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Direito, estado, educação: uma leitura de Gramsci Anita Helena ...

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<strong>Direito</strong>, <strong>estado</strong>, <strong>educação</strong>... - <strong>Anita</strong> <strong>Helena</strong> Schelesener<br />

A natureza do Estado mo<strong>de</strong>rno se manifesta no modo como se<br />

produzem e se <strong>de</strong>senvolvem as relações <strong>de</strong> forças sociais e políticas.<br />

Para enten<strong>de</strong>r o Estado, é necessário esclarecer as correlações <strong>de</strong><br />

forças que se configuram em cada situação concreta. Explicitar a re<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> relações que permeiam a socieda<strong>de</strong> implica abordar as noções<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia e <strong>de</strong> hegemonia.<br />

a iD e o l o G i a c o m o p r á t i c a D e p o D e r n o p e n s a m e n t o D e Gr a m s c i<br />

A formação do imaginário e seu papel na política, explicitada<br />

por Marx ao longo <strong>de</strong> sua obra nas reflexões sobre a i<strong>de</strong>ologia, são<br />

pressupostos das reflexões <strong>de</strong> <strong>Gramsci</strong> sobre o Estado mo<strong>de</strong>rno. As<br />

raízes da noção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia estão no modo como se organizam as<br />

relações <strong>de</strong> trabalho e a teoria do valor se constitui num ponto <strong>de</strong><br />

partida para se consi<strong>de</strong>rar as formas <strong>de</strong> abstração que se <strong>de</strong>sdobram<br />

no processo social: a forma geral do valor é gerada a partir da<br />

primeira abstração que unifica os diferentes trabalhos na idéia <strong>de</strong><br />

trabalho geral; tal noção, por sua vez, permite igualar as mercadorias<br />

e medir seus valores; a forma da mercadoria escon<strong>de</strong> relações sociais<br />

concretas e expressa a redução das coisas a um valor abstrato; o<br />

ocultamento da origem do valor permite a sua i<strong>de</strong>ntificação com<br />

a mercadoria como sua característica natural, processo que Marx<br />

<strong>de</strong>nomina fetiche da mercadoria. Tem-se, portanto, a partir da<br />

unificação dos diferentes trabalhos na idéia <strong>de</strong> trabalho geral, um<br />

processo <strong>de</strong> abstrações que vai da noção <strong>de</strong> trabalho para a noção<br />

<strong>de</strong> valor, <strong>de</strong>sta para a <strong>de</strong> mercadoria, seguindo-se a naturalização<br />

da mercadoria que caracteriza a idéia <strong>de</strong> fetiche.<br />

O papel da noção <strong>de</strong> fetiche no contexto da <strong>leitura</strong> <strong>de</strong> Marx<br />

é mostrar o caráter <strong>de</strong> mistificação do real que, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado no<br />

processo <strong>de</strong> produção, se esten<strong>de</strong> e se amplia à medida que a divisão<br />

do trabalho torna-se divisão real entre ativida<strong>de</strong> material e ativida<strong>de</strong><br />

intelectual. No caminho das abstrações chegamos à representação<br />

do real que, a partir da divisão social do trabalho, abre espaço para<br />

a consciência imaginar o real, sem que essa imaginação corresponda<br />

necessariamente ao real vivido.<br />

Simular <strong>uma</strong> unida<strong>de</strong> ou harmonia que não existem no espaço<br />

social ou na história, conjurar o novo, instaurar a história como<br />

repetição do mesmo, são alg<strong>uma</strong>s das formas concretas que assume<br />

a i<strong>de</strong>ologia. As idéias distorcem, invertem e mascaram a realida<strong>de</strong><br />

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