12.06.2013 Views

Revista de Direito UPIS volume 6

Revista de Direito UPIS volume 6

Revista de Direito UPIS volume 6

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A globalização econômica fez o sistema social per<strong>de</strong>r o seu vértice, com o<br />

pluralismo das fontes do direito, interesses e formas <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> maneira que<br />

a matriz clássica do conceito <strong>de</strong> soberania se <strong>de</strong>para em absoluto <strong>de</strong>clínio, tornando-se<br />

insustentável insistir na viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua unida<strong>de</strong>, irresistibilida<strong>de</strong>, absolutização<br />

e indivisibilida<strong>de</strong>.<br />

A globalização, ao <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar uma multiplicação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> significação<br />

e representação cultural, propiciou a confrontação dos sujeitos da socieda<strong>de</strong><br />

contemporânea com uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconcertante e cambiante <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s<br />

possíveis. Ocorre nesse contexto, <strong>de</strong>nominado pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, a erosão da<br />

“i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>-mestra” da classe e a emergência <strong>de</strong> novas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, pertencentes<br />

à nova base política <strong>de</strong>finida pelos novos movimentos sociais: o feminismo, as<br />

lutas negras, os movimentos <strong>de</strong> libertação nacional, os movimentos <strong>de</strong> libertação<br />

sexual e os movimentos antinucleares e ecológicos.<br />

Para compreen<strong>de</strong>r lucidamente a questão da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

tardia ou pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, cumpre <strong>de</strong>linear como se configurou no bojo dos tempos<br />

pré-mo<strong>de</strong>rnos e mo<strong>de</strong>rnos (concepção individual e sociológica do sujeito) e,<br />

ulteriormente, apontar as rupturas nos discursos do conhecimento mo<strong>de</strong>rno (<strong>de</strong>scentramentos),<br />

consubstanciadas pelos cinco gran<strong>de</strong>s avanços na teoria social e<br />

nas ciências humanas ocorridos no pensamento, os quais tiveram impacto para o<br />

período da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> tardia e cujo maior efeito foi o <strong>de</strong>scentramento final do<br />

sujeito cartesiano (fragmentação do indivíduo mo<strong>de</strong>rno, até então consi<strong>de</strong>rado<br />

como sujeito unificado).<br />

Nos tempos pré-mo<strong>de</strong>rnos, os indivíduos tinham apoios estáveis nas tradições<br />

e estruturas, <strong>de</strong> modo que predominavam o status, a classificação e a<br />

posição <strong>de</strong> uma pessoa na “gran<strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia do ser” – a or<strong>de</strong>m secular e divina das<br />

coisas.<br />

O nascimento do “indivíduo soberano” que, segundo alguns argumentam,<br />

foi o motor que colocou todo o sistema social da “mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>” em movimento,<br />

afirmação com a qual se concorda, ocorreu entre o Humanismo Renascentista do<br />

século XVI e o Iluminismo do século XVIII, representando importante ruptura com<br />

o passado.<br />

A história mo<strong>de</strong>rna do sujeito individual agrupa dois significados distintos:<br />

por um lado, o sujeito é “indivisível”, no sentido <strong>de</strong> portador <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

unificada no seu próprio interior; por outro, é também uma entida<strong>de</strong> “singular,<br />

distintiva, única”.<br />

Movimentos relevantes no pensamento e na cultura oci<strong>de</strong>ntais contribuíram<br />

para a emergência <strong>de</strong>ssa nova concepção: a Reforma e o Protestantismo, que<br />

54 R. Dir. <strong>UPIS</strong>, v. 6, p. 51 – 69, 2008

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!