 95% de suas necessidades<br />

financeiras.<br />

AlÈm das transferÍncias obrigatÛrias, que por mandamento constitucional se<br />

transformam em receitas prÛprias dos municÌpios, eles dependem muito das transferÍncias<br />

volunt·rias que consiste na entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da<br />

FederaÁ„o e s„o efetivadas mediante algum tipo ajuste 14 (convÍnios, contratos de repasses,<br />

etc.) para a execuÁ„o de aÁıes de sua competÍncia, mas que, na maioria das vezes, s„o<br />

atribuÌdas aos governos estadual ou federal como forma de viabilizar o convÍnio. … bem<br />

verdade que estas aÁıes tambÈm s„o o que se chama de competÍncia concorrente, ou seja,<br />

compete a municÌpios, estados e Uni„o pratic·-las, n„o prescindindo a aÁ„o de um ‡ outorga<br />

ou omiss„o do outro para a sua consecuÁ„o.<br />

Principalmente quando È a Uni„o que pretende executar uma aÁ„o, e<br />

coadunando com a moderna gest„o de gastos p˙blicos de que quanto mais prÛximo do<br />

benefici·rio do gasto, supostamente mais efetivo tende a ser este gasto, o que leva a ser<br />

firmado o convÍnio, principalmente com os municÌpios, por ser o ente p˙blico mais prÛximo<br />

14 Para efeito de simplificar o entendimento, e por ser esta a modalidade de ajuste mais conhecida e comumente<br />

referenciada, os ajuste ser„o tratados como convÍnio, independente da modalidade aplicada, desde que os<br />

instrumentos sejam similares a convÍnio e lhes sejam aplicadas as mesmas disposiÁıes e competÍncias.<br />

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das comunidades. AlÈm do municÌpio (pessoa jurÌdica de direito p˙blico), a Uni„o tambÈm<br />

pode firmar com entidades privadas que se encarregam da execuÁ„o de alguma atividade<br />

p˙blica n„o estatal por meio dos mesmos instrumentos, comumente chamados de convÍnios.<br />

AlÈm da evidente relaÁ„o de dependÍncia financeira dos estados e<br />

principalmente dos municÌpios em relaÁ„o ao governo federal, n„o se pode descurar que tais<br />

transferÍncias s„o resultantes de novas formas de conduÁ„o das finanÁas p˙blicas do paÌs, por<br />

meio da evoluÁ„o de princÌpios teÛricos e de modificaÁıes das demandas da coletividade<br />

quanto ‡ intervenÁ„o do governo para aplainar as desigualdades sociais inter-regionais e ainda<br />

como forma de distribuiÁ„o de renda. (SILVA, 1994)<br />

Ademais, as transferÍncias obrigatÛrias, principalmente nos municÌpios, s„o<br />

praticamente consumidas com as chamadas despesas correntes, de custeio do aparato estatal,<br />

restando muito pouco para investimentos nas ·reas que mais demandam por serviÁos p˙blicos.<br />

Como algumas ·reas estratÈgicas como sa˙de e educaÁ„o tÍm repasses garantidos por meio<br />

das transferÍncias obrigatÛrias, mas que se constituem em recursos vinculados ‡s despesas<br />

correspondentes, ou seja, sÛ podem ser gastos nas finalidades especÌficas, os gestores<br />

municipais ficam na dependÍncia de recursos via convÍnios para executar aÁıes de<br />

investimento, principalmente em infra-estrutura. Saneamento b·sico, habitaÁ„o, e mais<br />

recentemente projetos ambientais somente tÍm sido viabilizados por meio do aporte de<br />

recursos de outras esferas estatais, via os mecanismos mencionados.<br />

A tabela a seguir mostra os valores transferidos pela Uni„o para aÁıes nos<br />

municÌpios da regi„o do Sert„o do Baixo S„o Francisco Sergipano, incluindo as transferÍncias<br />

para entidades n„o governamentais.<br />

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[S1] Coment·rio: VER<br />

EDI« O MAIS ATUAL


MunicÌpio<br />

Tabela 2 - TransferÍncias da Uni„o por meio de convÍnios* (R$)<br />

1999 2000 2001 2002 TOTAL<br />

CanindÈ do S„o Francisco 61.943,93 231.690,00 243.785,00 199.262,39 736.681,32<br />

Gararu 494.468,58 604.343,00 647.384,00 214.530,00 1.960.725,58<br />

Monte Alegre 92.081,40 73.800,00 100.000,00 133.750,00 399.631,40<br />

Nossa Senhora da GlÛria 144.800,00 867.455,00 526.000,00 30.800,00 1.569.055,00<br />

PoÁo Redondo 419.071,21 576.400,00 395.932,71 100.000,00 1.491.403,92<br />

Porto da Folha 764.746,54 675.000,00 400.469,20 283.220,00 2.123.435,74<br />

Fonte: SIAFI<br />

* ConvÍnios, Contratos de Repasses e Termos de Parcerias.<br />

¿ exceÁ„o das transferÍncias obrigatÛrias, os convÍnios s„o firmados de acordo<br />

com as polÌticas federais para cada setor, por meio de seus MinistÈrios ou Secretarias<br />

especiais. Desta forma, h· a necessidade de identificaÁ„o de quais ·reas est„o mais propensas<br />

‡ aplicaÁ„o de recursos ou quais projetos o governo federal est· disposto a executar por meio<br />

de convÍnios. Considerando a carÍncia de recursos financeiros dos municÌpios, fica difÌcil<br />

imaginar um municÌpio recusando ser partÌcipe de um convÍnio por este visar empreender<br />

uma aÁ„o n„o contemplada originalmente na polÌtica de governo municipal, pois ainda<br />

prevalece a m·xima de que todo dinheiro È bem vindo independente da finalidade e do objeto<br />

a ser executado. Como decorrÍncia, observa-se, muitas vezes, execuÁ„o de objeto de<br />

convÍnios com pouca penetraÁ„o nos anseios da comunidade.<br />

H· que se reconhecer, entretanto, que dada a enormidade de carÍncias por que<br />

passam a maioria da populaÁ„o dos municÌpios sergipano, fica difÌcil imaginar algum<br />

integrante desse contingente de necessitados avaliando a prioridade daquele investimento.<br />

Contribuem para isto o estado de ignor‚ncia (no sentido de desconhecimento) quanto a sua<br />

situaÁ„o de cidad„o que deveria ter poderes para interferir na alocaÁ„o de recursos p˙blicos, e<br />

a escassez de empregos, uma vez que por mais inÛcuos que sejam os projetos, ao menos em<br />

sua fase de execuÁ„o, demandam m„o de obra local. Obviamente os benefÌcio s„o efÍmeros e<br />

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n„o se resistiriam a uma an·lise de viabilidade quando comparados os recursos despendidos e<br />

os benefÌcios gerados.<br />

Uma outra conseq¸Íncia desta forma de aplicaÁ„o de recursos p˙blicos È a<br />

aÁ„o de lobbies que atuam intermediariamente entre as fontes de recursos e os destinat·rios<br />

das polÌticas p˙blicas. Se apenas a atuaÁ„o se restringisse ‡ viabilizaÁ„o de projetos<br />

municipais por meio da identificaÁ„o das fontes de recursos financeiros, a atividade se<br />

revestiria de legitimidade e nada se poderia opor ‡ sua atuaÁ„o. Entretanto, o que se observa È<br />

que alÈm da j· comentada desvinculaÁ„o da aÁ„o p˙blica com as necessidades locais, h· ainda<br />

a relaÁ„o perniciosa potencialmente existente entre estes agentes de identificaÁ„o de fontes de<br />

recursos e as empresas executoras dos serviÁos necess·rios ‡ consecuÁ„o do objeto do<br />

convÍnio, muitas das vezes ìvendendoî um projeto pronto ‡ prefeitura, j· identificados as<br />

fontes de recursos, os executores, a forma de execuÁ„o, faltando ìapenasî que algum prefeito<br />

se disponha a aceitar os termos propostos para levar adiante o convÍnio.<br />

Toda a estrutura È desprovida de espÌrito p˙blico, visando apenas aos seus<br />

prÛprios interesses. O do Ûrg„o concedente em destinar a totalidade dos recursos (unidade de<br />

medida de eficiÍncia); do convenente ñ estado/municÌpio ñ em captar o maior volume de<br />

recursos possÌveis (visibilidade polÌtica); dos lobistas e empresas executoras o de intermediar<br />

o maior n˙mero possÌvel de convÍnios e que possibilitem os maiores benefÌcios financeiros<br />

para ambos.<br />

O resultado de todo este conjunto de fatores s„o os projetos executados sem<br />

efetividade para as comunidades, resultante de uma polÌtica de transferÍncias de recursos via<br />

convÍnio sem vinculaÁ„o com as necessidades da populaÁ„o, fadados ao fracasso,<br />

constituindo-se em desperdÌcio de dinheiro p˙blico. Os exemplos s„o muitos mas parecem<br />

n„o servir de alerta para as comunidades e os Ûrg„os encarregados do controle do gasto<br />

p˙blico.<br />

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Em 2000 o municÌpio de Lagarto-SE firmou um convÍnio com o MinistÈrio do<br />

Meio Ambiente para um plano de gest„o integrada de gerenciamento de resÌduos sÛlidos com<br />

vistas a dotar o municÌpio de um moderno aterro sanit·rio, livrando-se da degradante lixeira a<br />

cÈu aberto. Foi pactuada uma aÁ„o que contemplava a necessidade de cerca de 200 mil reais<br />

para a elaboraÁ„o do plano (com o mapeamento das necessidades de coleta e produÁ„o de<br />

lixo) e para a construÁ„o do aterro. Consumidos os recursos na elaboraÁ„o do plano, de<br />

projetos e algumas obras paliativas (a ·rea do aterro n„o chegou a ser desapropriada), o<br />

municÌpio solicitou mais verbas ao MinistÈrio a ìconclus„oî do aterro, no que n„o foi<br />

atendido. Fica patente a deliberada intenÁ„o do municÌpio em captar os recursos mesmo<br />

sabendo que n„o seriam suficientes para a consecuÁ„o do objeto pactuado.<br />

O exemplo reflete a vis„o dos gestores municipais, na qual È melhor conseguir<br />

poucos recursos do que nenhum, mesmo correndo o risco destes recursos n„o serem bem<br />

aplicados ou aplicados apenas em uma parte inacabada de uma obra qualquer. A raz„o para<br />

essa postura È que, no caso do pleito contemplar a totalidade dos recursos dificilmente se<br />

conseguiria ter o pedido aprovado, pela necessidade do Governo Federal atender ao maior<br />

n˙mero de pedidos, mesmo que isso comprometa a efetividade do gasto, desde que atenda ‡<br />

demanda polÌtica. A soluÁ„o È pedir pouco, executar o que der e depois tentar mais recursos<br />

para continuar ou finalizar a obra.<br />

Fosse somente isto, a situaÁ„o material de restriÁ„o orÁament·ria poderia dar<br />

ares de legitimidade ‡ estratÈgia, mas o que acontece objetivamente È que n„o h· um<br />

planejamento, apenas se reivindica os recursos que aparecem disponÌveis como forma de n„o<br />

perder a oportunidade de executar mais uma obra, mesmo sem a certeza de sua conclus„o ou<br />

mesmo utilidade para a populaÁ„o.<br />

Com isto, mesmo que futuramente se possa conseguir novos recursos, a porÁ„o<br />

executada anteriormente n„o se presta para continuidade, seja por uma execuÁ„o<br />

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desconsiderando a possibilidade de continuidade, seja pelo decurso de um tempo entre as duas<br />

execuÁıes suficiente para a depreciaÁ„o do que fora executado.<br />

No exemplo mencionado, somente foi executado o Plano de Gerenciamento,<br />

que de nada adiantar· se n„o forem executadas as obras e instalaÁıes do aterro sanit·rio. Ter-<br />

se-· pago por um plano que n„o ser· aplicado por falta de recursos. Mesmo que os recursos<br />

venham a ser disponibilizados, a extemporaneidade de sua alocaÁ„o poder· comprometer a<br />

qualidade das informaÁıes lanÁadas no Plano, fazendo-se necess·rio atualizaÁıes de dados em<br />

face das transformaÁıes geogr·ficas e sociais que possam ter sofrido o universo pesquisado<br />

para a sua elaboraÁ„o. Enquanto isto, a lixeira a cÈu aberto continua a ser utilizada com a<br />

permanÍncia e, mesmo, aumento dos danos ao ambiente natural e social.<br />

5.3 PROGRAMAS DE APOIO AO PEQUENO PRODUTOR RURAL<br />

Em meados de 1984 È criada a Unidade de AdministraÁ„o do Projeto Nordeste-<br />

Sergipe, denominada de PRONESE para coordenar o Programa de Apoio ao Pequeno<br />

Produtor (PAPP), que integrava o Projeto Nordeste, decorrente do Acordo de EmprÈstimo n<br />

2523-BR firmado pela Uni„o com o Banco Internacional de ReconstruÁ„o e Desenvolvimento<br />

(BIRD), tambÈm conhecido como Banco Mundial. O projeto, apÛs a reformulaÁ„o em 1993 e<br />

a incorporaÁ„o do PAC (Programa de Apoio Comunit·rio) e FUMAC (Fundo Municipal de<br />

Apoio Comunit·rio), estimulava a concess„o de financiamentos, a fundo perdido, para o<br />

desenvolvimento de atividades de apoio a pequenas comunidades organizadas em<br />

associaÁıes, com vistas ‡ melhoria do padr„o de vida, de renda e de oportunidades de<br />

emprego para pequenos produtores de baixa renda, como tambÈm um aumento na produÁ„o<br />

de alimentos b·sicos.<br />

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Com o fim do acordo de emprÈstimo 2523-BR, foi firmado no ano de 1996 um<br />

novo acordo de emprÈstimo (3919-BR), desta feita entre o Estado de Sergipe e o BIRD, tendo<br />

a Uni„o como avalista, que foi denominado de Projeto S„o JosÈ, que objetivou a execuÁ„o do<br />

Projeto de Combate ‡ Pobreza Rural (PCPR-I) e foi executado nos anos de 1996 a 2001.<br />

Segundo dados da Pronese (SERGIPE, 2002) foram criados e capacitados 68 Conselhos de<br />

Desenvolvimento Municipais no Estado de Sergipe e mais de 1.000 associaÁıes comunit·rias<br />

receberam aÁıes de capacitaÁ„o e fortalecimento. Dos recursos financeiros, 94% foram<br />

aplicados na execuÁ„o de 1.804 projetos, que teriam beneficiado cerca de 120 mil famÌlias e<br />

gerado 16 mil empregos diretos e indiretos em todos os municÌpios do Estado, ‡ exceÁ„o de<br />

Aracaju e ·rea metropolitana da capital que engloba os municÌpios de Barra dos Coqueiros,<br />

S„o CristÛv„o e Nossa Senhora do Socorro.<br />

Em 2001, novo Acordo de EmprÈstimo (4649-BR) com o Banco Mundial deu<br />

continuidade ao programa anterior, agora denominado PCPR-II, no valor total de US$ 60<br />

milhıes, com participaÁ„o do Estado de Sergipe, Banco Mundial e Comunidade/AssociaÁıes<br />

como co-financiadores do programa. Na documentaÁ„o da Pronese:<br />

O Programa de ReduÁ„o da Pobreza Rural - PCPR II È uma aÁ„o do Governo de<br />

Sergipe com o apoio do Banco Mundial para a reduÁ„o da pobreza rural no<br />

Estado. AtravÈs de financiamentos n„o reembols·veis, o Projeto busca<br />

incentivar as comunidades rurais localizadas nas ·reas mais pobres do Estado a<br />

realizar investimentos e empreendimentos de interesse comunit·rio que<br />

promovam o seu desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida de suas<br />

populaÁıes. (PRONESE, 2002, p.102)<br />

O programa, que se constitui em continuidade do Programa de Apoio ao<br />

Pequeno Produtor (PAPP), apesar da mudanÁa de sua denominaÁ„o, permanece com os<br />

mesmo objetivos do primeiro mesmo tendo sofrido algumas adequaÁıes ao longo dos quase<br />

20 anos em que vem sendo executado no Estado de Sergipe. Os n˙meros apresentados pela<br />

Pronese s„o grandiosos e contrastam com a realidade observada e com os relatos consignados<br />

na literatura sobre o tema.<br />

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[...] suas aÁıes [do PAPP] reduziram-se ‡ assistÍncia tÈcnica, formaÁ„o de<br />

comitÍs politicamente controlados pelas lideranÁas locais e realizaÁ„o de<br />

pequenas obras sociais: casas de farinha, centros comunit·rios, galpıes,<br />

cisternas e outras.<br />

Como coloca CHALOUT (1985) e CARVALHO (1987) o semi-·rido nunca<br />

interessou ao grande capital, o Projeto Nordeste constituiu-se uma fonte de<br />

recursos para o governo central legitimar suas aÁıes para os governos estaduais<br />

viabilizarem uma administraÁ„o mÌnima numa Època de crise e, finalmente para<br />

possibilitar ‡s lideranÁas locais a manipulaÁ„o de suas bases eleitorais.<br />

(VARGAS, 1999, p. 41)<br />

Segundo documentaÁ„o da ent„o Delegacia Federal de Controle em Sergipe<br />

(DFC/SE), que passou a Controladoria Geral da Uni„o em Sergipe (CGU/SE), os projetos no<br />

‚mbito do PAPP apresentavam diversos problemas de execuÁ„o (ou a falta dela) que<br />

comprometiam a efetividade do programa. Eram apresentados projetos desvinculados da<br />

realidade e das necessidades locais, n„o demandados pelas comunidades e, muitas vezes, n„o<br />

eram executados por completo, sendo abandonados sem serventia para a comunidade,<br />

chegando alguns deles a sequer ser iniciados, em que pese constarem como executados e com<br />

as contas aprovadas, na Pronese.<br />

Nesse particular, convÈm mencionar a procedente observaÁ„o consignada no<br />

relatÛrio de auditoria da DFC/SE a respeito dos interesses conflitantes dos diversos agentes<br />

envolvidos, quais sejam, a comunidade, a Pronese e o BIRD:<br />

Como dissemos, a Ûtica do Banco e a sua disciplina financeira objetivam<br />

prioritariamente o cumprimento das metas financeiras, atravÈs da correta<br />

elaboraÁ„o de demonstrativos de despesas, convers„o da moeda, pedidos de<br />

reembolsos, etc. Entretanto, efetividade dos projetos vai muito alÈm da<br />

disciplina financeira propalada pelo Banco, uma vez que, como organismo de<br />

crÈdito, onde a comunidade financeira internacional participa n„o sÛ de sua<br />

composiÁ„o como tambÈm como fonte abastecedora de recursos, ele est·<br />

obrigado a esta disciplina como forma de atrair capital a taxas diferenciadas.<br />

Efetividade dos projetos È, alÈm da correta aplicaÁ„o dos recursos segundo a<br />

carta proposta, atravÈs de processos transparentes de pleito origin·rio das<br />

comunidades, tambÈm a efetiva e correta prestaÁ„o de contas e o benefÌcio<br />

advindo do mesmo totalmente revertido para a comunidade, o que possibilitar·<br />

a melhoria da condiÁ„o de vida atravÈs de benefÌcio sociais, atravÈs incremento<br />

das atividades produtivas e conseq¸ente aumento de renda, o que na verdade, È<br />

a essÍncia do Acordo EmprÈstimo. (SFC, 1997)<br />

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De fato, observa-se que daquela data atÈ os dias atuais n„o parece haver<br />

grandes mudanÁas procedimentais dos atores envolvidos, considerando perdurarem os<br />

problemas mencionados sem que providÍncias efetivas tenham sido implementadas.<br />

A figura 3 exemplifica a forma como È tratada a efetividade do programa. Para<br />

a Pronese e para o BIRD e objetivo foi atingido, pois os recursos foram transferidos para a<br />

associaÁ„o, que demandou a obra (sic), e a obra, formalmente, foi executada, pois constam da<br />

contabilidade financeira da Pronese e do Banco os documentos de prestaÁ„o de contas dando<br />

conta da perfeita conformidade do gasto.<br />

Figura 3 - Projeto financiado com Recursos do PCPR<br />

Ponte inacabada no municÌpio de Japaratuba (povoado flexas) com recursos do Projeto S„o<br />

Jose, destinados ‡ AssociaÁ„o de Mor. e Peq. Prod. Rurais do Pov. Flexas, iniciada em abril de<br />

2001 e prevista para ser concluÌda em junho do mesmo ano.<br />

… pouco razo·vel supor que a Pronese n„o saiba da inexecuÁ„o, uma vez que<br />

conta com um quadro tÈcnico capacitado e atuante; o que parece faltar È disposiÁ„o para<br />

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coibir tais situaÁıes, atÈ mesmo porque n„o lhes È cobrado: o Banco Mundial se satisfaz com<br />

a prestaÁ„o de contas formal, na qual estejam os demonstrativos cont·beis elaborados segundo<br />

as suas normas; o Governo do Estado n„o se interessa em cobrar e correta aplicaÁ„o dos<br />

recursos, pois isto implicaria por em riscos algumas alianÁas com lÌderes polÌticos regionais; e<br />

a sociedade, pela falta de cultura cidad„ e desconhecimento da natureza do gasto, n„o<br />

demonstra interesse em se pronunciar. Como mencionado no RelatÛrio de Auditoria da<br />

DFC/SE, para o BIRD o que importa È a presteza na utilizaÁ„o dos recursos financeiros<br />

disponibilizados e o Ìndice de utilizaÁ„o dos recursos do Acordo.<br />

GÛis (1999) em estudo sobre o PCPR menciona que a efetividade do programa<br />

nasce comprometida na medida em que n„o se percebe uma real participaÁ„o da comunidade<br />

na elaboraÁ„o dos projetos, resultando em obras ou aÁıes sem respaldo da comunidade,<br />

fadada, desta forma, ao fracasso ou abandono. O que se observa, pondera a autora, È que os<br />

projetos tÍm servido como instrumento de polÌticas p˙blicas das esferas municipal e estadual.<br />

De fato, na medida em que estado e municÌpios tÍm sua capacidade financeira<br />

para investimento em infra-estrutura social e econÙmica b·sica comprometida com despesas<br />

de custeio, deixam de atender outras necessidades que deveriam ser priorit·rias. Com isto,<br />

passam a utilizar recursos do PCPR como forma de viabilizar suas polÌticas de investimentos<br />

econÙmicos e sociais. Enquanto as prefeituras, por meio das associaÁıes, fazem uso do<br />

Programa para atender as necessidades das comunidades nestas ·reas n„o atendidas<br />

ordinariamente pelos seus orÁamentos, a Pronese direciona suas aÁıes para projetos que<br />

permitam, ou facilitem, a consecuÁ„o de metas do governo estadual.<br />

Nesse sentido, importante medida foi adotado no recente Acordo de<br />

EmprÈstimo (4649-BR) em que a seleÁ„o dos municÌpios contemplados com recursos do<br />

PCPR-II È feita conforme critÈrios prÈ-estabelecidos, compostos por uma cesta de Ìndices e<br />

dados sobre o municÌpio: Õndice de PopulaÁ„o Rural e de Desenvolvimento Humano-IDH,<br />

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89


eceita do imposto sobre a circulaÁ„o de mercadorias, ICMS, ·rea terrestre, Ìndice de<br />

mortalidade e projetos financiados. Esses Ìndices e dados resultam em uma pontuaÁ„o que<br />

determina a ordem de prioridade para o atendimento de pleitos segundo o municÌpio de<br />

origem da associaÁ„o comunit·ria, ou assemelhado, que demandam os recursos, na raz„o<br />

direta da pontuaÁ„o obtida pelos pleiteantes, ou seja, quanto menor o Ìndice, maior a<br />

prioridade para a aprovaÁ„o de projetos.<br />

Os municÌpios s„o classificados em quatro nÌveis: desenvolvidos, em<br />

desenvolvimento, pobres e abaixo da linha de pobreza. Dos 71 municÌpios do Estado 20<br />

(28%) est„o classificados como pobres e 15 (21%) como abaixo da linha de pobreza. O<br />

Programa concentra 65% dos recursos para os municÌpios dos dois ˙ltimos grupos (pobres e<br />

abaixo da linha de pobreza) e 35% para os demais. (Fonte: Pronese)<br />

Tal medida visa evitar as recorrentes interferÍncias polÌticas presentes nos<br />

Acordos anteriores, em que ficou visÌvel o favorecimento de alguns municÌpios em detrimento<br />

de outros, com influÍncia de correntes polÌticas professadas por lideranÁas locais, ou a<br />

capacidade de negociaÁ„o com as lideranÁas estaduais, que detinham o monopÛlio decisÛrio<br />

quanto a alocaÁ„o dos recursos. O BIRD era alheio a esta realidade e a Pronese n„o possuÌa<br />

autonomia decisÛria para enfrentar as interferÍncias.<br />

Apesar dos novos critÈrios adotados, È corrente a opini„o de tÈcnicos da<br />

Pronese de que as interferÍncias n„o ir„o diminuir por causa dos indicadores, podendo,<br />

quando muito, servir de critÈrio de desempate quando demandas coincidentes n„o puderem<br />

ser atendidas de forma concomitante.<br />

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90


6 PO«O REDONDO E OS PROJETOS P⁄BLICOS ñ AN¡LISE<br />

CRÕTICA A PARTIR DO MUNICÕPIO DE REFER NCIA<br />

O municÌpio de PoÁo Redondo, tomado como referÍncia para este estudo, est·<br />

localizado no extremo norte do Estado de Sergipe, a uma dist‚ncia rodovi·ria de 184 km da<br />

capital, Aracaju, com acesso por rodovias pavimentadas (BR 101 e 235 e SE 206), numa ·rea<br />

conhecida como Sert„o do Baixo S„o Francisco Sergipano, a qual È composta ainda dos<br />

municÌpios de CanindÈ do S„o Francisco, Porto da Folha, Gararu, Monte Alegre de Sergipe e<br />

Nossa Senhora da GlÛria. O municÌpio integra o chamado polÌgono das secas.<br />

6.1 CARACTERÕSTICAS<br />

Predomina, na regi„o, o clima tropical semi-·rido com reduzida precipitaÁ„o<br />

pluviomÈtrica, baixa umidade do ar e elevada evaporaÁ„o. A precipitaÁ„o pluviomÈtrica se<br />

situa na faixa de 605mm de mÈdia anual, irregularmente distribuÌda, predominando a estaÁ„o<br />

chuvosa nos meses de marÁo a julho, com temperatura mÈdia anual de 25,2 C. O municÌpio<br />

est· situado na bacia do rio S„o Francisco, cortado pelos rios JacarÈ e Marroquinho, principais<br />

mananciais. (FONSECA, 1988; FONSECA, 1997; SERGIPE, 1997)<br />

A vegetaÁ„o È caracterÌstica da caatinga, predominando os arbustos e ervas,<br />

havendo a presenÁa de ·rvores, isoladamente ou em grupos de pequena extens„o, cerrados e<br />

caatingas hiperxerÛfitas e hipoxerÛfitas. (CHESF, 1983; CODEVASF, 1984-a).<br />

O municÌpio, criado em 1953, por meio da Lei n 525-A, teve seu territÛrio<br />

constituÌdo a partir do desmembramento do territÛrio do municÌpio de Porto da Folha.<br />

Segundo o IBGE (Censo 2000) , possui uma populaÁ„o de 26.022 habitantes, distribuÌdos<br />

6.360 na zona urbana e 19.662 na zona rural, em ·rea de 1.220 km . Houve um crescimento<br />

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91<br />

[TdCdU2] Coment·rio: VER<br />

BIBLIOGRAFIA ORIGINAL<br />

[TdCdU3] Coment·rio: DAD<br />

OS DE 2000. ATUALIZAR. SE<br />

N O CONSEGUIR, FAZER<br />

REFER NCIA.


populacional de 29,11% em relaÁ„o ao ano de 1991, j· que o municÌpio contava com 20.155<br />

habitantes, o que È significativo para o perÌodo de nove anos.<br />

A infra-estrutura do municÌpio conta com energia elÈtrica, distribuÌda pela<br />

Empresa EnergÈtica de Sergipe (Energipe), abastecimento de ·gua pela Companhia de<br />

Saneamento de Sergipe (DESO) ñ atÈ o inÌcio da dÈcada de oitenta o municÌpio n„o possuÌa<br />

rede de abastecimento de ·gua sendo abastecida por meio de caminhıes pipas ñ telefonia<br />

(Telemar), agÍncia postal (Empresa Brasileira de Correios e TelÈgrafos -ECT), transporte<br />

rodovi·rio e interurbano. O municÌpio n„o conta com rede de esgotamento sanit·rio, sendo<br />

este efetuado por meio de fossas sÈpticas e comuns e o lixo urbano e coletado e transportados<br />

para depÛsito em terreno baldio. A ·gua encanada chega a 60% da populaÁ„o urbana.<br />

O municÌpio possui 78 estabelecimentos de ensino, sendo 11 de educaÁ„o<br />

infantil, 66 de ensino fundamental e 1 de ensino mÈdio. Conta com 1 hospital e 7 postos de<br />

sa˙de. A economia È baseada na agropecu·ria cujos principais produtos s„o a mandioca, o<br />

milho e o feij„o, e criaÁ„o de bovinos, ovinos, caprinos, suÌnos e galin·ceos. (BOMFIM,<br />

COSTA e BEVENUTI, 2002 ; SEABRAE, 2002)<br />

O municÌpio de PoÁo Redondo, segundo os dados do Programa das NaÁıes<br />

Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), possui o mais baixo Õndice de Desenvolvimento<br />

Humano (IDH) do Estado (0,536) 15 enquanto a mÈdia dos municÌpios da regi„o do Baixo S„o<br />

Francisco Sergipano È de 0,573, o que o coloca na 5.394 posiÁ„o do ranking nacional dos<br />

municÌpios, ou seja È o 114 pior IDH dentre os municÌpios brasileiros no ano de 2000. …<br />

certo que houve uma subida no ranking quando comparado com o Ìndice de 1991, quando o<br />

municÌpio ocupava a 5.444 posiÁ„o, ou o 64 pior IDH do paÌs, permanecendo, entretanto,<br />

em ˙ltimo lugar no Estado.<br />

15 Fonte PNUD, 2003<br />

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92<br />

[TdCdU4] Coment·rio: VER<br />

% SOBRE O TOTAL (IBGE ?)


Tabela 3 - IDH dos municÌpios do Baixo Sert„o do S„o Francisco Sergipano (2000)<br />

MunicÌpio Õndice de Õndice de Õndice de IDH<br />

Longevidade EducaÁ„o Renda<br />

Nossa Senhora da GlÛria 0,620 0,715 0,557 0,631<br />

CanindÈ de S„o Francisco 0,584 0,628 0,527 0,580<br />

Gararu 0,588 0,653 0,476 0,572<br />

Monte Alegre de Sergipe 0,550 0,663 0,490 0,568<br />

Porto da Folha 0,530 0,682 0,455 0,556<br />

PoÁo Redondo<br />

Fonte: PNUD, 2003.<br />

0,566 0,626 0,415 0,536<br />

Quando comparados os dados de 1991 e 2000 observa-se que houve uma<br />

evoluÁ„o significativa nos Ìndices relacionados com a educaÁ„o, passando a taxa de<br />

alfabetizaÁ„o de adultos de 31,62% para 54,28%, enquanto a taxa bruta de freq¸Íncia escolar<br />

passou de 34,93% para 79,36%, aumento de 127%. J· a renda per capita foi reduzida em<br />

1,4%, passando de 47,53 em 1991 para 46,87, em valores em reais convertidos para 2000.<br />

Tabela 4 - VariaÁ„o dos Ìndices que compıem o IDH dos municÌpios do Baixo<br />

Sert„o do S„o Francisco Sergipano (2000)<br />

MunicÌpio Taxa de alfabetizaÁ„o Taxa bruta de freq¸Íncia Renda per capita (em R$<br />

de adultos (%)<br />

escolar (%)<br />

de 2000)<br />

1991 VariaÁ. 2000 1991 VariaÁ. 2000 1991 VariaÁ. 2000<br />

Nossa Senhora da GlÛria 51,24 32,26% 67,77 52,02 51,68% 78,90 74,45 47,71% 109,97<br />

CanindÈ S„o Francisco 43,17 32,97% 57,40 38,32 92,14% 73,62 66,37 38,08% 91,65<br />

Gararu 44,85 34,46% 60,31 45,37 65,76% 75,20 52,58 28,72% 67,67<br />

Monte Alegre de Sergipe 39,75 51,83% 60,35 43,15 81,15% 78,16 53,26 37,77% 73,38<br />

Porto da Folha 46,24 36,40% 63,06 47,63 64,62% 78,41 51,10 16,51% 59,54<br />

PoÁo Redondo 31,62 71,66% 54,28 34,93 127,17% 79,34 47,53 -1,40% 46,87<br />

Fonte: PNUD, 2003.<br />

A receita financeira do municÌpio provÈm em grande parte de transferÍncias<br />

intergovernamentais, seja por mandamentos constitucionais ou legais, as chamadas<br />

transferÍncia obrigatÛrias, seja por meio das transferÍncias volunt·rias, por meio de convÍnios<br />

e contratos de repasse. A tabela a seguir demonstra os valores transferidos pela Uni„o e as<br />

correspondentes origens:<br />

Tabela 5 - TransferÍncias obrigatÛrias da Uni„o para PoÁo Redondo (R$)<br />

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Origem da TransferÍncia 1998 1999 2000 2001 2002<br />

Fundo de ParticipaÁ„o dos MunicÌpios<br />

(FPM)<br />

2.217.898,28 2.390.751,98 2.535.426,74 3.054.177,41 3.906.520,20<br />

Imposto sobre propriedade rural (ITR) 17.553,06 12.037,37 9.256,11 6.994,24 13.624,00<br />

Imposto sobre circulaÁ„o de mercadorias<br />

(ICMS)<br />

0,00 0,00 1.494,40 1.921,68 1.761,12<br />

Fundo de desenvolvimento do ensino<br />

fundamental (Fundef-Uni„o)<br />

890.995,99 991.048,29 1.278.980,09 1.825.550,02 2.711.334,16<br />

Fundo de desenvolvimento do ensino<br />

fundamental (Fundef-Estadual)<br />

501.358,05 569.265,94 761.838,58 1.100.631,51 1.578.886,72<br />

TOTAL*<br />

Fonte: SIAFI<br />

* Valor bruto sem as deduÁıes obrigatÛrias<br />

3.627.805,38 3.963.103,58 4.586.995,92 5.989.274,86 8.212.126,20<br />

Observa-se que houve um aumento consider·vel nas receitas do municÌpio de<br />

PoÁo Redondo, oriundas de transferÍncias obrigatÛrias da Uni„o, nos 5 anos considerados,<br />

variando em torno de 126%. Entretanto, o resultado n„o pode ser atribuÌdo apenas ao<br />

municÌpio, j· que houve aumento consider·vel dessas transferÍncias para todos os municÌpios<br />

sergipanos, em que pese ter sido percentualmente um pouco inferior, ficando em torno de<br />

92%.<br />

Tabela 6 - TransferÍncias obrigatÛrias da Uni„o para todos os municÌpios<br />

sergipanos (R$)<br />

Origem da TransferÍncia 1998 1999 2000 2001 2002<br />

Fundo de ParticipaÁ„o<br />

MunicÌpios (FPM)<br />

dos<br />

144.450.912,40 161.480.106,48 184.607.229,59 216.611.884,19 268.053.160,46<br />

Imposto<br />

(ITR)<br />

sobre propriedade rural<br />

478.394,55 432.342,30 276.544,32 298.415,30 457.378,92<br />

Imposto sobre circulaÁ„o<br />

mercadorias (ICMS)<br />

de<br />

0,00 0,00 5.787.145,27 7.625.019,66 8.415.803,16<br />

Fundo de desenvolvimento do ensino<br />

fundamental (Fundef-Uni„o)<br />

93.893.226,88 104.079.801,69 123.143.122,42 144.861.517,65 179.078.935,03<br />

Fundo de desenvolvimento do ensino<br />

fundamental (Fundef-Estadual)<br />

52.833.132,98 59.784.237,86 73.351.554,89 87.337.605,84 104.146.262,45<br />

TOTAL*<br />

Fonte: SIAFI<br />

* Valor bruto sem as deduÁıes obrigatÛrias<br />

291.655.666,81 325.776.488,33 387.165.596,49 456.734.442,64 560.151.540,02<br />

AlÈm das receitas oriundas das transferÍncias obrigatÛrias, os municÌpios tÍm<br />

como fonte de receita as transferÍncias volunt·rias, viabilizadas por meio da formalizaÁ„o de<br />

convÍnios, contratos de repasses e termos de parcerias.<br />

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Tabela 7 - TransferÍncias volunt·rias da Uni„o (R$)<br />

Origem da TransferÍncia 1998 1999 2000 2001 2002<br />

ConvÍnios 203.776,00 419.071,21 100.000,00 52.384,00 0,00<br />

Contratos de Repasse 0,00 0,00 476.400,00 324.941,00 50.000,00<br />

Termos de Parceria 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00<br />

TOTAL* 203.776,00 419.071,21 576.400,00 377.325,00 50.000,00<br />

Fonte: SIAFI<br />

Por fim, no rol de receitas recebidas de outros entes da FederaÁ„o, a<br />

participaÁ„o nas receitas do municÌpio do Imposto de CirculaÁ„o de Mercadorias (ICMS) e do<br />

Imposto sobre a Propriedade de VeÌculos Automotores (IPVA). Por determinaÁ„o<br />

constitucional (incisos III e IV do artigo 158 da ConstituiÁ„o Federal), os Estados tÍm que<br />

destinar aos municÌpios 50% do produto arrecadado com o IPVA referente aos veÌculos<br />

licenciados em seus territÛrios e 25% do ICMS na proporÁ„o do valor adicionado das<br />

operaÁıes com o imposto realizadas em seus territÛrios. Em outras palavras, quando a<br />

operaÁ„o que gerou o imposto (ICMS) for realizada no territÛrio do municÌpio, este tem<br />

direito a 25% do produto da arrecadaÁ„o deste imposto estadual e quando o veÌculo for<br />

licenciado no municÌpio, este tem direito a 50% do valor recebido pelo Estado a tÌtulo de<br />

IPVA.<br />

Tabela 8 - Repasse da cota de ICMS* e IPVA para PoÁo Redondo (R$)<br />

Repasse 1999 2000 2001 2002<br />

ICMS 371.085,88 492.896,97 615.692,98 708.908,72<br />

IPVA 10.260,11 12.330,91 10.629,80 17.284,02<br />

TOTAL* 381.345,99 505.227,88 626.322,78 726.192,74<br />

Fonte: Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz/SE)<br />

* Na conta de ICMS est„o inclusas as transferÍncias a tÌtulo de IPI-ExportaÁıes e Royalties, ambos, para o municÌpio em quest„o,<br />

inexpressivos para efeito de an·lise.<br />

J· as receitas arrecadadas pelo prÛprio municÌpio a tÌtulo de tributos cuja<br />

competÍncia È origin·ria do prÛprio municÌpio, a exemplo do imposto sobre serviÁos (ISS) e<br />

imposto sobre a propriedade de bens imÛveis (IPTU) tiveram o seguinte comportamento:<br />

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Tabela 9 - Receitas do municÌpio de PoÁo Redondo por tributos arrecadado (R$)<br />

Tributo 1997 1998 1999 2000 2001 2002<br />

IPTU 277,00 4.133,00 3.716,59 2.442,72 4.921,00 2.856,06<br />

ISS 17.475,00 166.738,00 47.906,40 63.648,23 91.736,00 291.795,22<br />

TOTAL* 17.752,00 170.871,00 51.622,99 66.090,95 96.657,00 294.651,28<br />

Fonte: Tribunal de Contas do Estado de Sergipe<br />

Receitas<br />

Consolidando os n˙meros apresentados, temos:<br />

Tabela 10 - Receitas do municÌpio por origem (R$)<br />

1999<br />

2000 2001 2002<br />

R$ Part (1) R$ Part (1) R$ Part (1) R$ Part (1)<br />

Tribut·rias<br />

- ISS 47.906,40 0,99% 63.648,23 1,11% 91.736,00 1,29% 291.795,22 3,14%<br />

- IPTU 3.716,59 0,08% 2.442,72 0,04% 4.921,00 0,07% 2.856,06 0,03%<br />

Transf. Legais<br />

- Da Uni„o 3.963.103,58 82,30% 4.586.995,92 79,99% 5.989.274,86 84,48% 8.212.126,20 88,46%<br />

- Do Estado 381.345,99 7,92% 505.227,88 8,81% 626.322,78 8,83% 726.192,74 7,82%<br />

Transf.Volunt·rias<br />

- Da Uni„o 419.071,21 8,70% 576.400,00 10,05% 377.325,00 5,32% 50.000,00 0,54%<br />

TOTAL* 4.815.143,77 5.734.714,75 7.089.579,64 9.282.970,22<br />

(1) participaÁ„o no total da receita<br />

* Somente considerando as receitas mencionadas. N„o foram consideradas receitas como ìoutras receitas correntesî, ìoutras transferÍnciasî,<br />

ìreceitas de capitalî e outras , por n„o serem materialmente relevantes e por serem eventuais, nos perÌodos considerados<br />

Dos n˙meros apresentados, depreende-se a grande dependÍncia do municÌpio<br />

em relaÁ„o ‡s outras esferas de governo, estadual e federal. Mesmo considerando que a<br />

maioria dos valores envolvem transferÍncias obrigatÛrias, n„o podendo o ente encarregado da<br />

transferÍncia se furtar discricionariamente a procedÍ-la na forma e Època devida, somente se<br />

admitindo a retenÁ„o nos casos especificados, a enorme diferenÁa entre os valores arrecadados<br />

pelo municÌpio e aqueles obtidos por meio de transferÍncias cria uma situaÁ„o de dependÍncia<br />

do resultado fiscal de outras esferas de governo.<br />

A partir da entrada em vigor da Lei Complementar n 101/2001, a chamada Lei<br />

de Responsabilidade Fiscal, os municÌpios passaram a ter que exercer a sua competÍncia<br />

tribut·ria (MACRUZ, FERNANDES e QUINTIERE, 2002), ou seja, n„o podem abrir m„o da<br />

cobranÁa e recolhimento dos tributos constitucionalmente a eles atribuÌdos, como fazia a<br />

maioria dos pequenos municÌpios brasileiros. Mesmo porque a receita tribut·ria municipal<br />

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n„o pode ser objeto de liberalidades polÌticas, sendo cobrada segundo a vontade do chefe do<br />

executivo municipal.<br />

6.2 INTERVEN« O P⁄BLICA EM PO«O REDONDO ñ PROJETOS EM<br />

DISCUSS O<br />

O municÌpio de PoÁo Redondo, assim como boa parte dos municÌpios do<br />

Estado de Sergipe, contempla as trÍs formas de intervenÁ„o p˙blica aqui tratadas, desde a<br />

intervenÁ„o direta por meio de grandes projetos centralizados, pensados, planejados e<br />

executados pela tecnocracia estatal sem a participaÁ„o direta das comunidades, atÈ os de<br />

cunho mais participativo, como os executados atravÈs da Pronese, passando por aqueles<br />

tradicionalmente executados pelos prÛprios municÌpios, como entes concretizadores de<br />

polÌticas p˙blicas federais descentralizadas.<br />

O projeto de irrigaÁ„o CalifÛrnia, de elevada materialidade econÙmica e social,<br />

e que antecede o projeto JacarÈ-Curituba em cerca dez anos, constituindo-se este (na fase de<br />

seu projeto b·sico) em uma quase continuidade daquele teve em sua fase inicial,<br />

investimentos previstos na ordem de US$ 4,713,856.76 (julho de 1985) cujos aportes de<br />

recursos seriam do BIRD e do Estado de Sergipe.<br />

Tanto no CalifÛrnia como no JacarÈ-Curituba, a maior parte da sua ·rea de<br />

abrangÍncia est· localizada em PoÁo Redondo, complementada por ·rea do territÛrio de<br />

CanindÈ do S„o Francisco. Nos dois casos,a iniciativa do empreendimento partiu do governo<br />

e a populaÁ„o instalada na ·rea n„o foi consultada nem, sequer, comunicada sobre a<br />

implantaÁ„o desses perÌmetros irrigados. Certamente as comunidades locais n„o se furtariam<br />

em demandar tais obras, mas o que fica patente È o descompromisso das inst‚ncia decisÛrias<br />

com a efetividade do gasto e o seu reflexo na populaÁ„o.<br />

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97


No Projeto CalifÛrnia, os erros de planejamento e a falta de acompanhamento<br />

das necessidades dos produtores, levaram o PerÌmetro ao desvirtuamento do sistema<br />

produtivo, adotando quase que a monocultura. No JacarÈ-Curituba, o desvirtuamento se deu<br />

ainda antes do inÌcio da sua implementaÁ„o, quando se optou por redirecionar sua ocupaÁ„o,<br />

alterando os destinat·rios dos lotes, passando de empres·rios para trabalhadores rurais sem<br />

terra, cujo movimento tem grande penetraÁ„o no municÌpio.<br />

Em que pese a elogi·vel postura social de atendimento dos anseios por uma<br />

polÌtica que contemple a socializaÁ„o do acesso a terras, um projeto da envergadura e<br />

import‚ncia como JacarÈ-Curituba n„o pode prescindir de independÍncia das inst‚ncias<br />

tÈcnicas quanto ‡ decis„o de alteraÁıes de sua concepÁ„o original, sem que isso implique em<br />

desperdÌcios, ineficiÍncia, sucateamento e, por fim, falta de efetividade do gasto p˙blico, e<br />

ainda, em ˙ltima inst‚ncia, n„o atendimento das necessidades da populaÁ„o a que se pretendia<br />

beneficiar.<br />

Os ventos polÌticos n„o podem influir de tal maneira em um projeto que<br />

reclama opÁıes tÈcnicas para a sua viabilidade. O resultado da nova concepÁ„o, que prevÍ<br />

assentamento de agricultores sem capital para investir na produÁ„o (existe previs„o inicial de<br />

investimentos em torno de R$ 28.000,00 para a infra-estrutura de cada lote), pode levar ao<br />

insucesso e ‡ ociosidade, representados pela inadequaÁ„o da forma de irrigaÁ„o que se<br />

pretende implementar (aspers„o ao invÈs de microaspers„o) com impactos negativos na<br />

economia do projeto e no meio ambiente; aumento no custo da ·gua em funÁ„o do maior<br />

consumo; partilhamento de um ˙nico ponto de ·gua, pr·tica condenada ao insucesso quando<br />

observadas experiÍncias anteriores; e a sobrecarga na infra-estrutura de apoio inicialmente<br />

prevista (empres·rios) j· que os serviÁos demandados pelas cerca de 1.000 famÌlias n„o ser„o<br />

atendidos com a infra-estrutura prevista (escolas, postos de sa˙de e lazer).<br />

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Outro ponto a ser observado, È o superdimensionamento na projeÁ„o da<br />

produÁ„o e na geraÁ„o de empregos indiretos, visando angariar apoio polÌtico e da sociedade,<br />

demonstrando uma viabilidade econÙmica somente possÌvel nos estudos teÛricos das<br />

empresas contratadas para apresentarem quadros extremamente favor·veis, baseados no ponto<br />

Ûtimo, sem que seja considerado qualquer vari·vel interveniente e, portanto, sem a<br />

consideraÁ„o dos fatores ambientais. A Tabela 11, elaborada pelo consÛrcio JP-ENCO-<br />

TAHAL para lotes de 50 hectares, mostra alguns desses exageros quando do<br />

redirecionamento do projeto para os agricultores sem terra.<br />

Tabela 11 - ComparaÁ„o entre a previs„o de produtividade do Projeto JacarÈ-<br />

Curituba com outras fontes<br />

Cultivo Produtividade por hectare Produtividade da Cultura Produtividade mÈdia da cultura<br />

no modelo do projeto no ano em Projetos Sergipanos ñ de outras fontes (t/ha)<br />

de estabilizaÁ„o (t/ha) mÈdia 1997 a 1999 (t/ha)*<br />

Melancia 35,0 -- 17,33 (Codevasf)<br />

Mel„o 20,0 -- 14,19 (Codevasf)<br />

Milho Verde 12,5 -- 10,99 (Codevasf)<br />

Piment„o 25,0 9,5 11,9 (Codevasf)<br />

Quiabo 20,0 8,2 1,06 (Codevasf)<br />

Mam„o 25,0 15,8 (CalifÛrnia 1999) 15,67 (Codevasf)<br />

Acerola 25,0 -- 19,59 (Codevasf)<br />

Banana 36,0 12,1 (CalifÛrnia 1999) 10 a 15-prata e maÁ„ (Seagri/BA)<br />

14 (Codevasf)<br />

Graviola 25,0 -- --<br />

Uva<br />

Fonte: Secex-SE<br />

30,0 -- 24,33 (Codevasf ñ<br />

experimentalmente chegou a 33)<br />

* MÈdia dos anos de 1997 a 1999, relativamente as produÁıes dos Projetos CalifÛrnia, Ribeira, Jacarecica, PiauÌ e Jabiberi.<br />

No Projeto JacarÈ-Curituba, assim como em quase todo o Brasil, a<br />

descontinuidade das obras e do aporte de recursos para o projeto iniciado compromete a<br />

celeridade na conclus„o e a efetividade do gasto p˙blico, alÈm de causar desgaste nas<br />

expectativas da populaÁ„o quanto ‡ sua disponibilizaÁ„o para as comunidades alvo. Contribui<br />

tambÈm para esse quadro, a crÙnica carÍncia de recursos orÁament·rios, aliada a opÁ„o do<br />

Governo do Estado, com a anuÍncia da Uni„o, de n„o priorizar os recursos conseguidos nos<br />

orÁamentos anuais da FederaÁ„o para uma ˙nica (ou ao menos poucas) obra(s), resultando em<br />

um pulverizaÁ„o dos recursos orÁament·rios em diversas obras de grande porte.<br />

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99


100<br />

Essa falta de priorizaÁ„o, por meio de an·lises tÈcnicas, fica ainda mais<br />

evidente quando comparados os custos de implantaÁ„o do hectare irrigado em dois projetos<br />

implantados em Sergipe, planejados para terem execuÁ„o praticamente concomitante.<br />

Segundo apurado pela Secex-SE, enquanto em JacarÈ-Curituba o hectare irrigado foi estimado<br />

em R$ 17.400,00, em Jacarecica II esse custo foi de R$ 35.000,00, n„o estando aÌ incluÌdos os<br />

valores despendidos na desapropriaÁ„o de terras. As obras competem na destinaÁ„o de<br />

recursos orÁament·rios a cada perÌodo de apresentaÁ„o de emendas quando da elaboraÁ„o da<br />

Lei OrÁament·ria Anual da Uni„o (LOA).<br />

Fica evidente, dessa forma, que a aÁ„o p˙blica por meio de grandes projetos<br />

tem-se mostrado susceptÌvel a interferÍncia que afastam os resultados alcanÁados daqueles<br />

planejados. N„o se est·, com isso, avalizando toda e qualquer aÁ„o p˙blica que demande da<br />

prÛpria comunidade, ou mesmo que seja executada e acompanhada por esta comunidade<br />

como sendo esta forma de atuaÁ„o do Estado isenta das mazelas da m· aplicaÁ„o dos recursos<br />

p˙blicos, atÈ mesmo porque os fatos mostram que ainda estamos bem distantes do est·gio em<br />

que a simples presenÁa da comunidade acompanhando de perto o gasto p˙blico seja garantia<br />

de efetividade. A ausÍncia de consciÍncia dos direitos de cidadania e o receio de provocar<br />

confrontos impedem a populaÁ„o de exercer o seu direito, e dever, de influir na elaboraÁ„o e<br />

participar da fiscalizaÁ„o dos gastos p˙blicos. AlÈm disso, o sentimento de impotÍncia ante<br />

uma situaÁ„o constituÌda (dominaÁ„o econÙmica e cultural), complexo de inferioridade, falta<br />

de auto-estima e ausÍncia de instrumentos estatais prÛximos ao cidad„o que o apoiem<br />

contribuem para a apatia cidad„.<br />

Essa situaÁ„o de passividade impede o acompanhamento de aÁıes do governo<br />

federal executadas de forma descentralizada pelos municÌpios, por meio dos convÍnios. Assim<br />

o s„o, por exemplo, a implantaÁ„o de infra-estrutura b·sica em assentamentos rurais do<br />

municÌpio, viabilizadas por meio de ajustes com a Uni„o, os quais destinaram a PoÁo<br />

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Redondo, R$ 300.341,00 nos anos de 2000 e 2001. Ou ainda, no ‚mbito do Programa de<br />

Agricultura Familiar (Pronaf) a transferÍncia, nos mesmos anos, de R$ 424.727,00 para aÁıes<br />

de infra-estrutura e serviÁos, alÈm de outros tantos quantificados na Tabela 6.<br />

101<br />

Na ausÍncia de um controle social eficaz, consciente e concomitante com o<br />

gasto, as estruturas institucionalizadas para o controle do gasto p˙blico n„o conseguem<br />

acompanhar a demanda em funÁ„o da dispers„o dos gastos e de suas limitaÁıes materiais.<br />

Desde 1997 que aÁ„o alguma foi procedida pelos Ûrg„os de controle federais para verificar a<br />

qualidade e efetividade do gasto, ficando ‡ mercÍ de prestaÁıes de contas que, pela sua<br />

natureza formal somente considerando variantes financeiras e informaÁıes unilaterais dos<br />

executores, sem a verificaÁ„o fÌsica da implementaÁ„o do objeto do convÍnio e o<br />

cumprimento dos objetivos propostos n„o podem ser consideradas como atestadoras da<br />

efetividade do gasto p˙blico em benefÌcio da comunidade.<br />

Outro tipo de aÁ„o p˙blica, por meio de pequenos projetos comunit·rios, a<br />

exemplo do PAPP/PCPR, evidencia a influÍncia de um organismo estrangeiro (Banco<br />

Mundial) na formulaÁ„o de polÌticas p˙blicas, ou na forma de aÁ„o do poder p˙blico, em<br />

projetos de desenvolvimento e meio ambiente.<br />

Antes mesmo de Bresser Pereira 16 e a sua reforma do Estado, que dentre outras<br />

coisas preconizava a transferÍncia de algumas atividades de competÍncia do Estado para entes<br />

privados por meio da publicizaÁ„o de serviÁos p˙blicos n„o estatais, os programas financiados<br />

pelo Banco Mundial e levados adiante pela Pronese transferiam as atribuiÁıes de<br />

levantamento das necessidades, elaboraÁ„o, execuÁ„o e fiscalizaÁ„o de projetos p˙blicos para<br />

a sociedade civil, seja por meio das associaÁıes, seja por meio dos conselhos comunit·rios,<br />

induzindo os signat·rios de acordos de emprÈstimos concedidos por aquele organismo a<br />

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implementarem as polÌticas de desenvolvimento origin·rias destas entidades ou experiÍncias<br />

exitosas de algum outro paÌs a ser disseminada naquele que viesse financiar projetos com<br />

recursos do BIRD.<br />

102<br />

Entretanto, tal postura, como que a mostrar a inadequaÁ„o da importaÁ„o de<br />

modelos alienÌgenas sem as devidas consideraÁıes de ordem sÛcio-cultural, acarretou em uma<br />

errÙnea sensaÁ„o de que se pode obter a satisfaÁ„o de necessidades vitais n„o atendidas sem<br />

um custo financeiro mensur·vel.<br />

Assim, para as comunidades, que por acharem que o dinheiro È ìde graÁaî, È<br />

f·cil aceitar que demandem por ela qualquer projeto, mesmo que desvinculado de suas<br />

aspiraÁıes, j· que alguma coisa È melhor que nada. Longe de se constituir em uma aÁ„o de<br />

cidadania, com a comunidade sendo dona de seus destinos e cientes de suas obrigaÁıes, o<br />

modelo importado, sem observar as peculiaridades locais, se transforma em legitimador de<br />

aÁıes, em que pese a falta de efetividade e cumprimento dos objetivos propostos.<br />

J· o municÌpio, representado pelo executivo, procura tirar proveito de uma<br />

fonte de recursos que n„o compromete o seu caixa presente ou futuro, fato que n„o acontece<br />

com o Estado, agora alÁado ‡ condiÁ„o de mutu·rio. Mas, como as condiÁıes dos<br />

financiamentos s„o de longo prazo, a pr·tica polÌtica recomenda que se deixe para os<br />

sucessores da obrigaÁ„o contraÌda a preocupaÁ„o com o seu cumprimento.<br />

Nesse quadro, a situaÁ„o dos executivos municipais È bastante cÙmoda j· que<br />

historicamente todos eles dependem de aportes de recursos da Uni„o ou dos Estados para a<br />

execuÁ„o de investimentos em ·rea de maior carÍncia em suas localidades. O que pode<br />

parecer um paradoxo, j· que a polÌtica de ìpires na m„oî È t„o condenada, È na verdade um<br />

16 Ministro Bresser Pereira ‡ frente do MinistÈrio da AdministraÁ„o e Reforma do Estado (MARE), comandou a<br />

reforma administrativa do Governo Federal, a qual contemplava mudanÁas no aparelho estatal, com vista a uma<br />

maior governabilidade por meio da diminuiÁ„o da m·quina estatal tornando-a mais ·gil e competente.<br />

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salvaguarda para as ineficiÍncias administrativas ou benefÌcios indevidos, auferidos com<br />

recursos p˙blicos, pois uma vez constatada, basta culpar as esferas superiores por n„o ter<br />

cumprido os ajustes, que a populaÁ„o aceitar· de bom grado (se for favor·vel a avaliaÁ„o do<br />

prefeito) ou n„o se interessar· em buscar as verdadeiras razıes, pela ausÍncia de cultura<br />

cidad„ representada pelos sentimentos de ausÍncia de auto-estima e complexo de<br />

inferioridade mencionados.<br />

6.3 PROGRAMA DE COMBATE ¿ POBREZA RURAL EM PO«O REDONDO<br />

103<br />

O municÌpio de PoÁo Redondo, no ‚mbito dos Projetos Nordeste e S„o JosÈ,<br />

por meio do Programa de Apoio ao Pequeno Produtor (PAPP) e do Programa de Combate ‡<br />

Pobreza Rural (PCPR) foi contemplado de 1995 a 2002 com 37 projetos comunit·rios cujo<br />

montante contratado foi de R$ 1.774.250,67.<br />

De inÌcio, cabe ressaltar a impropriedade do critÈrio adotado para quantificar os<br />

empregos gerados pelos projetos. Segundo a Pronese, diante da impossibilidade de se aferir os<br />

empregos gerados pelos projetos, optou-se pela estimativa da necessidade de m„o de obra<br />

para cada um deles. Dessa forma, observa-se que para um projeto como ìpavimentaÁ„o de<br />

ruaî teriam sido gerados 26 empregos (Projeto 2899/2000), isso considerando que a m„o de<br />

obra utilizada tenha sido integralmente da regi„o, para que o efeito benÈfico recaia sobre a<br />

comunidade.<br />

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Tabela 12 - RelaÁ„o de Projetos financiados com recursos do PAPP/PCPR em PoÁo<br />

Localidade AssociaÁ„o<br />

Redondo<br />

Objeto N<br />

famÌ<br />

lias<br />

Valor<br />

R$<br />

Data<br />

104<br />

N<br />

em-<br />

pregos<br />

Sta.Rosa Ermirio Assoc.Mor.Santa Rosa do Ermirio Casa de farinha 74 21.598,00 12/02/1996 5<br />

Sta.Rosa Ermirio Assoc.Com.Agr.Peq.Prod.Sta.R.Ermirio Industria de laticÌnios 120 43.710,00 01/08/1996 19<br />

Salgadinho Assoc.Mor.Amigos Com.Salgadinho Trator 73 40.400,00 24/08/1998 2<br />

Bom Sucesso Assoc.Com.S„o Sebasti„o Equip. apetrechos pesca 65 49.618,00 09/12/1996 20<br />

Bom Sucesso Assoc.Com.S„o Sebasti„o Micro-ind˙stria bordados 36 31.696,00 18/10/1996 60<br />

Barraca dos<br />

Negros<br />

Assoc.Micros Peq.Prod.Rbn.Marroquin Rede eletrificaÁ„o rural 29 50.000,00 18/10/1996 8<br />

Barracao Assoc.Micros Peq.Prod.Rbn.Marroquin Rede eletrificaÁ„o rural 28 50.000,00 18/10/1996 8<br />

Barraca dos<br />

Negros<br />

Assoc.Micros Peq.Prod.Rbn.Marroquin Rede eletrificaÁ„o rural 30 49.578,00 18/10/1996 8<br />

Barra da OnÁa Assoc.Peq.Prod.Rur.de Barra da OnÁa Rede eletrificaÁ„o rural 153 50.000,00 26/12/1996 8<br />

Barra da OnÁa Assoc.Peq.Prod.Rur.de Barra da OnÁa Rede eletrificaÁ„o rural 70 50.000,00 26/12/1996 8<br />

Col.Pato Branco Assoc.Peq.Prod.Rur.de Barra da OnÁa Rede eletrificaÁ„o rural 24 48.622,00 26/12/1996 8<br />

Curralinho Assoc.Mor.Pov.Curralinho Posto telefonico comum. 68 23.248,00 26/12/1996 2<br />

Barra OnÁa Assoc.Com.Trabahadores com Terra Trator 35 43.300,00 05/05/1999 2<br />

Jacare Assoc.Pescadores de JacarÈ Rede eletrificaÁ„o rural 74 49.997,00 23/07/1997 8<br />

Lagoinhas Assoc.Pescadores de JacarÈ Rede eletrificaÁ„o rural 30 49.999,00 23/07/1997 8<br />

Cajueiro Assoc.Com. S„o Sebasti„o Rede eletrificaÁ„o rural 30 49.975,00 23/07/1997 8<br />

Boa Sorte Assoc.Agr.EsperanÁosos Boa Sorte M·quinas agrÌcolas 33 6.480,00 04/02/1999 3<br />

Marroquinhos Assoc.Micros Peq.Prod.Rbn.Marroquin M·quinas agrÌcolas 47 6.480,00 04/02/1999 3<br />

Cacimba Preta Assoc.Com.Prod.PoÁo Preto Rede eletrificaÁ„o rural 36 49.519,51 30/11/1998 8<br />

Poco Preto Assoc.Com.Prod.PoÁo Preto Rede eletrificaÁ„o rural 36 39.203,99 30/11/1998 8<br />

Patos Assoc.Com.Trab.Com.s/Ter.Com.Pato Rede eletrificaÁ„o rural 38 63.492,26 05/05/1999 8<br />

Lag.Riacho Salg. Assoc.Com.Pe.Cicero Mor.Lag.R.Salga Rede eletrificaÁ„o rural 32 64.968,23 29/07/1999 8<br />

Lag.Riacho Salg. Assoc.Com.Pe.Cicero Mor.Lag.R.Salga Rede eletrificaÁ„o rural 33 63.728,01 29/07/1999 8<br />

Lag.Riacho Salg. Assoc.Com.Pe.Cicero Mor.Lag.R.Salga Rede eletrificaÁ„o rural 34 64.920,20 29/07/1999 8<br />

Barra da OnÁa Assoc.S„o Joao Batista-Barra OnÁa Trator 70 43.820,00 29/07/1999 2<br />

Barra da OnÁa Grupo Agr.Trab.Barra da OnÁa Trator 70 43.820,00 29/07/1999 2<br />

Barra da OnÁa Assoc.Peq.Prod.Rur.de Barra da OnÁa Rede eletrificaÁ„o rural 30 6.617,66 14/01/2000 8<br />

Barra da OnÁa Assoc.Com.Trabahadores com Terra Equip. capt.energia solar 29 60.149,50 25/05/2000 5<br />

Barra da OnÁa Grupo Agr.Trab.Barra da Onca Equip. capt.energia solar 31 63.231,50 25/05/2000 5<br />

Lagoa Comprida Assoc.Com.Risada Equip. capt.energia solar 27 58.993,50 14/01/2000 5<br />

Boa Sorte Assoc.Agr.Esperancosos Boa Sorte Equip. capt.energia solar 32 65.000,00 14/01/2000 5<br />

Barra da OnÁa Assoc.Camponesa PoÁo Redondo Equip. capt.energia solar 30 63.250,50 13/04/2000 5<br />

Barra da OnÁa Assoc.Trab.Rur.Barra da OnÁa Equip. capt.energia solar 31 64.629,00 25/05/2000 5<br />

Barra da OnÁa Assoc. S„o Jo„o Batista - Barra OnÁa Equip. capt.energia solar 31 64.629,00 14/01/2000 5<br />

Sao JosÈ Assoc.Com.Regi„o S„o JosÈ Casas populares/mutir„o 17 50.780,36 13/09/2000 10<br />

Sta.Rosa Ermirio Assoc.Com.Agr.Peq.Prod.Sta.R.Ermirio Pavimentacao de rua 130 58.796,45 13/09/2000 26<br />

Parque Uni„o Assoc.Vaqueiros PoÁo Redondo<br />

Fonte: Geproc/Pronese<br />

Constr.centro trein Vaq. 0 70.000,00 27/12/2002 5<br />

Entretanto, o critÈrio È por demais descabido pois alÈm de efÍmeros os<br />

empregos, durando somente a fase da execuÁ„o fÌsica das obras, a maioria dos projetos<br />

contempla contrapartida das associaÁıes, contrapartida esta prestada por meio da m„o-de-obra<br />

local para a execuÁ„o do objeto, o que n„o se pode considerar como emprego, nem ao menos<br />

emprego tempor·rio, pois n„o est· havendo a contraprestaÁ„o pecuni·ria em troca do<br />

trabalho. Ademais, n„o se pode conceber que projetos estruturantes gerem empregos; no<br />

m·ximo o que podem gerar s„o È condiÁıes adequadas para a geraÁ„o de empregos por meio<br />

de projetos de cunho econÙmico.<br />

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105<br />

Tal ressalva È pertinente, pois a vari·vel ìemprego geradoî È de muita<br />

import‚ncia para a legitimidade e viabilidade social de qualquer projeto p˙blico, n„o se<br />

devendo utilizar de critÈrios sem base racional com vistas a retratar um situaÁ„o inexistente,<br />

como o faz a Pronese ao anunciar a geraÁ„o de 19.300 empregos (SERGIPE, 2001) ao longo<br />

do seus 2.117 projetos financiados, no perÌodo de janeiro de 1995 a julho de 2001.<br />

Para melhor compreens„o, e adotando os mesmos critÈrios dos programas, os<br />

projetos comunit·rios s„o divididos em trÍs categorias: estruturantes, econÙmicos e sociais.<br />

Os projetos estruturantes se referem ‡queles em que s„o priorizadas aÁıes de infra-estrutura<br />

como saneamento, calÁamento de ruas, abastecimento de ·gua e eletrificaÁ„o; os econÙmicos,<br />

aqueles que, de sua execuÁ„o, decorram benefÌcios econÙmicos diretos para as comunidades,<br />

como casas de farinhas, tratores, etc.; e os sociais, aqueles cujo objetivo principal seja o da<br />

socializaÁ„o das comunidades por meio de centro culturais, centros integrados, etc. Dessa<br />

forma, os projetos executados no municÌpio est„o assim distribuÌdos:<br />

Tabela 13 - Projetos Financiados de acordo com a categoria<br />

Tipo do Projeto Quantidade Valor Empregos Gerados<br />

Estruturantes 23 1.236.817,26 184<br />

EconÙmicos 10 370.420,75 127<br />

Sociais 4 241.599,20 48<br />

Fonte: Geproc/Pronese<br />

Os projetos estruturantes predominam no municÌpio, representando cerca de<br />

62% do n˙mero de projetos financiados e 70% do valor do total de projetos. A totalidade dos<br />

projetos estruturantes foram de projetos de energia elÈtrica, sendo 16 de eletrificaÁ„o rural<br />

(67%) e 7 de energia solar, representando 64% e 36% , respectivamente, dos recursos<br />

financeiros despendidos para tais projetos.<br />

Algumas observaÁıes podem ser extraÌdos dos dados acima: para os projetos<br />

de eletrificaÁ„o rural (convencional) foram gastos R$ 800.620,86, gerando um benefÌcio<br />

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declarado para 707 famÌlias, enquanto os projetos de eletrificaÁ„o por captaÁ„o de energia<br />

solar demandaram recursos na ordem de R$ 439.883,00 para um total de 211 famÌlias<br />

beneficiadas. Assim, os projetos de eletrificaÁ„o rural (convencional) tiveram um custo de<br />

R$ 1.132,42 por famÌlia, bem inferior aos de eletrificaÁ„o por energia solar que custou<br />

R$ 2.084,75 por famÌlia beneficiada.<br />

106<br />

Apesar do menor custo por benefici·rio da eletrificaÁ„o convencional, houve<br />

uma mudanÁa de orientaÁ„o quanto aos tipos de projetos, pois a partir de 2000, somente 1<br />

projeto de eletrificaÁ„o rural foi financiado contra 7 de eletrificaÁ„o por captaÁ„o de energia<br />

solar. Pode-se argumentar que a disponibilizaÁ„o da tecnologia de captaÁ„o de energia solar,<br />

para fins de aproveitamento residencial, somente a partir de uma determinada Època<br />

possibilitou a realizaÁ„o de projetos que contemplassem um maior n˙mero de benefici·rios<br />

em funÁ„o do porte das cÈlulas fotoelÈtricas e dos acumuladores, antes somente possÌvel com<br />

a eletrificaÁ„o convencional. Outras vari·veis, entretanto, devem ser consideradas.<br />

Como mencionado anteriormente, o custo de implantaÁ„o por benefici·rio È<br />

quase a metade entre as duas formas de prover as comunidades com energia elÈtrica, com<br />

vantagem para a convencional, mas enquanto esta tem um Ùnus constantes para os usu·rios,<br />

por meio do pagamento da tarifa pela energia utilizada, a energia solar È livre de tarifas, n„o<br />

onerando os apertados orÁamentos das populaÁıes usu·rias. Este È o principal argumento<br />

utilizado pelos defensores desta forma de fornecimento de energia para as comunidades<br />

carentes, que n„o est„o considerando a necessidade de manutenÁ„o dos equipamentos,<br />

principalmente os acumuladores (baterias) que necessitam de cargas periÛdicas e tem vida ˙til<br />

declarada de 8 anos. Por outro lado a energia convencional, apesar do Ùnus da tarifa, n„o<br />

demanda manutenÁ„o pelos usu·rios, pois esta È feita pela concession·ria do fornecimento de<br />

energia.<br />

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107<br />

Resta, ainda, consideraÁıes quanto a sustentabilidade das duas formas de<br />

eletrificaÁ„o. Enquanto a energia por captaÁ„o da luz solar oferece uma melhoria no nÌvel de<br />

conforto 17 das comunidades a um custo mensal inexistente (em que pese a necessidade de<br />

dispÍndio cÌclicos de manutenÁ„o), a eletrificaÁ„o por via convencional permite, apesar do<br />

custo mensal da tarifa, um maior nÌvel de conforto ñ pois suporta aparelhos eletrodomÈsticos<br />

maiores ñ e, ainda, a sua utilizaÁ„o para projetos ou atividade produtivas, que gerem renda e<br />

retirem as comunidades da dependÍncia do poder p˙blico.<br />

Pode estar aÌ uma forma inadequada de fomentar o desenvolvimento, pois a<br />

simples melhoria no nÌvel de conforto de uma comunidade n„o significa a desvinculaÁ„o dos<br />

laÁos de dependÍncia que se estabelece entre o poder p˙blico e as comunidades quando aquele<br />

n„o provÍ estas de condiÁıes de sustentabilidade econÙmica, que deveria ser a finalidade de<br />

qualquer projeto que se diga de desenvolvimento. Ao privilegiar uma infra-estrutura que n„o<br />

propicie meios de geraÁ„o de renda com a sua utilizaÁ„o, o poder p˙blico municipal est·<br />

optando pela manutenÁ„o do status quo de dependÍncia hoje existente, onerando as finanÁas<br />

municipais para a manutenÁ„o da rede de assistÍncia, mas ao mesmo tempo alimentando a<br />

m·quina eleitoral pelo sentimento de gratid„o e de subordinaÁ„o que passa a existir entre<br />

administradores p˙blicos e administrados.<br />

Os projetos de cunho econÙmico, em n˙mero de 10, representaram apenas 27%<br />

dos financiamentos efetivados pela Pronese para as associaÁıes do municÌpio de PoÁo<br />

Redondo. Desses, 3 est„o abandonados e sem resultados para a comunidade, 1 foi<br />

parcialmente executado, mas em uso pelos associados, e somente 6 est„o cumprindo o que foi<br />

proposto. Os abandonados s„o a casa de farinha, a f·brica de laticÌnios e a micro-ind˙stria de<br />

bordados; o parcialmente executado foi a aquisiÁ„o de equipamentos e apetrechos de pesca<br />

17 Os sistemas instalados tÍm capacidade para alimentar cerca de trÍs pontos de luz e uma tomada para pequenos<br />

eletrodomÈsticos como r·dio ou TV preto e branco pequena.<br />

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que, segundo depoimento de associados, n„o contemplou os benefici·rios com os mesmos<br />

equipamentos, sendo que alguns deles receberam um n˙mero menor de ìapetrechosî. Ainda<br />

assim o projeto foi bem recebido pelos associados.<br />

108<br />

Os projetos que foram executados por completo foram a compra de duas<br />

ìdebulhadorasî de milho e quatro tratores. Estes, apesar de eventuais quebras e reclamaÁıes<br />

quanto ‡ monopolizaÁ„o do uso ou concentraÁ„o do recebimento das receitas pelo uso dos<br />

equipamento por aqueles que n„o integram a associaÁ„o, vem atendendo ‡s comunidade. Mas,<br />

n„o houve a preocupaÁ„o em oferecer treinamento ao correto uso do equipamento, seja<br />

quando de sua utilizaÁ„o efetiva, por meio de orientaÁıes quanto ao uso ecologicamente<br />

correto, evitando danos ao solo, como tambÈm quando de sua manutenÁ„o, por meio do<br />

correto acondicionamento de elementos utilizados como Ûleos lubrificantes, graxas, pneus,<br />

etc.<br />

Com relaÁ„o aos projetos de cunho social, foram financiados apenas 4,<br />

correspondendo a 10% do n˙mero de projetos para o municÌpio. Foram eles: construÁ„o de<br />

cCasas em regime de mutir„o, pavimentaÁ„o de rua, instalaÁ„o de posto telefÙnico<br />

comunit·rio e construÁ„o de centro de treinamento de vaqueiros.<br />

Merecem destaque dois deles: o posto telefÙnico comunit·rio, construÌdo em<br />

1996 e que demandou recursos de cerca de 30 mil reais, foi mais tarde desativado, por falte de<br />

interesse da concession·ria de mantÍ-lo em funcionamento. O centro de treinamento de<br />

vaqueiros, o ˙nico aprovado em 2002 e orÁado em R$ 70.000,00, destinou-se ‡ construÁ„o de<br />

um local para a pr·tica de atividades ligadas a recreaÁ„o com edificaÁ„o para festas e um<br />

espaÁo para a guarda de gado e cavalos. De pouca utilizaÁ„o (informaÁıes locais d„o conta de<br />

que a principal utilizaÁ„o È uma festa anual dos vaqueiros), o projeto se destaca por ter sido<br />

˙nico a ser financiado pela Pronese para o municÌpio nos ˙ltimos dois anos (o ˙ltima havia<br />

sido em setembro de 2000), apesar das necessidades mais prementes externadas por<br />

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integrantes de v·rias comunidades. Para a viabilizaÁ„o das demandas comunit·rias, 20<br />

associaÁıes firmaram contratos com a Pronese.<br />

109<br />

N„o se pode considerar que tenha havido predomin‚ncia de atendimento de<br />

uma associaÁ„o em detrimento de outras, somente com os dados disponÌveis da pesquisa.<br />

Considerando que o perÌodo analisado compreende 8 anos, e que o m·ximo que uma<br />

associaÁ„o conseguiu foram 4 projetos, tem-se a mÈdia de 1 projeto por associaÁ„o a cada 2<br />

anos. … certo que algumas associaÁıes ainda n„o est„o contempladas, mas a raz„o identificada<br />

para a existÍncia de mais ou menos projetos para cada associaÁ„o est· mais relacionada com<br />

os objetivos do executivo municipal em ver sua polÌtica implementada na regi„o via recursos<br />

do Programa do que uma possÌvel influÍncia dos membros destas associaÁıes sobre aqueles<br />

que s„o respons·veis pelas aprovaÁıes.<br />

Tabela 14 - RelaÁ„o das associaÁıes contempladas com Projetos<br />

AssociaÁ„o N de Projetos Valor<br />

AssociaÁ„o Com.Pe.Cicero Mor.Lag.R.Salga 3 193.616,44<br />

AssociaÁ„o Micros Peq.Prod.Rbn.Marroquin 4 156.058,00<br />

AssociaÁ„o Peq.Prod.Rur.de Barra da Onca 4 155.239,66<br />

AssociaÁ„o Com.Sao Sebastiao 3 131.289,00<br />

AssociaÁ„o Sao Joao Batista-Barra Onca 2 108.449,00<br />

Grupo Agr.Trab.Barra da Onca 2 107.051,50<br />

AssociaÁ„o Com.Trabahadores com Terra 2 103.449,50<br />

AssociaÁ„o Com.Agr.Peq.Prod.Sta.R.Ermiri 2 102.506,45<br />

AssociaÁ„o Pescadores de Jacare 2 99.996,00<br />

AssociaÁ„o Com.Prod.Poco Preto 2 88.723,50<br />

AssociaÁ„o Agr.Esperancosos Boa Sorte 2 71.480,00<br />

AssociaÁ„o Vaqueiros PoÁo Redondo 1 70.000,00<br />

AssociaÁ„o Trab.Rur.Barra da Onca 1 64.629,00<br />

AssociaÁ„o Com.Trab.Com.sem Ter.Com.Pato 1 63.492,26<br />

AssociaÁ„o Camponesa Poco Redondo 1 63.250,50<br />

AssociaÁ„o Com.Risada 1 58.993,50<br />

AssociaÁ„o Com.Regiao Sao Jose 1 50.780,36<br />

AssociaÁ„o Mor.Amigos Com.Salgadinho 1 40.400,00<br />

AssociaÁ„o Mor.Pov.Curralinho 1 23.248,00<br />

AssociaÁ„o.Mor.Santa Rosa do Ermirio 1 21.598,00<br />

Fonte: Geproc/Pronese<br />

Das duas associaÁıes que tiveram 4 projetos aprovados, 7 foram de<br />

eletrificaÁ„o rural, constituindo-se em projetos ˙nicos e executados na mesma data,<br />

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parcelados como forma de burlar a limitaÁ„o de valor m·ximo financi·vel, critÈrio definido<br />

pelo Banco Mundial para privilegiar pequenos projetos comunit·rios.<br />

110<br />

Quando se agrupa os projetos por comunidade atendida, sobressai das demais a<br />

localidade de Barra da OnÁa, concentrando 11 projetos, o que corresponde a 29% dos projetos<br />

financiados para o municÌpio. A localidade È composta por lotes resultantes de assentamentos<br />

rurais, em decorrÍncia de processos de reforma agr·ria e possui grande penetraÁ„o no<br />

executivo municipal, dada a coincidÍncia de pensamento ideolÛgico do atual mandat·rio<br />

municipal e os movimento rurais dos ìsem terraî.<br />

Tabela 15 - RelaÁ„o de localidades de PoÁo Redondo contempladas com Projetos<br />

Localidade N de Projetos Valor<br />

Barra da Onca 11 553.447,16<br />

Lagoa Riacho Salgago 3 193.616,44<br />

Santa Rosa do ErmÌrio 3 124.104,45<br />

Barraca dos Negros 2 99.578,00<br />

Bom Sucesso 2 81.314,00<br />

Boa Sorte 2 71.480,00<br />

Parque Uni„o 1 70.000,00<br />

Patos 1 63.492,26<br />

Lagoa Comprida 1 58.993,50<br />

S„o JosÈ 1 50.780,36<br />

Barrac„o 1 50.000,00<br />

Lagoinhas 1 49.999,00<br />

JacarÈ 1 49.997,00<br />

Cajueiro 1 49.975,00<br />

Cacimba Preta 1 49.519,51<br />

ColÙnia Pato Branco 1 48.622,00<br />

Salgadinho 1 40.400,00<br />

Poco Preto 1 39.203,99<br />

Curralinho 1 23.248,00<br />

Marroquinhos 1 6.480,00<br />

Fonte: Geproc/Pronese<br />

De fato, a atual administraÁ„o municipal (o atual governante est· no poder<br />

desde 1997, tendo sido reeleito com mandato atÈ 2004) tem se revelado bastante receptiva aos<br />

movimentos populares, principalmente os ligados ‡s necessidades de garantia de terra via<br />

reforma agr·ria, o que pode explicar a predomin‚ncia t„o grande de projetos para uma ˙nica<br />

comunidade, quando, de certo, as carÍncias n„o s„o menores nas demais.<br />

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111<br />

A preferÍncia tambÈm pode ser constatada quando do uso de associaÁıes de<br />

localidades diversas da que ser· executado o projeto, em detrimento da comunidade que<br />

originalmente deveria ser representada pela associaÁ„o demandante. Por exemplo, a<br />

comunidade de Marroquinhos, apesar de ter associaÁ„o, juntamente com a comunidade de<br />

Barraca dos Negros, n„o foi contemplada com a eletrificaÁ„o rural (trÍs projetos que<br />

contemplaram com eletricidade as comunidades de Barra dos Negros, Barrac„o e Barroso).<br />

Para Marroquinhos restou um projeto de R$ 6.480,00 que contemplou a compra de uma<br />

ìdebulhadoraî de milho, enquanto a energia elÈtrica chegou bem perto, mas ainda distantes de<br />

sua concretizaÁ„o.<br />

Muita se fala, de forma crÌtica, de polÌticas assistencialistas, ante a dependÍncia<br />

que se cria entre aqueles que d„o e os que recebem. … fato que uma polÌtica p˙blica que<br />

privilegia o assistencialismo corre o risco de ficar refÈm dela mesma, n„o conseguindo se<br />

desatrelar dos laÁos de dependÍncia. Outro aspecto mais nefasto ainda, È a tendÍncia da<br />

utilizaÁ„o de tal polÌtica como forma de perpetuaÁ„o no poder de grupos que se utilizem das<br />

necessidades da populaÁ„o, usando o atendimento a essas necessidades como moeda de troca<br />

eleitoral. Por outro lado, n„o se pode negar que para algumas populaÁıes, dado o estado de<br />

misÈria e abandona, n„o resta outra saÌda sen„o assisti-las, dando-as o mÌnimo necess·ria para<br />

a sobrevivÍncia para daÌ ent„o se pensar em sustentabilidade.<br />

A difÌcil equaÁ„o È identificar o limiar entre o que seja benÈfico para as<br />

populaÁıes e aquilo que se pode chamar de cabresto da sobrevivÍncia, pois enquanto este<br />

alimenta o sistema polÌtico em detrimento das comunidades carentes, aquele pode ser a<br />

redenÁ„o dessas comunidades.<br />

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6.4 A EFETIVIDADE DO GASTO P⁄BLICO - PAPP E PCPR<br />

112<br />

Os programas PAPP e PCPR foram concebidos para serem fomentadores de<br />

iniciativas comunit·rias com formulaÁ„o de projetos que atendessem aos interesses dessas<br />

comunidades, atravÈs de investimentos e empreendimentos que propiciassem o<br />

desenvolvimento e a melhoria na qualidade de vida das populaÁıes carentes, principalmente<br />

do meio rural. Seja por meio das associaÁıes comunit·rias, seja por meio dos conselhos de<br />

desenvolvimento local, os projetos deveriam privilegiar a origem da demanda por aÁıes que<br />

visassem minimizar o estado de pobreza em que se encontra a maioria da populaÁ„o das<br />

localidades em que s„o implementados os projetos.<br />

O aspecto diferenciador desta forma de intervenÁ„o estatal no processo de<br />

desenvolvimento local est· na origem das demandas dos projetos em relaÁ„o as necessidades<br />

das comunidades. A maioria dos entrevistados (presidentes de associaÁıes ou pessoas<br />

envolvidas com a direÁ„o da associaÁ„o, ou mesmo j· integraram a sua diretoria) afirmam que<br />

a demanda È origin·ria dos associados e que as reivindicaÁıes s„o feitas mediante reuniıes<br />

comunit·rias.<br />

A maioria das associaÁıes È composta de cerca de 20 a 30 associados sendo<br />

razo·vel supor que existam divergÍncias quanto ao que È melhor para cada um deles, quanto<br />

ao que cada um deseja como projeto para atender as suas necessidades. Entretanto, os<br />

entrevistados n„o conseguiram exemplificar como realmente nasce a idÈia por um novo<br />

projeto, insistindo na tese de que todos os associados queriam, desde o inÌcio, a mesma coisa.<br />

Alguns deles, contudo, chegaram a mencionar que o presidente da associaÁ„o, a Pronese ou<br />

mesmo a prefeitura trazem uma idÈia pronta como a sendo melhor para a comunidade.<br />

Nesse sentido, observa-se o detalhe importante da interferÍncia do poder<br />

p˙blico, representado pela prefeitura, pela Pronese e atÈ mesmo do presidente da associaÁ„o<br />

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quando este se arvora no direito, amparado na institucionalizaÁ„o em que ele est· investido,<br />

de dizer o que È melhor para a comunidade, ao induzir qual o tipo do projeto È mais vi·vel,<br />

sendo que essa viabilidade n„o se resume somente ‡ aferiÁ„o quanto ao aspecto tÈcnico ñ que<br />

deveria ser o ˙nico ñ mas, principalmente, o polÌtico, entendido este como o da polÌtica<br />

p˙blica que se pretende naquele momento. Em outras palavras, se faz parte de uma polÌtica<br />

municipal dotar as comunidades de energia elÈtrica, passa-se a incentivar ou mesmo induzir<br />

as comunidades, com o apoio/conivÍncia da Pronese e dos presidentes de associaÁıes, a<br />

pleitearem projetos de eletrificaÁ„o rural, por exemplo.<br />

113<br />

Durante todo o processo, desde a idÈia inicial da comunidade atÈ a sua<br />

viabilizaÁ„o, existem diversas inst‚ncias que podem funcionar como inst‚ncia de controle e<br />

limitaÁ„o da liberdade de escolha, no sentido de inviabilizar um projeto de que n„o gostem ou<br />

n„o aprovem. Como exemplo, pode-se vislumbrar uma situaÁ„o em que o presidente da<br />

associaÁ„o vete um projeto de que n„o goste, ou o prefeito municipal por meio do exercÌcio da<br />

presidÍncia do Conselho municipal n„o leve adiante o pleito de uma comunidade, e atÈ<br />

mesmo a Pronese ìengavetandoî um projeto que j· tenha passado pelas inst‚ncia anteriores.<br />

Dessa forma, essas inst‚ncias polÌticas se constituem em gargalos para as<br />

verdadeiras demandas da comunidade, principalmente o Conselho, que tem como funÁ„o<br />

precÌpua a viabilizaÁ„o dos projetos comunit·rios, mas acaba servindo como interferÍncia<br />

p˙blica em um processo que deveria ser dominado pela aÁ„o comunit·ria, pois o executivo<br />

municipal È que domina as decisıes.<br />

Nesse sentido especÌfico, observa-se que existe um desvio quanto ‡ previs„o de<br />

funcionamento dos Conselhos: enquanto È previsto que integrantes dos poderes p˙blicos<br />

(executivo e legislativo) 18 n„o podem ser presidentes do conselho, sendo este apenas pessoas<br />

18 ß 2 do art. 5 , do Ante-Projeto de Lei de CriaÁ„o dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Sustent·vel<br />

(Condem). Manual do Benefici·rio-PCPR, p. 39 (SERGIPE, 2000).<br />

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oriundas das comunidades, ordinariamente se observa que o representante do executivo È<br />

quem preside os Conselhos, mantendo-se no cargo enquanto dura o seu mandato; essa<br />

presenÁa pode ser efetiva, na prÛpria pessoa do chefe do executivo municipal ou por outra<br />

delegada por este. No caso do municÌpio estudado, apesar de ser corrente a sensaÁ„o de que È<br />

o prefeito quem aprova ou n„o os projetos (ìsem a assinatura do prefeito n„o passa projeto<br />

nenhumî), as reuniıes s„o comandadas pelo secret·rio-executivo, servidor da prefeitura<br />

municipal de PoÁo Redondo nomeado para o exercÌcio da funÁ„o.<br />

114<br />

… bem verdade que a disposiÁ„o de que os representantes dos poderes p˙blicos<br />

n„o podem exercer a presidÍncia do Conselho foi introduzida neste ˙ltimo Programa (PCPR-<br />

II), necessitando adequaÁ„o das leis municipais que criaram, no ‚mbito de cada municÌpio, os<br />

Conselhos de Desenvolvimento. Fosse somente isto certamente j· se teria adequado as normas<br />

municipais ‡s novas diretrizes do Programa com a mesma celeridade com que foram<br />

elaboradas e implementadas as leis de criaÁ„o dos referidos conselhos. N„o parece estar nas<br />

formalidades legislativas o Ûbice para adequaÁ„o ‡ nova realidade; enquanto antes o processo<br />

foi cÈlere, pois se dependia da criaÁ„o dos conselhos mediante lei para se passar a gerenciar os<br />

projetos, agora a celeridade depıe contra esta mesma necessidade polÌtica de controlar as<br />

aÁıes de investimento de recursos p˙blicos, mesmo que a despeito do que propugna o<br />

Programa.<br />

A Pronese n„o parece se importar com tal desvirtuamento das proposiÁıes<br />

colocadas por ela mesma no Manual do Benefici·rio (Sergipe-Seplantec, 2000), uma vez que<br />

a opini„o corrente dos tÈcnicos È que, de fato, os prefeitos comandam os Conselhos,<br />

atribuindo tal postura ‡ necessidade que os chefes dos executivos municipais tÍm de manter<br />

sob si o controle de tudo que se passa no seu ìterritÛrioî.<br />

Ora, isto se constitui na legitimaÁ„o do desvirtuamento da proposta b·sica do<br />

PCPR-II. A instituiÁ„o dos Conselhos de Desenvolvimento foi fruto do reconhecimento da<br />

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incapacidade logÌstica e material das associaÁıes isoladamente gerenciarem as demandas e<br />

fiscalizaÁıes dos projetos, observadas ao longo dos programas, desde o PAPP atÈ o PCPR-I.<br />

A criaÁ„o dos Condens visou, em ˙ltima inst‚ncia, ‡ conjugaÁ„o de esforÁos das<br />

comunidades, por meio da cess„o de seus membros mais capacitados em desentranhar os<br />

meandros dos processos de elaboraÁ„o, aprovaÁ„o, execuÁ„o e fiscalizaÁ„o dos projetos, para<br />

formaÁ„o de um colegiado integrado majoritariamente por seus pares. Ao chamar para si estas<br />

responsabilidades originariamente concedida e atribuÌdas ‡s comunidade, os prefeitos<br />

municipais trazem novamente para a esfera estatal a atribuiÁ„o de dizer o que a comunidade<br />

quer e precisa, utilizando-se do Programa como uma ferramenta de consecuÁ„o de suas<br />

polÌticas de governo, disfarÁadas de demandas comunit·rias.<br />

115<br />

Passa a existir, dessa forma, um filtro do poder p˙blico que pode desviar a<br />

filosofia do Programa. Mesmo admitindo a possibilidade de uma associaÁ„o adequadamente<br />

politizada, em que seus membros sejam cientes de seus direitos e deveres, de sua forÁa como<br />

associaÁ„o, em que ela consiga extrair dos anseios da comunidade a sua real necessidade e daÌ<br />

nasÁa uma demanda por um projeto, seja ele estruturante, produtivo ou social, essa primeira<br />

inst‚ncia polÌtica partid·ria, que se reveste em um controle do poder p˙blico indevidamente<br />

aplicado a um projeto que deveria ser somente comunit·rio, acaba tendo um poder de veto.<br />

Ao controlar o Conselho, por meio da secretaria executiva e da presidÍncia, o<br />

executivo municipal se reveste indevidamente dessa prerrogativa, desvirtuando a<br />

caracterÌstica principal do programa, ante a falta de discernimento polÌtico do Conselho,<br />

servindo os seus integrantes de instrumento para legitimizar uma polÌtica p˙blica n„o do<br />

consenso do Conselho, mas de interesse do executivo municipal.<br />

Se extrapolarmos para o ‚mbito estadual, veremos que o desvirtuamento<br />

tambÈm acompanha esta esfera, por meio da segunda inst‚ncia de controle mencionada, a<br />

Pronese, pois esta age como filtro do projeto do executivo estadual para as aÁıes p˙blicas de<br />

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suas competÍncias, liberando recursos somente para os projetos que estejam de acordo com<br />

suas diretrizes de investimentos para o setor ou regi„o, ou como mais comumente acontece,<br />

induzindo as comunidades a somente pleitearem projetos ìfinanci·veisî segundo a sua<br />

orientaÁ„o. Isso sem falar na ingerÍncia polÌtica (esta partid·ria) quanto ‡ preferÍncia, ou<br />

mesmo priorizaÁ„o, de projetos que tenham polÌticos influentes no ‚mbito estadual como<br />

porta-vozes, tantas vezes manifestadas pelos entrevistados.<br />

116<br />

Outro aspecto observado, ainda atinente ao controle exercido que tolheu a<br />

natureza comunit·ria dos pleitos por projetos, È a cooptaÁ„o pelo poder p˙blico municipal de<br />

lÌderes comunit·rios atuantes nas associaÁıes, no sentido de viabilizar a polÌtica p˙blica<br />

pretendida por este poder utilizando-se de recursos de programas. Essa cooptaÁ„o È observada<br />

quando a maioria dos presidentes das comunidades s„o benefici·rios diretos dos projetos ou,<br />

quando n„o, de algum tipo de favor por parte da prefeitura, levando muitas das vezes ao<br />

descrÈdito dos integrantes da comunidade quanto ao real interesse e objetivos daquela<br />

associaÁ„o. ìSÛ quem se d· bem em associaÁ„o È o presidenteî foi o desabafo de um morador<br />

da localidade Boa Sorte ao ser questionado por que n„o fazia parte da associaÁ„o local.<br />

… f·cil observar que aÁıes, que ordinariamente seriam executadas com o<br />

orÁamento municipal, o s„o com recursos do programa, via demanda das associaÁıes.<br />

Veja-se, por exemplo, a eletrificaÁ„o rural: por uma caracterÌstica desse tipo de<br />

projeto, todas aquelas comunidades localizadas entre o ponto em que se ir· derivar a energia<br />

(onde j· existe rede eletrificada) e a comunidade a ser beneficiada receber„o o benefÌcio da<br />

energia elÈtrica, pois a rede ir· passar ì‡s suas portasî. Mas h· uma limitaÁ„o financeira para<br />

a execuÁ„o de toda esta rede, que È o valor limite estabelecido pelo programa financiador,<br />

sendo que a eletrificaÁ„o de uma ·rea geralmente extrapola tal limite. A saÌda È ìenvolverî as<br />

outras comunidades nas demandas por energia elÈtrica. AlÈm do desvirtuamento do projeto,<br />

pois induz as comunidades que medeiam os dois pontos mencionados a quererem energia<br />

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elÈtrica, h· uma clara burla ‡s normas do Banco Mundial que vetam o parcelamento de<br />

projetos com vistas a se adequarem aos limites estabelecidos, pois o programa È para<br />

pequenos projetos comunit·rios.<br />

117<br />

Fica clara a intervenÁ„o do executivo municipal na utilizaÁ„o de recursos do<br />

programa. Entender diferente seria admitir a enorme coincidÍncia de que comunidades<br />

diferentes, e carentes das mais variadas necessidades, elegessem a mesma aÁ„o como<br />

prioridade, ao mesmo tempo, e elaborassem projetos iguais. Como agravante, tem-se o fato de<br />

que uma comunidade ao ser contemplada com um projeto ter· outros pleitos seus colocados<br />

em segundo plano, em favor de outra ainda n„o atendida.<br />

Ora, se energia elÈtrica, naquele momento, n„o representava a real necessidade<br />

de uma comunidade, induzida que foi pela prefeitura a pleitear tal projeto, veria-se<br />

prejudicada. De nada adianta ñ a n„o ser o conforto material, que n„o se pode desprezar, mas<br />

que n„o traz renda ñ ter energia elÈtrica quando na verdade a necessidade primeira seria um<br />

projeto produtivo que possibilitasse aumento de renda na comunidade. Um bom exemplo<br />

disso È que ao longo de algumas linhas de eletrificaÁ„o pode-se observar algumas casas em<br />

que n„o foi ligada a energia elÈtrica, pelo simples motivo de seus moradores n„o possuem<br />

renda suficiente para arcar com a despesa da conta de luz.<br />

… emblem·tico, nesse sentido, a f·brica de laticÌnio localizada na comunidade<br />

de Barra da OnÁa. Esta f·brica foi implementada com o aporte de recursos de outros<br />

programas do Governo Federal (o Pronaf, por exemplo), mas viabilizada materialmente pela<br />

eletrificaÁ„o rural implementada com recursos do Programa. Para viabiliza-la, foram<br />

mobilizadas duas associaÁıes (cada uma demandando trÍs projetos) envolvendo seis<br />

localidades, todas englobando um mesmo projeto de eletrificaÁ„o rural, apresentado junto ‡<br />

Pronese de forma parcelada e executado na mesma Època. AlÈm da utilizaÁ„o das<br />

comunidades de forma indevida e do parcelamento proibido de um mesmo projeto, tal pr·tica<br />

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provoca um dano causado pela expectativa gerada nas comunidades utilizadas para a<br />

viabilizaÁ„o do projeto. Ao verem seus nomes incluÌdos dentre as comunidades que teriam luz<br />

elÈtrica vislumbram tal benefÌcio para depois se frustrarem ao constatarem que a luz n„o<br />

chegaria, apesar de a rede passar a poucos metros de suas casas, ou terminar em dist‚ncia<br />

semelhante, pois a finalidade n„o era atender ‡quela comunidade e sim viabilizar o projeto da<br />

f·brica de laticÌnios, consumando um projeto de uma polÌtica de governo municipal e n„o um<br />

projeto comunit·rio.<br />

118<br />

N„o se quer, com isso, condenar a implantaÁ„o de uma unidade produtiva, atÈ<br />

mesmo porque, segundo informaÁıes colhidas no local, a f·brica vem produzindo e gerando<br />

renda para a comunidade, mas o desvirtuamento do programa È claro e n„o pode passar<br />

desapercebido. AlÈm disso, n„o ficou comprovada a sustentabilidade do empreendimento, j·<br />

que ela trabalha com insumos altamente subsidiados, como a ·gua e a energia elÈtrica,<br />

subsÌdios esses concedidos pela prefeitura municipal como parte de uma polÌtica que pode ser<br />

moment‚nea, pois os interesse se alteram como se alteram os mandat·rios do executivo. AlÈm<br />

disso, tal postura pode representar uma forma de controle sobre aquela comunidade<br />

extremamente dependente da mencionada f·brica para a geraÁ„o de renda, dependÍncia esta<br />

que se estende ao executivo municipal, pois È ele quem garante a viabilidade econÙmica da<br />

f·brica por meio dos subsÌdios. Em ˙ltima inst‚ncia a comunidade passa a ser dependente do<br />

prefeito, pois por um gesto, pode a f·brica ser inviabilizada, vindo a comunidade a sofrer com<br />

as conseq¸Íncia sobre a renda local.<br />

H·, ainda, na caracterizaÁ„o do desvirtuamento dos objetivos do programa, a<br />

interferÍncia polÌtica (ou de polÌticos) na conduÁ„o da atividade comunit·ria via associaÁıes.<br />

Ficou patente o sentimento de todos os entrevistados, mesmo aqueles em que insistiam em<br />

dizer que as comunidades eram soberanas na conduÁ„o de seus pleitos, geralmente pessoas<br />

mais ligados ao executivo municipal, de que sem a interferÍncia polÌtica n„o se consegue nada<br />

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na Pronese. Desde o empenho do prefeito municipal em viabilizar projetos, atÈ o auxÌlio de<br />

polÌticos que tenham tr‚nsito na Pronese, È imprescindÌvel o apoio de algum ìpadrinhoî<br />

polÌtico. N„o raras vezes, os entrevistados disseram textualmente que sem ajuda de algum<br />

polÌtico, projeto algum passa na Pronese.<br />

119<br />

O tÈcnico da Pronese me disse que o projeto t· pronto e sÛ falta assinar, mas se<br />

a gente puder pedir a algum polÌtico para dar um empurr„ozinho ele andaria<br />

mais r·pido. (depoimento de um presidente de associaÁ„o cujo projeto estava<br />

ìengavetadoî na Pronese)<br />

Um outro aspecto a ser observado È o da coincidÍncia da Època das aprovaÁıes<br />

dos projetos e a liberaÁıes dos recursos. Observa-se que os projetos, em sua maioria, s„o<br />

aprovados ou tÍm seus recursos liberados em bloco. Ora, se as demandas nascem das<br />

comunidades e, ao menos em tese, elas tÍm diferentes nÌveis de necessidades e de urgÍncia no<br />

seu atendimento, n„o È razo·vel supor que exista outra raz„o sen„o a polÌtico partid·ria para a<br />

concentraÁ„o de projetos de diferentes comunidades em uma mesma Època. … bem verdade<br />

que alguns deles se constituem num mesmo projeto, irregularmente parcelado de forma a<br />

atender a uma necessidade tÈcnica, como È o caso dos projetos de eletrificaÁ„o rural.<br />

Tome-se como exemplo os projetos que envolveram as comunidades de<br />

Barraca dos Negros, Barrac„o e Barroso 19 , cujos recursos foram liberados em 18.10.1996,<br />

Barra da OnÁa e ColÙnia Pato Branco (26.12.1996), e JacarÈ, Lagoinhas e Cajueiro<br />

(23.07.1997). Se s„o os mesmos projetos, disfarÁados em diversos pequenos projetos<br />

demandados por comunidades diferentes, È desej·vel, do ponto de vista tÈcnico, que tenham a<br />

sua aprovaÁ„o conjunta assim como a liberaÁ„o de recursos. Entretanto, no bojo da aprovaÁ„o<br />

de projetos semelhantes ou complementares, outros de caracterÌstica diversa tambÈm s„o<br />

aprovados, a exemplo da micro ind˙stria de bordados na localidade de Bom Sucesso<br />

19 Esta localidade n„o foi identificada na pesquisa de campo, tendo a informaÁ„o de moradores das outras<br />

localidades de que ela n„o existe, somente constando do projeto da Pronese pela necessidade de viabilizar o<br />

parcelamento do projeto.<br />

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(18.10.1996), posto telefÙnico comunit·rio na localidade de Curralinho (26.12.1996), ambos<br />

sem utilizaÁ„o pela comunidade 20 , sugerindo aÁ„o com vistas ‡ obtenÁ„o de dividendos<br />

polÌticos<br />

120<br />

Alguns desses conjuntos de aprovaÁıes coincidem com a Època das eleiÁıes,<br />

principalmente as eleiÁıes municipais, mas n„o foi possÌvel levantar informaÁ„o segura em<br />

que se pudesse basear assertiva conclusiva sobre uma prov·vel aÁ„o deliberada para angariar<br />

votos em troca da execuÁ„o de projetos. Entretanto, alguns n˙meros n„o deixam de inquietar<br />

um observador mais atento: de 1995 a 2000 foram financiados 37 projetos com recursos do<br />

programa, sendo que 55% deles foram liberados nos 2 anos de eleiÁıes municipais; em 1996<br />

(10 projetos) e 2000 (10 projetos). Curiosamente, de 2000 para c·, somente um projeto foi<br />

aprovado e liberados recursos (localidade Parque Uni„o, em 27.12.2002) e mesmo assim<br />

ainda n„o concluÌdo e com baixa efetividade de uso pela comunidade, que, segundo<br />

informaÁıes, dever· usar esse Centro de Treinamento de Vaqueiros poucos dias por ano.<br />

Foi corrente o sentimento de que somente no prÛximo ano haver· alguma<br />

esperanÁa de que os projetos solicitados sejam aprovados e o dinheiro liberado, em funÁ„o do<br />

perÌodo eleitoral (eleiÁ„o de prefeitos e vereadores em 2004), reforÁando a tese de utilizaÁ„o<br />

do Programa para obtenÁ„o de votos, com a participaÁ„o nas diversas esferas envolvidas,<br />

desde o executivo municipal atÈ os lÌderes polÌticos que de uma forma ou de outra acabam se<br />

envolvendo, passando pela Pronese, que, embora seja empresa estatal, deveria ter um<br />

posicionamento exclusivamente tÈcnico.<br />

As necessidades das comunidades n„o podem esperar, n„o lhes sendo dada a<br />

opÁ„o de aguardar um momento melhor, pois estas independem do calend·rio eleitoral. A<br />

utilizaÁ„o deste artifÌcio de concentraÁ„o das liberaÁıes de recursos em Època de campanha<br />

20 O problema de falta de efetividade dos projetos È tratado em seÁ„o especÌfica mais adiante.<br />

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polÌtica evidencia o desprezo para com as necessidades da populaÁ„o e o descaso com s<br />

recursos p˙blicos, principalmente, quando se sabe que o dinheiro est· disponÌvel e o prÛprio<br />

Banco Mundial cobra celeridade na utilizaÁ„o dos recursos 21 , caracterÌstica dos emprÈstimos<br />

externos de organismos como o BIRD, como aponta Soares (2000).<br />

121<br />

… constrangedor ouvir declaraÁıes como a de um associado da localidade de<br />

Marroquinho que lamentava o fato de a energia ter chegado t„o perto de sua casa, mas,<br />

passada a Època eleitoral, somente numa prÛxima eleiÁ„o teria esperanÁa de ver atendido o<br />

pleito de sua associaÁ„o pela continuidade da rede; isso foi em 1996 e um perÌodo eleitoral j·<br />

ocorreu (2000) sem que ele visse realizado o seu objetivo de ter energia em sua casa; resta-lhe<br />

agora uma nova eleiÁ„o por vir, para que o projeto de sua associaÁ„o, que afirma j· ter sido h·<br />

muito encaminhado ‡ Pronese, venha a ser aprovado e os recursos liberados.<br />

E aÌ È que se percebe a face mais cruel do emblem·tico sistema de dependÍncia<br />

a que, em geral, est„o sujeitas todas as comunidades carentes do semi-·rido nordestino: a<br />

crenÁa inabal·vel de que mais cedo ou mais tarde o prefeito municipal (figura enaltecida e as<br />

vezes atÈ idolatrada) venha a conseguir levar adiante um projeto e a comunidade seja<br />

beneficiada.<br />

6.4.1 MECANISMOS DE CONTROLE<br />

A fiscalizaÁ„o da correta utilizaÁ„o dos recursos do projeto vai desde a<br />

elaboraÁ„o do projeto, atÈ a utilizaÁ„o pela comunidade, passando pela sua execuÁ„o. Na<br />

elaboraÁ„o, È preciso se ter em mente que este È um programa de incentivo ‡ participaÁ„o<br />

comunit·ria e somente a comunidade deveria interferir neste processo. Sendo assim, o ˙nico<br />

21 Segundo o Acordo de EmprÈstimo firmado com o Banco Mundial, o mutu·rio (Estado de Sergipe) passa a<br />

suportar um Ùnus por meio de multa proporcional ao valor do emprÈstimo n„o utilizado em determinada Època<br />

estabelecida no contrato.<br />

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controle possÌvel seria o controle social, mesmo com todas as suas imperfeiÁıes. Na<br />

execuÁ„o, na ausÍncia de mecanismos mais efetivos, a Pronese deveria exercer seu papel<br />

institucional e acompanhar de perto e exigir o cumprimento dos termos dos contratos<br />

firmados pelas associaÁıes como forma de inibir burlas aos contratos, aproveitando-se as<br />

empresas dos despreparos das associaÁıes.<br />

122<br />

Um importante instrumento de controle comunit·rio, que se poderia imputar<br />

como controle social s„o os comitÍs de controle obrigatÛrios, conforme as normas do PCPR-<br />

II. Eles s„o compostos por membros da comunidade e tÍm como funÁ„o fiscalizar e atestar o<br />

bom uso e a boa aplicaÁ„o dos recursos, segundo o que se propÙs a associaÁ„o. Entretanto, em<br />

PoÁo Redondo ele padece dos mesmos problemas que afligem os mais variados conselhos: a<br />

falta de capacitaÁ„o dos seus membros. Neste caso particular È mais acentuada ainda a<br />

dist‚ncia entre a realidade vivida pelos integrantes de tais comitÍs e as demandas que lhes s„o<br />

exigidas, como prestaÁ„o de contas, verificaÁ„o da compatibilidade do que foi projetado e o<br />

que foi executado, etc.<br />

Resta-lhes t„o somente a aposiÁ„o de sua assinatura onde lhes mandam assinar,<br />

legitimando a aÁ„o, seja ela correta ou n„o, ou mesmo transferindo para as comunidades as<br />

responsabilidades pelo controle exercido. … emblem·tico o depoimento de um integrante do<br />

comitÍ de controle da comunidade Lagoa do Riacho Salgado que teve executado um projeto<br />

de eletrificaÁ„o rural. Ao ser perguntado se o projeto previa a instalaÁ„o de uma rede<br />

monof·sica ou trif·sica, respondeu que achava que era a monof·sica, pois foi essa que foi<br />

instalada, afirmando em seguida que n„o poderia responder com certeza pois n„o tinha visto o<br />

projeto inicial. Ora, como exercer o controle se nem ao menos se sabe o que È para ser<br />

executado?<br />

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123<br />

Neste mesmo exemplo, e como forma de caracterizar a dist‚ncia entre as<br />

expectativas comunit·rias e a realidade aposta, situa-se o caso de um morador desta<br />

localidade que, ao ser informado que iriam instalar a rede elÈtrica na regi„o, procurou o ent„o<br />

presidente da associaÁ„o para saber que o tipo de rede seria instalada. Ao saber que seria<br />

trif·sica, e uma vez que trabalha com carpintaria, procurou a sogra para conseguir ajuda na<br />

aquisiÁ„o de um motor elÈtrico para ligar seus equipamentos, como plainas, serras, etc.<br />

Conseguiu da sogra uma vaca ìparidaî que facilmente seria trocada por um motor usado. Para<br />

sua surpresa, ao instalar o motor na rede elÈtrica, percebeu que sobrava um fio da instalaÁ„o 22 .<br />

Observou na fiaÁ„o dos postes da rede e l· somente tinham trÍs fios. Mesmo assim tentou<br />

fazer a ligaÁ„o, ao que n„o logrou Íxito, pois a corrente n„o era suficiente para movimentar o<br />

motor. Procurando informaÁ„o com tÈcnicos da concession·ria de energia respons·vel pelo<br />

fornecimento, foi-lhe dito de que a rede estava capacitada apenas para o sistema bif·sico e<br />

mesmo assim com baixa capacidade de carga, n„o podendo instalar um motor que puxasse<br />

muita energia, pois o transformador n„o ag¸entaria e prejudicaria o restante da comunidade.<br />

Com isso, o morador se viu devedor de uma vaca ‡ sogra e com um motor sem utilidade para<br />

o que pretendia.<br />

Neste particular, a Pronese, com toda a sua estrutura de tÈcnicos capacitados,<br />

padece de vontade em auxiliar (sem que isto se constitua interferÍncia) os integrantes dos<br />

comitÍs. Alguns casos s„o gritantes, e saltam aos olhos as irregularidades sem que sejam<br />

tomadas providÍncias. … exigido dos membros dos comitÍs de controle que sejam<br />

alfabetizados, exigÍncia desconhecida da maioria dos membros das associaÁıes, o que È<br />

confirmado por alguns integrantes desses comitÍs.<br />

22 Na instalaÁ„o de um sistema trif·sico, a rede elÈtrica conta com 4 fios, trÍs energizados e um neutro. Nos<br />

bif·sicos, a ligaÁ„o È feita com dois fios energizados e um neutro e na monof·sica, apenas um fio È energizado.<br />

A configuraÁ„o depende da carga solicitada pelo equipamento que ir· utilizar energia elÈtrica.<br />

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124<br />

Considerando ser praticamente impossÌvel para os Ûrg„os institucionalizados<br />

de controle saberem o que est· sendo demandado pelas comunidades antes mesmo que esta<br />

demanda se materialize em algum pleito ou projeto, n„o h· como pensar em um controle<br />

prÈvio ou concomitante a ser exercido por estes Ûrg„os, dependendo eles do chamamento ou<br />

provocaÁ„o da comunidade para que possam agir. AlÈm disso, a dispers„o dos gastos em<br />

v·rios pequenos projetos depıe contra a priorizaÁ„o desses Ûrg„os na seleÁ„o de um desses<br />

projetos para ser objeto de fiscalizaÁ„o, ante a baixa materialidade envolvida em cada um<br />

deles.<br />

Entretanto, a maioria dos entrevistados integrantes das associaÁıes, n„o tem o<br />

menor conhecimento do que sejam Ûrg„os de controle; a ˙nica referÍncia que eles tem de<br />

algum tipo de controle È o MinistÈrio P˙blico. Demonstraram desconhecer o que seja Ûrg„o de<br />

controle, considerando remota a hipÛtese de se socorrer da ìjustiÁaî. Somente em ˙ltimo caso,<br />

num caso extremamente grave (e aÌ cabe um juÌzo de valor do que seja extremamente grave,<br />

dependendo de quem esteja analisando), procurariam alguma inst‚ncia institucionalizada de<br />

proteÁ„o aos seus direitos. Existe um temor (ao menos È passada esta impress„o) de que È<br />

melhor n„o mexer com a ìjustiÁaî, por receio de que ao envolver o judici·rio a coisa se<br />

complique, ìarrebenteî para o lado mais fraco; que talvez seja melhor resolver<br />

amigavelmente, ìde que È isso mesmo, as coisas s„o assim mesmoî.<br />

No levantamento de campo, pÙde-se observar que a inst‚ncia que alguns<br />

entrevistados consideram apropriada, ou talvez a ˙nica, ou talvez a do alcance deles, seja<br />

inicialmente o tÈcnico da Pronese que trabalha na ·rea; e se n„o houver amparo nas<br />

den˙ncias, eles poder„o procurar a prÛpria Unidade em Aracaju. Entretanto, n„o deixaram<br />

claro o que se fazer diante da constataÁ„o de que a Pronese porventura n„o tivesse tomado<br />

providÍncias alguma, ante uma irregularidade observada; n„o sabem a quem recorrer se os<br />

tÈcnicos n„o tomaram providÍncias e a Pronese tambÈm n„o. Somente um ou outro<br />

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entrevistado È que mencionou, de forma genÈrica, que recorreria ‡ justiÁa sem especificar ou<br />

distinguir justiÁa de MinistÈrio P˙blico. No geral, existe um completo desconhecimento de<br />

que podem reclamar aos Ûrg„os de controle ou ao menos saber que existem Ûrg„oa de<br />

controle como Tribunal de Contas do Estado, Tribunal de Contas da Uni„o e Controladoria<br />

Geral da Uni„o.<br />

125<br />

A fragilidade da Pronese no controle dos projetos pode ser exemplificada pelo<br />

atendimento a projetos da AssociaÁ„o Comunit·ria dos Pequenos Produtores de Santa Rosa<br />

do ErmÌrio. Esta associaÁ„o recebeu recursos em 1996 para a construÁ„o de uma ind˙stria de<br />

laticÌnios que nunca funcionou, estando o prÈdio abandonado e em ruÌnas. ProvidÍncia<br />

alguma foi tomada, e ainda assim, em 2000 foi aprovado projeto e liberado recursos para<br />

pavimentaÁ„o de ruas da comunidade. Como j· mencionado, È pouco crÌvel que a Pronese n„o<br />

soubesse dos problemas no primeiro projeto; alÈm de nada fazer para que a comunidade<br />

tivesse o objeto do seu pleito em funcionamento e revertendo os benefÌcios para os<br />

associados, aprova e libera novos recursos para a mesma associaÁ„o que n„o foi capaz de<br />

concluir o projeto anterior.<br />

6.4.2 EFETIVIDADE DOS PROJETOS<br />

A efetividade dos projetos deve ser medida na mesma raz„o da utilizaÁ„o dos<br />

objetos disponibilizados e a capacidade destes de produzirem melhoria na qualidade de vida<br />

daquelas comunidades em que foram instalados. De nada adianta ter as prestaÁıes de contas<br />

aprovadas, o Banco Mundial ter sido informado da execuÁ„o do programa, estatisticamente o<br />

programa ser um sucesso, se as comunidades continuam na mesma situaÁ„o em que viviam<br />

antes e atÈ mesmo em situaÁ„o pior ainda, j· que o impacto causado pela expectativa de um<br />

projeto produtivo sobre uma comunidade leva, muitas das vezes, ao aumento pela demanda de<br />

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serviÁos p˙blicos n„o suportados pela comunidade. Ao se frustrarem estas expectativas pela<br />

inexecuÁ„o do que se prometeu, causa um dano ainda maior. As externalidades do projeto n„o<br />

executado s„o ainda mais acentuadas.<br />

126<br />

Entretanto, a falta de efetividade pode se dar por diversas razıes, sendo aqui<br />

tratadas as duas principais ìmodalidadesî: a falta de utilizaÁ„o, pela comunidade, do objeto<br />

executado e a sustentabilidade do projeto.<br />

UtilizaÁ„o pela comunidade<br />

A utilizaÁ„o pela comunidade È pressuposto b·sico para se sustentar uma<br />

justificativa de alocaÁ„o de recursos p˙blicos em um projeto, mesmo que este n„o nasÁa de<br />

demandas comunit·rias. Quando È a comunidade que apresenta a demanda, acentua-se mais<br />

ainda a necessidade de se estabelecer um nexo entre o que a comunidade entendeu melhor e a<br />

sua efetiva utilizaÁ„o. Nesse sentido, alguns projetos carecem de fundamento para a sua<br />

execuÁ„o, haja vista a falta de utilizaÁ„o dos integrantes daquela comunidade dos objetos<br />

executados, seja por inexistÍncia do objeto, seja pela desvinculaÁ„o deste com a realidade<br />

local.<br />

Tome-se como exemplo os projetos executados na localidade de Santa Rosa do<br />

ErmÌrio, maior aglomerado urbano do municÌpio, perdendo em populaÁ„o somente para a<br />

sede. Nesse povoado, de 1995 a 2000, foram executados 5 projetos, sendo 3 produtivos e 2 de<br />

cunho social. Os projetos produtivos foram: uma casa de farinha e uma ind˙stria de laticÌnios<br />

(este, parcelado 23 em dois projetos, um denominado ìProduÁ„o de Queijo e Manteigaîe o<br />

outro de ìInd˙stria de LaticÌnio/Beneficiamento de Leiteî).<br />

23 Apesar de n„o permitido, o parcelamento de projetos com vistas a se adequar ao limite financeiro de<br />

financiamento parece ser uma regra para contornar a limitaÁ„o imposta pelo Banco Mundial, conforme j·<br />

mencionado anteriormente.<br />

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Figura 4 - Casa de Farinha<br />

financiada com recursos do<br />

PAPP<br />

127<br />

Figura 5 - Equipamentos da casa<br />

de farinha<br />

A Casa de Farinha, executada em 1996 e que recebeu R$ 21.598,00 do<br />

Programa, somente produziu duas ìfornadasî por absoluta falta de matÈria prima, e est·<br />

fechada com os seus equipamentos parados desde ent„o.<br />

A regi„o n„o mais produz mandioca, n„o sendo vi·vel, segundo depoimentos<br />

de moradores, a importaÁ„o dessa matÈria prima. Fica clara a desvinculaÁ„o da alocaÁ„o de<br />

recursos para um projeto que se mostrava em descompasso com a realidade local. … pouco<br />

crÌvel imaginar que n„o se soubesse disso. O interesse, no caso, foi o de atender a uma<br />

demanda por realizaÁ„o de obra ou pela venda de equipamento totalmente ‡ margem das<br />

necessidades da populaÁ„o local. Apesar de flagrante mau uso dos recursos, providÍncia<br />

alguma foi tomada com vistas a apurar responsabilidades ou mesmo evitar o cometimento do<br />

mesmo erro.<br />

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ExcluÌdo:


Figura 6 - F·brica de LaticÌnios<br />

financiada com recursos do<br />

PAPP<br />

Figura 7 - Interior da F·brica de<br />

LaticÌnios<br />

128<br />

A Ind˙stria de LaticÌnio apresenta um quadro ainda mais grave, j· que n„o foi<br />

utilizada em momento algum, apesar de ter consumido a totalidade dos recursos<br />

disponibilizados. Para a sua execuÁ„o foram alocados R$ 34.560,00, em 1995, no projeto de<br />

ProduÁ„o de Queijo e Manteiga e, em 1996, R$ 43.710,00 no outro projeto, o da Ind˙stria de<br />

LaticÌnio/Beneficiamento de Leite. A edificaÁ„o encontra-se em processo de deterioraÁ„o sem<br />

que providÍncia alguma tenha sido tomada para minimizar os prejuÌzos.<br />

Neste caso tem-se o agravante de n„o haver escassez de matÈria prima, n„o se<br />

explicando a n„o utilizaÁ„o, a n„o ser pelo descomprometimento de todos os integrantes do<br />

Programa para com os resultados dos projetos, bastando eles ñ os projetos ñ em si prÛprios,<br />

n„o importando a efetividade. A omiss„o da Pronese, que sabedora do problema n„o tomou<br />

providÍncia alguma, da associaÁ„o, que vendo seu pleito n„o ir adiante n„o se manifestou, do<br />

Banco Mundial, que n„o parece estar preocupado com esses ìdetalhesî, retrata o estado de<br />

letargia que toma conta de todos quando se trata de investimento p˙blico, deixando<br />

transparecer a errÙnea idÈia de que o dinheiro, por ser p˙blico, n„o È de ninguÈm quando na<br />

verdade È de todos.<br />

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Sustentabilidade<br />

129<br />

A sustentabilidade de projetos p˙blicos sempre deve ser objeto de atenÁ„o<br />

apurada em funÁ„o da transitoriedade daqueles que decidem e aplicam recursos p˙blicos em<br />

projetos de desenvolvimento. … comum se observar, posteriormente, que uma determinada<br />

obra, uma determinada aÁ„o n„o se mantÈm vi·vel como se imaginava ou se propalava.<br />

Entretanto, alguns outros aspectos podem ser incluÌdos para an·lise de sustentabilidade que<br />

n„o dependa exclusivamente do fator tempo.<br />

No presente estudo, e considerando o seu objeto ñ os projetos financiados pelo<br />

PAPP/PCPR ñ pode-se utilizar a divis„o, j· antes mencionada, quanto ‡ natureza dos projetos.<br />

Os estruturantes, apesar de basicamente contemplarem a projetos de energia<br />

elÈtrica para as comunidades, diferem pela forma com que esta energia È disponibilizada. A<br />

primeira delas, a energia elÈtrica por meio de redes de eletrificaÁ„o rural, demanda uma<br />

superestrutura prÈ-existente que possuem potencial impactante elevado no meio ambiente, a<br />

exemplo da forma mais comum de geraÁ„o de energia adotada no Brasil que È a hidrelÈtrica.<br />

Em que pese tal caracterÌstica, que pode se dar longe do ambiente em que se est· fazendo uso<br />

da energia, a sustentabilidade dessa forma de infra-estrutura depende de outros fatores<br />

disponibilizados para os usu·rios, mas que uma vez disponibilizados se incrementa a<br />

sustentabilidade. Assim o È quando, associada ‡ implantaÁ„o de redes de eletrificaÁ„o rural, as<br />

comunidades s„o assistidas com crÈdito para aquisiÁ„o de m·quinas que gerem renda acima<br />

do acrÈscimo de despesa causado pela utilizaÁ„o da energia.<br />

A segunda forma de disponibilizaÁ„o de energia para as comunidades no<br />

‚mbito do Programa, a energia por captaÁ„o da luz solar, apesar de atraente pelo fato de n„o<br />

ter um custo mensal relativo ‡ tarifa, traz consigo uma componente que inviabiliza a sua<br />

sustentabilidade, que È sua baixa potÍncia, suficiente apenas para pequenos eletrodomÈsticos e<br />

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poucos pontos de luz. Considerando a necessidade periÛdica de manutenÁ„o das baterias e a<br />

sua vida ˙til, a utilizaÁ„o da energia como mero item de conforto compromete sua<br />

sustentabilidade.<br />

130<br />

Os projetos produtivos tiveram a an·lise de sustentabilidade comprometida em<br />

funÁ„o dos problemas observados em suas execuÁıes. Mais que inviabilizar a an·lise, alguns<br />

deles s„o testemunhos da falta de preocupaÁ„o com a sustentabilidade. O que dizer de um<br />

projeto que se propıe a processar farinha de mandioca sendo que na comunidade n„o se<br />

produz a matÈria prima principal e n„o compensa import·-la de outras localidades? Dos<br />

projetos produtivos somente o de compra de trator foi levado adiante e de sua aquisiÁ„o atÈ<br />

hoje continua em uso e servindo ‡ comunidade. O sistema adotado pelas associaÁıes para o<br />

uso do equipamento ñ por meio da cobranÁa de horas trabalhadas ñ n„o garante a<br />

sustentabilidade do projeto, uma vez que, segundo relato de alguns associados, o dinheiro<br />

arrecadado È todo usado na manutenÁ„o da m·quina, n„o sobrando uma reserva para uma<br />

nova aquisiÁ„o futura, ficando na dependÍncia de novas formas de aquisiÁ„o, quando se<br />

encerrar a vida ˙til do equipamento.<br />

Os projetos sociais, tiveram pouca efetividade e sua sustentabilidade nasceu<br />

comprometida pela desvinculaÁ„o dos seus objetivos com as necessidade comunit·rias. O<br />

posto telefÙnico que poderia ter uma utilizaÁ„o mais efetiva foi desativado por circunst‚ncias<br />

conjunturais da polÌtica de privatizaÁ„o, cuja nova sistem·tica de investimentos do setor n„o<br />

mais contempla postos comunit·rios como vi·veis de serem mantidos. O centro de<br />

treinamento de vaqueiros, apesar de apoiado em tradiÁıes locais È de pouco alcance e limitado<br />

a uso espor·dico a festividades anuais, o que se mostra imprÛprio ante as necessidades mais<br />

urgentes de investimento p˙blico, principalmente considerando que o ˙ltimo projeto aprovado<br />

para o municÌpio foi em setembro de 2000, e passados mais de dois anos (o projeto para o<br />

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centro de treinamento foi aprovado em dezembro de 2002) a ˙nica demanda ìcomunit·riaî<br />

levada adiante foi um centro de lazer ,de pouco alcance .<br />

Figura 8 - Centro de Treinamento de Vaqueiros na localidade<br />

Parque Uni„o<br />

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131


7 CONCLUS’ES<br />

132<br />

A demanda crescente pelo desenvolvimento econÙmico de regiıes pobres n„o<br />

pode resultar em um modelo de desenvolvimento em que comprometa a perenidade desse<br />

prÛprio desenvolvimento. Nesse sentido, a busca pelo desenvolvimento humano e a<br />

manutenÁ„o dos benefÌcios advindo para as geraÁıes futuras deveria ser uma preocupaÁ„o dos<br />

governos de naÁıes em desenvolvimento como o Brasil. Entretanto, o que se observa È o<br />

descompasso entre os propÛsitos das polÌticas p˙blicas implementadas e os resultados obtidos.<br />

O componente polÌtico no bojo das polÌticas p˙blicas n„o tÍm sido suficiente<br />

para garantir a sustentabilidade de projetos que visavam ao desenvolvimento econÙmico.<br />

Antes, muitas vezes, tem servido de instrumento para o desvirtuamento dos objetivos de<br />

programas e projetos p˙blicos.<br />

O Brasil, inserido que est· na comunidade internacional, coaduna com as<br />

polÌticas de organismos internacionais e da maioria dos paÌses desenvolvidos nas mais<br />

diversas ·reas: na economia, na polÌtica, em questıes ambientais, de cidadania, dentre outras.<br />

Dessa forma, procura implementar polÌticas p˙blicas aderentes aos modelos preconizados por<br />

esses organismos, que potencialmente representam avanÁos significativos em relaÁ„o ‡<br />

realidade da maioria de sua populaÁ„o, abrindo a possibilidade de modificaÁ„o da condiÁ„o de<br />

vida dessa contingente humano, privado dos mais variados tipos de necessidades b·sicas que<br />

deveriam ser comum a todos, como forma de garantir o mÌnimo de dignidade humana,<br />

princÌpio fundamental e direito constitucionalmente garantido a todos.<br />

Entretanto, as intervenientes observadas ao longo do caminho entre a<br />

concepÁ„o de uma polÌtica p˙blica e a sua implementaÁ„o s„o de tal maneira significativa, que<br />

desvirtuam os objetivos antes pretendidos ou ao menos propalados. Tais interveniÍncias<br />

podem se traduzir em alteraÁıes, desde a inadequaÁ„o de um modelo ‡ realidade local onde<br />

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ser· implementada a aÁ„o p˙blica, atÈ a interferÍncia polÌtica-eleitoreira que impede que as<br />

populaÁıes alvo aufiram os benefÌcios dos investimentos p˙blicos, resultando em condiÁıes<br />

piores do que as observadas anteriormente a aÁ„o p˙blica, seja no aspecto do<br />

desenvolvimento econÙmico, seja no aspecto ambiental.<br />

133<br />

… o que se pode observar dos resultados do Projeto CalifÛrnia em que um<br />

projeto grandioso que se propunha minimizar os efeitos danosos da adversidade clim·tica da<br />

regi„o por meio de modernas tÈcnicas de convivÍncia com a seca, principalmente por meio da<br />

utilizaÁ„o da irrigaÁ„o, resultou em uma situaÁ„o que tende ao desastre, em face da<br />

desagregaÁ„o social decorrente da implantaÁ„o do PerÌmetro e da degradaÁ„o ambiental<br />

conseq¸ente.<br />

In˙meras s„o as conseq¸Íncias negativas da inefetividade do Projeto, algumas<br />

de car·ter incidental (no ‚mbito deste trabalho), como a discuss„o econÙmica quanto aos<br />

custos de oportunidade dos recursos envolvidos, como tambÈm algumas de natureza<br />

ambiental observadas pela realidade material observada no Projeto, ‡s voltas com problemas<br />

de salinizaÁ„o de solos, pelo uso inadequado da irrigaÁ„o, degradaÁ„o das matas origin·rias da<br />

regi„o em funÁ„o da comercializaÁ„o de carv„o, forma predatÛria que alguns assentados<br />

encontraram para auferir aumento de renda, e a caracterÌstica de monocultura praticada no<br />

PerÌmetro, que aumenta o uso de agrotÛxico, conseq¸Íncia direta do desmatamento e da<br />

pouca diversidade biolÛgica que a monocultura provoca. Esses fatores acabaram por impor<br />

uma baixa remuneraÁ„o dos lotes produtivos, gerando, como conseq¸Íncia, a alta rotatividade<br />

dos assentados, rotatividade tambÈm provocada pela inadequaÁ„o da escolha dos primeiros<br />

assentados, pescadores da regi„o sem tradiÁ„o no trabalho com a terra e sem conhecimento<br />

para o manejo de tÈcnicas de irrigaÁ„o.<br />

O Projeto JacarÈ-Curituba segue no mesmo caminho, n„o parecendo ter tido<br />

assimilada pelos implementadores de polÌticas p˙blicas, o exemplo negativo do Projeto<br />

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CalifÛrnia. AlÈm de problemas de concepÁ„o e de redirecionamento de objetivos sem a<br />

necess·ria adequaÁ„o metodolÛgica das tÈcnicas a serem utilizadas - comuns aos dois projetos<br />

- o JacarÈ-Curituba apresenta outros aspectos negativos que reforÁam a imagem de pouca<br />

preocupaÁ„o com o gasto p˙blico. … not·vel que, quando da demarcaÁ„o dos lotes para os<br />

assentamentos, a ·rea projetada supera a ·rea fÌsica disponÌvel, invadindo alguns lotes do<br />

Projeto CalifÛrnia.<br />

134<br />

AlÈm disso, na concepÁ„o do Projeto n„o houve a preocupaÁ„o em verificar a<br />

existÍncia de projetos de outras instituiÁıes que atuam diretamente na ·rea, como a CHESF<br />

que j· havia planejado a alocaÁ„o de torres para transporte da rede de eletrificaÁ„o. Assim,<br />

como as duas torres ficariam ilhadas por estarem dentro lago planejado para o projeto JacarÈ-<br />

Curituba, foi necess·rio relocar essa reserva hÌdrica para local menos adequado aos propÛsito<br />

de distribuiÁ„o de ·gua dentro do perÌmetro.<br />

As conseq¸Íncias desse descaso para com o planejamento-execuÁ„o, e seus<br />

reflexos na sociedade local, s„o maiores quando consideradas as alteraÁıes sofridas na<br />

composiÁ„o dessa sociedade em funÁ„o dos fluxos migratÛrios motivados por um lado pela<br />

degradaÁ„o ambiental e por outro pela polÌtica de concess„o de cunho assistencialista, que<br />

atrai migrantes do local de origem por falta de condiÁıes de sobrevivÍncia, fazendo aumentar<br />

o contingente de populaÁıes pobres em busca de ajuda do poder p˙blico.<br />

A inadequaÁ„o de modelos (descompasso entre a realidade virtual justaposta no<br />

planejamento e a realidade material vivida pela comunidade objeto da aÁ„o p˙blica) pode ser<br />

observada quando da implementaÁ„o de polÌticas que n„o consideram as peculiaridades locais<br />

onde ser„o alocados recursos, procurando reproduzir realidades distantes da cultura e das<br />

condiÁıes materiais das populaÁıes destinat·rias do investimento p˙blico.<br />

Tome-se como exemplo a forma de intervenÁ„o estatal em que o planejamento,<br />

execuÁ„o e controle passam para a responsabilidade das comunidades por meio de<br />

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associaÁıes e conselhos comunit·rios. Sem uma polÌtica educacional que propicie ‡s<br />

comunidades condiÁıes de discernimento e consciÍncia cidad„, a transferÍncia de<br />

responsabilidade da forma atualmente praticada apenas encobre a atuaÁ„o polÌtica do Estado<br />

em aÁıes que deveriam estar a cargo das comunidades.<br />

135<br />

O est·gio de submiss„o dessas comunidades em relaÁ„o ao poder polÌtico<br />

constituÌdo, transforma esses programas em legitimadores de aÁ„o que ordinariamente<br />

pertence ‡s comunidades, mas que materialmente È executada pelo Estado. Esse<br />

comportamento do Estado (Uni„o, Estado e MunicÌpios) ficou demonstrado no presente<br />

estudo, na an·lise do PAPP e do PCPR ñ programas com concepÁ„o principal voltada para a<br />

atuaÁ„o das comunidades na formulaÁ„o de polÌticas de desenvolvimento sustent·vel ñ<br />

quando o Estado se apropria dessa funÁ„o e a utiliza para a consecuÁ„o de suas polÌticas, por<br />

meio da implementaÁ„o de polÌticas de governo.<br />

A crÌtica feita n„o È ao modelo, mas ‡ forma como o ele È implementado em<br />

que n„o se consideram a realidade das comunidades locais. O erro n„o È de concepÁ„o mas de<br />

implementaÁ„o. Os benefÌcios da transferÍncia de direitos e deveres na implementaÁ„o de<br />

polÌticas p˙blicas de investimento para as comunidades È ineg·vel, mas essas comunidades<br />

tÍm que estar preparadas para o exercÌcio desses direitos e deveres. A condiÁ„o material para<br />

o exercÌcio do controle social È condiÁ„o fundamental para o sucesso de aÁ„o que<br />

pressuponha a participaÁ„o comunit·ria, atÈ mesmo porque os Ûrg„o de controle<br />

institucionalizados n„o est„o adequadamente estruturados para dar conta da enormidade de<br />

demandas por fiscalizaÁ„o. Nem poderiam estar, nem v„o estar em tempo algum (como em<br />

qualquer paÌs) aptos a fiscalizarem todo e qualquer investimento p˙blico.<br />

A interferÍncia polÌtico-eleitoreira È conseq¸Íncia direta do baixo controle<br />

social exercido quando se trata de investimentos p˙blicos, constituindo-se, de igual forma, em<br />

entrave para o aumento da participaÁ„o popular nas decisıes de polÌticas p˙blicas. O sistema<br />

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polÌtico brasileiro propicia e se alimenta da baixa instruÁ„o do eleitorado, confinando um<br />

contingente de cidad„os (na acepÁ„o daqueles que votam) a uma condiÁ„o de dependÍncia<br />

econÙmica e intelectual que alimenta o sistema.<br />

136<br />

Dessa forma, n„o interessa a esse sistema que a populaÁ„o saia da condiÁ„o de<br />

dependÍncia, pois È ela que decide por este ou aquele candidato, ante o seu volume no<br />

universo dos eleitores. Os teÛricos ìformadores de opini„oî n„o exercem influÍncia sobre esse<br />

contingente em funÁ„o da concorrÍncia exercida pelo sistema que seduz materialmente em<br />

detrimento da seduÁ„o conceitual oferecida pelos ìformadores de opini„oî. Em outras<br />

palavras, o que a populaÁ„o carente (que decide as eleiÁıes) quer È resultado imediato<br />

(imediatista) representado pelo atendimento de uma necessidade premente, mesmo que de<br />

baixa materialidade; concepÁıes filosÛficas a respeito de probidade administrativa,<br />

sustentabilidade de investimentos, progresso coletivo e desenvolvimento humano passam<br />

longe das prioridades daqueles ìesquecidosî e cuja primazia È sobreviver.<br />

Afora essas constataÁıes, os projetos p˙blicos de desenvolvimento<br />

historicamente trazem consigo uma carga negativa, principalmente por contemplarem<br />

problemas de planejamento, de execuÁ„o, abandono, corrupÁ„o e falta de resultados efetivos<br />

para a populaÁ„o. Malgrado esta concepÁ„o, nos ˙ltimos anos o Brasil tem experimentado<br />

novos ventos democr·ticos, acompanhados pela melhoria (mesmo que a passos lentos) na<br />

gest„o da coisa p˙blica, por meio de aÁıes mais transparentes e disposiÁ„o para alterar este<br />

quadro de desconfianÁa generalizada no administrador p˙blico. AÁıes de instituiÁıes<br />

p˙blicas, embora incipientes tÍm contribuÌdo para a melhoria de imagem do gasto p˙blico,<br />

mesmo que recrudescida por situaÁıes pontuais que fazem acender a desconfianÁa da<br />

populaÁ„o de que estamos no caminho certo.<br />

N„o obstante essas constataÁıes iniciais, de cunho genÈrico e de alcance mais<br />

universal, o estudo permitiu observar uma realidade prÛxima, representada pelos<br />

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investimentos p˙blicos em regiıes carentes como o municÌpio de PoÁo Redondo. Nele, pode-<br />

se observar que a aÁ„o p˙blica n„o evoluiu na mesma velocidade das necessidades da<br />

populaÁ„o. As v·rias formas de atuaÁ„o do Estado na regi„o se caracterizam pelas mesmas<br />

condiÁıes que impedem uma efetividade plena do gasto p˙blico. Quando adotada a postura<br />

centralizadora, o gasto È mal feito, o planejamento È inadequado, os objetivos s„o desviados e<br />

os resultados s„o pÌfios. Quando transferidas as responsabilidades para as comunidades, isso<br />

se d·, apenas no sentido formal, continuando o Estado a executar materialmente as atribuiÁıes<br />

que seriam das comunidades, seja por meio da interferÍncia direta, via mecanismos de<br />

controle das demandas comunit·rias , seja por meio de prepostos cooptados junto ‡queles que<br />

deveriam ser os verdadeiros formuladores das polÌticas.<br />

137<br />

… ineg·vel, entretanto, sem compartilhar da polÌtica do mal menor, que para<br />

regiıes como a estudada o investimento p˙blico se constitui em importante componente na<br />

busca de satisfaÁ„o de necessidades materiais mais urgentes. A crÌtica que se faz È quanto aos<br />

resultados em funÁ„o dos montantes investidos. AlÈm disso, o aumento de receitas dos<br />

municÌpios n„o tÍm refletido diretamente na populaÁ„o, muito por causa da m· aplicaÁ„o dos<br />

recursos financeiros, representado n„o sÛ pelo gasto eleitoreiro, ou mesmo por desvio de<br />

finalidades do gasto p˙blico, mas tambÈm por uma polÌtica deliberada de privilegiar o<br />

assistencialismo em detrimento da promoÁ„o do desenvolvimento sustent·vel.<br />

Os reflexos do aumento das receitas financeiras do municÌpio somente se fez<br />

sentir nos nÌveis da educaÁ„o, em que pese n„o ter sido um privilÈgio exclusivo de PoÁo<br />

Redondo, j· que se observa que este aumento foi generalizado, reflexo mais de uma polÌtica<br />

nacional de valorizaÁ„o da educaÁ„o, principalmente amparada pela vinculaÁ„o de receitas ‡s<br />

despesas com educaÁ„o (Fundef), do que de uma aÁ„o municipal. Mesmo assim, o municÌpio<br />

experimentou um crescimento no Ìndice de educaÁ„o e da taxa de alfabetizaÁ„o de adultos<br />

bem acima da mÈdia da regi„o, chegando a figurar na 61 posiÁ„o dentre os municÌpios<br />

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asileiros que tiveram crescimento mais expressivo no Ìndice de educaÁ„o (IDH do PNUD),<br />

apesar de ocupar apenas a 5.394 posiÁ„o nacional e 75 e ˙ltima posiÁ„o no ranking estadual<br />

do IDH municipal tambÈm do PNUD.<br />

138<br />

Por outro lado, a queda registrada na renda da populaÁ„o reflete os resultados<br />

da polÌtica assistencialista municipal. Apesar de tambÈm ter havido um incremento<br />

significativo nas receitas municipais, principalmente aquelas relativas ‡s transferÍncias<br />

obrigatÛrias (que n„o refletem o resultado de uma polÌtica local) a renda da populaÁ„o n„o<br />

acompanhou esse crescimento, ao contr·rio, houve uma retraÁ„o, fato que n„o ocorreu com os<br />

demais municÌpios sergipanos ñ apenas PoÁo Redondo teve reduÁ„o nesse indicador.<br />

Volta a quest„o do alcance e duraÁ„o de polÌticas assistencialistas. Para aqueles<br />

que tiveram a sua situaÁ„o de pen˙ria minorada, esse tipo de polÌtica È v·lida, pois resultou<br />

em uma melhoria na sua condiÁ„o de vida. Para aqueles que ainda se encontram em situaÁ„o<br />

de pen˙ria resta apenas a esperanÁa de serem alcanÁados por nova aÁ„o polÌtica.<br />

Entretanto, para os que se encontram em um patamar um pouco acima dos dois<br />

casos anteriores, a polÌtica de assistencialismo n„o traz resultados efetivos ou quando traz s„o<br />

de tal forma diluÌdos que n„o atendem ‡s suas expectativas. AlÈm disso, as necessidades<br />

humanas s„o ilimitadas e os recursos p˙blicos s„o extremamente limitados, antevendo-se um<br />

ponto a partir do qual o assistencialismo n„o se sustentar·.<br />

A dificuldade daqueles que adotam esta postura como filosofia polÌtica È<br />

encontrar um ponto de equilÌbrio entre o atendimento daquelas populaÁıes as quais, de fato,<br />

sÛ resta o assistencialismo, e o fomento a atividades sustent·veis. E ainda, a identificaÁ„o da<br />

dimens„o temporal e espacial para o assistencialismo: se apenas È dado ‡s comunidades o<br />

mÌnimo para sobrevivÍncia, elas n„o conseguir„o se desvincular da dependÍncia dos recursos<br />

p˙blicos, perpetuando sua dependÍncia para sobreviver; se a populaÁ„o de uma ·rea È<br />

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assistida, populaÁıes carentes de outras localidades s„o atraÌdas para o territÛrio de<br />

atendimento , fazendo aumentar a demanda por assistencialismo.<br />

139<br />

… o que parece acontecer em PoÁo Redondo, em que o contingente de<br />

necessitados aumento na medida em que se estimula a pr·tica do assistencialismo p˙blico<br />

atrelado ‡ polÌtica para a quest„o agr·ria, que tem atraÌdo um outro contingente de<br />

dependentes do poder p˙blico, o dos movimentos populares pela posse da terra. N„o obstante,<br />

fica a esperanÁa de que a melhoria dos Ìndices observados quanto ‡ educaÁ„o seja uma<br />

possibilidade de melhoria futura, em funÁ„o formaÁ„o de cidad„os propiciada pela educaÁ„o<br />

formal.<br />

Apesar dos aspectos mencionados, importa ressaltar algumas constataÁıes que<br />

autorizam concluir que, apesar das enormes deficiÍncia das intervenÁıes p˙blicas, em<br />

particular programas como o PAPP/PCPR, alguns aspectos residuais salvam os programas da<br />

condenaÁ„o completa quanto a sua efetividade.<br />

Quando da an·lise dos projetos de eletrificaÁ„o rural, por meio de rede<br />

convencional, e dos projetos de eletrificaÁ„o por meio da captaÁ„o da energia solar, È ineg·vel<br />

que, para comunidades carentes, desprovidas de itens de conforto ñ que num olhar distante<br />

pode n„o significar muito ñ as implicaÁıes v„o muito alÈm da simples melhoria<br />

aparentemente observada. A forma de iluminaÁ„o comumente usada nestas localidades<br />

desprovidas de eletrificaÁ„o È a queima de querosene em candeeiros. Os reflexos negativos da<br />

utilizaÁ„o do candeeiros podem ser observados na sa˙de dos usu·rios, principalmente na vis„o<br />

e no sistema respiratÛrio.<br />

A vis„o, apesar de o h·bito da leitura n„o ser uma caracterÌsticas dessas<br />

comunidades, È sacrificada na medida em que para qualquer atividade que se exija uma<br />

acuidade maior, a luz È insuficiente, levando a quadros de presbiopias (vista cansada)<br />

precoces. O aparelho respiratÛrio È prejudicado pela fumaÁa exalada pela queima do<br />

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querosene, agravada pela necessidade de se manter janelas fechadas por causa do vento que<br />

apaga a chama do candeeiro.<br />

140<br />

Dessa forma, mesmo considerando as observaÁıes quanto a pouca<br />

sustentabilidade da eletrificaÁ„o por captaÁ„o de luz solar, o benefÌcio gerado n„o pode ser<br />

desconsiderado. O preocupante È a falta de polÌticas p˙blicas que possibilitem a desvinculaÁ„o<br />

da dependÍncia financeira das comunidades carentes de ìajudasî do poder p˙blico. No caso<br />

do benefÌcio gerado pela melhoria na qualidade de vida de comunidades carentes pode ser<br />

efÍmero, pois a necessidade de manutenÁ„o e troca das baterias do sistema de captaÁ„o de luz<br />

solar pode inviabilizar a utilizaÁ„o e propiciar o sucateamento do sistema a mÈdio prazo.<br />

Os exemplos mencionados no trabalho, demonstram as consideraÁıes feitas a<br />

respeito da qualidade do gasto p˙blico, desvinculado dos objetivos das comunidades, mas que<br />

interessam a grupos que orbitam a AdministraÁ„o P˙blica, comportando-se esta passivamente<br />

em detrimento da populaÁ„o, seja pelo desejo de cunho estatÌstico em ter seus orÁamentos<br />

plenamente executados (concendentes), seja pelo desejo polÌtico-partid·rio de trazer o maior<br />

volume de recursos para os municÌpios, mesmo que sejam de pouca ou nenhuma efetividade.<br />

Tal caracterÌstica favorece o descontrole e a corrupÁ„o que, alÈm das mazelas<br />

apontadas, contribui ainda mais para alimentar o sistema que privilegia o desvio de dinheiro<br />

p˙blico em benefÌcio de uns poucos em detrimento da populaÁ„o em geral, especialmente os<br />

mais pobres e mais necessitados de aÁıes efetivas dos poderes p˙blicos. Se j· n„o h· uma<br />

cultura de acompanhamento do gasto p˙blico pela populaÁ„o, fruto de uma completa ausÍncia<br />

de educaÁ„o cidad„, muito menos fiscalizado ser· uma projeto que nada represente em termos<br />

de perspectiva de melhoria ou mesmo de anseios da comunidade, retroalimentando o sistema.<br />

Quanto ao PAPP/PCPR, tomado para an·lise pelo componente comunit·rio<br />

introduzido, o que se observou È que o programa n„o cumpre a sua principal e inovadora<br />

proposiÁ„o, que È a de transferir para as comunidades o poder de decis„o sobre o que È melhor<br />

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em termos de investimento para o desenvolvimento local. N„o se cobra aqui, como<br />

efetividade do programa, que a comunidade espontaneamente deseje o desenvolvimento<br />

sustent·vel, ao menos numa fase incipiente como atual, mas que o grande diferencial do<br />

programa fosse alcanÁado, qual seja, que a origem das demandas fosse comunit·ria.<br />

141<br />

Todos os pequenos projetos analisados, objetos do universo pesquisado,<br />

apresentaram os mesmos problemas. As demandas nunca s„o origin·rias das comunidades, e<br />

o que È pior, o critÈrio de escolha do projeto È totalmente desvinculado da realidade local; se<br />

ao menos, mesmo que desvirtuando o princÌpio do programa, houvesse a preocupaÁ„o dos<br />

agentes p˙blicos com o resultado advindo para a comunidade, certamente o retorno seria mais<br />

evidente. Ao invÈs disso, quem determina no que investir È o lÌder polÌtico local, no se pode<br />

chamar de ìescolha de oportunidadeî, na qual, por meio de manipulaÁ„o de associaÁıes se<br />

decide que tipo de projeto empreender segundo o seu projeto polÌtico para a sua regi„o ou,<br />

mesmo, suas conveniÍncias polÌtico-eleitoreiras e o aparato que lhe È disponibilizado para a<br />

execuÁ„o fÌsica.<br />

O funcionamento dessa engrenagem comeÁa com a identificaÁ„o de uma fonte<br />

de recurso, no caso, o financiamento a fundo perdido de recursos do BIRD gerenciado pela<br />

Pronese. Em seguida levanta-se os contatos necess·rios para a aprovaÁ„o do projeto, contrate-<br />

se uma executora e por fim presta-se contas. As necessidades da comunidade, a expectativa<br />

gerada, o impacto ambiental proporcionado e atÈ mesmo a efetiva execuÁ„o do objeto do<br />

projeto s„o considerados meros detalhes pelos integrantes desta engrenagem, assistindo, a<br />

comunidade, ‡ falta de resultados e de efetividade do gasto, como a que confirmar o velho<br />

conceito infelizmente impregnado na cultura das populaÁıes mais pobres de que ìÈ isso<br />

mesmoî, ou mesmo de que, como o dinheiro È p˙blico n„o È de ninguÈm, quando na verdade<br />

È de todos.<br />

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142<br />

Resta aos membros da engrenagem a cÙmoda e cÌnica sensaÁ„o de dever<br />

cumprido, cada um com o seu princÌpio, com a natureza de sua atividade: ao gestor p˙blico o<br />

que importa È que trouxe recursos para o municÌpio; ao BIRD o que importa s„o os n˙meros<br />

alcanÁados; para a Pronese o que importa È o quanto foi financiado, entendido este como o<br />

simples desembolso, j· que muitos projetos simplesmente n„o existem sem que medidas<br />

efetivas sejam tomadas para se inibir a reincidÍncia de novas inexecuÁıes. Para a empresa<br />

executora, geralmente pequenas construtoras que orbitam em torno de pequenas prefeituras a<br />

oferecer facilidades aos prefeitos, em ver suas intenÁıes n„o declaradas plenamente<br />

satisfeitas, o que interessa È o maior n˙mero de obras com os maiores recursos disponÌveis.<br />

Os Ûrg„os de controle, padecendo de estrutural material insuficiente para acompanhar as<br />

despesas pulverizadas em milhares de aÁıes, e na ausÍncia de um controle social, confortam-<br />

se com os resultados alcanÁados, geralmente significativos e de materialidade crescente, mas<br />

ainda longe de evitar, na origem, os desvios de finalidades nos gastos p˙blicos.<br />

Ordinariamente os mesmos mecanismos ineficazes de alocaÁ„o de recursos<br />

p˙blicos em geral continuam a prevalecer na aplicaÁ„o do programa analisado, assim como<br />

suas conseq¸Íncias. Como agravante, o controle da aplicaÁ„o desses recursos È extremamente<br />

prejudicado uma vez que se trata de pequenos projetos que consomem recursos financeiros de<br />

pequena monta. Isso se analisados de forma separada, j· que o Programa envolveu cifras na<br />

casa de 79 milhıes de dÛlares no perÌodo de 1995 a 2001 (Pronese, 2001). Mas, por haver<br />

dispers„o de recursos h· a sensaÁ„o de que o prejuÌzo n„o È t„o grande. E, mesmo quando os<br />

respons·veis pela aplicaÁ„o dos recursos s„o flagrados em alguma situaÁ„o de ilegalidade,<br />

alÈm da folclÛrica desculpa dos envolvidos de que est„o sendo vÌtimas de orquestraÁıes<br />

polÌticas com vistas a barrar a modernidade da administraÁ„o, h· ainda a baixa materialidade<br />

dos valores, levando a j· descrente populaÁ„o a n„o dar muita import‚ncia para um<br />

ëroubinhoí a mais.<br />

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143<br />

Veja-se por exemplo, o resultado de notÌcias veiculadas no seman·rio Cinform<br />

(2002), informando supostas irregularidades na utililizaÁ„o dos recursos p˙blicos do Projeto<br />

S„o JosÈ: n„o houve aÁ„o alguma do Tribunal de Contas do Estado para apurar os fatos, o<br />

mesmo ocorrendo com o Tribunal de Contas da Uni„o, e os MinistÈrios P˙blicos estadual e<br />

federal. Neste sentido, como dantes defendido, È de fundamental import‚ncia a existÍncia de<br />

um controle social forte, esclarecido e atuante, controle este bastante incipiente em nossa<br />

sociedade.<br />

AlÈm das questıes mencionadas com a caracterÌstica prÛpria do programa<br />

(grande dispers„o dos pequenos projetos, fazendo parecer se tratar de pequenos valores<br />

envolvidos) existe ainda a situaÁ„o por que passam a maioria dos Ûrg„os de controle estadual<br />

e federal.<br />

”rg„os como a Controladoria Geral da Uni„o no Estado (CGU), alÈm da<br />

conhecida falta de pessoal, n„o possuem autonomia para desencadear fiscalizaÁıes locais. Isso<br />

ocorre tambÈm com o Tribunal de Contas da Uni„o, que possui o mecanismo da representaÁ„o<br />

ñ em que um analista, Diretor ou mesmo a Secret·ria no Estado possa desencadear um<br />

processo de fiscalizaÁ„o ñ mas depende de uma autorizaÁ„o superior do Ministro daquela<br />

Corte, autorizaÁ„o que muitas das vezes somente È dada quando considerados critÈrios como<br />

o da materialidade envolvida, pois existem muito mais demandas por fiscalizaÁıes do que a<br />

disponibilidade de pessoal permite, fazendo com que sejam priorizadas aÁıes em que a<br />

materialidade individual envolvida seja maior, decidindo-se em ordem decrescentes do dano a<br />

ser evitado ou recuperado.<br />

O Tribunal de Contas do Estado, parece padecer de autonomia, sempre atrelado<br />

a interesses locais que muitas das vezes se constituem em obst·culos intransponÌveis, em que<br />

pese a preocupaÁ„o do corpo tÈcnico daquela corte em que fossem levados adiante suas<br />

propostas de fiscalizaÁıes. Quanto aos MinistÈrios P˙blicos, estes sim dotados de uma<br />

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estrutura independente e com ferramentas de investigaÁ„o e apuraÁ„o muito mais cÈleres e<br />

contundentes do que os anteriormente mencionados, mas, novamente, a materialidade<br />

envolvida acaba por se constituir em um sÈrio obst·culo.<br />

144<br />

A propÛsito, todas estas instituiÁıes geralmente trabalham sobre o fato<br />

consumado, qual seja, a malversaÁ„o dos recursos j· praticada, restando a remota<br />

possibilidade de recomposiÁ„o do dano ou a recuperaÁ„o dos recursos desviados em sua<br />

totalidade, haja vista o histÛrico de impunibilidade e flexibilidade da legislaÁ„o brasileira em<br />

relaÁ„o a puniÁıes ou recuperaÁ„o de bens adquiridos como produto de atividade lesivas ao<br />

patrimÙnio p˙blico.<br />

Resta a preocupante conclus„o de que, independente da forma como o Estado<br />

vem atuado nos projetos de desenvolvimento econÙmico e ambiental no semi-·rido sergipano<br />

os resultados s„o muito abaixo dos retornos esperados, principalmente em relaÁ„o ‡<br />

materialidade dos recursos envolvidos nesses projetos, considerando a baixa efetividade que<br />

os investimentos tÍm tido no sentido de retirar as populaÁıes mais carentes da regi„o, do nÌvel<br />

de probreza que se encontram h· muito tempo e, principalmente, de reduzir a dependÍncia<br />

desta populaÁ„o de retirar o seu sustento de polÌticas p˙blicas assistencialistas e da exploraÁ„o<br />

indiscriminada do meio natural, provocando degradaÁ„o ambiental. A primeira pela<br />

incapacidade do Estado em manter por muito tempo o assistencialismo, j· que por n„o<br />

contemplar a sustentabilidade dos assistidos tal polÌtica se retroalimenta pela dependÍncia<br />

criada e pela capacidade de atraÁ„o de novas demandas, tendendo ‡ autofagia; a segunda,<br />

pela saturaÁ„o e esgotamento do meio natural em raz„o da histÛrica e crescente aÁ„o antrÛpica<br />

depredatÛria, seja pela subsistÍncia, seja pela irrespons·vel busca de retorno f·cil.<br />

Os prejuÌzos decorrentes produzem reflexos indesej·veis tanto nas localidades<br />

em que foram implantados os projetos, como no meio ambiente (relaÁ„o sociedade-natureza),<br />

pois h· uma quebra na interrelaÁ„o existente entre essas sociedades e o meio natural,<br />

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provocada pelos desmatamentos e utilizaÁ„o indiscriminada dos recursos da natureza na fase<br />

de implantaÁ„o de grandes projetos (perÌmetros irrigados, barragens, etc.), sem que os<br />

benefÌcios advindos dos projetos sejam efetivados. A quebra da interrelaÁ„o resulta em uma<br />

situaÁ„o pior do que a observada anteriormente ‡ aÁ„o p˙blica, n„o sÛ pela prÛpria aÁ„o<br />

degradante dos recursos naturais como tambÈm pelas conseq¸Íncias das expectativas geradas<br />

e n„o atendidas pelos diversos projetos, agravando os j· existentes problemas sociais.<br />

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