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entre duas estações, também nos convence de que se trata de um jogo perigoso,<br />

do qual funcionários do metrô às vezes participam.<br />

O fundo sonoro é de uma música eclética como apenas o rock da Europa Central<br />

consegue ser – um eficaz equivalente sonoro ao estrondo de um trem adentrando<br />

uma estação ou o zumbido das faixas de luzes neon em Controle acabam sendo<br />

exagerados às vezes. Faz-se muito esforço para manter o ritmo da ação ou realçar<br />

o humor surreal dos encontros com os trombadinhas, incluindo incompreensíveis<br />

turistas japoneses e um cafetão que não carrega dinheiro por princípios. Tais erros<br />

de julgamento são perdoados a um diretor de primeira viagem, especialmente<br />

se consideramos os resultados visuais de Antal – maravilhosamente fotografados<br />

por Gyula Pados sem o uso de luz natural. Ele se mostra igualmente apto à difícil<br />

tarefa de manter o espectador orientado em um mundo no qual tudo parece igual<br />

e, acima de tudo, em manter o interesse no personagem Bulcsu.<br />

Interpretado por Sandor Csaniy, Bulcsu é um homem que faria qualquer coisa<br />

para continuar fora do mundo exterior, um anti-herói perfeito. O encontro com um<br />

antigo colega de trabalho sugere que ele abandonou uma carreira promissora<br />

para fugir da pressão de ser bem-sucedido. Seu emprego atual poderia ser<br />

compreendido como um comentário oblíquo sobre a vida em uma Hungria movida<br />

pelo mercado, um reductio ad absurdum da existência humana, ou simplesmente<br />

algo que combina perfeitamente com alguém que prefere uma vida reservada.<br />

A ideia de que Bulcsu e o assassino mascarado são a mesma pessoa também<br />

recebe um tratamento descompromissado. Ele relutaem se confrontar com essa<br />

possiblidade, indicada na cena que poderia ser um pesadelo. De forma semelhante,<br />

durante seu único confronto direto com o assassino, Bulcsu – agora com rosto<br />

branco, olhos escuros e uma grande semelhança com Cesare em O gabinete do<br />

doutor Caligari – não consegue olhar para sua vítima. O “final feliz” condicional<br />

do filme sugere que seu anti-herói está traumatizado em vez de verdadeiramente<br />

esquizofrênico. Mas um dos pontos fortes de Controle está justamente no fato<br />

de que nossa simpatia por Bulcsu, embora não oficialmente engajada, nunca é<br />

completamente desengajada.<br />

Entretanto, talvez o aspecto mais bem-vindo do filme esteja no fato de ter<br />

tomado por surpresa a comissão da premiação dos Críticos Húngaros, insinuando<br />

que o cinema húngaro – dividido por quase uma década entre uma geração antiga<br />

que buscava um cinema fortemente pessoal e autoral, afiliado a uma sociedade<br />

muito diferente, e uma geração mais nova, seduzida pela liberdade comercial do<br />

cinema ocidental – finalmente encontrou um cineasta que consegue produzir algo<br />

nas duas frentes.<br />

Texto publicado pela revista Sight & Sound - Outubro de 2004. Uma publicação<br />

BFI. Traduzido por Paulo Scarpa.<br />

geração praça moscou o cinema húngaro contemporâneo<br />

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