You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
privilegia a vertente austríaca — sugere que no processo <strong>de</strong> interpretação<br />
constitucional <strong>de</strong>vam estar engajados todos os órgãos estatais, todas as<br />
potências públicas e todos os cidadãos e grupos, não sendo possível<br />
estabelecer-se um elenco, numerus clausus <strong>de</strong> intérpretes da Constituição,<br />
Opõe-se, assim, a uma socieda<strong>de</strong> fechada <strong>de</strong> que tomam parte apenas os<br />
intérpretes jurídicos vinculados às corporações e prega que essa abertura há<br />
<strong>de</strong> ser concebida como conseqüência do conceito “republicano”, aliás, em<br />
consonância com o caráter pluralista da Constituição.<br />
É claro que tal conceito parte da correta premissa <strong>de</strong> que, ao fim e ao cabo,<br />
todos os partícipes da socieda<strong>de</strong> constitucional são, em certa medida, co-intérpretes<br />
da Constituição. Da premissa <strong>de</strong>corre a expectativa <strong>de</strong> que os constitucionalmente<br />
legitimados (=po<strong>de</strong>res instituídos) a interpretar a constituição sofram a influência<br />
da “esfera pública pluralista” e passe a “interpretar a constituição em<br />
correspondência com sua atualização pública.” 41<br />
5. A hermenêutica constitucional e suas peculiarida<strong>de</strong>s<br />
Doutrinadores que têm se <strong>de</strong>bruçado sobre o tema da hermenêutica<br />
constitucional, sistematicamente, vêm recusando a chamada hermenêutica clássica<br />
(método literal, histórico, sistemático, teleológico) e a sua aptidão suficiente para<br />
solução dos intrincados problemas que a interpretação constitucional suscita. Tal<br />
insuficiência <strong>de</strong>correria, principalmente, do fato <strong>de</strong> que a norma constitucional traz<br />
em si uma pauta <strong>de</strong> valores, manifesta-se por meio <strong>de</strong> normas abertas que não<br />
permitem <strong>de</strong> plano a realização <strong>de</strong> processos subsuntivos ou processos <strong>de</strong> incidência<br />
imediata.<br />
Vale lembrar, adicionalmente, que esses critérios foram formulados a partir<br />
das necessida<strong>de</strong>s do direito privado, embora, é certo, esse fato não seja suficiente<br />
para inadmitir sua aplicabilida<strong>de</strong> à hermenêutica constitucional.<br />
Não obstante isso não seja, per se, suficiente para <strong>de</strong>monstrar a ina<strong>de</strong>quação<br />
dos critérios, é preciso consi<strong>de</strong>rar o fato, antes apontado, <strong>de</strong> que o estatuto<br />
constitucional é um repositório <strong>de</strong> princípios, mais do que <strong>de</strong> regras, com todas as<br />
especificida<strong>de</strong>s daí <strong>de</strong>correntes (baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> normativa, maior amplitu<strong>de</strong>, menor<br />
grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incidência, etc). A prudência recomenda, então, a<br />
utilização <strong>de</strong>sses critérios com parcimônia e em conjunto com outros métodos e<br />
critérios concebidos especialmente para o objeto constitucional, tais assim, apenas<br />
exemplificando, o método hermenêutico-concretizador, o científico-espiritual e o<br />
normativo-estruturante.<br />
26 R. Dir. <strong>UPIS</strong>, v. 6, p. 15 – 34, 2008