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PROGRAMA 6<br />

As Garotas de Norrtull<br />

Norrtullsligan<br />

Suécia, 1923, 35mm, preto-e-branco com viragem e tingimento, 85min, 21qps<br />

cp: Bonnierfi lm; p: Stellan Claësson and Karin Swanström; d: Per Lindberg; r: Hjalmar Bergman, baseado no romance<br />

horônimo de Elin Wägner; df: Ragnar Westfelt; e: Tora Teje (Pegg), Inga Tidblad (Baby), Renée Björling (Eva), Linnéa<br />

Hillberg (Emmy), Egil Eide (chefe de Pegg), Tollie Zellman (Gorel, prima de Pegg), Olav Riégo (noivo de Gorel), Stina Berg<br />

(tia de Pegg), Lili Ziedner (agitadora), Lauritz Falk (Putte, irmãozinho de Pegg), Nils Asther (fi lho da senhoria), Gabriel Alw<br />

(noivo de Eva), Torsten Bergström (primeiro namorado de Pegg), John Ekman (chefe de Baby)<br />

Origem da cópia: Svenska Filminstitutet<br />

Pegg muda-se para Estocolmo, na esperança de conseguir melhores oportunidades de trabalho. Ela divide um<br />

apartamento com três outras garotas que enfrentam as tentações e as armadilhas de uma metrópole que rapidamente<br />

se moderniza. Uma das moças perde o emprego após tomar parte em uma greve; outra prefere largar<br />

o emprego a aceitar as investidas de seu chefe. O fi lme é narrado em primeira pessoa por Pegg e os intertítulos<br />

expõem, além de detalhes da história, seus sentimentos e reações aos acontecimentos, e ainda, informações que<br />

nos ajudam a compartilhar suas opiniões, o que dá à narração uma qualidade memorialística.<br />

Per Lindberg (1890-1944) estudou com o famoso diretor de teatro alemão Max Reinhardt e desenvolveu importante<br />

carreira no cinema, mas sobretudo nos palcos teatrais. Depois de As Garotas de Norrtull, seu segundo<br />

fi lme, voltaria a dirigir apenas em 1939. Em 1940 realizou Juninatten / [Noite de junho] seu fi lme mais conhecido<br />

devido à participação de Ingrid Bergman.<br />

As Garotas de Norrtull é um dos filmes mais corajosos e apreciáveis da década de 1920 europeia. Antes de 1923,<br />

os filmes apresentavam personagens femininas individuais de carne e osso, mas As Garotas de Norrtull abre um<br />

precedente ao lidar com um elenco dominado por quatro mulheres extremamente dinâmicas. (...) O roteiro de Hjalmar<br />

Bergman transcende a imagem familiar das mulheres como objetos decorativos. O quarteto feminino percorre a vida humana<br />

com passos largos. (...) O filme se assemelha a um inteligente livro de memórias, quase um diário. A direção de Lindberg foge<br />

das convenções da época e suas mulheres ainda hoje parecem muito modernas, com seus penteados e chapéus discretos, por<br />

exemplo; e as minúcias da vida cotidiana destacam-se com muita vivacidade.<br />

Peter Cowie. Scandinavian Cinema, Londres, Tantivity Press, 1992.<br />

Tora Teje foi uma das mais famosas atrizes teatrais<br />

suecas no início do século XX, construindo seu<br />

nome através de uma série de notáveis interpretações<br />

no Teatro Sueco e no Teatro Dramático Real,<br />

em Estocolmo, entre as quais, de alguns grandes<br />

papéis femininos da literatura como Fedra e Lady<br />

Macbeth. Quando, em 1920, começou a atuar<br />

em fi lmes, tornou-se efetivamente a maior das<br />

estrelas suecas, uma diva, e objeto de numerosos<br />

artigos na revistas de cinema, fi gurando em<br />

ambiente elegantes e com roupas extravagantes.<br />

Ela encarnou, assim, a emergência de um tipo<br />

de modernidade no mundo do espetáculo sueco,<br />

com um brilho internacional, semelhante aliás<br />

ao personagem que ela interpreta em Erotikon<br />

(Mauritz Stiller, 1920).<br />

Tora Teje atuou em apenas nove fi lmes silenciosos<br />

e um sonoro, mas suas interpretações memoráveis<br />

contribuíram para a fama duradoura e a qualidade<br />

de muitos deles. Seus primeiros papéis cinematográfi<br />

cos foram o da principal intérprete feminina<br />

em dois fi lmes de Victor Sjöström, mostrando sua<br />

versatilidade como atriz: o fi lme de época Klostret<br />

i Sendomir / O Mosteiro de Sendomir (1920),<br />

no qual ela cria o comovente retrato de uma<br />

mulher dividida entre a família e o homem que<br />

ama, e Karin Ingmarsdotter / Karin, fi lha de<br />

Ingmar (1920), também um fi lme de ambientação<br />

histórica, no qual interpreta a maltratada mulher<br />

de um fazendeiro. Ela é, entretanto, mais conhecida<br />

por sua interpretação em Erotikon, no qual<br />

desempenha a cortejada esposa de um cientista.<br />

Seu personagem é evasivo e envolve os homens a<br />

seu redor, mas ela lhe dá grande profundidade e,<br />

com nuances delicadas em suas expressões, revela<br />

quando o verdadeiro amor cruza seu caminho.<br />

TORA TEJE<br />

17 janeiro 1893, Estocolmo, Suécia - 30 abril 1970, Estocolmo, Suécia<br />

Ela fez também uma breve mas memorável<br />

aparição em Häxan / A Feitiçaria através<br />

dos tempos (Benjamin Christensen, 1922).<br />

O fi lme termina com um episódio dos tempos<br />

modernos, pois Christensen queria mostrar<br />

que o que era percebido como maquinações do<br />

demônio nos tempos medievais não difere de<br />

vários problemas mentais revelados por estudos<br />

psiquiátricos que estiveram na moda na virada<br />

do século passado. No episódio, Tora Teje faz<br />

alguns retratos breves, precisos e tocantes de várias<br />

mulheres com cleptomania, tendências histéricas<br />

e outras desordens nervosas. No ano seguinte, ela<br />

fez talvez a sua melhor interpretação, como uma<br />

das mulheres secretárias de Norrtullsligan / As<br />

Garotas de Norrtull (Per Lindberg, 1923), que<br />

moram em uma espécie de comunidade e tentam<br />

sobreviver num mundo masculino. O personagem<br />

que interpreta tem também a carga adicional de<br />

precisar cuidar de um irmão muito mais jovem<br />

(as convenções do tempo não permitiriam que o<br />

personagem pudesse ser encarado como uma mãe<br />

solteira criando seu próprio fi lho).<br />

Embora sua carreira no cinema tenha sido muito<br />

breve e esporádica, Tora Teje provoca uma<br />

duradoura impressão como uma das melhores<br />

atrizes suecas do cinema silencioso. Ao interpretar<br />

a esposa de um fazendeiro no século XIX, uma<br />

batalhadora “mãe solteira” na Estocolmo contemporânea,<br />

uma mulher dilacerada às beiras de um<br />

colapso nervoso, ou a rica e levemente entediada<br />

mulher de um “marido cego”, ela traz profundidade,<br />

compreensão, inteligência e beleza à tela,<br />

sempre sugerindo que há muito mais nos personagens<br />

do que à primeira vista se revela.<br />

A atriz Tora Teje está nos filmes O Mosteiro de Sendomir / Klostret i Sendomir e<br />

A Feitiçaria através dos tempos / Häxan.<br />

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