Revista de Direito UPIS volume 6

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das seis décadas da instalação do Estado de Israel, não tiveram, árabes, palestinos e judeus mais do que duas dezenas de meses sem guerra. As incontáveis tentativas de paz fracassaram todas e fizeram mártires de ambos os lados: Anwar Sadat e Isaac Rabin foram vítimas de extremistas de seus próprios países por terem tido a pretensão de construir a paz entre seus povos. Comemora-se também meio século da primeira conquista de uma Copa do Mundo, fato representativo da grande paixão do brasileiro pelo esporte bretão. Vinte anos é a marca alcançada pela constituição-cidadã. Nascida de um movimento que se iniciara em oposição ao regime militar, a Constituição de 1988 vai ser forjada a partir de múltiplos matizes políticoideológicos, constituindo-se em formidável caderno de intenções com o objetivo de promover o progresso e reduzir as desigualdades em todas as suas dimensões. Na República, já é a mais longeva, depois da carta de 1891. Nasceu sob o estigma de um perverso modelo econômico com inflação de quase três dígitos ao mês, mas logo teve que enfrentar a pletora de demandas na área econômica, em razão da drástica reversão para um modelo de estabilidade econômica. Inúmeros foram os desafios que teve que enfrentar, mas de todos saiu vitoriosa, pela consistência de seus princípios e fundamentos. O mais grave, no campo político, foi o impedimento do Presidente da República. E mesmo nesse quesito o texto constitucional estava pronto para enfrentá-lo. Todavia, o fato que mais chama a atenção dos analistas políticos e dos juristas é o aperfeiçoamento do seu texto que vem sendo efetuado pela Suprema Corte, de forma metódica, firme e progressiva, incorporando um teor político em suas decisões – entenda-se político no sentido aristotélico de justiça, ou seja, promover o bem comum. De um intérprete passivo da Carta Magna, o perfil do STF transmuda-se para a de um intérprete ativo, atento para o fato de que os princípios insertos na Carta devem ser concretizados, sob pena de suas decisões se estiolarem sob os sóis de interesses menores. R. Dir. UPIS, v. 6, 2008
Muitos outros fatos pretéritos, de relevo para a humanidade, estão sendo comemorados neste ano. Entretanto, caminhando do futuro para o presente, episódio interessante merece ser lembrado, pois, antecipando sua profecia, ele está prestes a acontecer neste 2008, exatos 220 anos antes da data imaginada pelo autor e pouco mais de 220 anos depois de redigida a Constituição americana. Trata-se de um romance escrito pelo notável Monteiro Lobato, em 1926, no qual, utilizando uma máquina de “ver” o futuro, ele profetiza que em 2228 a eleição do 88º presidente americano seria disputada entre três candidatos: um branco, o presidente Kerlog, tentando a reeleição, um negro, Jim Roy e uma mulher branca, Miss Astor. Segundo Lobato, naquele ano, o número de eleitores negros se iguala à metade dos eleitores brancos. Todavia, o movimento feminista, iniciado timidamente no primeiro quartel do século XX, ganhou volume e força e as mulheres passam a disputar com os homens todos os espaços dentro da sociedade americana, a ponto de lançarem representante do movimento à disputa do mais alto posto daquela nação. Assim, o eleitorado branco se divide entre os dois candidatos brancos, tornando o pleito extremamente equilibrado. Acontece que o nosso grande escritor não contava com a possibilidade de que dois candidatos fossem do mesmo partido e um deles seria eliminado antes da disputa final. Esse fato, ainda que tenha excluído a candidata Hilary, não tira o mérito do exercício de futorologia ensaiado por Monteiro Lobato há cerca de oitenta anos. No seu romance – O Presidente Negro – Jim Roy vence o embate. Na disputa real ocorrida em novembro passado, Barack Hussein Obama Júnior cumpriu o vaticínio de Lobato. É a vida imitando a arte. Vale a releitura desse clássico. R. Dir. UPIS, v. 6, 2008 O Editor
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