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Plano Diretor de Foz do Areia - Instituto Ambiental do Paraná ...

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PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DE<br />

RESERVATÓRIO ARTIFICIAL<br />

UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

ATUALIZAÇÃO<br />

VOLUME I: RELATÓRIO TÉCNICO<br />

CURITIBA<br />

2009


PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

COORDENAÇÃO E EXECUÇÃO DO TRABALHO<br />

LACTEC – INSTITUTO DE TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO<br />

COORDENAÇÃO GERAL<br />

_____________________________________________<br />

Tânia Lúcia Graf <strong>de</strong> Miranda<br />

Divisão <strong>de</strong> Meio Ambiente<br />

LACTEC<br />

RESPONSÁVEL TÉCNICO<br />

_____________________________________________<br />

Mauricio Muller<br />

Engenheiro Civil - CREA 26.932/D-PR<br />

Gerente <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Recursos Ambientais<br />

LACTEC - <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Tecnologia para o Desenvolvimento<br />

CURITIBA, OUTUBRO DE 2009<br />

LACTEC – 2008<br />

REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC<br />

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PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

COORDENAÇÃO GERAL<br />

EQUIPE TÉCNICA<br />

Tânia Lúcia Graf <strong>de</strong> Miranda Eng. Agrônoma, CREA 069105/D-RS<br />

CONSULTORES DO MEIO FÍSICO<br />

Nicole Machuca Brassac Bióloga, CRBio 28775-07<br />

Ellen Christine Prestes Eng. <strong>Ambiental</strong>, CREA 82479/D-PR<br />

Alexandre Acciolly Engenheiro Agrônomo, CREA/PR 67001/D<br />

Adriana Malinowski Engenheira Civil, CREA/PR 75160/D<br />

Janaina Cassia Campos Técnologa Química <strong>Ambiental</strong>, CRQ/PR 0990267<br />

CONSULTORES DE GEOSOLUÇÕES<br />

Daniele Felix Zan<strong>do</strong>ná Engenheira Civil, CREA/PR 71200/D<br />

Marlo Antonio Ribeiro Martins Engenheiro Cartógrafo, CREA/PR 67588/D<br />

Fabiano Scheer Hainosz Engenheiro Cartógrafo<br />

Jefferson Mazur da Silva Engenheiro Cartógrafo<br />

CONSULTORES DO MEIO SÓCIO-ECONÔMICO<br />

José Renato Teixeira da Silva Sociólogo – Registro no DRT/PR 261<br />

Carlos Alberto Simioni Sociólogo - Registro no DRT/PR 233<br />

Daniel Marcelo Rozales Pesquisa<strong>do</strong>r<br />

CONSULTORES DO MEIO BIOLÓGICO<br />

Alberto Urben Filho Ornitólogo, CRBio 25255-07<br />

Gledson Viagiano Bianconi Mastozoólogo, CRBio 41297-07<br />

Gilberto Alves <strong>de</strong> Souza Herpetólogo, CRBio 30568/4D<br />

Carlos Eduar<strong>do</strong> Conte Anfibiólogo, CRBio 41296-07<br />

Leonar<strong>do</strong> Bastos Ictiólogo, CRBio 28808-07D<br />

Ricar<strong>do</strong> Iantas Engenheiro Florestal, CREA/PR 21252/D<br />

CONSULTOR JURÍDICO<br />

Karina Cruz Domingues Advogada, OAB/PR 13977<br />

APOIO OPERACIONAL<br />

ESTAGIÁRIOS<br />

Mino Sorribas Viana Engenharia <strong>Ambiental</strong> (Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>)<br />

Elisiane Bueno Car<strong>do</strong>n Biologia (Universida<strong>de</strong> Positivo)<br />

Arthur Hrast Essenfel<strong>de</strong>r Engenharia <strong>Ambiental</strong> (Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>)<br />

LACTEC – 2008<br />

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PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

EQUIPE - COPEL<br />

Aril<strong>de</strong> Sutil Gabriel Superinten<strong>de</strong>nte da Superinten<strong>de</strong>ncia Técnica<br />

Socioambiental<br />

Paulo Sergio Pereira Gerente <strong>do</strong> Departamento Socioambiental <strong>de</strong><br />

Empreendimento e Instalações<br />

Jorge Pedrozo Gerente da Divisão Socioambeintal <strong>de</strong> Empreendimentos e<br />

Instalações<br />

Alessandra Tathiana Villa Lopar<strong>do</strong> Engenheira Civil, CREA 67.027/D PR<br />

Fernan<strong>do</strong> Cesar Alves da Silva Biólogo, CRBio 45238/07-D<br />

Giovani Marcel Teixeira Engenheiro Químico, CREA 81368/D PR<br />

Luis Gustavo Socher Engenheiro Florestal, CREA 67.938/D PR<br />

Vanessa Moreira Cor<strong>de</strong>iro Socióloga, DRT 0276<br />

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PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

% Por cento<br />

o C Graus Celcius<br />

μg/L Micrograma(s) por litro<br />

μm Micrometro(s)<br />

μS/cm Microsiemens por centrímetro<br />

ANEEL Agência Nacional <strong>de</strong> Energia Elétrica<br />

cm Centímetros<br />

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS<br />

COMEC Coor<strong>de</strong>nação da Região Metropolitana <strong>de</strong> Curitiba<br />

CONAMA Conselho Nacional <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />

COPEL Companhia Paranaense <strong>de</strong> Energia<br />

CREA Conselho Regional <strong>de</strong> Engenharia, Arquitetura e Agronomia<br />

CRBio Conselho Regional <strong>de</strong> Biologia<br />

DBO Demanda Bioquímica <strong>de</strong> Oxigênio<br />

DER/PR Departamento <strong>de</strong> Estradas <strong>de</strong> Rodagem <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong><br />

DQO Demanda Química <strong>de</strong> Oxigênio<br />

DNPM Departamento Nacional <strong>de</strong> Produção Mineral<br />

DRT Departamento Regional <strong>do</strong> Trabalho<br />

EIA Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Impacto <strong>Ambiental</strong><br />

ELETROBRÁS Centrais Elétricas <strong>do</strong> Brasil S/A<br />

EMBRAPA Empresa Brasileira <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária<br />

Fé Ferro (elemento químico)<br />

ha Hectares<br />

Hab. Habitantes<br />

IAP <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong><br />

IBAMA <strong>Instituto</strong> Brasileiro <strong>de</strong> Meio Ambiente e <strong>do</strong>s Recursos Naturais Renováveis<br />

IBGE <strong>Instituto</strong> Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística<br />

IPARDES <strong>Instituto</strong> Paranaense <strong>de</strong> Desenvolvimento Econômico e Social<br />

km Quilômetro(s)<br />

km 2 Quilômetro(s) quadra<strong>do</strong>(s)<br />

m Metro(s)<br />

m 2 Metro(s) quadra<strong>do</strong>(s)<br />

m 3 Metro(s) cúbico(s)<br />

Mg Magnésio (elemento químico)<br />

mg/kg Miligrama(s) por kilograma<br />

mg/L Miligrama por litro<br />

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PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

mg O2/L Miligrama <strong>de</strong> oxigênio por litro<br />

MINEROPAR Minerais <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> S/A<br />

mm Milímetro(s)<br />

m 3 /s Metro(s) cúbico(s) por segun<strong>do</strong><br />

MST Movimento <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res Rurais Sem Terra<br />

MAB Movimento <strong>do</strong>s Atingi<strong>do</strong>s por Barragens<br />

N Nitrogênio (elemento químico)<br />

NMP Número Mais Provável<br />

NTU Unida<strong>de</strong> Nefelométrica <strong>de</strong> Turbi<strong>de</strong>z<br />

NV Nascidas Vivas<br />

OD Oxigênio Dissolvi<strong>do</strong><br />

OMS Organização Mundial da Saú<strong>de</strong><br />

ONG Organização Não Governamental<br />

P Fósforo (elemento químico)<br />

PBA Projeto Básico <strong>Ambiental</strong><br />

pH Potencial Hidrogeniônico<br />

PIB Produto Interno Bruto<br />

RIMA Relatório <strong>de</strong> Impacto <strong>Ambiental</strong><br />

SEMA Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Meio Ambiente e Recursos Hídricos<br />

SUREHMA Superintendência <strong>de</strong> Recursos Hídricos e Meio Ambiente<br />

SUDERHSA Superintendência <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> Recursos Hídricos e Saneamento <strong>Ambiental</strong><br />

SUS Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

t Tonelada<br />

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PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................15<br />

2 ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................................................17<br />

2.1 Usina Hidrelétrica Governa<strong>do</strong>r Bento Munhoz da Rocha Neto............................................17<br />

3 METODOLOGIA DE TRABALHO ...................................................................................................20<br />

4 Aspectos legais............................................................................................................................23<br />

4.1 Consi<strong>de</strong>rações Gerais............................................................................................................23<br />

4.2 A Resolução CONAMA N.º 302, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2002 ...................................................23<br />

4.3 A Medida Provisória 2.166-67, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2001.....................................................26<br />

4.4 O Reflorestamento <strong>de</strong> Preservação Permanente.................................................................27<br />

4.5 O Direito <strong>de</strong> Proprieda<strong>de</strong> e as Limitações Administrativas ..................................................28<br />

4.5.1 A Função Social da Proprieda<strong>de</strong> ..................................................................................31<br />

4.6 Faixa <strong>de</strong> Segurança <strong>do</strong>s Reservatórios..................................................................................32<br />

4.7 A Reserva Legal .....................................................................................................................33<br />

4.8 Uso e Qualida<strong>de</strong> das Águas...................................................................................................35<br />

4.9 As ilhas existentes <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>de</strong> <strong>Areia</strong> ................................................37<br />

5 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL .........................................................................................................39<br />

5.1 Meio Físico ............................................................................................................................39<br />

5.1.1 Clima.............................................................................................................................39<br />

5.1.2 Geologia .......................................................................................................................41<br />

5.1.3 Geomorfologia .............................................................................................................44<br />

5.1.3.1 Recursos Minerais..................................................................................................47<br />

5.1.4 Declivida<strong>de</strong>...................................................................................................................47<br />

5.1.5 Solos .............................................................................................................................48<br />

5.1.5.1 Aptidão Agrícola.....................................................................................................50<br />

5.1.6 Uso <strong>do</strong> Solo e Cobertura Vegetal.................................................................................52<br />

5.1.6.1 Diferenças entre os mapas <strong>de</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo.........................................57<br />

5.1.7 Hidrologia e Hidrografia...............................................................................................59<br />

5.1.8 Comitês <strong>de</strong> Bacia..........................................................................................................64<br />

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PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

5.1.9 Qualida<strong>de</strong> das Águas Superficiais ................................................................................64<br />

5.2 Meio Biológico ......................................................................................................................73<br />

5.2.1 Vegetação.....................................................................................................................73<br />

5.2.1.1 Vegetação Natural no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> ...............................................................73<br />

5.2.1.2 Floresta Ombrófila Mista .......................................................................................75<br />

5.2.1.3 Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual...........................................................................80<br />

5.2.1.4 Dinâmica Sucessional.............................................................................................85<br />

5.2.1.5 Material e méto<strong>do</strong>s para a caracterização da vegetação......................................86<br />

5.2.1.6 Resulta<strong>do</strong>s..............................................................................................................88<br />

5.2.1.7 Conclusão...............................................................................................................91<br />

5.2.1.8 Áreas e Reservas <strong>de</strong> Preservação...........................................................................92<br />

5.2.2 Fauna Terrestre............................................................................................................92<br />

5.2.2.1 Mamíferos..............................................................................................................93<br />

5.2.2.2 Avifauna .................................................................................................................95<br />

5.2.2.3 Répteis....................................................................................................................99<br />

5.2.2.4 Anfíbios ............................................................................................................... 101<br />

5.2.3 Fauna Aquática.......................................................................................................... 104<br />

5.2.3.1 Ictiofauna ............................................................................................................ 104<br />

5.3 Meio Socioeconômico........................................................................................................ 107<br />

5.3.1 Aspectos meto<strong>do</strong>lógicos e objetivos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> ....................................................... 108<br />

5.3.2 Caracterização regional............................................................................................. 113<br />

5.3.2.1 Características da população .............................................................................. 113<br />

5.3.2.2 Dinâmica Demográfica........................................................................................ 116<br />

5.3.2.3 Condições <strong>de</strong> Vida nos municípios...................................................................... 120<br />

5.3.2.4 Economia nos municípios ................................................................................... 125<br />

5.3.2.5 Ativida<strong>de</strong>s agrossilvopastoris nos municípios .................................................... 129<br />

5.3.2.6 Sistema viário regional e local ............................................................................ 132<br />

5.4 Caracterização <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório....................................................................... 133<br />

5.4.1 Usos da Água............................................................................................................. 135<br />

5.4.2 Usos <strong>do</strong> Solo.............................................................................................................. 138<br />

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PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

5.4.2.1 Áreas <strong>de</strong> Lazer Públicas e Privadas ..................................................................... 138<br />

5.4.2.2 Áreas <strong>de</strong> uso agrossilvopastoris.......................................................................... 141<br />

5.4.2.3 Áreas <strong>de</strong> usos urbanos........................................................................................ 144<br />

5.4.2.4 Conflitos Fundiários nos municípios ................................................................... 149<br />

5.4.2.5 Percepção <strong>do</strong>s diversos atores sociais................................................................ 155<br />

5.4.3 Resumo das não conformida<strong>de</strong>s nos usos das águas e <strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s solos no entorno <strong>do</strong><br />

reservatório............................................................................................................... 161<br />

5.4.3.1 Das Águas............................................................................................................ 161<br />

5.4.3.2 Dos Solos ............................................................................................................. 162<br />

5.4.4 Resumo da situação socioeconômica antes <strong>de</strong> 2001 e atual ................................... 164<br />

5.4.5 Atuação da COPEL na região da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> ................................................... 166<br />

6 ZONEAMENTO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DE FOZ DO AREIA..................................... 169<br />

6.1 Zona <strong>de</strong> Segurança <strong>do</strong> Reservatório .................................................................................. 171<br />

6.2 Zona <strong>de</strong> Preservação e Conservação <strong>Ambiental</strong>................................................................ 172<br />

6.3 Zona Especial <strong>de</strong> Turismo e Lazer ...................................................................................... 175<br />

6.4 Zona <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s Agrossilvopastoris .............................................................................. 177<br />

6.5 Zona Urbana....................................................................................................................... 179<br />

6.6 Disciplinamento <strong>do</strong>s usos <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong>s reservatórios <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o Zoneamento 179<br />

7 POTENCIAL DE USOS MÚLTIPLOS ............................................................................................ 182<br />

7.1 Diretrizes para os Usos Múltiplos ...................................................................................... 182<br />

7.1.1 Uso Operacional da Usina......................................................................................... 183<br />

7.1.2 Acessos à Água e Estruturas <strong>de</strong> Apoio a seus Usos .................................................. 183<br />

7.1.3 Navegação / Turismo Lacustre.................................................................................. 184<br />

7.1.4 Pesca ......................................................................................................................... 186<br />

7.1.5 Irrigação .................................................................................................................... 187<br />

7.1.6 Balneabilida<strong>de</strong>........................................................................................................... 188<br />

7.1.7 Lazer e Turismo no Entorno...................................................................................... 188<br />

8 PROGRAMAS DE CONTROLE AMBIENTAL................................................................................ 191<br />

8.1 Programas Governamentais .............................................................................................. 191<br />

8.1.1 Programa <strong>de</strong> Gestão da Bacia <strong>de</strong> Contribuição <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> .............................. 191<br />

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8.1.2 Programa <strong>de</strong> Ampliação <strong>do</strong> Saneamento Básico...................................................... 193<br />

8.1.3 Programa <strong>de</strong> Apoio ao Desenvolvimento <strong>do</strong> Turismo Regional............................... 193<br />

8.1.4 Programa <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong>s Solos para a Agricultura .................................................. 194<br />

8.2 Programas <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> IAP ............................................................................ 194<br />

8.2.1 Programa <strong>de</strong> Recuperação e Rea<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> Áreas Degradadas........................... 195<br />

8.2.2 Programa <strong>de</strong> Recuperação e Manutenção <strong>de</strong> Reservas Legais Florestais................ 196<br />

8.3 Programas <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> da COPEL ....................................................................... 196<br />

8.3.1 Programa <strong>de</strong> Comunicação Social............................................................................. 197<br />

8.3.2 Programa <strong>de</strong> Manejo da Fauna e Flora Terrestres ................................................... 197<br />

8.3.3 Programa <strong>de</strong> Monitoramento <strong>do</strong> Ecossistema Aquático.......................................... 198<br />

8.4 Programas em Parcerias .................................................................................................... 199<br />

8.4.1 Programa <strong>de</strong> Manejo da Fauna: Inventário da fauna <strong>de</strong> vertebra<strong>do</strong>s tetrápo<strong>do</strong>s na<br />

área <strong>de</strong> influência da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.................................................................... 199<br />

8.5 Programa <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Municípios................................................................ 200<br />

8.5.1 Programa <strong>de</strong> Recolhimento e Destinação <strong>de</strong> Resíduos Sóli<strong>do</strong>s ............................... 200<br />

9 PLANO DE AUTO MONITORAMENTO ...................................................................................... 202<br />

10 OPERACIONALIZAÇÃO DO PLANO DIRETOR ............................................................................ 204<br />

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................ 207<br />

ANEXO 1 - DADOS DE QUALIDADE DE ÁGUA................................................................................. 215<br />

ANEXO 2 – ANOTAÇÕES DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA ........................................................... 222<br />

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PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1 - Localização da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s...................................................................................18<br />

Figura 2 - Variação da temperatura da estação meteorológica <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> ............................40<br />

Figura 3 – Precipitação média mensal das estações pluviométricas da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> ........41<br />

Figura 4 - Geologia da região <strong>do</strong> reservatório da UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>......................................43<br />

Figura 5 - Geomorfologia da área <strong>do</strong> reservatório da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>....................................45<br />

Figura 6 – Área <strong>de</strong> interesse e articulação <strong>de</strong>finida....................................................................53<br />

Figura 7 - Detalhes <strong>de</strong> classes <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> solo observadas no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Areia</strong> ........................................................................................................................................................56<br />

Figura 8 - Perfil <strong>do</strong> rio Iguaçu ......................................................................................................60<br />

Figura 9 - Principais afluentes <strong>do</strong> reservatório <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> ......................................................61<br />

Figura 10 - Localização das estações <strong>de</strong> amostragem ................................................................65<br />

Figura 11 - Variações espaciais e temporais <strong>do</strong> Índice <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Água, no reservatório<br />

<strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e entorno, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2003 a 2008.........................................................................66<br />

Figura 12 - Variações espaciais e temporais <strong>de</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong>, no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Areia</strong> e entorno, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2003 a 2008..........................................................................................67<br />

Figura 13 - Variações espaciais e temporais <strong>de</strong> nitrogênio total, no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Areia</strong> e entorno, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2003 a 2008..........................................................................................70<br />

Figura 14 – Contribuição percentual das Classes <strong>de</strong> algas à composição da comunida<strong>de</strong><br />

fitoplanctônica <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, estação E2, <strong>de</strong>2005 a 2008. ......................................71<br />

Figura 15 – Contribuição percentual das Classes <strong>de</strong> algas à composição da comunida<strong>de</strong><br />

fitoplanctônica <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, estação E3, <strong>de</strong> 2005 a 2008. .....................................71<br />

Figura 16 - Variações temporais <strong>de</strong> clorofila-a (μg.L -1 ) e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> celular <strong>do</strong> fitoplâncton<br />

(céls.mL -1 ), no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e entorno, estação E2, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2005 a 2008. ........72<br />

Figura 17 - Variações temporais <strong>de</strong> clorofila-a (μg.L -1 ) e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> celular <strong>do</strong> fitoplâncton<br />

(céls.mL -1 ), no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e entorno, estação E3, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2005 a 2008. ........73<br />

Figura 18 - Mesorregiões brasileiras atingidas pela UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> Fonte: IBGE, 2008...... 114<br />

Figura 19 - Situação geográfica <strong>do</strong>s municípios atingi<strong>do</strong>s pela UHE e Reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Areia</strong>. .................................................................................................................................................... 115<br />

LACTEC – 2008<br />

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PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

Figura 20 - Variação <strong>do</strong> Índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong><br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>de</strong> <strong>Areia</strong> entre 2002 e 2005 ................................................................................. 123<br />

Figura 21 - Variação <strong>do</strong> PIB <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> entre os anos <strong>de</strong> 2002<br />

e 2005................................................................................................................................................... 126<br />

Figura 22 - Composição <strong>do</strong> PIB <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> em 2005 (R$).... 128<br />

Figura 23 - Utilização das terras <strong>do</strong>s estabelecimentos agropecuários <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong><br />

entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> em 1996 e 2006. Fonte: IBGE, 2006................................... 130<br />

Figura 24 – Usina Governa<strong>do</strong>r Bento Munhoz da Rocha Neto................................................ 135<br />

Figura 25 - Pousada <strong>do</strong> Jaime e imediações, município <strong>de</strong> Pinhão, margem direita <strong>do</strong> rio da<br />

<strong>Areia</strong>. .................................................................................................................................................... 136<br />

Figura 26 - Produção <strong>de</strong> carvão vegetal no município <strong>de</strong> Cruz Macha<strong>do</strong>. .............................. 143<br />

Figura 27 - Cavas junto à margem <strong>do</strong> rio Iguaçu em União da Vitória formadas em<br />

conseqüência da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> areia. ............................................................................... 145<br />

Figura 28 - Vista <strong>do</strong> distrito <strong>de</strong> Nova Divinéia, município <strong>de</strong> Pinhão, próximo à Usina <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Areia</strong>. .................................................................................................................................................... 147<br />

Figura 29 – Áreas urbanas na região <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.................................... 149<br />

Figura 30 - Ga<strong>do</strong> pastan<strong>do</strong> em proprieda<strong>de</strong> às margens <strong>do</strong> reservatório............................... 152<br />

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LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1 - Área atingida por município na cota 742 metros.......................................................19<br />

Tabela 2 – Ações <strong>do</strong> <strong>Plano</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>de</strong> Conservação e Uso <strong>do</strong> Entorno <strong>de</strong> Reservatório<br />

Artificial – PACUERA................................................................................................................................25<br />

Tabela 3 - Da<strong>do</strong>s climáticos da estação meteorológica <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>....................................40<br />

Tabela 4 - Coluna estratigráfica da geologia e área correspon<strong>de</strong>nte ao entorno <strong>do</strong> reservatório<br />

da UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>...........................................................................................................................42<br />

Tabela 5 - Declivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> ..........................................48<br />

Tabela 6 - Tipos <strong>de</strong> solo no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o Sistema<br />

Brasileiro <strong>de</strong> Classificação <strong>do</strong> Solo (EMBRAPA, 1999) ............................................................................49<br />

Tabela 7 – Classes <strong>de</strong> aptidão agrícola no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.................52<br />

Tabela 8 - Ocupação <strong>do</strong> solo no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, na faixa <strong>de</strong> 1.000 metros <strong>do</strong> seu<br />

entorno. ..................................................................................................................................................54<br />

Tabela 9 - Ocupação <strong>do</strong> solo no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os<br />

mapas <strong>de</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo gera<strong>do</strong>s nos anos <strong>de</strong> 2002 e 2008 ...................................................57<br />

Tabela 10 - Ocupação <strong>do</strong> solo na faixa <strong>de</strong> 100 metros no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Areia</strong>. .......................................................................................................................................................59<br />

Tabela 11 - Características <strong>do</strong>s principais afluentes <strong>do</strong> reservatório <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> ....................62<br />

Tabela 12 - Vazões médias mensais na UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> .....................................................63<br />

Tabela 13 - Vazões máximas e tempo <strong>de</strong> recorrência na UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> ..............................63<br />

Tabela 14 - Estações <strong>de</strong> amostragem <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água......................................................64<br />

Tabela 15 - Concentrações <strong>de</strong> OD registradas na estação <strong>de</strong> jusante (E4), <strong>de</strong> 2003 a 2008......66<br />

Tabela 16 - Concentrações <strong>de</strong> DBO (mg O2/L) e coliformes termotolerantes (NMP/100mL) nas<br />

estações monitoradas, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2003 a abril <strong>de</strong> 2008.....................................................68<br />

Tabela 17 - Concentrações <strong>de</strong> fósforo total (mg/L) nas estações monitoradas, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

abril <strong>de</strong> 2003 a abril <strong>de</strong> 2008 ..................................................................................................................69<br />

Tabela 18 - Superfície <strong>do</strong> território atingi<strong>do</strong> pela UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>....................................... 115<br />

Tabela 19 - População <strong>do</strong> território atingi<strong>do</strong> pela UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> ...................................... 116<br />

Tabela 20 - Representativida<strong>de</strong> da população rural em relação à população total <strong>do</strong> território<br />

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atingi<strong>do</strong> pelo Reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> (%)................................................................................... 117<br />

Tabela 21 - Características gerais território atingi<strong>do</strong> pelo Reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> ....... 118<br />

Tabela 22 - Alunos Matricula<strong>do</strong>s, por Nível <strong>de</strong> Escolarização (2007)...................................... 121<br />

Tabela 23 - Variação <strong>do</strong> Índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong><br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>de</strong> <strong>Areia</strong> entre 2002 e 2005 ................................................................................. 122<br />

Tabela 24 – Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s atendidas por fornecimento <strong>de</strong> água tratada por<br />

categoria em 2007 ............................................................................................................................... 124<br />

Tabela 25 - Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s atendidas por esgoto por categoria em 2007 .............. 125<br />

Tabela 26 - Variação <strong>do</strong> PIB municipal entre 2002 e 2005 nos municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong><br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>................................................................................................................ 127<br />

Tabela 27 - PIB Municipal e PIB per capita <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Areia</strong> em 2005 (em R$) ................................................................................................................... 127<br />

Tabela 28 - Variação <strong>do</strong> Índice Firjan <strong>de</strong> Desenvolvimento Municipal – IFDM <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong><br />

entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> entre os anos <strong>de</strong> 2000 e 2005............................................ 128<br />

Tabela 29 - Composição <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Participação distribuí<strong>do</strong> aos municípios <strong>do</strong> entorno <strong>de</strong><br />

<strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> em 2007 (valores em R$) ................................................................................................ 129<br />

Tabela 30 - Utilização das terras <strong>do</strong>s estabelecimentos agropecuários (2006) ...................... 131<br />

Tabela 31 - Número <strong>de</strong> benfeitorias na faixa <strong>de</strong> segurança no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> em<br />

2008, distribuí<strong>do</strong>s por municípios ....................................................................................................... 134<br />

Tabela 32 - Número <strong>de</strong> ocupações existentes no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> em<br />

2002, distribuí<strong>do</strong>s por municípios ....................................................................................................... 134<br />

Tabela 33 - Exemplo <strong>de</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo em um imóvel rural situa<strong>do</strong>s à margem <strong>do</strong><br />

reservatório, caso seja atendida a legislação ambiental..................................................................... 154<br />

Tabela 34 - Disciplinamento <strong>do</strong>s Usos <strong>do</strong> Solo entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o<br />

Zoneamento......................................................................................................................................... 181<br />

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1 INTRODUÇÃO<br />

Este trabalho técnico apresenta a atualização <strong>do</strong> <strong>Plano</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>de</strong> Conservação e Uso <strong>do</strong><br />

Entorno <strong>do</strong> Reservatório da Usina Hidrelétrica Governa<strong>do</strong>r Bento Munhoz da Rocha Neto – <strong>Foz</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Areia</strong> em atendimento ao ofício n o 040/2007 – IAP/DIRAM <strong>de</strong> 11/05/2007 o qual solicita que sejam<br />

enfoca<strong>do</strong>s principalmente a ocupação e usos atuais <strong>do</strong>s solos e das águas com os propósitos legais <strong>de</strong><br />

realizar Audiências públicas e <strong>de</strong> dar a continuida<strong>de</strong> aos processos <strong>de</strong> licenciamento das diversas<br />

ativida<strong>de</strong>s no entorno <strong>do</strong> lago bem como da própria usina.<br />

Este trabalho teve início em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2007. Para sua execução foi criada uma equipe<br />

multidisciplinar composta por pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> LACTEC, consultores especialistas da empresa<br />

AMBIOTECH e especialistas em várias áreas <strong>de</strong> conhecimento.<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>de</strong> Conservação e Uso <strong>do</strong> Entorno <strong>do</strong> Reservatório - PACUERA objetiva<br />

estabelecer mecanismos para viabilizar o uso ambientalmente equilibra<strong>do</strong> <strong>do</strong> reservatório e <strong>de</strong> seu<br />

entorno, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aos preceitos da legislação, às necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> empreendimento e à interação<br />

com a socieda<strong>de</strong>. Para que este objetivo seja atingi<strong>do</strong>, é essencial que os usuários e as autorida<strong>de</strong>s<br />

observem as potencialida<strong>de</strong>s e fragilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse contexto, as quais preten<strong>de</strong>m ser apontadas neste<br />

<strong>do</strong>cumento.<br />

Para disciplinar o uso <strong>do</strong> reservatório e <strong>de</strong> seu entorno este plano propõe mecanismos <strong>de</strong><br />

proteção da qualida<strong>de</strong> ambiental por meio <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> normas <strong>de</strong> uso, além <strong>de</strong> um<br />

zoneamento, visan<strong>do</strong> sua operacionalização pelas municipalida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>mais gestores <strong>do</strong> processo.<br />

O reservatório e suas respectivas áreas marginais terão os seus usos disciplina<strong>do</strong>s, conforme<br />

suas competências, pela ANEEL, ANA, IBAMA, órgão licencia<strong>do</strong>r ambiental estadual ou municipais,<br />

Capitania <strong>do</strong>s Portos, Prefeituras Municipais, pela concessionária da Usina Hidrelétrica - UHE e<br />

<strong>de</strong>mais órgãos para questões específicas eventuais.<br />

O PACUERA é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para o Po<strong>de</strong>r Público (Municipal, Estadual e Fe<strong>de</strong>ral), as<br />

comunida<strong>de</strong>s ribeirinhas, Comitês <strong>de</strong> Bacias, entre outros e, particularmente, para a concessionária,<br />

uma vez que ela é responsável pelo monitoramento da qualida<strong>de</strong> da água <strong>do</strong> reservatório e pelo<br />

tratamento da<strong>do</strong> ao uso e ocupação das áreas da concessão. Adicionalmente, a água também<br />

representa o insumo básico <strong>do</strong> processo produtivo das UHEs portanto, o comprometimento da<br />

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qualida<strong>de</strong> e da quantida<strong>de</strong> da mesma po<strong>de</strong> afetar a geração das usinas, objetivo principal da<br />

formação <strong>do</strong> reservatório (ABRAGE, 2008).<br />

O objetivo geral <strong>de</strong>ste trabalho é a realização <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Atualização <strong>do</strong> <strong>Plano</strong> <strong>Ambiental</strong><br />

<strong>de</strong> Conservação e Uso <strong>do</strong> Entorno <strong>do</strong> Reservatório o qual foi elabora<strong>do</strong> inicialmente em 2002 e<br />

entregue ao <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> para apreciação. Na ocasião tal <strong>do</strong>cumento não foi leva<strong>do</strong><br />

à discussão, em audiências públicas nos municípios afeta<strong>do</strong>s, para posterior incorporação <strong>de</strong> novas<br />

propostas e, portanto não obteve aprovação final e não foi instituí<strong>do</strong> através <strong>de</strong> dispositivo legal.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o disposto a cima as ações propostas levaram em consi<strong>de</strong>ração as condições<br />

ambientais da região, através <strong>de</strong> uma atualização <strong>do</strong> diagnóstico, as necessida<strong>de</strong>s e planos diretores<br />

existentes nos municípios envolvi<strong>do</strong>s. As ações culminaram em uma revisão <strong>do</strong> zoneamento proposto<br />

anteriormente e na re<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> tal forma que se garanta a sustentabilida<strong>de</strong><br />

socioeconômica e ambiental da área em estu<strong>do</strong>.<br />

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2 ÁREA DE ESTUDO<br />

2.1 Usina Hidrelétrica Governa<strong>do</strong>r Bento Munhoz da Rocha Neto<br />

A área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> compreen<strong>de</strong> o reservatório da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, situa<strong>do</strong> na unida<strong>de</strong><br />

hidrográfica <strong>do</strong> Médio Iguaçu, no su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. O rio Iguaçu nasce nas imediações<br />

<strong>de</strong> Curitiba e é um <strong>do</strong>s principais afluentes <strong>do</strong> rio <strong>Paraná</strong>, apresentan<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> potencial energético.<br />

O reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> é o primeiro <strong>de</strong> uma cascata <strong>de</strong> cinco usinas hidrelétricas (<strong>Foz</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Areia</strong>, Segre<strong>do</strong>, Salto Santiago, Salto Osório e Salto Caxias). Com a formação <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Areia</strong> foram atingidas áreas <strong>do</strong>s municípios <strong>de</strong> Pinhão, Cruz Macha<strong>do</strong>, Bituruna, Porto Vitória e<br />

União da Vitória (Figura 1).<br />

A usina hidrelétrica Governa<strong>do</strong>r Bento Munhoz da Rocha Neto está localizada entre as<br />

coor<strong>de</strong>nadas 25 o 53’S e 51 o 13’O e 26 o 12’ S e 51 o 41’O sen<strong>do</strong> a área <strong>de</strong> drenagem <strong>do</strong> reservatório é<br />

<strong>de</strong> 29.900km 2 . O nível d'água máximo <strong>de</strong> operação encontra-se na cota 742 m sen<strong>do</strong> o nível máximo<br />

maximórum <strong>de</strong> 745 m. A área inundada correspon<strong>de</strong> no nível normal a 139 km 2 com um volume<br />

total acumula<strong>do</strong> <strong>de</strong> 5779,00 hm 3 e tempo <strong>de</strong> residência 102 dias. A profundida<strong>de</strong> máxima <strong>do</strong><br />

reservatório <strong>de</strong> 160 m e profundida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 40 m, sen<strong>do</strong> que o mesmo opera com<br />

<strong>de</strong>plecionamento que po<strong>de</strong> atingir até 47 m. A soleira da tomada da água está localizada na cota 678<br />

m. O enchimento <strong>do</strong> reservatório iniciou-se em 1980 e o inicio da operação comercial <strong>de</strong>u-se em<br />

outubro <strong>de</strong> 1980 (COPEL, 2008).<br />

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Figura 1 - Localização da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s<br />

A Tabela 1 mostra a área total atingida e a parcial, por município, nas cotas 742 m (cota<br />

máxima <strong>de</strong> operação) e 745 m (cota <strong>de</strong> <strong>de</strong>sapropriação na área rural). Como o reservatório se<br />

encontra encaixa<strong>do</strong> em um vale estreito, sua área <strong>de</strong> inundação atinge, em maior proporção, áreas<br />

íngremes e baixas rurais daqueles municípios. O percentual <strong>de</strong> terras atingidas em relação à área<br />

total <strong>de</strong> cada município mostra que a maior parcela correspon<strong>de</strong> aos municípios <strong>de</strong> Cruz Macha<strong>do</strong> e<br />

Bituruna, segui<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s <strong>de</strong> Pinhão, União da Vitória e Porto Vitória. Observa-se que a operação até a<br />

cota 742,0 m exclui a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inundação <strong>de</strong> áreas no município <strong>de</strong> Porto União e limita a<br />

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área atingida <strong>do</strong> município <strong>de</strong> União da Vitória a um valor significativamente menor <strong>do</strong> que aquele na<br />

cota 745,0 m.<br />

Tabela 1 - Área atingida por município na cota 742 metros<br />

Município Área <strong>do</strong><br />

município km 2<br />

Área inundada<br />

(1997)<br />

total (km 2 )<br />

Cota 742,0 m (cota máxima <strong>de</strong> operação)<br />

Participação <strong>do</strong><br />

município na área<br />

atingida total (%)<br />

Área atingida<br />

por município<br />

(%)<br />

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Margem<br />

Bituruna 1.215,41 46,37 36,37 3,82 esquerda<br />

Cruz Macha<strong>do</strong> 1.476,50 50,00 39,22 3,39 direita<br />

Pinhão 2.001,68 22,56 17,70 1,13 direita<br />

Porto União 923,88 - 0,00 0,00 esquerda<br />

Porto Vitória 201,19 3,96 3,11 1,97 esquerda<br />

União da Vitória 731,73 4,59 3,60 0,63 direita/esquerda<br />

Total 6.550,39 127,48 100,00<br />

Fonte: COPEL (2001a)<br />

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3 METODOLOGIA DE TRABALHO<br />

A elaboração <strong>de</strong>ste plano diretor tem como priorida<strong>de</strong> a proposição <strong>de</strong> medidas para o<br />

zoneamento <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório que sejam transigentes tanto com a Lei como com a tradição<br />

<strong>de</strong> uso <strong>do</strong> solo estabelecida na região. Busca-se <strong>de</strong>sta maneira, mediar possíveis conflitos entre as<br />

formas <strong>de</strong> ocupação legalmente admissíveis e aquelas atualmente existentes no entorno <strong>do</strong><br />

reservatório que, embora não estejam em conformida<strong>de</strong> com a lei, possam ser enquadradas nos<br />

parâmetros da lei sem resultar em prejuízos aos habitantes da região.<br />

Para elaboração <strong>de</strong>ste <strong>do</strong>cumento foi confeccionada uma proposta <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> mínimo<br />

discuti<strong>do</strong> com a COPEL, AMBIOTECH e LACTEC a qual <strong>de</strong>veria contemplar as ativida<strong>de</strong>s dispostas no<br />

contrato estabeleci<strong>do</strong> entre as partes.<br />

A meto<strong>do</strong>logia a<strong>do</strong>tada teve como objetivo fundamental, o diagnóstico realista da ocupação<br />

existente na faixa <strong>de</strong> 1.000 metros <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório, para que as propostas daí<br />

<strong>de</strong>correntes contemplem to<strong>do</strong>s os interesses envolvi<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> uma perspectiva local.<br />

O mapa <strong>de</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo e cobertura vegetal foi elabora<strong>do</strong> a partir da interpretação<br />

<strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> satélite <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2008. Com o mapa atualiza<strong>do</strong> foi possível comparar as imagens<br />

recentes (2008) da faixa <strong>de</strong> 1.000 metros <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong>s reservatórios <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, com as<br />

anteriormente utilizadas na elaboração <strong>do</strong> <strong>Plano</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>de</strong>ste reservatório, para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong><br />

áreas importantes a serem reconhecidas em campo. A meto<strong>do</strong>logia completa utilizada na elaboração<br />

<strong>do</strong>s mapas <strong>de</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo está <strong>de</strong>scrita no item 5.1.6 <strong>de</strong>ste <strong>do</strong>cumento.<br />

Em relação ao item anterior, enfoque especial foi da<strong>do</strong> à avaliação <strong>de</strong> remanescentes<br />

florestais comparativamente aos registros feitos por ocasião da elaboração <strong>do</strong>s <strong>Plano</strong>s Ambientais<br />

<strong>do</strong>s referi<strong>do</strong>s reservatórios.<br />

Foi realizada uma verificação das ocupações <strong>de</strong>ntro da faixa <strong>de</strong> 100 metros no entorno <strong>do</strong>s<br />

reservatórios <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, utilizan<strong>do</strong> recursos fotográficos e <strong>de</strong> georreferenciamento para<br />

locação no mapa <strong>de</strong> uso e ocupação atual. Realizou-se uma avaliação da evolução das novas<br />

ocupações em relação ao perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> elaboração <strong>do</strong>s planos ambientais e eventuais reflexos<br />

ambientais.<br />

Foi feito um estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> perfil socioeconômico <strong>do</strong>s ocupantes da faixa <strong>de</strong> 100 metros, através<br />

<strong>de</strong> pesquisa qualitativa (ou semi-estruturada), aliada a um levantamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s<br />

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secundários, a qual permite captar informações junto aos confrontantes e às autorida<strong>de</strong>s municipais,<br />

que fogem ao alcance <strong>de</strong> uma pesquisa puramente quantitativa.<br />

Para tanto foram realizadas entrevistas com representantes <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público municipal <strong>de</strong><br />

to<strong>do</strong>s os municípios atingi<strong>do</strong>s pelo reservatório, com funcionários da COPEL que atuaram e atuam na<br />

região <strong>do</strong> reservatório e também pequenos e gran<strong>de</strong>s proprietários da região.<br />

Reconhecimento <strong>de</strong> campo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o reservatório, por água e terra, a fim <strong>de</strong> avaliar a<br />

situação ambiental existente e coletar impressões <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res locais e usuários ocasionais <strong>do</strong><br />

“alaga<strong>do</strong>” (expressão regional para o reservatório).<br />

Como complementação <strong>do</strong> diagnóstico sócio-econômico foram realizadas visitas às<br />

prefeituras <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong>s reservatórios em questão, com ênfase ao disposto nos<br />

planos diretores <strong>de</strong>stes municípios, no que se refere ao uso <strong>do</strong>s reservatórios e às expectativas da<br />

municipalida<strong>de</strong>.<br />

Com base no monitoramento realiza<strong>do</strong> pelo LACTEC para a COPEL a partir <strong>de</strong> 2003 foi feita a<br />

atualização <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água e avaliação <strong>do</strong>s problemas <strong>de</strong> floração ocorrentes no<br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

Realizou-se uma avaliação da situação atual <strong>do</strong>s Comitês <strong>de</strong> Bacia <strong>do</strong> Iguaçu e afluentes na<br />

área <strong>do</strong>s reservatórios (Bacia <strong>do</strong> Jordão), com relação à gestão das respectivas bacias, especialmente<br />

<strong>do</strong>s usos múltiplos <strong>do</strong>s reservatórios em questão.<br />

Proce<strong>de</strong>u-se à revisão <strong>do</strong>s programas ambientais anteriormente propostos no <strong>Plano</strong><br />

<strong>Ambiental</strong> <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e <strong>de</strong> Segre<strong>do</strong> em função <strong>de</strong> novas expectativas da municipalida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> sua<br />

a<strong>de</strong>quação à nova realida<strong>de</strong> política, ten<strong>do</strong> em vista a ênfase governamental no programa <strong>de</strong><br />

recuperação <strong>de</strong> matas ciliares no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> e as iniciativas da COPEL neste senti<strong>do</strong>.<br />

Utilização <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s secundários históricos e recentes para a <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong>s meios físico e<br />

biótico, que permitiram a avaliação segura <strong>do</strong> status <strong>de</strong> conservação <strong>do</strong> ecossistema natural.<br />

Análise <strong>do</strong>s Relatórios <strong>de</strong> Inspeção <strong>do</strong> Reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e <strong>do</strong> Relatório <strong>Ambiental</strong><br />

da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, realiza<strong>do</strong>s respectivamente em 2001 e 2000.<br />

Para a <strong>de</strong>finição da proposta <strong>de</strong> zoenamento foi elabora<strong>do</strong> um mapa <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os<br />

seguintes critérios, quais sejam: características <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> (quan<strong>do</strong> elevadas, a vocação é <strong>de</strong><br />

preservação); proteção das nascentes <strong>do</strong>s rios, asseguran<strong>do</strong> a preservação da vegetação nos<br />

respectivos entornos; proteção e expansão das áreas florestais mais <strong>de</strong>nsas; uso para agricultura em<br />

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áreas <strong>de</strong> pouca <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> e on<strong>de</strong> a vocação atual é agropastoril; áreas <strong>de</strong> lazer em espaços que se<br />

projetam para o interior <strong>do</strong> reservatório, que não interceptam os corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong><br />

(impedin<strong>do</strong> a transferência <strong>de</strong> genes), on<strong>de</strong> o relevo é plano e o acesso é facilita<strong>do</strong> pela proximida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> travessia <strong>de</strong> balsas ou pela presença <strong>de</strong> estrutura viária; expansão <strong>de</strong> áreas urbanas<br />

para o interior <strong>do</strong>s municípios e não para o entorno <strong>do</strong>s rios e reservatórios.<br />

A análise <strong>de</strong> todas as informações obtidas juntamente com a interpretação <strong>do</strong>s dispositivos<br />

legais vincula<strong>do</strong>s ao tema, resultou na proposição <strong>do</strong> zoneamento <strong>do</strong> reservatório e <strong>de</strong> programas<br />

ambientais capazes <strong>de</strong> garantir o equilíbrio e a recuperação ambiental da região estudada, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

as proposições sejam encampadas pelos agentes envolvi<strong>do</strong>s em medidas <strong>de</strong> competência específica.<br />

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4 ASPECTOS LEGAIS<br />

4.1 Consi<strong>de</strong>rações Gerais<br />

A manutenção <strong>do</strong> ambiente saudável é fator integrante <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável. Viver <strong>de</strong> forma sustentável implica aceitar a imprescindível busca <strong>de</strong> harmonia com<br />

outras pessoas e com a natureza.<br />

A legislação ambiental brasileira, nas últimas décadas, tem avança<strong>do</strong> significativamente e<br />

po<strong>de</strong>-se dizer hoje estão em vigência no país normas que, se corretamente implementadas e<br />

cumpridas, po<strong>de</strong>m ser instrumentos <strong>de</strong> uma política ambiental <strong>de</strong> dimensões e concepções corretas.<br />

É <strong>de</strong> suma importância salientar que o empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r da Usina Hidrelétrica Governa<strong>do</strong>r Bento<br />

Munhoz da Rocha Neto obteve a “Concessão para o aproveitamento hidráulico <strong>de</strong> um trecho <strong>do</strong> rio<br />

Iguaçu, entre os municípios <strong>de</strong> Pinhão e Bituruna, ambos situa<strong>do</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>” através <strong>do</strong><br />

Decreto N.º 72.293, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1973.<br />

Outrossim, o reservatório da Usina Hidrelétrica <strong>de</strong> Governa<strong>do</strong>r Bento Munhoz da Rocha Neto<br />

iniciou seu funcionamento em uma época em que não havia exigência legal <strong>de</strong> um licenciamento<br />

ambiental para este tipo <strong>de</strong> empreendimento. Des<strong>de</strong> então, a ocupação <strong>do</strong> entorno <strong>de</strong>ste<br />

reservatório vem sen<strong>do</strong> realizada, muitas vezes, sem a <strong>de</strong>vida preocupação ambiental. Inicialmente,<br />

por não existirem normas para o controle e, posteriormente, pela falta <strong>de</strong> cumprimento às normas<br />

ambientais que foram se estabelecen<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s anos.<br />

É importante salientar que as normas ambientais vigentes, que tratam <strong>do</strong> assunto, não fazem<br />

menção aos reservatórios já existentes. Desta forma, o presente <strong>Plano</strong> <strong>Ambiental</strong> visa propor usos<br />

múltiplos ao reservatório sem, contu<strong>do</strong>, transgredir as normas ambientais que regem a matéria.<br />

4.2 A Resolução CONAMA N.º 302, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2002<br />

As áreas <strong>de</strong> preservação permanente – APP´s - são ecossistemas que possuem relevante<br />

interesse para o equilíbrio <strong>do</strong> meio ambiente. Devi<strong>do</strong> a isso, houve a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se criarem<br />

condicionantes que visassem à criação, à preservação e à proteção <strong>de</strong>ssas áreas ao entorno <strong>do</strong>s<br />

reservatórios artificiais. Na Resolução CONAMA N.º 302/2002 vem solucionar esta preocupação<br />

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implantan<strong>do</strong> parâmetros, limites e as <strong>de</strong>finições para dimensionamento das APP´s e o regime <strong>de</strong> uso<br />

<strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong>, ainda, a influência da participação da opinião pública, <strong>do</strong><br />

comitê <strong>de</strong> bacia e <strong>do</strong> órgão ambiental competente nas <strong>de</strong>cisões a serem tomadas quanto à<br />

implantação <strong>de</strong> reservatórios artificiais.<br />

Devi<strong>do</strong> ao fato <strong>de</strong> que estas áreas possuem uma função ambiental muito importante na<br />

preservação <strong>do</strong>s recursos hídricos, da paisagem, da estabilida<strong>de</strong> geológica, da biodiversida<strong>de</strong>, <strong>do</strong><br />

fluxo <strong>de</strong> genes da fauna e flora, além da proteção <strong>do</strong> solo e o bem-estar da população humana.<br />

Nesta Resolução foi <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> que o empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r será responsável por elaborar um <strong>Plano</strong><br />

<strong>Ambiental</strong> <strong>de</strong> Conservação e Uso <strong>do</strong> Entorno <strong>do</strong> Reservatório – PACUERA, o qual será avalia<strong>do</strong> pelas<br />

partes cabíveis, on<strong>de</strong> estarão propostas medidas como: disciplinarieda<strong>de</strong>, conservação, recuperação<br />

e uso racional <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong>s reservatórios, para fins <strong>de</strong> licenciamento ambiental.<br />

Outra preocupação nas APP´s é quanto à intervenção antrópica ocasionada através da<br />

implantação <strong>do</strong> reservatório. Sen<strong>do</strong> assim, esta norma legal estabelece que <strong>de</strong>verão ser tomadas<br />

medidas preventivas tanto para uma intervenção dimensional <strong>do</strong> reservatório, quanto para uma<br />

ocupação urbana, as quais, não po<strong>de</strong>rão ultrapassar os critérios e os limites estabeleci<strong>do</strong>s pela já<br />

nominada Resolução, além <strong>de</strong> incluir toda uma estrutura urbana prevista no <strong>Plano</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>de</strong><br />

Conservação e Uso <strong>do</strong> Entorno <strong>do</strong> Reservatório - PACUERA a ser elabora<strong>do</strong> pelo empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r e<br />

aprova<strong>do</strong> pelo órgão ambiental competente, principalmente quanto aos reservatórios que são<br />

responsáveis por fornecer energia e abastecimento público.<br />

A socieda<strong>de</strong>, juntamente com o comitê <strong>de</strong> bacia, possui uma importância crucial nas <strong>de</strong>cisões<br />

a serem tomadas quanto à implantação <strong>do</strong> empreendimento e na avaliação <strong>do</strong>s planos ambientais <strong>de</strong><br />

conservação e uso <strong>do</strong> solo ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> reservatório. A instalação <strong>de</strong> áreas como pólos turísticos e <strong>de</strong><br />

lazer po<strong>de</strong>m estar incluídas neste plano, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não excedam os limites estabeleci<strong>do</strong>s <strong>de</strong> área;<br />

todavia, só po<strong>de</strong>rão ser ocupadas se estiverem enquadradas na legislação municipal, estadual e<br />

fe<strong>de</strong>ral.<br />

Ten<strong>do</strong> em vista que a presente Resolução não faz menção aos reservatórios já existentes<br />

anteriormente à sua vigência, enten<strong>de</strong>-se que, para estes, po<strong>de</strong>rão ser <strong>de</strong>terminadas larguras<br />

diferentes das ali enunciadas. As mesmas, entretanto, não <strong>de</strong>verão ser inferiores a 30 metros.\<br />

Apesar da elaboração <strong>do</strong> PACUERA pelo empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r ser uma obrigação legal, expressa na<br />

Resolução N.º 302/02 <strong>do</strong> CONAMA, o disciplinamento <strong>do</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo nos municípios é<br />

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<strong>de</strong> competência <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Público local. Assim sen<strong>do</strong> cabe ao empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ser o agente cataliza<strong>do</strong>r <strong>do</strong> processo, articulan<strong>do</strong>-se com as partes interessadas e fornecen<strong>do</strong> os<br />

recursos técnicos para sua elaboração.<br />

Conforme ABRAGE, 2008, em sen<strong>do</strong> uma obrigação legal <strong>do</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r a elaboração <strong>do</strong><br />

PACUERA, as concessionárias enten<strong>de</strong>m que as ações contempladas no plano <strong>de</strong>vem ser distribuídas<br />

conforme apresenta<strong>do</strong> na Tabela 2.<br />

Tabela 2 – Ações <strong>do</strong> <strong>Plano</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>de</strong> Conservação e Uso <strong>do</strong> Entorno <strong>de</strong> Reservatório Artificial – PACUERA<br />

Agentes Atribuições<br />

Concessionária · implantar os programas ambientais <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s nos Estu<strong>do</strong>s Ambientais e nas<br />

condicionantes das licenças;<br />

· <strong>de</strong>finir critérios para uso múltiplo <strong>do</strong> reservatório, priorizan<strong>do</strong> o objetivo prepon<strong>de</strong>rante<br />

<strong>de</strong> sua formação;<br />

· alienar ou <strong>de</strong>stinar áreas <strong>de</strong> sua proprieda<strong>de</strong> para ativida<strong>de</strong>s compatíveis com o<br />

zoneamento <strong>de</strong> usos;<br />

· acompanhar eventos e projetos que possam provocar alterações ambientais no<br />

reservatório;<br />

· propiciar treinamento e qualificação <strong>do</strong>s recursos humanos das prefeituras envolven<strong>do</strong><br />

o entendimento <strong>do</strong> zoneamento e <strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong> normas <strong>de</strong> usos, bem como das<br />

potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong>s usos múltiplos e da legislação aplicável;<br />

· i<strong>de</strong>ntificar e comunicar aos órgãos ambientais quanto a interferências com a legislação<br />

ambiental, ocorrências <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação e pontos <strong>de</strong> poluição na área <strong>de</strong> influência <strong>do</strong><br />

plano;<br />

· dar continuida<strong>de</strong> às ações <strong>de</strong> educação ambiental, enfatizan<strong>do</strong> questõesvinculadas ao<br />

reservatório e ao uso <strong>de</strong> suas margens.<br />

Prefeituras · consi<strong>de</strong>rar as recomendações <strong>do</strong> PACUERA nos <strong>Plano</strong>s <strong>Diretor</strong>es <strong>do</strong>s Municípios;<br />

· consi<strong>de</strong>rar as recomendações <strong>do</strong> PACUERA como requisito para licenciamento <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> impacto local;<br />

· planejar e disciplinar o uso das áreas marginais <strong>do</strong> reservatório;<br />

· respeitar as legislações que regem o parcelamento <strong>do</strong> solo urbano;<br />

· estabelecer legislação para que a ocupação e uso <strong>do</strong> solo ocorra <strong>de</strong> forma or<strong>de</strong>nada.<br />

Órgãos Ambientais · aprovar , divulgar e fiscalizar a implantação <strong>do</strong> PACUERA;<br />

· consi<strong>de</strong>rar as recomendações <strong>do</strong> PACUERA como requisito para licenciamento <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s na região;<br />

Secretarias Estaduais e<br />

Municipais<br />

Consórcios Intermunicipais,<br />

Associações <strong>de</strong> Municípios e<br />

Comitê <strong>de</strong> Bacia<br />

Fonte: ABRAGE, 2008<br />

· consi<strong>de</strong>rar as recomendações <strong>do</strong> PACUERA na <strong>de</strong>finição das políticas públicas <strong>do</strong>s<br />

esta<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s municípios, especialmente nos assuntos relaciona<strong>do</strong>s às áreas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

educação, meio ambiente, <strong>de</strong>senvolvimento urbano e rural.<br />

· consi<strong>de</strong>rar as recomendações <strong>do</strong> PACUERA na implementação <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> bacias,<br />

projetos <strong>de</strong> infra-estrutura <strong>de</strong> usos múltiplos e <strong>de</strong> caráter regional.<br />

A aprovação <strong>do</strong> <strong>Plano</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>de</strong>verá ser precedida da realização <strong>de</strong> audiência pública, sob<br />

pena <strong>de</strong> nulida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ato administrativo (Art. 4º, §2º Resolução CONAMA N.º 302/02).<br />

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Na análise <strong>do</strong> <strong>Plano</strong> <strong>Ambiental</strong>, será ouvi<strong>do</strong> o respectivo comitê da bacia hidrográfica, quan<strong>do</strong><br />

houver (Art. 4º, §3º Resolução CONAMA N.º 302/02).<br />

O <strong>Plano</strong> <strong>Ambiental</strong> po<strong>de</strong>rá indicar áreas para implantação <strong>de</strong> pólos turísticos e <strong>de</strong> lazer no<br />

entorno <strong>do</strong> reservatório, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que não ultrapassem em <strong>de</strong>z por cento da área total <strong>do</strong> entorno,<br />

respeitan<strong>do</strong> a legislação fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal, e <strong>de</strong>vidamente licenciada pelo órgão<br />

ambiental competente, quan<strong>do</strong> necessário (Art. 4º, § 4º e §5º da Resolução CONAMA N.º 302/02).<br />

A <strong>de</strong>terminação da faixa <strong>de</strong> preservação permanente, em faixa urbana, foi estabelecida pela<br />

Resolução CONAMA N.º 303, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2002, a qual dispõe sobre parâmetros, <strong>de</strong>finições e<br />

limites <strong>de</strong> Áreas <strong>de</strong> Preservação Permanente.<br />

4.3 A Medida Provisória 2.166-67, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2001<br />

A Medida Provisória acima mencionada altera os Artigos 1º, 4º, 14, 16 e 44 e acresce<br />

dispositivos à Lei N.º 4.771, <strong>de</strong> 15/09/1965, que institui o Código Florestal, bem como altera o<br />

Art. 10 da Lei N.º 9.393, <strong>de</strong> 19/12/1996, que dispõe sobre o Imposto Territorial Rural – ITR, e dá<br />

outras providências.<br />

Dentre as modificações inseridas nos dispositivos legais já enuncia<strong>do</strong>s, é mister salientar a<br />

inovação contida nos parágrafos 2º e 6º, <strong>do</strong> Art. 4º da Lei N.º 4.771/65 – Código Florestal.<br />

Dizem os cita<strong>do</strong>s parágrafos:<br />

“§2º: A supressão da vegetação em área <strong>de</strong> preservação permanente situada em área<br />

urbana, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> autorização <strong>do</strong> órgão ambiental competente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o município possua<br />

conselho <strong>de</strong> meio ambiente em caráter <strong>de</strong>liberativo e <strong>Plano</strong> <strong>Diretor</strong>, mediante anuência <strong>do</strong> órgão<br />

estadual competente, fundamentada em parecer técnico.”<br />

“§6º: Na implantação <strong>de</strong> reservatório artificial é obrigatória a <strong>de</strong>sapropriação ou aquisição,<br />

pelo empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r, das áreas <strong>de</strong> preservação permanente criadas no seu entorno, cujos parâmetros<br />

e regime <strong>de</strong> uso serão <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s por resolução <strong>do</strong> CONAMA.”<br />

Observa-se que o §2º vem ratificar a competência municipal sobre as áreas <strong>de</strong> preservação<br />

inseridas em perímetros urbanos, <strong>de</strong>legan<strong>do</strong> ao município e seu respectivo <strong>Plano</strong> <strong>Diretor</strong> a<br />

competência para <strong>de</strong>finir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> supressão <strong>de</strong> vegetação nestas áreas.<br />

Já ao interpretar o §6º, constata-se que é inserida na legislação uma obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

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aquisição, pelo empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r, das áreas <strong>de</strong> preservação permanentes criadas por ocasião da<br />

implantação <strong>do</strong>s reservatórios, sem, porém <strong>de</strong>finir sua metragem, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> a cargo <strong>do</strong> CONAMA a<br />

sua normatização, a fim <strong>de</strong> que este venha a <strong>de</strong>finir tais parâmetros através <strong>de</strong> uma nova resolução,<br />

qual seja N.º 302/02.<br />

Conforme já comenta<strong>do</strong> anteriormente, a Usina Hidrelétrica Governa<strong>do</strong>r Bento Munhoz da<br />

Rocha Neto foi implanta<strong>do</strong> no ano <strong>de</strong> 1980, ou seja, em uma época em que não existia uma<br />

legislação ambiental que <strong>de</strong>terminasse esta obrigação. A Resolução CONAMA N.º 302, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong><br />

março <strong>de</strong> 2002, que dispõe sobre os parâmetros, <strong>de</strong>finições e limites <strong>de</strong> Áreas <strong>de</strong> Preservação<br />

Permanente <strong>de</strong> Reservatórios Artificiais e o regime <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> entorno, foi omissa quanto aos<br />

reservatórios existentes anteriormente à sua vigência. Enten<strong>de</strong>-se, <strong>de</strong>ste mo<strong>do</strong>, que tal<br />

obrigatorieda<strong>de</strong> inci<strong>de</strong> apenas aos novos reservatórios, ou àqueles que estejam em processo <strong>de</strong><br />

privatização (Art.5º da Resolução CONAMA N.º 302/02).<br />

Ressalte-se que, pelo disposto no artigo 2º da Emenda Constitucional N.º 32/01, “Nas<br />

medidas provisórias editadas em data anterior à da publicação <strong>de</strong>sta emenda continuam em vigor até<br />

que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até <strong>de</strong>liberação <strong>de</strong>finitiva <strong>do</strong> Congresso<br />

Nacional”.<br />

Note-se que a MP N.º 2.166-67 encontra-se em pleno vigor, uma vez que não foi objeto <strong>de</strong><br />

revogação por outra MP e nem teve <strong>de</strong>liberação <strong>de</strong>finitiva <strong>do</strong> Congresso Nacional, estan<strong>do</strong> na pauta<br />

<strong>de</strong> discussões <strong>de</strong>ste.<br />

4.4 O Reflorestamento <strong>de</strong> Preservação Permanente<br />

O Art. 18 <strong>do</strong> Código Florestal é claro ao enunciar:<br />

“Art. 18: Nas terras <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> privada on<strong>de</strong> seja necessário o reflorestamento <strong>de</strong><br />

preservação permanente, o Po<strong>de</strong>r Público po<strong>de</strong>rá fazê-lo, sem <strong>de</strong>sapropriá-las, se não fizer o<br />

proprietário”.<br />

Segun<strong>do</strong> o ilustre <strong>do</strong>utrina<strong>do</strong>r Paulo Afonso Leme Macha<strong>do</strong>, “in” Direito <strong>Ambiental</strong> Brasileiro,<br />

às fls. 731, “O artigo aponta<strong>do</strong> pressupõe o raciocínio <strong>de</strong> que incumbe aos proprietários das terras<br />

(mesmo públicas) plantarem as florestas ou reflorestarem as áreas <strong>de</strong> preservação permanente.<br />

Contu<strong>do</strong>, a lei florestal dá uma gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação ao Po<strong>de</strong>r Público, que po<strong>de</strong> intervir na<br />

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proprieda<strong>de</strong> sem <strong>de</strong>sapropriá-la”.<br />

Apesar <strong>de</strong> reconhecer a necessida<strong>de</strong> da manutenção <strong>de</strong> áreas florestadas nas margens <strong>do</strong>s<br />

corpos <strong>de</strong> água, em locais <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s como <strong>de</strong> preservação permanente, assim como não permitin<strong>do</strong> a<br />

exploração <strong>de</strong>sta cobertura vegetal, o Art. 18 da Lei N.º 4.771/65 não efetiva a “obrigação <strong>de</strong> fazer” o<br />

reflorestamento ao proprietário que possua APP´s com necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperação, abrin<strong>do</strong> a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para a execução <strong>de</strong>sta tarefa.<br />

O espírito <strong>do</strong> Código Florestal, interpretan<strong>do</strong> a lei <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o fim que ela se <strong>de</strong>stina,<br />

<strong>de</strong>monstra que as florestas <strong>de</strong> preservação permanente não são suscetíveis <strong>de</strong> exploração. Aliás, essa<br />

é a correta interpretação <strong>do</strong> art. 16 <strong>do</strong> Estatuto Florestal, quan<strong>do</strong> prevê como ressalva para a<br />

exploração da floresta <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio priva<strong>do</strong> o fato <strong>de</strong> a mesma ser <strong>de</strong> preservação permanente.<br />

Destaca-se, entretanto, que se houver prova da ação <strong>do</strong> proprietário rural na retirada da<br />

vegetação <strong>de</strong> preservação permanente, po<strong>de</strong>rá a Po<strong>de</strong>r Público obrigá-lo à recuperação <strong>de</strong>sta<br />

vegetação, por haver <strong>de</strong>scumpri<strong>do</strong> o Art. 2º <strong>do</strong> Código Florestal, que não permite a supressão da<br />

vegetação em APP´s.<br />

4.5 O Direito <strong>de</strong> Proprieda<strong>de</strong> e as Limitações Administrativas<br />

O direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> está garanti<strong>do</strong> pela Constituição Fe<strong>de</strong>ral, in verbis: (Art. 5º, XXII)<br />

“O proprietário tem a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar, gozar e dispor da coisa e o direito <strong>de</strong> reavê-la <strong>do</strong><br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> quem quer que injustamente a possua ou <strong>de</strong>tenha”.<br />

O disciplinamento <strong>do</strong> uso da proprieda<strong>de</strong> no que diz respeito à restrição <strong>de</strong> exploração ou<br />

utilização das florestas <strong>de</strong> preservação permanente apresenta as características <strong>de</strong> generalida<strong>de</strong>,<br />

atingin<strong>do</strong> proprieda<strong>de</strong>s in<strong>de</strong>terminadas, constituin<strong>do</strong>-se, portanto, limitações administrativas<br />

impostas à proprieda<strong>de</strong>.<br />

Ao se estabelecerem larguras <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> preservação permanente no entorno <strong>de</strong><br />

reservatórios artificiais, o Esta<strong>do</strong> criou limitações administrativas nas proprieda<strong>de</strong>s lin<strong>de</strong>iras.<br />

Segun<strong>do</strong> Hely Lopes Meirelles, “in Direito Administrativo”, 19ª edição, pág. 539:<br />

“Limitação administrativa é toda a imposição geral, gratuita, unilateral e <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pública,<br />

condiciona<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> exercício <strong>de</strong> direitos ou <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s particulares às exigências <strong>do</strong> bem estar<br />

social”.<br />

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Analisan<strong>do</strong> o Código Florestal <strong>de</strong> 1934, que previa as florestas "protetoras", discorria Osny<br />

Duarte Pereira, “in” Direito <strong>Ambiental</strong> Brasileiro, ao tratar <strong>de</strong>stas matas, "evi<strong>de</strong>ntemente<br />

necessárias":<br />

“Sua conservação não é apenas por interesse público, mas por interesse direto e imediato <strong>do</strong><br />

próprio <strong>do</strong>no. Assim como ninguém escava o terreno <strong>do</strong>s alicerces <strong>de</strong> sua casa, porque po<strong>de</strong>rá<br />

comprometer a segurança da mesma, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> ninguém arranca as árvores das nascentes,<br />

das margens <strong>do</strong>s rios, nas encostas das montanhas, ao longo das estradas, porque po<strong>de</strong>rá vir a ficar<br />

sem água, sujeito as inundações, sem vias <strong>de</strong> comunicação, pelas barreiras e outros males<br />

conhecidamente resultantes <strong>de</strong> sua insensatez. As árvores nesses lugares estão para as respectivas<br />

terras como o vestuário está para o corpo humano. Proibin<strong>do</strong> a <strong>de</strong>vastação, o Esta<strong>do</strong> nada mais faz<br />

que auxiliar o próprio particular a bem administrar os seus bens individuais, abrin<strong>do</strong>-lhes os olhos<br />

contra os danos que po<strong>de</strong>ria inadvertidamente cometer contra si mesmo”.<br />

As limitações administrativas só são legítimas quan<strong>do</strong> representam razoáveis medidas <strong>de</strong><br />

condicionamento <strong>do</strong> uso da proprieda<strong>de</strong>, em benefício <strong>do</strong> bem-estar social (CF, art. 170, III), e não<br />

impe<strong>de</strong>m a utilização da coisa segun<strong>do</strong> sua <strong>de</strong>stinação natural. A limitação administrativa tem como<br />

característica a gratuida<strong>de</strong> e a generalida<strong>de</strong> da medida protetora <strong>do</strong>s interesses da comunida<strong>de</strong>.<br />

As limitações administrativas têm natureza jurídica <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pública, são regidas pelo Direito<br />

Administrativo, diversamente das restrições civis, que permanecem reguladas pelo Direito Priva<strong>do</strong>.<br />

Enten<strong>de</strong>-se, portanto, que as limitações contidas nas florestas <strong>de</strong> preservação permanente <strong>do</strong><br />

Art. 2º não são in<strong>de</strong>nizáveis pelo po<strong>de</strong>r público. Entretanto, vale ressaltar o estabeleci<strong>do</strong> no Art. 18, §<br />

1º <strong>do</strong> Código Florestal:<br />

§ 1º: Se tais áreas estiverem sen<strong>do</strong> utilizadas com culturas, <strong>de</strong> seu valor <strong>de</strong>verá ser<br />

in<strong>de</strong>niza<strong>do</strong> o proprietário”.<br />

Estas observações, apesar <strong>de</strong> parecerem conflitantes, apresentam uma orientação legal bem<br />

<strong>de</strong>finida. Não se está in<strong>de</strong>nizan<strong>do</strong> a limitação imposta à proprieda<strong>de</strong> e sim o bem individual agrega<strong>do</strong><br />

a esta, em função <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> produtiva, realizada pelo proprietário em momento anterior à<br />

imposição da limitação administrativa.<br />

Utilizan<strong>do</strong>-se novamente <strong>do</strong>s ensinamentos <strong>de</strong> Hely Lopes Meirelles, na questão referente às<br />

limitações administrativas, tem-se que estas...<br />

“... se exteriorizam em imposições unilaterais e imperativas, sob tríplice modalida<strong>de</strong>: positiva<br />

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(fazer), negativa (não fazer) ou permissiva (<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> fazer). No primeiro caso o particular fica<br />

obriga<strong>do</strong> a realizar o que a administração lhe impõe; no segun<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ve abster-se <strong>de</strong> fazer <strong>do</strong> que lhe<br />

é veda<strong>do</strong>; no terceiro, <strong>de</strong>ve permitir algo em sua proprieda<strong>de</strong>.<br />

Em qualquer hipótese, porém, as limitações administrativas hão <strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r a justas<br />

exigências <strong>do</strong> interesse público que as motiva, sem produzir um total aniquilamento da proprieda<strong>de</strong><br />

e das ativida<strong>de</strong>s reguladas. (...) Só são legítimas quan<strong>do</strong> representarem razoáveis medidas <strong>de</strong><br />

condicionamento <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> solo da proprieda<strong>de</strong> em benefício <strong>do</strong> bem-estar social".<br />

Mas, se o impedimento ocorrente pela limitação administrativa atingir a maior parte da<br />

proprieda<strong>de</strong> ou sua totalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> ser limitação para ser interdição <strong>de</strong> uso da proprieda<strong>de</strong> e,<br />

neste caso, o Po<strong>de</strong>r Público, ficará obriga<strong>do</strong> a in<strong>de</strong>nizar a restrição que aniquilou o direito <strong>do</strong>minial e<br />

suprimiu o valor econômico <strong>do</strong> bem. Esta regra que <strong>de</strong>flui <strong>do</strong> princípio da solidarieda<strong>de</strong> social,<br />

segun<strong>do</strong> o qual só é legítimo o ônus suporta<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s, em favor <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, não tem exceção no<br />

Direito pátrio nem nas legislações estrangeiras.<br />

Corroboran<strong>do</strong> com a assertiva acima mencionada, o abaliza<strong>do</strong> <strong>do</strong>utrina<strong>do</strong>r Antônio Herman V.<br />

Benjamim, “in” Temas <strong>de</strong> Direito <strong>Ambiental</strong> e Urbanístico, às fls. 73/74 é categórico ao manifestar-se<br />

a respeito afirman<strong>do</strong>:<br />

“Logo <strong>de</strong> início, tenha ou não a restrição ambiental origem no Código Florestal, po<strong>de</strong>mos<br />

afirmar que, em tese, há <strong>de</strong>sapropriação indireta sempre que a Administração Pública, levan<strong>do</strong>-se em<br />

consi<strong>de</strong>ração a totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> bem, ao interferir com o direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>:<br />

a. aniquilar o direito <strong>de</strong> exclusão (dan<strong>do</strong> um espaço priva<strong>do</strong> para fins <strong>de</strong> uso comum <strong>do</strong> povo, como<br />

ocorre com visitação pública nos Parques estatais);<br />

b. eliminar, por inteiro, o direito <strong>de</strong> alienação;<br />

c. inviabilizar, integralmente o uso econômico <strong>do</strong> proprietário, na completa extensão daquilo que é<br />

seu.<br />

Nessas três hipóteses, o <strong>do</strong>mínio, mediante justa in<strong>de</strong>nização, há que passar para o Esta<strong>do</strong>,<br />

sofren<strong>do</strong> este o encargo daquela, como conseqüência <strong>de</strong>, por ato seu, nas expressões<br />

apropriadíssimas <strong>do</strong> Ministro Celso Mello no Recurso Extraordinário N.º 134.297-8 SP, v.u. j.<br />

13.06.95, “virtualmente esterilizar, em seu conteú<strong>do</strong> essencial, o direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>”.<br />

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Diferentemente, não cabe in<strong>de</strong>nização, ‘tout court’, quan<strong>do</strong> o Po<strong>de</strong>r Público, proce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> em<br />

conformida<strong>de</strong> com o suporte constitucional da função sócio-ambiental, regrar a forma <strong>do</strong> uso,<br />

privilegiar – ou mesmo interditar – usança em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outras.<br />

A Constituição não confere a ninguém o direito <strong>de</strong> beneficiar-se <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os usos possíveis e<br />

imagináveis <strong>de</strong> sua proprieda<strong>de</strong>. De outra parte, nenhum imóvel, especialmente os rurais, tem, como<br />

única forma <strong>de</strong> utilização, a exploração ma<strong>de</strong>ireira ou o sacrifício integral <strong>de</strong> sua cobertura vegetal,<br />

remanescen<strong>do</strong> apenas a terra nua (ou melhor, a terra arrasada!). Só muito excepcionalmente, no<br />

mun<strong>do</strong> atual – com seu crescente merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> plantas ornamentais, piscicultura, essências e<br />

ecoturismo – vamos nos <strong>de</strong>parar com áreas em que a única possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração é o<br />

<strong>de</strong>smatamento integral e rasteiro, como forma <strong>de</strong> viabilizar a agricultura.”<br />

No caso da Usina Hidrelétrica Governa<strong>do</strong>r Bento Munhoz da Rocha Neto, a limitação<br />

administrativa imposta pelo Art. 2º <strong>do</strong> Código Florestal já existia sobre as proprieda<strong>de</strong>s lin<strong>de</strong>iras ao<br />

rio Iguaçu, posto que este curso d’água apresentava, no trecho compreendi<strong>do</strong> pelo reservatório,<br />

larguras previstas no Código Florestal sen<strong>do</strong> que muitas das florestas e <strong>de</strong>mais formas <strong>de</strong> vegetação a<br />

uma distância variável já eram <strong>de</strong> preservação permanente.<br />

Ten<strong>do</strong> em vista que à época da implantação da Usina Hidrelétrica Gov. Bento Munhoz da<br />

Rocha Neto não existia nenhuma norma jurídica que obrigasse o empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r a adquirir as áreas<br />

<strong>de</strong> preservação permanente no entorno <strong>do</strong> reservatório, a proposta <strong>de</strong> reflorestamento marginal<br />

tem por objetivo principal a redução <strong>do</strong>s impactos ambientais ocasiona<strong>do</strong>s pela implantação <strong>do</strong><br />

empreendimento, protegen<strong>do</strong> o corpo <strong>de</strong> água e melhoran<strong>do</strong> a diversida<strong>de</strong> florística, além <strong>de</strong> ser<br />

medida importante para a segurança e a manutenção da vida útil <strong>do</strong> empreendimento hidrelétrico.<br />

4.5.1 A Função Social da Proprieda<strong>de</strong><br />

A implantação <strong>de</strong> usinas hidroelétricas po<strong>de</strong> causar o alagamento <strong>de</strong> terras férteis,<br />

ocasionan<strong>do</strong> a retirada <strong>de</strong> seus proprietários e trazen<strong>do</strong> à tona aspectos relevantes referentes aos<br />

processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sapropriação ou in<strong>de</strong>nização e às questões ambientais.<br />

Essas terras, muitas vezes ocupadas por diversas famílias, voltadas unicamente à exploração<br />

agrícola <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s, sofrem impactos, algumas vezes, relevantes com a aquisição e/ou<br />

in<strong>de</strong>nização <strong>de</strong> suas áreas para a instalação <strong>do</strong>s empreendimentos, subjuga<strong>do</strong>s pelo interesse social e<br />

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o bem comum.<br />

diz:<br />

Este fato, ampara<strong>do</strong> na Constituição Fe<strong>de</strong>rativa <strong>do</strong> Brasil, segue o princípio <strong>do</strong> art. 170 que<br />

“Art. 170: A or<strong>de</strong>m econômica, fundada na valorização <strong>do</strong> trabalho humano e na livre<br />

iniciativa, tem por fim assegurar a to<strong>do</strong>s existência digna, conforme os ditames da justiça social,<br />

observa<strong>do</strong>s os seguintes princípios:<br />

(…)<br />

III - Função social da proprieda<strong>de</strong>.”<br />

A função social da proprieda<strong>de</strong> está inserida no direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>linea<strong>do</strong> pela<br />

Constituição <strong>de</strong> 1988 nos arts. 5.º, XXIII e 186. A imperativa observância da função sócio-ambiental<br />

está prevista nos arts. 186, II e 225, § 1.º, III <strong>de</strong>ste mesmo diploma legal.<br />

O Código Civil Brasileiro <strong>de</strong> 2002, em seu art. 1.228, § 1º enuncia, in verbis:<br />

“O direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser exerci<strong>do</strong> em consonância com as suas finalida<strong>de</strong>s<br />

econômicas e sociais e <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que sejam preserva<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com o estabeleci<strong>do</strong> em lei<br />

especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico, bem<br />

como evitada a poluição <strong>do</strong> ar e das águas.”<br />

Portanto, o uso <strong>do</strong> solo está condiciona<strong>do</strong> ao bem-estar coletivo e por isso sujeito a<br />

limitações, obrigações e ônus relativos a sua função social.<br />

O direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> abrange os po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> uso, gozo e disposição, que todavia nunca se<br />

exercem <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> ilimita<strong>do</strong>. Contemporaneamente, este caráter intrinsecamente limita<strong>do</strong> <strong>do</strong> direito<br />

<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> tornou-se mais evi<strong>de</strong>nte com a expressa vinculação, no campo constitucional, ao<br />

atendimento da sua função social.<br />

4.6 Faixa <strong>de</strong> Segurança <strong>do</strong>s Reservatórios<br />

O Código <strong>de</strong> Águas (Decreto N.º . 24.643, <strong>de</strong> 10/07/34) prevê áreas necessárias à proteção das<br />

águas <strong>do</strong>s reservatórios, sen<strong>do</strong> tais áreas <strong>de</strong>nominadas terrenos reserva<strong>do</strong>s, a saber:<br />

Art. 14: Os terrenos são os que, banha<strong>do</strong>s pelas correntes navegáveis, fora <strong>do</strong> alcance das<br />

marés, vão até a distância <strong>de</strong> 15 metros para a parte da terra, conta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ponto médio das<br />

enchentes ordinárias.”<br />

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O controle e a fiscalização da referida área é responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com o Art. 108 <strong>do</strong> mesmo Código, vejamos:<br />

“Art. 108: A to<strong>do</strong>s é lícito apanhar estas águas.”<br />

“Parágrafo único: Não se po<strong>de</strong>rão, porém, construir nestes lugares ou terrenos, reservatórios<br />

para o aproveitamento das mesmas águas sem licença da administração.”<br />

A faixa <strong>de</strong> segurança é consi<strong>de</strong>rada, inclusive no cálculo <strong>de</strong> pagamento da compensação<br />

financeira, instituída pela Lei N.º 7.990/89, pela utilização <strong>de</strong> Recursos Hídricos, conforme<br />

regulamenta<strong>do</strong> pelo Decreto N.º 1, <strong>de</strong> 11/01/91.<br />

4.7 A Reserva Legal<br />

Reserva Legal é “área localizada no interior <strong>de</strong> uma proprieda<strong>de</strong> ou posse rural, excetuada a<br />

<strong>de</strong> preservação permanente, necessária ao uso sustentável <strong>do</strong>s recursos naturais, à conservação e<br />

reabilitação <strong>do</strong>s processos ecológicos, à conservação da biodiversida<strong>de</strong> e ao abrigo e proteção <strong>de</strong><br />

fauna e flora nativas.” Esta <strong>de</strong>finição está contida no art. 1º, §2º, III <strong>do</strong> Código Florestal, <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pela<br />

Lei N.º . 4.771, <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1965, com a redação estabelecida pela Medida Provisória N.º 2.166-<br />

67/2001.<br />

A reserva legal é uma das modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> limitação administrativa, uma vez que foi instituída<br />

por lei – Código Florestal; imposta pelo Po<strong>de</strong>r Público <strong>de</strong> forma unilateral, geral e gratuita sobre a<br />

proprieda<strong>de</strong> ou posse rural.<br />

Reconhece-se, <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong>, que a restrição em tela configura limitação administrativa e o<br />

principal efeito que daí <strong>de</strong>corre é o <strong>de</strong> que não enseja ela direito à in<strong>de</strong>nização.<br />

Dentre as limitações administrativas po<strong>de</strong>mos citar as <strong>do</strong>s artigos 16 e 44 <strong>do</strong> Código Florestal,<br />

redação inserida pela MP n°. 2.166-67, <strong>de</strong> 24.08.2001.<br />

A Reserva legal varia <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o bioma e o tamanho da proprieda<strong>de</strong> e po<strong>de</strong> ser:<br />

I – 80% da proprieda<strong>de</strong> rural localizada na Amazônia Legal;<br />

II – 35% da proprieda<strong>de</strong> rural localizada no bioma cerra<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s que compõem a<br />

Amazônia Legal<br />

III- 20% nas proprieda<strong>de</strong>s rurais localizadas nas <strong>de</strong>mais regiões <strong>do</strong> país.<br />

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Assim sen<strong>do</strong>, para o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> a área <strong>de</strong> Reserva Legal <strong>de</strong>ve ser a <strong>de</strong> 20% (vinte por<br />

cento) da proprieda<strong>de</strong> rural.<br />

A área <strong>de</strong> Reserva Legal <strong>de</strong>ve ser averbada na matrícula <strong>do</strong> imóvel.. A finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta<br />

averbação é a <strong>de</strong> dar publicida<strong>de</strong> à reserva legal, para que futuros adquirentes saibam on<strong>de</strong> a mesma<br />

está localizada, seus limites e confrontações, uma vez que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>marcadas em qualquer lugar<br />

da proprieda<strong>de</strong>. E a lei <strong>de</strong>termina que, uma vez <strong>de</strong>marcada, fica vedada a alteração <strong>de</strong> sua<br />

<strong>de</strong>stinação, inclusive nos casos <strong>de</strong> transmissão, a qualquer título, nos casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>smembramento ou<br />

<strong>de</strong> retificação <strong>de</strong> área.<br />

Ten<strong>do</strong> em vista que legislar sobre florestas é competência concorrente da União, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />

e <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral (Art. 24, “caput”, c.c. inciso VI da Constituição Fe<strong>de</strong>ral), as normas que inci<strong>de</strong>m<br />

sobre a Reserva Legal são “normas gerais”, portanto, <strong>de</strong> competência da União (Art. 24, § 1º da<br />

Constituição Fe<strong>de</strong>ral). Porém os Esta<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m suplementar a legislação fe<strong>de</strong>ral sobre essas<br />

reservas.<br />

Corroboran<strong>do</strong> com as afirmações acima, no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> o Decreto N.º 387/99 cria o<br />

SISLEG – Sistema <strong>de</strong> Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal e Áreas <strong>de</strong><br />

Preservação Permanente no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>.<br />

“O <strong>Paraná</strong>, através <strong>do</strong> SISLEG, é o pioneiro e um <strong>do</strong>s poucos Esta<strong>do</strong>s on<strong>de</strong> o governo dispõe<br />

<strong>de</strong> um mecanismo eficiente para isto. Durante seu <strong>de</strong>senvolvimento, o SISLEG estará geran<strong>do</strong>,<br />

gradativamente, um banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s georreferencia<strong>do</strong> das proprieda<strong>de</strong>s rurais, indican<strong>do</strong> o uso <strong>do</strong><br />

solo e a situação das Áreas <strong>de</strong> Preservação Permanente e Reserva Legal. Assim, ele permitirá<br />

monitorar a situação ambiental das proprieda<strong>de</strong>s rurais, estimular o cumprimento da lei e orientar<br />

políticas estaduais diversas: ambiental, <strong>de</strong> produção florestal, turística, fiscal, agrária, entre outras.<br />

Tendências mo<strong>de</strong>rnas da socieda<strong>de</strong>, como a certificação e a transparência da gestão pública,<br />

encontram no SISLEG uma ferramenta ágil e confiável.<br />

O SISLEG tem como diretrizes básicas a manutenção <strong>do</strong>s remanescentes florestais nativos, a<br />

ampliação da cobertura florestal mínima visan<strong>do</strong> a conservação da Biodiversida<strong>de</strong> e o uso <strong>do</strong>s<br />

recursos florestais, e o estabelecimento das zonas prioritárias para a conservação e recuperação <strong>de</strong><br />

áreas florestais pela formação <strong>do</strong>s corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>.<br />

O SISLEG é, basicamente, um sistema <strong>de</strong> gerenciamento. Ele surgiu em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> um<br />

apelo da agricultura <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>, que teve em 1998 centenas <strong>de</strong> agricultores aciona<strong>do</strong>s judicialmente<br />

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por uma ONG. Como o Código Florestal exige 20% <strong>do</strong> total da proprieda<strong>de</strong> averbada na matrícula, os<br />

agricultores, em não o ten<strong>do</strong>, seriam fatalmente con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s a pagar somas milionárias. Tal situação<br />

seria, estendida a to<strong>do</strong>s os agricultores <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Para facilitar a administração das exigências<br />

presentes no Código Florestal, foi feita uma legislação estadual, o Decreto N.º 387/99, após<br />

discussão exaustiva com to<strong>do</strong>s os seguimentos da agropecuária. Essa legislação, que instituiu o<br />

SISLEG, trouxe enormes benefícios aos agricultores e é hoje uma referência para outros Esta<strong>do</strong>s e<br />

para o governo fe<strong>de</strong>ral. No atual governo estadual, as normas <strong>do</strong> SISLEG estão sen<strong>do</strong> discutidas<br />

internamente e com a comunida<strong>de</strong> científica, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> aprimorar ganhos ambientais, ganhos<br />

sociais e aspectos gerenciais.” (“in” www.iap.pr.com.br)<br />

Devemos ressaltar, ainda, que as áreas <strong>do</strong>s imóveis rurais consi<strong>de</strong>radas como reserva legal<br />

são isentas <strong>do</strong> Imposto Territorial Rural, nos termos <strong>do</strong> artigo 104 da Lei N.º 8.171/91, e da medida<br />

provisória N.º 2.166-67/2001, o que já é, sem dúvida, um gran<strong>de</strong> incentivo para a sua observância.<br />

4.8 Uso e Qualida<strong>de</strong> das Águas<br />

Os padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água refletem, tipicamente, os objetivos <strong>de</strong> proteção <strong>do</strong>s usos da<br />

água, da saú<strong>de</strong> humana e da biota. Já os padrões <strong>de</strong> lançamento <strong>de</strong> efluentes expressam a filosofia<br />

<strong>de</strong> que todas as <strong>de</strong>scargas <strong>de</strong>veriam promover o mínimo impacto ambiental no corpo receptor,<br />

utilizan<strong>do</strong>-se, em nível <strong>de</strong> tratamento, as melhores tecnologias disponíveis. Assim, a rigi<strong>de</strong>z <strong>do</strong>s<br />

padrões <strong>de</strong> efluentes, a classificação e os padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água, teoricamente, <strong>de</strong>monstram<br />

a disposição da socieda<strong>de</strong> em preservar o ambiente.<br />

A Lei N.º 9.433, <strong>de</strong> 08/01/1997, publicada no DOU <strong>de</strong> 09/01/1997, “Institui a Política Nacional<br />

<strong>de</strong> Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional <strong>de</strong> Gerenciamento <strong>de</strong> Recursos Hídricos, regulamenta o<br />

Inc. XIX <strong>do</strong> Art. 21 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral e altera o Art. 1.º da Lei N.º 8.001, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> março <strong>de</strong><br />

1990, que modificou a Lei N.º 7.990, <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1989”.<br />

Segun<strong>do</strong> o Art. 9.º <strong>do</strong> diploma legal acima enuncia<strong>do</strong>, o enquadramento <strong>do</strong>s corpos <strong>de</strong> água<br />

em classes, segun<strong>do</strong> os usos prepon<strong>de</strong>rantes da água, visa a:<br />

<strong>de</strong>stinadas;<br />

“I - assegurar às águas qualida<strong>de</strong> compatível com os usos mais exigentes a que foram<br />

II - diminuir os custos <strong>de</strong> combate à poluição da águas, mediante ações preventivas<br />

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permanentes”.<br />

O art. 10 da citada Lei, afirma que as classes <strong>de</strong> corpos <strong>de</strong> água serão estabelecidas pela<br />

legislação ambiental.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, a Resolução CONAMA N.º 357, <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2005, em seu art. 2º,<br />

classifica as águas <strong>do</strong>ces, salobras e salinas, segun<strong>do</strong> seus usos prepon<strong>de</strong>rantes, em nove classes.<br />

“In casu”, o principal corpo <strong>de</strong> água afeta<strong>do</strong> pelo empreendimento é <strong>de</strong> água <strong>do</strong>ce — o Rio<br />

Iguaçu —, estan<strong>do</strong> enquadra<strong>do</strong> na classe 2.<br />

De acor<strong>do</strong> com o Inc. III <strong>do</strong> Art. 3.º da Resolução CONAMA n o 357/2005, as águas<br />

pertencentes à classe 2 são <strong>de</strong>stinadas:<br />

a) “ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;<br />

b) à proteção das comunida<strong>de</strong>s aquáticas;<br />

c) à recreação <strong>de</strong> contato primário tais como natação, esqui aquático e mergulho,<br />

conforme resolução CONAMA N.º 274, <strong>de</strong> 2000;<br />

d) à irrigação <strong>de</strong> hortaliças, plantas frutíferas e <strong>de</strong> parques, jardins, campos <strong>de</strong> esporte e<br />

lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e<br />

e) à aqüicultura e à ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesca.”<br />

1.9.1 Outorga <strong>do</strong>s Direitos <strong>de</strong> Uso da Água<br />

“O regime <strong>de</strong> outorga <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> recursos hídricos tem como objetivos assegurar o<br />

controle quantitativo e qualitativo <strong>do</strong>s usos da água e o efetivo exercício <strong>do</strong>s direitos <strong>de</strong> acesso à<br />

água.” (Art. 11 da Lei N.º 9.433/97).<br />

Segun<strong>do</strong> Paulo Affonso Leme Macha<strong>do</strong>, in “Direito <strong>Ambiental</strong> Brasileiro”, 7.ª edição, fl. 376,<br />

ao tecer comentários sobre o assunto, assim se manifesta: “Merecem ser combina<strong>do</strong>s o art. 11 e o<br />

parágrafo único <strong>do</strong> art. 13, ambos da Lei N.º 9.433/97, quan<strong>do</strong> indicam que a outorga tem como<br />

objetivo assegurar o direito <strong>de</strong> acesso à água e a preservação <strong>do</strong> uso múltiplo <strong>do</strong>s recursos hídricos.<br />

O uso da água pela fauna e o uso da água para diluição e dispersão <strong>de</strong> poluentes integram a<br />

multiplicida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s recursos hídricos. Ao Po<strong>de</strong>r Público e à coletivida<strong>de</strong> incumbe a <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong><br />

equilíbrio <strong>do</strong> Meio Ambiente (Art. 225 da CF) e, para o exercício <strong>de</strong>ssa tarefa, no caso enfoca<strong>do</strong>, é<br />

necessário atenção para que o <strong>de</strong>ferimento das outorgas solicitadas por usuários específicos não<br />

torne inviável a qualida<strong>de</strong> ambiental <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> água.”<br />

De acor<strong>do</strong> com art. 12 da Lei N.º 9.433/97, estão sujeitos à outorga pelo Po<strong>de</strong>r Público os<br />

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direitos <strong>do</strong>s seguintes usos <strong>de</strong> recursos hídricos:<br />

“I <strong>de</strong>rivação ou captação <strong>de</strong> parcela da água existente em um corpo <strong>de</strong> água para<br />

consumo final, inclusive abastecimento público ou insumo <strong>de</strong> processo produtivo.<br />

produtivo;<br />

II extração <strong>de</strong> água <strong>de</strong> aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo <strong>de</strong> processo<br />

III lançamento em corpo <strong>de</strong> água <strong>de</strong> esgotos e <strong>de</strong>mais resíduos líqui<strong>do</strong>s ou gasosos,<br />

trata<strong>do</strong>s ou não, com o fim <strong>de</strong> sua diluição, transporte ou disposição final;<br />

IV aproveitamento <strong>do</strong>s potenciais hidroelétricos;<br />

V outros usos que alterem o regime, a quantida<strong>de</strong> ou a qualida<strong>de</strong> da água existente em<br />

um corpo <strong>de</strong> água”.<br />

Importante ressaltar, ainda, o Decreto N.º 2.612, <strong>de</strong> 03 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1998, que regulamenta o<br />

Conselho Nacional <strong>de</strong> Recursos Hídricos, ten<strong>do</strong> por competência, entre inúmeras outras, estabelecer<br />

critérios gerais para a outorga <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> recursos hídricos e para a cobrança por seu uso<br />

(inc. XI, art. 1.º) e, aprovar o enquadramento <strong>do</strong>s corpos <strong>de</strong> água em classes, em consonância com as<br />

diretrizes <strong>do</strong> CONAMA e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a classificação estabelecida na legislação ambiental (inc. XII,<br />

art. 1.º).<br />

4.9 As ilhas existentes <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>de</strong> <strong>Areia</strong><br />

O Código da Águas – Decreto N.º 24.643, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1934 rege a matéria em seus Arts.<br />

23, 24 e 25, os quais enunciam:<br />

“Art. 23: As ilhas ou ilhotas que se formarem no álveo <strong>de</strong> uma corrente, pertencem ao<br />

<strong>do</strong>mínio público, no caso das águas públicas, e ao <strong>do</strong>mínio particular, no caso <strong>de</strong> águas comuns ou<br />

particulares.”<br />

“§ 1º: Se a corrente servir <strong>de</strong> divisa entre diversos proprietários e elas estiverem no meio da<br />

corrente, pertencem a to<strong>do</strong>s esses proprietários, na proporção <strong>de</strong> suas testadas até a linha que<br />

dividir o álveo em duas partes iguais.”<br />

“§ 2º: As que estiverem situadas entre esta linha e uma das margens pertencem, apenas, ao<br />

proprietário ou proprietários <strong>de</strong>sta margem.”<br />

“Art. 24: As ilhas ou ilhotas, que se formarem pelo <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramento <strong>de</strong> um novo braço <strong>de</strong><br />

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corrente, pertencem aos proprietários <strong>do</strong>s terrenos, à custa <strong>do</strong>s quais se formaram.”<br />

“Parágrafo único: Se a corrente, porém é navegável ou flutuável, elas po<strong>de</strong>rão entrar para o<br />

<strong>do</strong>mínio público, mediante prévia in<strong>de</strong>nização.”<br />

“Art. 25: As ilhas ou ilhotas, quan<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio publico, consi<strong>de</strong>ram-se coisas patrimoniais,<br />

salvo se estiverem <strong>de</strong>stinadas ao uso comum.”<br />

De acor<strong>do</strong> com as normas acima citadas, as ilhas existentes no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>de</strong> <strong>Areia</strong><br />

pertencem ao empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r, sen<strong>do</strong> o mesmo responsável pelas mesmas.<br />

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5 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL<br />

5.1 Meio Físico<br />

5.1.1 Clima<br />

A classificação climática <strong>de</strong> Köppen baseia-se fundamentalmente na temperatura, na<br />

precipitação e na distribuição <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> temperatura e precipitação durante as estações <strong>do</strong> ano.<br />

Segun<strong>do</strong> essa classificação, o reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> possui o tipo climático Cfb em toda a sua<br />

extensão (IAPAR, 2000). Este tipo climático é caracteriza<strong>do</strong> por chuvas bem distribuídas e verões<br />

bran<strong>do</strong>s, com pluviosida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 1500 mm/ano. A temperatura média <strong>do</strong> mês mais frio fica<br />

abaixo <strong>de</strong> 18°C (mesotérmico), e a temperatura média no mês mais quente abaixo <strong>de</strong> 22°C e sem<br />

estação seca <strong>de</strong>finida.<br />

A Figura 2 apresenta a variação da temperatura da estação meteorológica UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

(02651053), localizada na coor<strong>de</strong>nada 26°05’ <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> sul e 51°39’ <strong>de</strong> longitu<strong>de</strong> oeste. Estes da<strong>do</strong>s<br />

representam a média <strong>de</strong> resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> 1982 até o ano <strong>de</strong> 2004. A média da<br />

temperatura variou entre 13,7 ºC e 21,9 ºC nos meses <strong>de</strong> julho e janeiro respectivamente.<br />

A evaporação e evapotranspiração reais foram calculadas através <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Morton, que<br />

utiliza da<strong>do</strong>s regionaliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> temperatura, umida<strong>de</strong> relativa, insolação e precipitação, bem como<br />

da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> água e profundida<strong>de</strong> média. Esta análise revela que na área <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Areia</strong> a evaporação real é <strong>de</strong> 1.244 mm/ano e a evapotranspiração real fica em torno <strong>de</strong><br />

1.053 mm/ano (COPEL, 2000).<br />

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24.0<br />

22.0<br />

20.0<br />

18.0<br />

16.0<br />

14.0<br />

12.0<br />

10.0<br />

Temperatura Média Mensal (ºC)<br />

Estação Meteorológica <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> (1982-2004)<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Figura 2 - Variação da temperatura da estação meteorológica <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

Da<strong>do</strong>s referentes à umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong> ar e sobre os ventos que circulam na região também<br />

foram obti<strong>do</strong>s através da estação meteorológica UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>. Os valores médios da umida<strong>de</strong><br />

relativa <strong>do</strong> ar variaram entre 75,7% e 86,7%. Com relação aos valores médios <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

ventos os valores estiveram entre 2,2 e 2,9 m/s. O valor máximo já registra<strong>do</strong> na região foi <strong>de</strong><br />

23,0 m/s (COPEL, 1987). Na Tabela 3 são apresentadas as médias <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> relativa <strong>do</strong><br />

ar e velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ventos no perío<strong>do</strong> entre 1982 e 2004.<br />

Tabela 3 - Da<strong>do</strong>s climáticos da estação meteorológica <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov <strong>de</strong>z média<br />

Vento (m/s) Média 2,5 2,3 2,4 2,4 2,2 2,3 2,6 2,6 2,9 2,8 2,7 2,7 2,5<br />

Umida<strong>de</strong><br />

Relativa (%)<br />

Média 78,7 81,0 80,4 83,4 85,6 86,7 84,1 79,9 78,2 77,4 75,7 75,9 80,6<br />

Fonte: Banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s COPEL, 2008<br />

A precipitação pluvial é um parâmetro bem monitora<strong>do</strong> na região, uma vez que existem 80<br />

estações pluviométricas na bacia <strong>do</strong> Iguaçu e 7 nas imediações <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

Nestas estações, a precipitação anual varia entre 1600 e 1900 mm. A análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s<br />

pluviômetros revela que a distribuição das chuvas é bastante irregular, não haven<strong>do</strong> por<br />

conseqüência, um perío<strong>do</strong> seco bem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> (COPEL, 1995).<br />

Na Figura 3 são apresenta<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s da precipitação média mensal referentes às estações<br />

pluviométricas <strong>de</strong> Jangada <strong>do</strong> Sul (2651003), União da Vitória (2651000), Usina Bituruna (2651015),<br />

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Santa Cruz (2551019) e Fazenda Zaniolo (2551023). Os da<strong>do</strong>s são referentes às séries históricas <strong>de</strong><br />

1976 a 2006.<br />

5.1.2 Geologia<br />

Precipitação Média Mensal (mm)<br />

300,0<br />

250,0<br />

200,0<br />

150,0<br />

100,0<br />

50,0<br />

0,0<br />

Estações UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> (1976-2006)<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

2651003 2651000 2651015 2551019 2551023<br />

Figura 3 – Precipitação média mensal das estações pluviométricas da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

O reservatório da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> se encontra na Bacia <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>, essencialmente na<br />

Seqüência Vulcano-Sedimentar Mesozóica, possuin<strong>do</strong> uma pequena porção na Seqüência Sedimentar<br />

Paleozóica, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao início <strong>do</strong> reservatório estar na área <strong>de</strong> transição entre a Seqüência Sedimentar<br />

Paleozóica e a Seqüência Vulcano-Sedimentar.<br />

A Bacia <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> é uma bacia intracratônica, sen<strong>do</strong> caracterizada, basicamente, como uma<br />

<strong>de</strong>pressão topográfica, a qual foi alvo <strong>de</strong> incursões marinhas e <strong>de</strong> sedimentação provida <strong>de</strong> áreas<br />

mais elevadas. A bacia possui forma elíptica <strong>de</strong> eixo maior <strong>de</strong> direção NE-SW sen<strong>do</strong> preenchida por<br />

pacotes <strong>de</strong> rochas sedimentares e vulcânicas com ida<strong>de</strong>s que variam entre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Siluriano até o<br />

Cretáceo Superior (SCHOBBENHAUS, 1984). A bacia teve sua origem no início <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> Or<strong>do</strong>viciano<br />

por processos liga<strong>do</strong>s ao Ciclo Orogênico Brasiliano / Pan-Africano e representa, aproximadamente,<br />

400 milhões <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> história geológica. A Bacia <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> po<strong>de</strong> ser dividida em três conjuntos<br />

litólicos: Paleozóico, Mesozóico, e Cenozóico. A área <strong>de</strong> interesse abrange, basicamente, o conjunto<br />

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Mesozóico.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o conjunto Mesozóico, a área <strong>do</strong> reservatório da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> está inserida<br />

no Grupo São Bento e a formação geológica pre<strong>do</strong>minante da região é a Formação Serra Geral<br />

(MINEROPAR, 2001). Uma parcela muito pequena da área <strong>de</strong> interesse, localizada perto da região <strong>do</strong><br />

município <strong>de</strong> Porto Vitória, no início <strong>do</strong> reservatório da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, está inserida nas<br />

Formações Pirambóia e Botucatu (conjunto Mesozóico), apresentan<strong>do</strong>, também, uma pequena<br />

parcela inserida na classificação <strong>de</strong> Sedimentos Recentes, este último pertencen<strong>do</strong> a era geológica<br />

Quaternário Holoceno. A Tabela 4, a seguir, apresenta a coluna estratigráfica da geologia da área <strong>de</strong><br />

interesse, assim como as suas respectivas áreas, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o Atlas Geológico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Paraná</strong>, edita<strong>do</strong> pela MINEROPAR. As áreas da Tabela 4 foram calculadas utilizan<strong>do</strong> o software ArcGIS<br />

3.2.<br />

Tabela 4 - Coluna estratigráfica da geologia e área correspon<strong>de</strong>nte ao entorno <strong>do</strong> reservatório da UHE <strong>de</strong><br />

<strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

ERA PERÍODO ROCHAS GRUPO FORMAÇÃO<br />

Mesozóica<br />

Mesozóica<br />

Cenozóica<br />

Jurássico –<br />

Cretáceo<br />

Inferior<br />

Triássico -<br />

Jurássico<br />

Quaternário<br />

Holoceno<br />

Lavas basálticas<br />

e arenitos<br />

ÁREA SOB A<br />

ÁREA DE<br />

INTERESSE (K)<br />

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PORCENTUAL<br />

(%)<br />

São Bento Serra Geral 366,68 71,44<br />

Arenitos finos São Bento Botucatu 0,22<br />

<strong>Areia</strong>s, siltes,<br />

argilas e<br />

cascalhos<br />

Sedimentos<br />

Recentes<br />

Represa,<br />

rio, oceano<br />

0,04<br />

146,36 28,52<br />

TOTAL 513,26 100,00<br />

A Figura 4 a seguir, apresenta uma visualização gráfica da área <strong>de</strong> interesse e suas respectivas<br />

formações geológicas.<br />

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Figura 4 - Geologia da região <strong>do</strong> reservatório da UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

A formação da Serra Geral (JKsg) foi gerada <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sucessivos <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> lavas,<br />

pre<strong>do</strong>minantemente básicas, conten<strong>do</strong> <strong>do</strong>mínios subordina<strong>do</strong>s intermediários e áci<strong>do</strong>s,<br />

principalmente no terço médio e superior. Geralmente, encontram-se bastante fratura<strong>do</strong>s, exibin<strong>do</strong><br />

fraturas conchoidais características. As fraturas encontram-se próximas aos municípios <strong>de</strong> Porto<br />

Vitória e Bituruna. Esta formação é conseqüência <strong>de</strong> um intenso magmatismo <strong>de</strong> fissura,<br />

correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao encerramento da evolução gonduânica da bacia <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. A Formação Serra<br />

Geral é composta, basicamente, por efusivas básicas toleíticas com basaltos maciços e amigdalói<strong>de</strong>s,<br />

afaníticos, cinzentos e pretos, raramente a<strong>de</strong>nsíticos, <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> vulcanismo <strong>de</strong><br />

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fissura continental (MINEROPAR, 2001). O contato da Formação Serra Geral com as unida<strong>de</strong>s<br />

sedimentares mais antigas da Bacia <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> é <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> por discordância. É muito freqüente a<br />

intrusão <strong>de</strong> diabásios em rochas sedimentares gonduânicas.<br />

Quanto as Formações Pirambóia e Botucatu (TR Jb), a composição é, basicamente, <strong>de</strong> arenitos<br />

finos e médios esbranquiça<strong>do</strong>s e brancos <strong>de</strong> siltitos avermelha<strong>do</strong>s, apresentan<strong>do</strong> estratificação<br />

cruzada <strong>de</strong> pequeno e gran<strong>de</strong> porte horizontal, composta por <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> planície aluvial.<br />

Os Sedimentos Recentes (Qha), <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> Quaternário Holoceno, encontra<strong>do</strong>s às margens<br />

<strong>do</strong> Rio Iguaçu e no início <strong>do</strong> reservatório da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, são sedimentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição fluvial<br />

(aluviões), com areias, siltes, argilas e cascalhos <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s em canais, barras e planícies <strong>de</strong><br />

inundação.<br />

5.1.3 Geomorfologia<br />

A caracterização geomorfológica da área <strong>de</strong> influência <strong>do</strong> reservatório da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

apresentada neste <strong>do</strong>cumento é baseada no Projeto <strong>de</strong> Mapeamento Geomorfológico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Paraná</strong>, realiza<strong>do</strong> pela MINEROPAR/UFPR, em escala 1:250.000. Este projeto resultou em um<br />

<strong>de</strong>talhamento das gran<strong>de</strong>s unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relevo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em sub-unida<strong>de</strong>s morfoesculturais e<br />

planaltos. Desta forma, a área <strong>de</strong> interesse está pre<strong>do</strong>minantemente inserida na unida<strong>de</strong> fisiológica<br />

<strong>do</strong> Terceiro Planalto Paranaense (2.4), abrangen<strong>do</strong> a seguinte sub-unida<strong>de</strong> morfoescultural: Planalto<br />

da <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>/Ribeirão Claro (2.4.2). Como o reservatório da UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> se encontra na<br />

área <strong>de</strong> transição entre o Segun<strong>do</strong> Planalto e o Terceiro Planalto Paranaense, uma pequena porção<br />

da área <strong>de</strong> interesse está inserida na unida<strong>de</strong> fisiológica <strong>do</strong> Segun<strong>do</strong> Planalto Paranaense (2.3),<br />

abrangen<strong>do</strong> a seguinte sub-unida<strong>de</strong> morfoescultural: Planaltos Residuais da Formação Serra Geral<br />

(2.3.10), e outra pequena área ao contorno <strong>do</strong> reservatório está inserida na unida<strong>de</strong> morfoestrutural<br />

<strong>de</strong> Bacias Sedimentares Cenozóicas e Depressões Tectônicas (3.5), abrangen<strong>do</strong> a seguinte sub-<br />

unida<strong>de</strong> morfoescultural: Planícies Fluviais (3.5.2).<br />

As unida<strong>de</strong>s fisiológicas que constituem a área <strong>de</strong> interesse estão representadas na Figura 5 e<br />

suas características são <strong>de</strong>scritas em seguida.<br />

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Figura 5 - Geomorfologia da área <strong>do</strong> reservatório da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

Terceiro Planalto Paranaense<br />

O Terceiro Planalto Paranaense, também chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> planalto <strong>de</strong> Guarapuava, é a mais<br />

extensa das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relevo <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. Limita-o, a leste, a Serra Geral, que, com um<br />

<strong>de</strong>snível <strong>de</strong> 750 m, <strong>do</strong>mina o planalto paleozóico. A oeste, o limite é assinala<strong>do</strong> pelo rio <strong>Paraná</strong>. O<br />

planalto prolonga-se para além <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> e constitui parte <strong>do</strong>s territórios <strong>de</strong><br />

Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, <strong>do</strong> Paraguai e da Argentina. O planalto <strong>de</strong>scamba suavemente para oeste: cai <strong>de</strong><br />

1.250 m, a leste, para 300 m nas margens <strong>do</strong> rio <strong>Paraná</strong>. Forma<strong>do</strong> por uma sucessão <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong><br />

basalto, empilha<strong>do</strong>s uns sobre outros, esse planalto ocupa toda a meta<strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntal <strong>do</strong><br />

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esta<strong>do</strong>. Essas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relevo são partes integrantes <strong>do</strong> planalto Meridional, localiza<strong>do</strong> no sul <strong>do</strong><br />

planalto Brasileiro.<br />

Planalto <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>/Ribeirão Claro<br />

A sub-unida<strong>de</strong> morfoescultural número 2.4.2, <strong>de</strong>nominada Planalto <strong>do</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>/Ribeirão<br />

Claro, situada no Terceiro Planalto Paranaense, apresenta dissecação alta e ocupa uma área <strong>de</strong><br />

3.599,29 km². A classe <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> pre<strong>do</strong>minante está entre 12-30 % em uma área <strong>de</strong> 1.427,62<br />

km². Em relação ao relevo, apresenta um gradiente <strong>de</strong> 940 m com variações entre 400 (mínima) e<br />

1.340 (máxima) m.s.n.m. As formas pre<strong>do</strong>minantes são topos alonga<strong>do</strong>s, vertentes retilíneas e<br />

côncavas e vales em <strong>de</strong>graus. A direção geral da morfologia é NW/SE, mo<strong>de</strong>lada em rochas da<br />

Formação Serra Geral.<br />

Segun<strong>do</strong> Planalto Paranaense<br />

O Segun<strong>do</strong> Planalto <strong>do</strong> Paranaense, ou o Planalto <strong>do</strong>s Campos Gerais, <strong>de</strong>senvolve-se em<br />

terrenos <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> paleozóico, sen<strong>do</strong> constituí<strong>do</strong>s, principalmente, por rochas sedimentares e<br />

metamórficas da Era Paleozóica, com <strong>de</strong>staque para os arenitos (Vila Velha e Furnas), folhelhos<br />

(Ponta Grossa), os betuminosos e o carvão mineral. É limita<strong>do</strong>, a leste, por uma escarpa, a Serrinha,<br />

que cai no planalto cristalino e, a oeste, pelo paredão da Serra Geral, que sobe para o planalto<br />

basáltico. Apresenta topografia suave e ligeira inclinação para oeste. Em sua extremida<strong>de</strong> oriental<br />

alcança 1.200 m <strong>de</strong> altura e, na base da Serra Geral, a oeste, registra apenas 500 m.<br />

Planaltos Residuais da Formação Serra Geral<br />

A sub-unida<strong>de</strong> morfoescultural número 2.3.10, <strong>de</strong>nominada Planaltos Residuais da Formação<br />

Serra Geral, situada no Segun<strong>do</strong> Planalto Paranaense, apresenta dissecação alta e ocupa uma área <strong>de</strong><br />

336,60 km². A classe <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> pre<strong>do</strong>minante está entre 12-30 % em uma área <strong>de</strong> 164,74 km².<br />

Em relação ao relevo, apresenta um gradiente <strong>de</strong> 600 m com variações entre 620 (mínima) e 1.220<br />

(máxima) m.s.n.m.. As formas pre<strong>do</strong>minantes são topos alonga<strong>do</strong>s e aplaina<strong>do</strong>s, vertentes<br />

convexocôncavas e vales em “V” aberto, em rochas da Formação Rio <strong>do</strong> Rastro.<br />

Bacias Sedimentares Cenozóicas e Depressões Tectônicas<br />

As Bacias Sedimentares Cenozóicas e Depressões Tectônicas <strong>de</strong>senvolveram-se, como o próprio<br />

nome já diz, no perío<strong>do</strong> Cenozóico. È uma área <strong>de</strong>nominada como Planície Aluvial, e é composta por<br />

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sedimentação recente que ocorre às margens <strong>do</strong>s rios, sen<strong>do</strong> no caso da área <strong>de</strong> interesse, ás<br />

margens <strong>do</strong> Rio Iguaçu.<br />

Planícies Fluviais<br />

A sub-unida<strong>de</strong> morfoescultural número 3.5.2, <strong>de</strong>nominada Planícies Fluviais, situada nas Bacias<br />

Sedimentares Cenozóicas e Depressões Tectônicas, apresenta dissecação planície aluvial e ocupa uma<br />

área <strong>de</strong> 173,78 km². A classe <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> é menor que 6%. As formas pre<strong>do</strong>minantes referem-se à<br />

forma <strong>de</strong> planície aluvial. A direção pre<strong>do</strong>minante da <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> é NW/SW, senti<strong>do</strong> noroeste.<br />

5.1.3.1 Recursos Minerais<br />

Nos municípios localiza<strong>do</strong>s no entorno <strong>do</strong> reservatório três se <strong>de</strong>stacam por apresentarem<br />

ativida<strong>de</strong>s relacionadas a exploração mineral mais especificamente os municípios <strong>de</strong> União da Vitória,<br />

porto união e Porto vitória. A principal ativida<strong>de</strong> é a extração <strong>de</strong> areia e argila. Neste contexto<br />

<strong>de</strong>staca-se União da Vitória com uma produção <strong>de</strong> areia e argila equivalente a 1,6% da produção<br />

mineral total <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> (MINEROPAR, 2008).<br />

5.1.4 Declivida<strong>de</strong><br />

O mapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> encontra-se no Volume II –<br />

Mapa 02, <strong>de</strong>ste <strong>do</strong>cumento e foi gera<strong>do</strong> a partir da utilização <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> terreno em formato GRID<br />

com resolução <strong>de</strong> 20 metros, provenientes <strong>de</strong> cartas topográficas em escala 1:50.000. Os arquivos<br />

primeiramente estavam separa<strong>do</strong>s em pranchas e foram mosaica<strong>do</strong>s para cada reservatório usan<strong>do</strong><br />

o software Arc GIS 9.2, sen<strong>do</strong> cada mo<strong>de</strong>lo resultante recorta<strong>do</strong> conforme a área <strong>de</strong> interesse. Para<br />

cada mosaico gera<strong>do</strong>, utilizou-se a extensão 3D analyst <strong>do</strong> Arc GIS 9.2 para a geração <strong>do</strong> shape <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>.<br />

A caracterização da <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> foi realizada a partir da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> quatro intervalos <strong>de</strong><br />

valores, segun<strong>do</strong> critérios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pelo IPARDES (1995), lista<strong>do</strong>s abaixo:<br />

• 0 a 10% (até 6 graus) – caracteriza<strong>do</strong> por um relevo que varia <strong>de</strong> plano à suavemente<br />

ondula<strong>do</strong>, com possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> utilização agrícola mecanizada ou não, pecuária e<br />

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reflorestamento. Todavia, sua aptidão agrícola <strong>de</strong>ve ser avaliada através da análise<br />

conjunta da <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> e tipo <strong>de</strong> solo;<br />

• 10 a 20% (até 12 graus) – caracteriza<strong>do</strong> por um relevo ondula<strong>do</strong>, com possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

exploração para agricultura não mecanizada, pecuária e reflorestamento. No entanto,<br />

a aptidão fica condicionada à análise <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> solo;<br />

• 20 a 45% (até 24 graus) – correspon<strong>de</strong> a um relevo fortemente ondula<strong>do</strong>, com<br />

possibilida<strong>de</strong>s restrita <strong>de</strong> exploração através <strong>de</strong> agricultura não mecanizada, pecuária<br />

e reflorestamento. Sua aptidão agrícola fica condicionada à avaliação conjunta da<br />

<strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> e tipo <strong>de</strong> solo;<br />

• 45% (acima <strong>de</strong> 25 graus) – caracteriza<strong>do</strong> por um relevo fortemente ondula<strong>do</strong>, on<strong>de</strong><br />

existe somente aptidão para o manejo e exploração florestal.<br />

De acor<strong>do</strong> com o mapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, nos intervalos acima relaciona<strong>do</strong>s, a região<br />

compreendida entre a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Vitória e o córrego <strong>do</strong> Lajea<strong>do</strong> não apresenta áreas<br />

significantes com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> superior a 45%. Já na região compreendida entre a barragem e o rio<br />

Jararaca (no rio Iguaçu) e o rio Pimpão (no rio <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>) existe uma maior concentração <strong>de</strong> áreas com<br />

<strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 45% em relação à área anterior e pouca área com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> entre 0 e 20%.<br />

As <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s encontradas na região <strong>de</strong> 1.000 m <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório são<br />

apresentadas na Tabela 5.<br />

Tabela 5 - Declivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

Declivida<strong>de</strong> Área abrangida (km²) % em relação ao total<br />

5.1.5 Solos<br />

0 a 10% 111,09 21,6<br />

11 a20% 93,15 18,2<br />

21 a 45% 166,44 32,4<br />

> 45% 142,58 27,8<br />

TOTAL 513,27 100,0<br />

A caracterização <strong>do</strong>s solos que ocorrem na área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> baseou-se no Levantamento <strong>de</strong><br />

Reconhecimento <strong>do</strong>s Solos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>, escala 1:600.000 (EMBRAPA, 1984) e foi atualiza<strong>do</strong><br />

para o novo sistema <strong>de</strong> classificação da Embrapa <strong>de</strong> 1999.<br />

A <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> solos presentes na área <strong>de</strong> entorno <strong>do</strong>s 1.000 metros e a área<br />

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ocupada por cada unida<strong>de</strong> consta na sua distribuição espacial po<strong>de</strong> ser observada na Tabela 6.<br />

As características principais <strong>de</strong>stes solos são:<br />

Latossolo Vermelho Aluminoférrico: profun<strong>do</strong>s, argilosos e bem drena<strong>do</strong>s, forma<strong>do</strong>s a partir<br />

da <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> rochas basálticas e bastante resistentes a erosão;<br />

Nitossolo Vermelho: profun<strong>do</strong>s, argilosos, bem drena<strong>do</strong>s, oriun<strong>do</strong>s da <strong>de</strong>composição <strong>de</strong><br />

rochas basálticas, com processo <strong>de</strong> lixiviação muito intenso provoca<strong>do</strong> pelo regime <strong>de</strong> chuvas;<br />

Cambissolo: rasos, drena<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> limita<strong>do</strong> uso agrícola;<br />

Neossolos Litólicos: pouco profun<strong>do</strong>s, forma<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> diferentes materiais <strong>de</strong> origem e<br />

muito suscetíveis a erosão.<br />

Há pre<strong>do</strong>minância <strong>do</strong>s solos litólicos, representa<strong>do</strong>s pelos tipos Ra9 (32,54%) e Ra6 (48,78%),<br />

espacialmente pre<strong>do</strong>minantes no entorno <strong>do</strong> braço <strong>do</strong> rio <strong>Areia</strong> e no entorno <strong>do</strong> rio Iguaçu,<br />

respectivamente. O tipo climático Cfb, que ocorre na região, confere aos solos locais características<br />

<strong>de</strong> se apresentarem mais amarela<strong>do</strong>s ou bruna<strong>do</strong>s, mais ricos em matéria orgânica e com fertilida<strong>de</strong><br />

natural baixa (álicos), in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> tipo d e solo.<br />

Tabela 6 - Tipos <strong>de</strong> solo no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o Sistema Brasileiro <strong>de</strong><br />

Classificação <strong>do</strong> Solo (EMBRAPA, 1999)<br />

Tipo <strong>do</strong> solo Características<br />

Área ocupada<br />

(km²)<br />

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Percentagem<br />

ao total<br />

(%)<br />

Latossolos 1,4 0,35<br />

Latossolo Vermelho<br />

Aluminoférrico - LVaf<br />

Proeminente textura argilosa; fase floresta<br />

subtropical perenifólia; relevo ondula<strong>do</strong><br />

1,4 0,35<br />

Nitossolos 79,6 20,01<br />

Nitossolo Vermelho Aluminico<br />

- NVa<br />

Associação Nitossolo Vermelho<br />

Aluminico - NVa + Cambissolo<br />

Haplico Aluminico - CXa<br />

Associação Nitossolo Vermelho<br />

Distroférrico – LVaf +<br />

Neossolos Litólicos Distróficos<br />

– RLd + Cambissolo Haplico Tb<br />

Distrófico - CXbd<br />

Proeminente textura argilosa; fase subtropical<br />

perenifólia; relevo ondula<strong>do</strong> e forte ondula<strong>do</strong><br />

Associação Nitossolo Vermelho Distroférrico – relevo<br />

ondula<strong>do</strong> + Cambissolo Haplico Aluminico; relevo<br />

forte ondula<strong>do</strong>; substrato rochas <strong>do</strong> <strong>de</strong>rrame <strong>de</strong><br />

Trapp, ambos A proeminente textura argilosa; fase<br />

floresta subtropical perenifólia.<br />

Associação Nitossolo Vermelho floresta subtropical<br />

perenifólia + Neossolos Litólicos Distróficos – floresta<br />

subtropical subperenefolia; substrato rochas <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>rrame <strong>de</strong> Trapp + Cambissolo Haplico Tb Distrófico;<br />

floresta subtropical subperenifolia; substrato rochas<br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>rrame <strong>de</strong> Trapp, to<strong>do</strong>s A – proeminente textura<br />

argilosa; fase pedregosa; relevo forte ondula<strong>do</strong> e<br />

montanhoso.<br />

20,5 5,16<br />

24,7 6,20<br />

34,4 8,65<br />

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Tipo <strong>do</strong> solo Características<br />

Área ocupada<br />

(km²)<br />

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Percentagem<br />

ao total<br />

(%)<br />

Cambissolo 10,2 2,57<br />

Cambissolo Humico Aluminico<br />

- CHa<br />

Associação Cambissolo Haplico<br />

Aluminico – CXa + Nitossolo<br />

Bruno Aluminico – NBa<br />

Associação Cambissolo Haplico<br />

Aluminico – CXa + Neossolos<br />

Litólicos Distróficos – RLd<br />

Latossolico textura argilosa; fase floresta subtropical<br />

perenefolia; relevo suave ondula<strong>do</strong> <strong>de</strong> vertentes<br />

curtas; substratos sedimentos colúvio – aluviais<br />

areno-argilosos<br />

Associação Cambissolo Háplico Aluminico – substrato<br />

rochas <strong>do</strong> <strong>de</strong>rrame <strong>do</strong> Trapp + Nitossolo Bruno<br />

Aluminico, ambos A – proeminente textura argilosa;<br />

fase floresta subtropical perenifólia; relevo ondula<strong>do</strong>.<br />

Associação Cambissolo Haplico Aluminico – floresta<br />

subtropical perenifólia + Neossolos Litólicos<br />

Distroficos; floresta subtropical subperenifolia,<br />

ambos A – proeminente textura argilosa; fase<br />

pedregosa; relevo ondula<strong>do</strong>; substrato rochas <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>rrame <strong>do</strong> Trapp.<br />

1,2 0,30<br />

8,9 2,24<br />

0,1 0,03<br />

Neossolos Litólicos 306,7 77,08<br />

Associação Neossolos Litólicos<br />

– RL + Cambissolo Haplico<br />

Aluminico - CXa<br />

Associação Neossolos Litólicos<br />

– RL + Nitossolo Vermelho<br />

Aluminico – NVa<br />

5.1.5.1 Aptidão Agrícola<br />

Associação Neossolos Litolicos + Cambissolo Haplico,<br />

ambos A – proeminente textura argilosa; fase<br />

pedregosa floresta subtropical subperenefolia; relevo<br />

forte ondula<strong>do</strong> e montanhoso; substrato rochas <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>rrame <strong>de</strong> Trapp.<br />

Associação Neossolos Litólicos – floresta subtropical<br />

subperenefolia; substrato rochas <strong>do</strong> <strong>de</strong>rrame <strong>de</strong><br />

Trapp + Nitossolo Vermelho Aluminico – floresta<br />

subtropical perenefolia, ambos A – pre<strong>do</strong>minante<br />

textura argilosa; fase pedregosa, relevo forte<br />

ondula<strong>do</strong> e montanhoso.<br />

128,3 33,23<br />

178,5 44,85<br />

A <strong>de</strong>terminação da aptidão agrícola <strong>do</strong>s solos busca fornecer informações da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sustentação e produtivida<strong>de</strong> econômica da terra para promover o uso a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> da mesma <strong>de</strong> forma<br />

que os recursos naturais sejam coloca<strong>do</strong>s à disposição <strong>do</strong> homem para seu melhor uso e benefício,<br />

procuran<strong>do</strong> ao mesmo tempo preservar estes recursos para gerações futuras.<br />

A aptidão agrícola da terra <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> diretamente <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> manejo a que a mesma será<br />

submetida. Assim, a primeira divisão indica o nível <strong>de</strong> manejo, ou seja, procura diagnosticar o<br />

comportamento das terras em diferentes níveis tecnológicos, indica<strong>do</strong>s pelas letras A, B e C. As<br />

características <strong>de</strong> cada nível são resumidas abaixo:<br />

• Nível <strong>de</strong> manejo A – São práticas agrícolas usadas que refletem um baixo nível tecnológico,<br />

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conseqüentemente, sem condições <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> capital para melhorias em solos com<br />

limitações, seja em relação à fertilida<strong>de</strong> ou à conservação. As práticas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> trabalho<br />

braçal, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser utilizada tração animal, com implementos simples;<br />

• Nível <strong>de</strong> manejo B – Apresenta práticas agrícolas com médio nível tecnológico, on<strong>de</strong> a aplicação<br />

<strong>de</strong> capital é mo<strong>de</strong>sto, normalmente insuficiente para superar as limitações <strong>do</strong>s solos. As práticas<br />

agrícolas são condicionadas principalmente à tração animal;<br />

• Nível <strong>de</strong> manejo C – Caracteriza-se pela aplicação intensiva <strong>de</strong> capital, com melhoramentos e<br />

conservação das condições físicas <strong>do</strong> solo. Pelo alto nível tecnológico, a motomecanização está<br />

presente nas diversas fases da operação agrícola.<br />

As classes <strong>de</strong> aptidão agrícola das terras são <strong>de</strong>finidas para um tipo <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>,<br />

com um nível <strong>de</strong> manejo <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>, refletin<strong>do</strong> o grau <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> com que as limitações afetam as<br />

mesmas.<br />

• Classe boa – Sem limitações significativas para produções, observan<strong>do</strong>-se as condições <strong>de</strong> manejo<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>.<br />

• Classe regular – Limitações mo<strong>de</strong>radas para produção a um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> utilização,<br />

observan<strong>do</strong>-se condições <strong>de</strong> manejo consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>.<br />

• Classe restrita - Limitações fortes para produção sustentada <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong><br />

utilização, observan<strong>do</strong> as condições <strong>do</strong> manejo consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>.<br />

Classe inapta – São terras indicadas para preservação da flora e da fauna, recreação ou algum<br />

outro tipo <strong>de</strong> uso não agrícola. Nestes locais, <strong>de</strong>ve ser estabeleci<strong>do</strong> algum tipo <strong>de</strong> cobertura vegetal<br />

permanente, não só por razões ecológicas, como também, para proteção <strong>de</strong> áreas contíguas<br />

agricultáveis.<br />

Na agricultura mo<strong>de</strong>rna, a mecanização é um fator importante no aumento da produtivida<strong>de</strong>.<br />

Assim, as terras com possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mecanização, além <strong>de</strong> constituírem as maiores produções, são<br />

mais valorizadas. Como a agricultura mecanizada ocupa gran<strong>de</strong>s áreas com uso intensivo, o nível <strong>de</strong><br />

manejo C é o que potencialmente provoca maiores problemas ambientais.<br />

Para análise da aptidão agrícola, utilizou-se o mapa “Uso Potencial <strong>do</strong> Solo”, elabora<strong>do</strong> pelo<br />

IPARDES (1995), a partir das variáveis <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, suscetibilida<strong>de</strong> à inundação, profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo,<br />

pedregosida<strong>de</strong>, fertilida<strong>de</strong> natural e textura <strong>do</strong>s horizontes A e B. A classificação da aptidão agrícola é<br />

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orientada para o sistema <strong>de</strong> manejo C, caracteriza<strong>do</strong> pela motomecanização e uso intensivo <strong>de</strong><br />

insumos, para a qual foram estabelecidas <strong>de</strong>z unida<strong>de</strong>s: 1 – bom; 2f – regular (fertilida<strong>de</strong>); 2e –<br />

regular (erosão); 2ef – regular (erosão e fertilida<strong>de</strong>); 2h – regular (excesso hídrico); 3e – restrito<br />

(erosão); 3m – restrito (mecanização); 4e – inapto (erosão); 4h – inapto (excesso hídrico); Af –<br />

afloramento rochoso.<br />

O mapa <strong>de</strong> “Aptidão Agrícola (Manejo C)” elabora<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o IPARDES (1995),<br />

abrangen<strong>do</strong> somente a área <strong>do</strong>s 1.000 m <strong>de</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório, encontra-se em anexo no<br />

Volume II – Mapa 03. A classe <strong>de</strong> aptidão agrícola que pre<strong>do</strong>mina na área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, totalizan<strong>do</strong> 88%<br />

da mesma (Tabela 7), é a 4e, indican<strong>do</strong> uma região inapta para o sistema <strong>de</strong> manejo C, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

erosão.<br />

Tabela 7 – Classes <strong>de</strong> aptidão agrícola no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

Classes <strong>de</strong> aptidão agrícola<br />

Área Ocupada<br />

(km²)<br />

Área Ocupada<br />

(%)<br />

2f – regular (fertilida<strong>de</strong>) 1,61 0,40<br />

2ef – regular (erosão e fertilida<strong>de</strong>) 40,25 10,04<br />

4e – inapto (erosão) 353,23 88,11<br />

4e – inapto (erosão) + 2ef – regular (erosão e fertilida<strong>de</strong>) 5,37 1,34<br />

5.1.6 Uso <strong>do</strong> Solo e Cobertura Vegetal<br />

Visan<strong>do</strong> a classificação <strong>do</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>,<br />

foram adquiridas imagens provenientes <strong>do</strong> sensor orbital IKONOS com resolução espacial <strong>de</strong> 4<br />

metros. As imagens possuem 4 bandas espectrais (R,G,B,I), além <strong>do</strong>s parâmetros orbitais <strong>do</strong> satélite.<br />

Todas as imagens adquiridas correspon<strong>de</strong>m aos anos <strong>de</strong> 2007 e 2008.<br />

Primeiramente, visan<strong>do</strong> uma melhor geometria das imagens, foi aplica<strong>do</strong> um Mo<strong>de</strong>lo Digital<br />

<strong>de</strong> Terreno (MDT) global com resolução <strong>de</strong> 90 metros, e, posteriormente, as mesmas foram<br />

referenciadas e projetadas em UTM SAD69 Fuso 22 S. Com a aplicação <strong>do</strong> MDT as regiões homólogas<br />

nas imagens proporcionam uma melhor sobreposição. Todas as imagens, originalmente com 11 bits,<br />

foram convertidas para 8 bits ten<strong>do</strong> em vista a utilização das mesmas em softwares <strong>de</strong> não<br />

processamento <strong>de</strong> imagens, além também, da composição das bandas, tornan<strong>do</strong>-as em imagens<br />

multispectrais.<br />

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As imagens foram recortadas, mosaicadas e equalizadas conforme articulação fornecida pela<br />

Copel e o entorno <strong>do</strong>s reservatórios com 1.000 metros para cada la<strong>do</strong> (Figura 6), com isso foram<br />

totalizadas 70 imagens georreferenciadas as quais foram geradas no formato GeoTIFF.<br />

Figura 6 – Área <strong>de</strong> interesse e articulação <strong>de</strong>finida.<br />

Com as imagens finalizadas, as mesmas foram segmentadas em 5 níveis <strong>de</strong> segmentação, 10,<br />

25, 50, 75 e 100 respectivamente, e pré-classificadas, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> amostras e aplican<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

vizinho mais próximo para as seguintes classes:<br />

Área Urbanizada - área com infra-estrutura básica;<br />

Capoeira – vegetação lenhosa <strong>de</strong> pequeno porte a intermediário;<br />

Floresta - formações arbóreas contínuas;<br />

Campo/Pasto – vegetação arbustiva <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>;<br />

Reflorestamento - áreas <strong>de</strong> reflorestamento <strong>de</strong> pinus e eucaliptos;<br />

Agricultura - áreas ocupadas por agricultura;<br />

Solo Exposto - áreas sem cobertura vegetal;<br />

Barragem - estrutura maciça que promove a intersecção <strong>do</strong> rio para formação <strong>do</strong><br />

reservatório;<br />

Subestação - área <strong>de</strong>stinada à distribuição <strong>de</strong> energia elétrica;<br />

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Reservatório - compreen<strong>de</strong> a água <strong>do</strong> reservatório e seus afluentes;<br />

Água - corpos d’água verifica<strong>do</strong>s no entorno <strong>do</strong> reservatório como nascentes e açu<strong>de</strong>s;<br />

Sombra; e<br />

Nuvem.<br />

Após a pré-classificação os resulta<strong>do</strong>s foram exporta<strong>do</strong>s para o formato shape e edita<strong>do</strong>s<br />

visualmente com o auxílio das imagens obtidas na etapa anterior.<br />

Com o término da classificação foram gera<strong>do</strong>s como produtos:<br />

70 mapas temáticos <strong>do</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo na escala 1:10.000;<br />

70 mapas com as imagens georreferenciadas na escala 1:10.000;<br />

1 mapa temático na escala 1:75.000 representan<strong>do</strong> o uso e ocupação <strong>do</strong> solo no<br />

entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

O resulta<strong>do</strong> da classificação <strong>do</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo é apresenta<strong>do</strong> no Mapa <strong>de</strong> Uso <strong>do</strong><br />

Solo e Cobertura Vegetal <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> (Volume II – Mapa 04). A tabela<br />

a seguir apresenta as áreas e respectivas porcentagens ocupadas por cada uma das categorias na<br />

região.<br />

Tabela 8 - Ocupação <strong>do</strong> solo no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, na faixa <strong>de</strong> 1.000 metros <strong>do</strong> seu entorno.<br />

Classes<br />

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO – 2008<br />

Área (km²) Área (alq) % em relação ao total<br />

Floresta 206,76 8.523,96 40,28<br />

Capoeira 52,59 2.173,23 10,25<br />

Reflorestamento 8,06 333,32 1,57<br />

Pasto 62,02 2.562,73 12,08<br />

Corpos d’água 0,06 2,53 0,01<br />

Reservatório 105,98 4.379,42 20,65<br />

Área Urbanizada 0,42 17,54 0,08<br />

Agricultura 44,33 1.832,18 8,64<br />

Solo Exposto 29,26 1.209,19 5,70<br />

Subestação 0,18 7,49 0,04<br />

Barragem 0,34 14,00 0,07<br />

Nuvem/Sombra 3,24 134,01 0,63<br />

TOTAL 513,27 21.209,63 100,00<br />

De acor<strong>do</strong> com a Tabela 8 a principal classe observada no entorno <strong>do</strong> reservatório é a floresta<br />

com 40% da ocupação. Existe maior preservação da flora nos municípios <strong>de</strong> Pinhão, na margem<br />

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direita <strong>do</strong>s rios <strong>Areia</strong> e Pimpão, bem como nas imediações da barragem e na margem esquerda <strong>do</strong>s<br />

rios Jacutinga e Iguaçu. As duas gran<strong>de</strong>s classes observadas no reservatório – florestas e reservatório<br />

- ocupam aproximadamente 61% da área total.<br />

As áreas <strong>de</strong> reflorestamento, que atualmente respon<strong>de</strong>m por 1,5% da área total, estão em<br />

expansão na faixa <strong>de</strong> 1.000 metros <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório, com ocorrência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s manchas<br />

em praticamente to<strong>do</strong> o entorno, sen<strong>do</strong> que em alguns casos estas formações ocupam regiões em<br />

que antes eram observadas formações nativas.<br />

Destaca-se a característica pre<strong>do</strong>minantemente rural da área <strong>do</strong> reservatório, com as classes<br />

<strong>de</strong> pasto e capoeira (soman<strong>do</strong> 22,3% <strong>do</strong> total) compon<strong>do</strong> a principal paisagem <strong>do</strong> entorno. Porto<br />

Vitória é o único município com área urbana inserida na faixa <strong>de</strong> 1.000 metros.<br />

Cabe ressaltar que as gran<strong>de</strong>s áreas <strong>de</strong> solo exposto observadas nas margens <strong>do</strong> reservatório<br />

ficaram em evidência <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao baixo nível das águas <strong>do</strong> lago, verificadas na ocasião <strong>do</strong> registro das<br />

imagens <strong>de</strong> satélite.<br />

A Figura 7 apresenta algumas imagens <strong>de</strong> classes observadas na região <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong><br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

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Áreas <strong>de</strong> mata preservada no entorno <strong>do</strong> reservatório<br />

Pastagem observada no entorno <strong>do</strong> reservatório<br />

Solo exposto para plantio agrícola – setembro/08<br />

Gran<strong>de</strong> área <strong>de</strong> reflorestamento <strong>de</strong> pinus<br />

Terras ocupadas com pastagens às margens <strong>do</strong> reservatório<br />

Solo exposto <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao baixo nível <strong>de</strong> água no lago – setembro/08<br />

Figura 7 - Detalhes <strong>de</strong> classes <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> solo observadas no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

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5.1.6.1 Diferenças entre os mapas <strong>de</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo<br />

O mapa <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> solo da faixa <strong>de</strong> 1000 m <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

confecciona<strong>do</strong> em 2002 utilizou imagens com resolução espacial <strong>de</strong> 30 metros para a interpretação e<br />

classificação <strong>do</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo. Como as imagens atuais permitem uma melhor visualização<br />

da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> em função da resolução <strong>de</strong> 4 metros, mudanças nos percentuais das classes <strong>de</strong>vem<br />

ser interpretadas com ressalvas. Além disso, em relação à classificação apresentada no <strong>Plano</strong> <strong>Diretor</strong><br />

<strong>de</strong> 2002, salienta-se que as classes utilizadas naquele plano diferem das atuais, uma vez que duas<br />

categorias foram incluídas na nova classificação e as classes <strong>de</strong> vegetação foram rea<strong>de</strong>quadas. Por<br />

exemplo, a vegetação <strong>de</strong>nsa incluía as áreas <strong>de</strong> floresta e reflorestamento, e a classe <strong>de</strong> vegetação<br />

esparsa e campo consi<strong>de</strong>rou áreas <strong>de</strong> campo, pastagem e capoeira.<br />

A Tabela 9 apresenta as classes <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> solo <strong>de</strong> forma comparativa, <strong>do</strong> <strong>Plano</strong> <strong>Diretor</strong> <strong>de</strong><br />

2002 e da atualização <strong>de</strong> 2008 na região <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

Tabela 9 - Ocupação <strong>do</strong> solo no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os mapas <strong>de</strong> uso e<br />

ocupação <strong>do</strong> solo gera<strong>do</strong>s nos anos <strong>de</strong> 2002 e 2008<br />

Classes<br />

Uso e ocupação <strong>do</strong> solo - 2002 Uso e ocupação <strong>do</strong> solo – 2008<br />

Área<br />

(Km²)<br />

% em relação<br />

ao total<br />

Classes<br />

Área<br />

(Km²)<br />

% em relação<br />

ao total<br />

Vegetação Densa 174,0 32,44 Floresta 206,76 40,39<br />

Reflorestamento 8,06 1,56<br />

Veg. Esparsa + Campo 130,8 24,38 Pasto 62,02 12,08<br />

Capoeira 52,59 10,24<br />

Água 139,0 25,91 Corpos d’água 0,06 0,01<br />

Reservatório 105,98 20,65<br />

Área Urbanizada 0,4 0,07 Área Urbanizada 0,42 0,08<br />

Agricultura 89,0 16,59 Agricultura 44,33 8,64<br />

Solo Exposto 2,2 0,41 Solo Exposto 29,26 5,70<br />

Subestação 0,2 0,04 Subestação 0,18 0,04<br />

Barragem 0,8 0,15 Barragem 0,34 0,07<br />

Nuvem/Sombra 3,24 0,63<br />

TOTAL 536,4 100,00 TOTAL 513,27 100,00<br />

Desta forma, a atualização <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> solo permite observar algumas alterações significativas<br />

<strong>de</strong> classes pre<strong>do</strong>minantes. O percentual <strong>de</strong> florestas e reflorestamento (correspon<strong>de</strong>nte à vegetação<br />

<strong>de</strong>nsa em 2002) aumentou quase 22% em relação ao total em 2008. Em contrapartida, áreas<br />

<strong>de</strong>stinadas à agricultura foram reduzidas pela meta<strong>de</strong>, ocupan<strong>do</strong> hoje uma área que correspon<strong>de</strong> a<br />

8,8% <strong>do</strong> total. Esta diminuição foi verificada no campo em muitas proprieda<strong>de</strong>s que<br />

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realizavam cultivos anuais e que agora apresentam gran<strong>de</strong>s áreas com reflorestamentos. O aumento<br />

das áreas <strong>de</strong> solo exposto é provavelmente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sazonalida<strong>de</strong> da agricultura e ao<br />

<strong>de</strong>plecionamento <strong>do</strong> reservatório no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> imageamento. Da mesma forma, classes <strong>de</strong> pasto e<br />

capoeira somadas (correspon<strong>de</strong>nte à vegetação esparsa e campo em 2002) tiveram um <strong>de</strong>créscimo,<br />

e a área correspon<strong>de</strong>nte à urbanização manteve-se constante.<br />

É importante <strong>de</strong>stacar que na atualização <strong>do</strong> mapa <strong>de</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo na faixa <strong>de</strong><br />

1000 m no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> verificou-se que existia uma diferença entre a<br />

área <strong>de</strong> interesse antiga e a área <strong>de</strong> interesse apresentada neste trabalho.<br />

Para confirmar os valores, após algumas operações geográficas foi constata<strong>do</strong> que o valor<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> para a classe reservatório era diferente e que a diferença <strong>de</strong> valores totais encontra<strong>do</strong> na<br />

tabela 9 foi porque foi usa<strong>do</strong>, no mapeamento em 2002, <strong>do</strong> valor da área <strong>do</strong> reservatório na sua cota<br />

máxima 13.900 hectares em <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong> valor mapea<strong>do</strong> na época <strong>de</strong> 12.800 hectares . A<br />

substituição da área <strong>do</strong> reservatório classificada pela área <strong>do</strong> reservatório no nível máximo <strong>de</strong><br />

operação acarretou uma diferença <strong>de</strong> 11 Km² na área correspon<strong>de</strong>nte ao entorno <strong>do</strong> reservatório.<br />

Neste mapeamento feito em 2008 foi utiliza<strong>do</strong> o valor resultante da classificação <strong>do</strong> uso solo.<br />

Para um maior <strong>de</strong>talhamento <strong>do</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo na faixa <strong>de</strong> 100 metros <strong>do</strong> entorno<br />

<strong>do</strong> reservatório, também foi realizada a classificação para esta região específica com as respectivas<br />

porcentagens <strong>de</strong> ocupação, conforme<br />

Tabela 10.<br />

Dentro da faixa <strong>de</strong> 100 metros <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório permanece a pre<strong>do</strong>minância <strong>de</strong><br />

florestas que, juntamente com as classes <strong>de</strong> capoeira e pasto, continuam caracterizan<strong>do</strong> esta faixa<br />

como área rural. Vale lembrar que a gran<strong>de</strong> porcentagem <strong>de</strong> solo exposto <strong>de</strong>ve-se ao baixo nível <strong>de</strong><br />

água no lago observa<strong>do</strong> na época <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> imagens.<br />

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Tabela 10 - Ocupação <strong>do</strong> solo na faixa <strong>de</strong> 100 metros no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO – 2008<br />

Classes<br />

Área<br />

(km²)<br />

Faixa <strong>de</strong> 100 metros<br />

Área<br />

(Alq)<br />

% em relação<br />

ao total<br />

Floresta 25,13 1.038,65 44,82<br />

Capoeira 6,80 281,17 12,13<br />

Reflorestamento 0,27 11,42 0,48<br />

Pasto 5,87 242,66 10,47<br />

Área Urbanizada 0,12 4,89 0,21<br />

Agricultura 1,74 72,16 3,10<br />

Solo Exposto 15,91 657,55 28,38<br />

Subestação - - -<br />

Barragem 0,13 5,30 0,23<br />

Nuvem 0,10 4,19 0,18<br />

TOTAL 56,07 2.317,99 100,00<br />

5.1.7 Hidrologia e Hidrografia<br />

O reservatório <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> é forma<strong>do</strong> pelo barramento <strong>do</strong> rio Iguaçu entre os municípios <strong>de</strong><br />

Bituruna e Pinhão, na região su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. O rio Iguaçu possui suas nascentes na<br />

Serra <strong>do</strong> Mar, nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Curitiba (cota 908 m) e cruza o esta<strong>do</strong>, no senti<strong>do</strong> leste-oeste,<br />

percorren<strong>do</strong> um curso <strong>de</strong> aproximadamente 1.000 km até <strong>de</strong>saguar no rio <strong>Paraná</strong>, no município <strong>de</strong><br />

<strong>Foz</strong> <strong>do</strong> Iguaçu (cota 78 m). A área <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> suas nascentes até a foz é <strong>de</strong> 67.300 km<br />

(COPEL, 2000).<br />

Ao longo <strong>do</strong> seu curso o rio atravessa o esta<strong>do</strong> passan<strong>do</strong> pelos Primeiro, Segun<strong>do</strong> e Terceiro<br />

Planaltos, o que confere a bacia características hidrológicas distintas. No seu trecho superior, entre a<br />

nascente e a Serra Geral, o curso se <strong>de</strong>senvolve em vales amplos e <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> o que<br />

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proporciona boas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> água e navegação. A partir <strong>de</strong> União da<br />

Vitória as características <strong>do</strong> rio e da bacia alteram-se completamente. Influencia<strong>do</strong> pela formação<br />

geológica <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> <strong>de</strong>rramamentos basálticos (Terceiro Planalto) o terreno se torna irregular,<br />

apresentan<strong>do</strong> vales rochosos estreitos e <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s acentuadas, geran<strong>do</strong> corre<strong>de</strong>iras e quedas<br />

d’água concentradas.<br />

Em função das condições climáticas e geomorfológicas favoráveis da região, como a boa<br />

distribuição <strong>de</strong> chuva ao longo <strong>do</strong> ano e um <strong>de</strong>snível <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 800 m entre a nascente e a foz, o rio<br />

Iguaçu possui um enorme potencial para geração <strong>de</strong> energia hidrelétrica.<br />

Atualmente o rio Iguaçu possui cinco usinas hidrelétricas em cascata, sen<strong>do</strong> elas, no senti<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> montante à jusante: UHE Gov. Bento Munhoz da Rocha Neto (<strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, 1.676 MW); UHE Gov.<br />

Ney Aminthas <strong>de</strong> Barros Braga (Segre<strong>do</strong>, 1.260 MW); UHE Gov. José Richa (Salto Caxias, 1.240 MW);<br />

UHE Salto Santiago (1.420 MW); e UHE Salto Osório (1.078 MW).<br />

A Figura 8 (adaptada <strong>de</strong> Mine & Tucci, 2002) apresenta o perfil <strong>do</strong> rio Iguaçu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> suas<br />

nascentes até a UHE Governa<strong>do</strong>r Munhoz Bento da Rocha Neto. A diferença acentuada <strong>de</strong> elevação<br />

existente entre Porto Vitória e <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> caracteriza o local como um ponto atraente para<br />

barramento.<br />

Figura 8 - Perfil <strong>do</strong> rio Iguaçu<br />

Em <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, o rio Iguaçu se encontra encaixa<strong>do</strong> em um vale profun<strong>do</strong>, a largura <strong>do</strong> rio é<br />

pequena, varian<strong>do</strong> <strong>de</strong> 80m a 150m, e os talu<strong>de</strong>s das margens são bastante íngremes. O rio se<br />

<strong>de</strong>senvolve meandros regulares, com curvas <strong>de</strong> raio médios da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1.500m. No Volume II –<br />

Mapa 01 são apresenta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>talhes da hidrografia da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

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A Figura 9 mostra alguns <strong>do</strong>s principais afluentes que <strong>de</strong>sembocam diretamente no<br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>. São eles <strong>de</strong> montante à jusante: rio Espingarda, ribeirão Jangada, rio<br />

Palmital, rio Iratinzinho, ribeirão Palmeirinha, rio da Jararaca, rio Jacutinga e rio da <strong>Areia</strong>.<br />

Figura 9 - Principais afluentes <strong>do</strong> reservatório <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

Em sua margem esquerda, o reservatório possui quatro afluentes principais, sen<strong>do</strong> eles o rio<br />

Espingarda, ribeirão Jangada, rio Jararaca e rio Jacutinga. Os rios Palmital, ribeirão Palmeirinha e rio<br />

da <strong>Areia</strong> <strong>de</strong>ságuam na margem direita <strong>do</strong> reservatório. O rio <strong>Areia</strong> possui três afluentes principais: rio<br />

Pimpão e Lagea<strong>do</strong> Feio na margem direita; e o rio da Praia, na margem esquerda. A Tabela 11 resume<br />

algumas características <strong>do</strong>s mesmos.<br />

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Tabela 11 - Características <strong>do</strong>s principais afluentes <strong>do</strong> reservatório <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

Afluentes Principais Município ou Divisa Margem<br />

Distância da barragem ao<br />

ponto <strong>de</strong> confluência<br />

afluente-rio Iguaçu (km)<br />

Rio Espingarda Porto Vitória Esquerda ~ 73 Sul-Norte<br />

Ribeirão Jangada Bituruna/Porto Vitória Esquerda ~ 66 Sul-Norte<br />

Rio Palmital<br />

Cruz Macha<strong>do</strong>/União<br />

da Vitória<br />

Orientação Geral<br />

Direita ~ 63 Nor<strong>de</strong>ste-Su<strong>do</strong>este<br />

Rio Iratinzinho Bituruna Esquerda ~ 46 Sul-Norte<br />

Ribeirão Palmeirinha Cruz Macha<strong>do</strong> Direita ~ 42 Leste-Oeste/Sul<br />

Rio Jararaca Bituruna Esquerda ~ 26 Sul-Norte<br />

Rio Jacutinga Bituruna Esquerda ~ 7 Sul-Norte<br />

Rio da <strong>Areia</strong> Cruz Macha<strong>do</strong>/Pinhão Direita ~ 5 Nor<strong>de</strong>ste-Su<strong>do</strong>este<br />

O reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> se encontra na unida<strong>de</strong> hidrográfica <strong>do</strong>s Afluentes <strong>do</strong> Médio<br />

Iguaçu, possui um volume total aproxima<strong>do</strong> <strong>de</strong> 5,799 x 10 9 m 3 na cota 742,0 m, área inundada <strong>de</strong><br />

139 km 2, tempo <strong>de</strong> residência <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 102 dias e profundida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> 160 m. A área <strong>de</strong><br />

drenagem em <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> é <strong>de</strong>, aproximadamente, 29.900 km 2 e a vazão média <strong>de</strong> longo prazo é <strong>de</strong><br />

544 m 3 /s (COPEL, 2008).<br />

A posição <strong>de</strong> montante <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, em relação aos <strong>de</strong>mais<br />

aproveitamentos energéticos <strong>do</strong> rio Iguaçu, atribui a ele uma função importante neste complexo<br />

hidrelétrico: a regularização <strong>de</strong> vazão nos reservatórios à jusante. O reservatório foi projeta<strong>do</strong> com<br />

um volume útil que permite uma <strong>de</strong>pleção <strong>de</strong> 47 m, <strong>de</strong>ssa forma o mesmo po<strong>de</strong> armazenar água<br />

durante os perío<strong>do</strong>s chuvosos e liberar água para as outras usinas quan<strong>do</strong> houver estiagem. Assim,<br />

enten<strong>de</strong>-se que a regularização <strong>de</strong> vazão no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> auxilia a operação das<br />

outras usinas.<br />

Para caracterização <strong>do</strong> regime fluvial, foram obtidas as vazões naturais médias mensais na<br />

UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, a partir da transferência das séries <strong>de</strong> vazões observadas nas estações<br />

fluviométricas das proximida<strong>de</strong>s, utilizan<strong>do</strong> equações <strong>de</strong> transferência obtidas por estu<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

correlação e regressão linear. A Tabela 12 apresenta as vazões médias mensais calculadas a partir <strong>do</strong>s<br />

referentes ao perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1931 a 1996 (COPEL, 2000).<br />

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Tabela 12 - Vazões médias mensais na UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Vazão média<br />

(m 3 /s)<br />

572,4 648,7 602,3 463,2 578,4 699,3 729,4 600,8 704,3 854,9 670,9 563,4<br />

As vazões máximas no local da usina <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> em função <strong>do</strong> tempo <strong>de</strong> recorrência são<br />

apresentadas na Tabela 13. Elas foram obtidas através <strong>do</strong> diagrama <strong>de</strong> contribuição específica<br />

máxima <strong>do</strong> rio Iguaçu, utilizan<strong>do</strong>-se a análise <strong>de</strong> freqüência. Esta consiste no estabelecimento das<br />

vazões máximas em função da probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência, a partir <strong>do</strong> ajuste <strong>de</strong> uma distribuição<br />

teórica <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> às vazões máximas históricas. Neste estu<strong>do</strong> foi utilizada a distribuição<br />

exponencial e os parâmetros da mesma foram obti<strong>do</strong>s pelo méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s momentos (COPEL, 2000).<br />

Tabela 13 - Vazões máximas e tempo <strong>de</strong> recorrência na UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

Tempo <strong>de</strong><br />

Recorrência<br />

Vazão Máxima<br />

(m 3 /s)<br />

2 1.995<br />

5 3.270<br />

10 4.220<br />

25 5.550<br />

50 6.570<br />

100 7.500<br />

500 9.900<br />

1.000 10.950<br />

10.000 14.100<br />

Um aspecto importante a ser lembra<strong>do</strong> é que o processo <strong>de</strong> urbanização provoca alterações<br />

nos componentes <strong>do</strong> ciclo hidrológico natural. A mudança no tipo <strong>de</strong> cobertura da bacia através da<br />

impermeabilização das superfícies, instalação <strong>de</strong> condutos pluviais e <strong>de</strong>smatamento diminuem a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infiltração <strong>do</strong> solo, favorecen<strong>do</strong> o aumento <strong>do</strong> escoamento superficial. Além disso, a<br />

substituição da cobertura natural <strong>do</strong> solo pela superfície urbana provoca a redução nas taxas <strong>de</strong><br />

evapotranspiração e o aumento da temperatura ambiente. As superfícies impermeáveis, como o<br />

asfalto e o concreto, absorvem energia solar e emitem radiação térmica (calor) <strong>de</strong> volta para o<br />

ambiente contribuin<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ssa forma, para o aumento da temperatura local. Este efeito, por sua vez,<br />

cria condições favoráveis ao movimento ascen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> ar e também no aumento da precipitação.<br />

Dessa forma, faz-se necessário o acompanhamento <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> ocupação e, portanto, também,<br />

da diminuição da cobertura vegetal, na região no entorno <strong>do</strong> reservatório.<br />

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5.1.8 Comitês <strong>de</strong> Bacia<br />

De acor<strong>do</strong> com a Resolução <strong>do</strong> Conselho Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos N.º 49 <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006 que dispõe sobre a instituição <strong>de</strong> Regiões Hidrográficas, Bacias Hidrográficas e<br />

Unida<strong>de</strong>s Hidrográficas <strong>de</strong> Gerenciamento <strong>de</strong> Recursos Hídricos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>, a área <strong>do</strong><br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> situa-se na unida<strong>de</strong> hidrográfica <strong>do</strong>s Afluentes <strong>do</strong> Médio Iguaçu que<br />

compreen<strong>de</strong> a Bacia <strong>do</strong> Rio Iguaçu no trecho à jusante da confluência <strong>do</strong> Rio Iguaçu e Rio Negro, no<br />

município <strong>de</strong> São Mateus <strong>do</strong> Sul, até imediatamente à jusante da foz <strong>do</strong> Rio Jordão, no município <strong>de</strong><br />

<strong>Foz</strong> <strong>do</strong> Jordão.<br />

Nesta unida<strong>de</strong> hidrográfica está implanta<strong>do</strong> apenas o Comitê <strong>de</strong> Bacia <strong>do</strong> Rio Jordão instituí<strong>do</strong><br />

através <strong>do</strong> Decreto Estadual N.º 5791 <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2002, o qual está elaboran<strong>do</strong> através <strong>de</strong> sua<br />

agencia o primeiro <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica. No processo <strong>de</strong> elaboração <strong>do</strong><br />

plano apenas a etapa referente ao diagnóstico já está concluída, faltan<strong>do</strong> ainda as fases <strong>de</strong><br />

prognóstico, programas prioritários e plano <strong>de</strong> investimentos. Uma vez concluí<strong>do</strong>, o <strong>Plano</strong>, <strong>de</strong>verá ser<br />

aprova<strong>do</strong> pelo Comitê da Bacia para que possa ser implanta<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong> informações obtidas junto a<br />

Secretaria Executiva <strong>do</strong> Conselho Estadual <strong>de</strong> Recursos Hídricos até o momento não existe solicitação<br />

formal para instituição <strong>do</strong> Comitê <strong>do</strong>s Afluentes <strong>do</strong> Médio Iguaçu.<br />

5.1.9 Qualida<strong>de</strong> das Águas Superficiais<br />

Segun<strong>do</strong> a Portaria Surhema n o 20/1992 (IAP, 1996), o rio Iguaçu, na região em estu<strong>do</strong>, está<br />

enquadra<strong>do</strong> na Classe 2.<br />

Para a avaliação da qualida<strong>de</strong> da água <strong>do</strong> reservatório da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> foram<br />

estabelecidas quatro estações <strong>de</strong> amostragem no reservatório e rio Iguaçu, a montante e a jusante<br />

<strong>do</strong> mesmo, conforme a Tabela 14 e Figura 9 abaixo.<br />

Tabela 14 - Estações <strong>de</strong> amostragem <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água<br />

Estação Descrição<br />

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Coor<strong>de</strong>nadas UTM<br />

E N<br />

E1 Rio Iguaçu, montante <strong>do</strong> reservatório, corre<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> Porto Vitória 477240 7106693<br />

E2 Rio Iguaçu, reservatório da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, proximida<strong>de</strong>s da área <strong>de</strong> lazer <strong>de</strong> Bituruna 449730 7117475<br />

E3 Rio Iguaçu, reservatório da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, cerca <strong>de</strong> 500 m da barragem (Log Boom) 433760 7123468<br />

E4 Rio Iguaçu, imediatamente a jusante da usina 431466 7125220<br />

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Figura 10 - Localização das estações <strong>de</strong> amostragem<br />

Os da<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s para o diagnóstico, coleta<strong>do</strong>s nas estações <strong>de</strong>scritas acima, fazem parte<br />

<strong>do</strong> monitoramento trimestral realiza<strong>do</strong> pela concessionária, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003.<br />

Durante to<strong>do</strong> o monitoramento foi calcula<strong>do</strong> Índice <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Água (IQA), para os<br />

meses <strong>de</strong> amostragem trimestral (Figura 11). Temporalmente, os valores <strong>de</strong> IQA estiveram <strong>de</strong>ntro<br />

das categorias <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água BOA e ÓTIMA, com exceção <strong>do</strong> mês <strong>de</strong> out/06, quan<strong>do</strong> a<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água registrada obteve valor <strong>de</strong> IQA correspon<strong>de</strong>nte a águas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> RUIM. Este<br />

fato foi <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à forte estiagem ocorrida no final <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2006 e início <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2007, quan<strong>do</strong> as<br />

condições <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água <strong>do</strong> reservatório estiveram comprometidas. Espacialmente, a estação<br />

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<strong>de</strong> montante apresentou valores inferiores às <strong>de</strong>mais estações durante to<strong>do</strong> o monitoramento,<br />

indican<strong>do</strong> maiores aportes <strong>de</strong> poluentes através <strong>do</strong> próprio rio Iguaçu, a montante <strong>do</strong> reservatório,<br />

conforme também po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong> pela análise <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais parâmetros avalia<strong>do</strong>s, como<br />

nitrogênio total, fósforo total e coliformes termotolerantes.<br />

Péssima Ruim Aceitável Boa Ótima<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

abr/03<br />

jul/03<br />

out/03<br />

jan/04<br />

abr/04<br />

jul/04<br />

out/04<br />

jan/05<br />

mai/05<br />

IQA (2003-2008)<br />

jul/05<br />

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out/05<br />

jan/06<br />

abr/06<br />

E1 E2 E3 E4<br />

Figura 11 - Variações espaciais e temporais <strong>do</strong> Índice <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Água, no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e<br />

entorno, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2003 a 2008.<br />

O comportamento espacial e temporal das concentrações <strong>de</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong> foi ilustra<strong>do</strong><br />

na Figura 12. De acor<strong>do</strong> com a Resolução CONAMA 357/05, rios <strong>de</strong> Classe 2, como o Iguaçu na região<br />

da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, <strong>de</strong>vem apresentar valores <strong>de</strong> OD não inferiores a 5,0 mg/L. Nas estações <strong>de</strong><br />

montante e <strong>de</strong> reservatório (E2 e E3), as concentrações medidas na superfície estiveram sempre<br />

acima <strong>do</strong> limite mínimo da Resolução. As boas concentrações <strong>de</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong> registradas no<br />

rio Iguaçu a montante <strong>do</strong> empreendimento, bem como na superfície <strong>do</strong> reservatório propiciam<br />

condições a<strong>de</strong>quadas à manutenção da biota aquática, na região. No entanto, na estação <strong>de</strong> jusante<br />

(E4), observou-se que frequentemente, durante os monitoramentos, os valores registra<strong>do</strong>s foram<br />

inferiores a 5,0 mg/L, conforme as concentrações <strong>de</strong>stacadas em vermelho na Tabela 15.<br />

Tabela 15 - Concentrações <strong>de</strong> OD registradas na estação <strong>de</strong> jusante (E4), <strong>de</strong> 2003 a 2008.<br />

Data da coleta 22/04/03 17/07/03 30/10/03 22/01/04 13/04/04 08/07/04 04/10/04 19/01/05 05/05/05 05/07/05 04/10/05<br />

OD (mg/L) 4,30 6,20 6,60 5,80 4,30 5,30 5,60 4,50 5,00 5,80 SD<br />

Data da coleta 24/01/06 06/04/06 10/07/06 05/10/06 25/01/07 23/04/07 12/07/07 17/10/07 17/01/08 09/04/08<br />

OD (mg/L) 4,14 3,42 7,73 6,50 5,00 3,12 6,30 7,10 3,70 4,84<br />

Estes valores mais baixos, registra<strong>do</strong>s na estação <strong>de</strong> jusante, po<strong>de</strong>m estar relaciona<strong>do</strong>s com a<br />

jul/06<br />

out/06<br />

jan/07<br />

abr/07<br />

jul/07<br />

out/07<br />

jan/08<br />

abr/08<br />

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altura da tomada <strong>de</strong> água da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, que se encontra em uma profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

reservatório on<strong>de</strong> comumente é registrada anóxia hipolimnética.<br />

No mês <strong>de</strong> out/06 e jan/07, as concentrações <strong>de</strong> OD estiveram mais elevadas em todas as<br />

estações <strong>de</strong> amostragem, chegan<strong>do</strong> ao valor <strong>de</strong> 15,2 mg/L, na estação <strong>de</strong> reservatório. Este fato foi<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à presença massiva <strong>de</strong> microalgas que estavam em floração. Estes organismos são produtores<br />

primários em ecossistemas aquáticos, produzin<strong>do</strong> oxigênio como bioproduto <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />

fotossíntese.<br />

16,00<br />

14,00<br />

12,00<br />

10,00<br />

8,00<br />

6,00<br />

4,00<br />

2,00<br />

0,00<br />

abr/03<br />

jul/03<br />

out/03<br />

jan/04<br />

abr/04<br />

jul/04<br />

out/04<br />

Oxigênio Dissolvi<strong>do</strong> (mg/L) (2003-2008)<br />

jan/05<br />

mai/05<br />

jul/05<br />

LACTEC – 2008<br />

REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC<br />

out/05<br />

jan/06<br />

abr/06<br />

jul/06<br />

E1 E2 E3 E4<br />

Figura 12 - Variações espaciais e temporais <strong>de</strong> oxigênio dissolvi<strong>do</strong>, no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e entorno,<br />

no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2003 a 2008.<br />

As variáveis DBO e coliformes termotolerantes também foram avaliadas ao longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

monitoramento, e encontram-se listadas na<br />

Tabela 16. Valores que ultrapassaram os limites <strong>de</strong> enquadramento da Classe 2 foram<br />

<strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s em vermelho. Coliformes termotolerantes estiveram eleva<strong>do</strong>s apenas na estação <strong>de</strong><br />

montante, indican<strong>do</strong> aporte <strong>de</strong> material <strong>de</strong> origem fecal a partir <strong>do</strong> rio Iguaçu, ao reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Areia</strong>. A <strong>de</strong>manda bioquímica <strong>de</strong> oxigênio esteve elevada, <strong>de</strong> forma mais marcante, <strong>de</strong> out/05 a<br />

jan/07, inclusive quan<strong>do</strong> foram registra<strong>do</strong>s valores <strong>de</strong> 154,56 mg/L, na estação <strong>de</strong> reservatório E3.<br />

Esta elevação está relacionada ao <strong>de</strong>plecionamento registra<strong>do</strong> no reservatório naquele perío<strong>do</strong>,<br />

conforme cita<strong>do</strong> anteriormente. A partir <strong>de</strong> abr/07 até o presente momento, os valores têm se<br />

mostra<strong>do</strong> baixos, indican<strong>do</strong> melhora da qualida<strong>de</strong> da água, quanto a esta variável, em relação aos<br />

<strong>de</strong>mais meses <strong>de</strong> monitoramento.<br />

out/06<br />

jan/07<br />

abr/07<br />

jul/07<br />

out/07<br />

jan/08<br />

abr/08<br />

67


PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

Tabela 16 - Concentrações <strong>de</strong> DBO (mg O2/L) e coliformes termotolerantes (NMP/100mL) nas estações<br />

monitoradas, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2003 a abril <strong>de</strong> 2008.<br />

DBO Coliformes termotolerantes<br />

Data E1 E2 E3 E4 Data E1 E2 E3 E4<br />

abr-03 1,71 3,20 1,54 1,81 abr-03 20 2 2 2<br />

jul-03 3,63 3,15 3,16 4,83 jul-03 170 2 2 2<br />

out-03 5,84 3,11 2,58 < 1,00 out-03 360 20 2 2<br />

jan-04 2,32 5,21 8,64 < 2,00 jan-04 86 2 2 2<br />

abr-04 3,02 3,25 3,15 2,28 abr-04 150 < 1 < 1


PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

barragem contribui com os maiores aportes <strong>de</strong> fósforo total ao reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>. No mês<br />

<strong>de</strong> out/06 e jan/07, observam-se valores eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fósforo em todas as estações <strong>de</strong> amostragem.<br />

Este fato foi <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à forte estiagem ocorrida naquele perío<strong>do</strong>, que <strong>de</strong>plecionou o nível <strong>do</strong><br />

reservatório e concentrou ainda mais presença <strong>de</strong>ste macronutriente no corpo <strong>de</strong> água.<br />

Tabela 17 - Concentrações <strong>de</strong> fósforo total (mg/L) nas estações monitoradas, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2003 a<br />

abril <strong>de</strong> 2008<br />

Data E1 E2 E3 E4<br />

abr-03 0,05 0,03 0,02 0,03<br />

jul-03 0,13 0,02 0,02 0,02<br />

out-03 0,29 0,09 0,06 0,03<br />

jan-04 0,04 0,09 0,14 0,07<br />

abr-04 0,10 0,02 0,01 0,02<br />

jul-04 0,16 0,11 0,01 0,03<br />

out-04 0,07 0,04 0,02 0,03<br />

jan-05 0,12 0,04 0,02 0,03<br />

mai-05 0,08 0,04 0,02 0,02<br />

jul-05 0,09 0,02 0,02 0,04<br />

out-05 0,12 0,04 0,05 0,04<br />

jan-06 0,11 0,03 0,01 0,02<br />

abr-06 0,21 0,03 0,02 0,02<br />

jul-06 0,14 0,02 0,01 0,01<br />

out-06 0,17 0,06 0,23 0,01<br />

jan-07 0,06 0,07 0,16 0,05<br />

abr-07 0,07 0,02 0,04 0,03<br />

jul-07 0,09 0,02 0,02 0,02<br />

out-07 0,09 0,06 0,03 0,03<br />

jan-08 0,11 0,05 0,03 0,03<br />

abr-08 0,07 0,04 0,02 0,03<br />

A Tabela 17 mostra ainda que as concentrações <strong>de</strong> fósforo total são geralmente mais baixas<br />

na estação <strong>de</strong> jusante, o que indica que este nutriente acaba, em parte, fican<strong>do</strong> reti<strong>do</strong> no<br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, seja pela sedimentação <strong>do</strong> mesmo, seja pela utilização <strong>do</strong> fósforo pelo<br />

fitoplâncton.<br />

A avaliação <strong>do</strong> macronutriente nitrogênio (Figura 13) indicou que o mesmo, geralmente,<br />

apresenta-se em concentrações iguais ou inferiores a 2,0 mg/L, sen<strong>do</strong> as concentrações mais<br />

elevadas normalmente registradas na estação <strong>de</strong> montante. Exceção a esta observação se faz em<br />

out/06 e jan/07, quan<strong>do</strong> os valores chegaram a 10 mg/L e 7,6 mg/L, respectivamente, na estação <strong>de</strong><br />

reservatório (E3). Conforme cita<strong>do</strong> anteriormente, esta situação se estabeleceu em função <strong>de</strong> um<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> forte estiagem que <strong>de</strong>plecionou severamente o nível <strong>do</strong> reservatório.<br />

LACTEC – 2008<br />

REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC<br />

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10,0<br />

8,0<br />

6,0<br />

4,0<br />

2,0<br />

0,0<br />

PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

abr/03<br />

jul/03<br />

out/03<br />

jan/04<br />

abr/04<br />

jul/04<br />

out/04<br />

Nitrogênio Total (mg/L) (2003-2008)<br />

jan/05<br />

mai/05<br />

jul/05<br />

LACTEC – 2008<br />

REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC<br />

out/05<br />

jan/06<br />

abr/06<br />

E1 E2 E3 E4<br />

Figura 13 - Variações espaciais e temporais <strong>de</strong> nitrogênio total, no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e entorno, no<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2003 a 2008.<br />

Em função <strong>do</strong>s aportes <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo ao reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, a comunida<strong>de</strong><br />

fitoplanctônica também foi avaliada nas estações <strong>de</strong> reservatório (E2 e E3). A Figura 14 e a Figura 15<br />

mostram a contribuição percentual em <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s celulares das classes <strong>de</strong> algas com relação à<br />

composição <strong>do</strong> fitoplâncton total. Quantitativamente, as <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s celulares <strong>de</strong> cianobactérias<br />

foram proporcionalmente superiores aos <strong>de</strong>mais grupos, na maior parte <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> monitora<strong>do</strong>,<br />

sen<strong>do</strong> substituídas por outros grupos <strong>de</strong> algas como criptofíceas (jul/05, jul/07), clorófitas (out/05) e<br />

diatomáceas (jul/06 e jul/07), normalmente em meses mais frios.<br />

De maneira geral, a biomassa <strong>de</strong> cianobactérias no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> começa a<br />

aumentar na primavera (outubro), atinge valores mais eleva<strong>do</strong>s no verão (janeiro) e diminui no<br />

outono (abril), chegan<strong>do</strong> às menores <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s no inverno (junho) (BRASSAC et al., 2008).<br />

O fator físico <strong>de</strong>terminante <strong>do</strong> crescimento das cianofíceas é a estabilida<strong>de</strong> da coluna <strong>de</strong> água<br />

e o tempo <strong>de</strong> retenção da água, pois a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes organismos aumenta com a maior<br />

estabilida<strong>de</strong> e com a temperatura mais elevada. Entretanto, em perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> estiagem, on<strong>de</strong> o volume<br />

<strong>de</strong> água <strong>do</strong> reservatório é reduzi<strong>do</strong>, existe um aumento na concentração <strong>de</strong> nutrientes e <strong>de</strong> células<br />

<strong>de</strong> cianobactérias, principalmente nas proximida<strong>de</strong>s da barragem, o que contribui para o<br />

estabelecimento <strong>de</strong> florações. Salienta-se que as cianobactérias necessitam <strong>de</strong> longo tempo <strong>de</strong><br />

retenção <strong>de</strong> água para formação <strong>de</strong> florações (CHORUS & BARTRAM, 1999).<br />

jul/06<br />

out/06<br />

jan/07<br />

abr/07<br />

jul/07<br />

out/07<br />

jan/08<br />

abr/08<br />

70


PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

100%<br />

80%<br />

60%<br />

40%<br />

20%<br />

0%<br />

LACTEC – 2008<br />

REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC<br />

E2<br />

abr/05 jul/05 out/05 jan/06 abr/06 jul/06 out/06 jan/07 abr/07 jul/07 out/07 jan/08 abr/08<br />

Cyanophyceae Chlorophyceae Prasinophyceae Bacillariophyceae<br />

Cryptophyceae Chlamy<strong>do</strong>phyceae Craspe<strong>do</strong>mona<strong>do</strong>phyceae Dinophyceae<br />

Euglenophyceae Zygnemaphyceae Xanthophyceae<br />

Figura 14 – Contribuição percentual das Classes <strong>de</strong> algas à composição da comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica <strong>do</strong><br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, estação E2, <strong>de</strong>2005 a 2008.<br />

100%<br />

80%<br />

60%<br />

40%<br />

20%<br />

0%<br />

E3<br />

abr/05 jul/05 out/05 jan/06 abr/06 jul/06 out/06 jan/07 abr/07 jul/07 out/07 jan/08 abr/08 jul/08<br />

Cyanophyceae Chlorophyceae Prasinophyceae<br />

Bacillariophyceae Cryptophyceae Chlamy<strong>do</strong>phyceae<br />

Craspe<strong>do</strong>mona<strong>do</strong>phyceae Dinophyceae Euglenophyceae<br />

Figura 15 – Contribuição percentual das Classes <strong>de</strong> algas à composição da comunida<strong>de</strong> fitoplanctônica <strong>do</strong><br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, estação E3, <strong>de</strong> 2005 a 2008.<br />

Este conjunto <strong>de</strong> condições propiciou o estabelecimento <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> cianobactérias no<br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>. Segun<strong>do</strong> SANT’ANNA et al. (2006), além <strong>do</strong>s <strong>de</strong>sequilíbrios ecológicos<br />

acarreta<strong>do</strong>s, as florações <strong>de</strong> cianobactérias po<strong>de</strong>m causar vários problemas que variam <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

conferir gosto e o<strong>do</strong>r à água até a produção <strong>de</strong> toxinas.<br />

A princípio, todas as cianobactérias são consi<strong>de</strong>radas potencialmente tóxicas (SANT’ANNA et<br />

al., 2006). A toxicida<strong>de</strong> varia <strong>de</strong> espécie para espécie, ou seja, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s gêneros po<strong>de</strong> haver cepas<br />

71


PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

produtoras e não produtoras <strong>de</strong> toxinas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da dinâmica populacional e competição entre<br />

as populações, ou da presença <strong>de</strong> estressores ambientais (CALIJURI et al.,2006). As cianotoxinas<br />

formam um grupo <strong>de</strong> substâncias químicas bastante diverso, com mecanismos tóxicos específicos em<br />

vertebra<strong>do</strong>s. Algumas cianotoxinas são neurotoxinas bastante potentes (anatoxina-a, anatoxina-a(s),<br />

saxitoxinas), outras são principalmente tóxicas ao fíga<strong>do</strong> (microcistinas, nodularina e<br />

cilindrospermopsina) e outras ainda po<strong>de</strong>m ser irritantes ao contato, consi<strong>de</strong>radas como en<strong>do</strong>toxinas<br />

pirogênicas, como as <strong>de</strong> bactérias Gram negativas (FUNASA, 2003).<br />

No reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> já foram registradas espécies potencialmente tóxicas, como<br />

Microcystis aeruginosa, M. panniformis, Pseu<strong>do</strong>anabaena mucicola, Anabaena circinalis, A.<br />

planctonica, A. spiroi<strong>de</strong>s, Cylindrospermopsis raciborskii.<br />

As <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> fitoplâncton no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> tornam-se mais elevadas<br />

normalmente em janeiro e abril (Figura 16 e Figura 17), ou seja, no verão e início <strong>do</strong> outono, quan<strong>do</strong><br />

as temperaturas estão mais elevadas. Florações já foram registradas para o reservatório,<br />

especialmente em jan/06, quan<strong>do</strong> uma floração massiva <strong>de</strong> Microcystis aeruginosa se estabeleceu no<br />

corpo <strong>de</strong> água, chegan<strong>do</strong> a concentração <strong>de</strong> 843.940 céls.mL -1 , na estação E3, com concentração <strong>de</strong><br />

clorofila <strong>de</strong> 469,13μg.L -1 .<br />

céls. mL -1<br />

300.000<br />

250.000<br />

200.000<br />

150.000<br />

100.000<br />

50.000<br />

0<br />

E2 - Densida<strong>de</strong> Celular e Clorofila<br />

abr/05 jul/05 out/05 jan/06 abr/06 jul/06 out/06 jan/07 abr/07 jul/07 out/07 jan/08 abr/08<br />

Densida<strong>de</strong> cel Clorofila<br />

Figura 16 - Variações temporais <strong>de</strong> clorofila-a (μg.L -1 ) e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> celular <strong>do</strong> fitoplâncton (céls.mL -1 ), no<br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e entorno, estação E2, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2005 a 2008.<br />

LACTEC – 2008<br />

REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC<br />

160,00<br />

140,00<br />

120,00<br />

100,00<br />

80,00<br />

60,00<br />

40,00<br />

20,00<br />

0,00<br />

µg.L -1<br />

72


céls. mL -1<br />

PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

1.600.000<br />

1.400.000<br />

1.200.000<br />

1.000.000<br />

800.000<br />

600.000<br />

400.000<br />

200.000<br />

0<br />

E3 - Densida<strong>de</strong> Celular e Clorofila<br />

abr/05 jul/05 out/05 jan/06 abr/06 jul/06 out/06 jan/07 abr/07 jul/07 out/07 jan/08 abr/08 jul/08<br />

Densida<strong>de</strong> cel Clorofila<br />

Figura 17 - Variações temporais <strong>de</strong> clorofila-a (μg.L -1 ) e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> celular <strong>do</strong> fitoplâncton (céls.mL -1 ), no<br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e entorno, estação E3, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2005 a 2008.<br />

Esta superpopulação <strong>de</strong> algas esteve fortemente associada ao ciclo hidrológico <strong>do</strong> sistema e<br />

às condições climáticas <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>. A característica lêntica <strong>do</strong> reservatório (102 dias <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong><br />

residência da água), os baixos níveis <strong>de</strong> água, a elevação da temperatura, a estratificação da coluna<br />

<strong>de</strong> água com zonas <strong>de</strong> mistura menos profundas, além das elevadas concentrações <strong>de</strong> fósforo<br />

(out/06, jan/07) foram <strong>de</strong>cisivas para o <strong>de</strong>senvolvimento massivo das cianobactérias nestes perío<strong>do</strong>s<br />

(BRASSAC et al., 2008).<br />

5.2 Meio Biológico<br />

5.2.1 Vegetação<br />

O estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> vegetação apresenta<strong>do</strong> a seguir refere-se a toda a área <strong>de</strong> abrangência <strong>do</strong><br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, apresentan<strong>do</strong> análises específicas quan<strong>do</strong> pertinente.<br />

5.2.1.1 Vegetação Natural no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong><br />

O Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> é caracteriza<strong>do</strong> por uma gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> paisagens naturais, como<br />

orla e planícies marinhas, encostas e topos serranos, regiões <strong>do</strong>s planaltos, vales fluviais, etc. Esta<br />

situação, associada a diferenças em termos <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> solo, altitu<strong>de</strong>, influências climáticas, fatores<br />

geomorfológicos, entre outros, proporciona uma rica diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> micro-ambientes. A vegetação<br />

LACTEC – 2008<br />

REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC<br />

500,00<br />

450,00<br />

400,00<br />

350,00<br />

300,00<br />

250,00<br />

200,00<br />

150,00<br />

100,00<br />

50,00<br />

0,00<br />

µg.L -1<br />

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natural, que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como um indica<strong>do</strong>r da interação <strong>do</strong>s fatores ambientais acima<br />

cita<strong>do</strong>s, mostra-se igualmente diversificada, apresentan<strong>do</strong> uma vasta gama <strong>de</strong> diferentes tipologias.<br />

Tal variabilida<strong>de</strong> tipológica po<strong>de</strong> ser sumarizada em diferentes categorias vegetacionais,<br />

a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s critérios <strong>de</strong> classificação. O Sistema <strong>de</strong> Classificação da Vegetação <strong>do</strong><br />

IBGE (Veloso et al. 1991), a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> critérios fisionômico-ecológicos, reconhece para o <strong>Paraná</strong> os<br />

seguintes tipos florestais:<br />

• Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica), cobrin<strong>do</strong> a porção litorânea <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a orla marítima até as encostas na face leste da Serra-<strong>do</strong>-Mar;<br />

• Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária), ocupan<strong>do</strong> a região <strong>do</strong> planalto<br />

meridional, em altitu<strong>de</strong>s superiores a 500/600m.s.n.m. (primeiro, segun<strong>do</strong> e terceiro<br />

planaltos paranaenses);<br />

• Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual (Floresta Tropical Subcaducifolia), ocupan<strong>do</strong> as regiões<br />

norte e oeste <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, em altitu<strong>de</strong>s mais baixas e marcadas por um clima <strong>de</strong> caráter<br />

tropical-subtropical;<br />

• Savana (Campos Naturais), localizada sobre o Planalto Meridional, entremea<strong>do</strong>s com a<br />

Floresta Ombrófila Mista com araucária.<br />

Segun<strong>do</strong> suas características climáticas, o <strong>Paraná</strong> apresenta condições favoráveis para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> vegetação <strong>do</strong> tipo floresta, o que é <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> principalmente pela<br />

uniformida<strong>de</strong> na distribuição pluviométrica no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong> ano (ausência <strong>de</strong> uma estação seca<br />

claramente <strong>de</strong>finida). Entretanto, nas regiões oeste e norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> o clima assume<br />

gradativamente um caráter <strong>de</strong> estacionalida<strong>de</strong>, condicionan<strong>do</strong> uma adaptação fisiológica <strong>de</strong> algumas<br />

das espécies arbóreas presentes na região. Já as formações campestres naturais, como os Campos <strong>de</strong><br />

Guarapuava, <strong>de</strong> Palmas e <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> planalto paranaense, são vistas pela maioria <strong>do</strong>s autores<br />

(HUECK, 1966; MAACK, 1968; KLEIN & LEITE, 1990) como relictos, ou seja, grupos sobreviventes <strong>de</strong><br />

um ambiente caracteriza<strong>do</strong> por clima tempera<strong>do</strong>, semi-ári<strong>do</strong> até semi-úmi<strong>do</strong>, com perío<strong>do</strong>s<br />

acentua<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seca. A expansão das florestas sobre os campos seria uma conseqüência <strong>do</strong> processo<br />

<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> tropicalização <strong>do</strong> clima, ou seja, a mudança <strong>de</strong> clima mais frio e seco para o mais quente<br />

e úmi<strong>do</strong>.<br />

Dentro <strong>do</strong> quadro <strong>do</strong> presente trabalho, são duas as categorias <strong>de</strong> relevância: a Floresta<br />

LACTEC – 2008<br />

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Ombrófila Mista e a Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual, uma vez que ambas coexistem no ambiente <strong>do</strong><br />

médio rio Iguaçu, condicionadas principalmente pela altitu<strong>de</strong>.<br />

5.2.1.2 Floresta Ombrófila Mista<br />

A Floresta Ombrófila Mista com Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze. apresenta sua principal<br />

zona <strong>de</strong> distribuição no planalto da região Sul <strong>do</strong> Brasil. Hueck (1966) indica para este tipo florestal os<br />

seguintes limites <strong>de</strong> ocorrência: ao sul o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul; ao norte o vale <strong>do</strong> Rio Doce; a<br />

leste o divisor <strong>de</strong> águas da Serra <strong>do</strong> Mar; e a oeste a província <strong>de</strong> Missiones, na Argentina.<br />

Quanto à sua distribuição altimétrica, a Floresta Ombrófila Mista ocupa terrenos localiza<strong>do</strong>s<br />

numa faixa <strong>de</strong> 500/600 até 1.800m.s.n.m.<br />

Além da altitu<strong>de</strong>, os outros fatores <strong>de</strong>terminantes para a distribuição <strong>de</strong>ste subgrupo <strong>de</strong><br />

formações são <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m climática. A Floresta Ombrófila Mista ocorre na região <strong>de</strong> clima mesotermal,<br />

<strong>do</strong> tipo C segun<strong>do</strong> a classificação <strong>de</strong> Koeppen, caracteriza<strong>do</strong> por chuvas bem distribuídas durante o<br />

ano e temperatura média <strong>do</strong> mês mais frio inferior a 18°C (MACHADO & SIQUEIRA, 1980). A<br />

precipitação na região das araucárias nunca cai abaixo <strong>de</strong> 1.000mm ao ano, superan<strong>do</strong> quase sempre<br />

1.400mm (HUECK, 1966).<br />

Cobertura atual<br />

MAACK (1968) indica que o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> possuía em 1930 uma cobertura <strong>de</strong> Floresta com<br />

Araucária <strong>de</strong> 73.780km² (37,0 % da área total <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>), a qual em 1965 havia si<strong>do</strong> reduzida a<br />

15.932km² (8,0 % <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>). Já em 1977-78, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s pelo “Inventário Florestal<br />

<strong>do</strong> Pinheiro no Sul <strong>do</strong> Brasil”, realiza<strong>do</strong> pela Fundação <strong>de</strong> Pesquisas Florestais – FUPEF (1978),<br />

restavam no <strong>Paraná</strong> 63.167ha <strong>de</strong> florestas primárias <strong>de</strong> araucária e 253.453ha <strong>de</strong> florestas<br />

secundárias ou parcialmente exploradas, soman<strong>do</strong> 316.620ha ou 3.166,2km². Este número<br />

correspon<strong>de</strong> a 4,29% da cobertura florestal <strong>de</strong> 1930. Em estu<strong>do</strong> recentemente concluí<strong>do</strong>, FUPEF<br />

(2001) aponta que, da área primitiva <strong>de</strong> Floresta com Araucária, restaram apenas 0,8% (66.109ha) <strong>de</strong><br />

remanescentes em estágio avança<strong>do</strong> <strong>de</strong> sucessão e 22,3% (2.589.042ha) em estágio inicial e médio.<br />

Este quadro <strong>de</strong>monstra a dramática redução da área ocupada por este tipo <strong>de</strong> ecossistema.<br />

Atualmente a existência <strong>de</strong> expressivos remanescentes primitivos e inaltera<strong>do</strong>s no <strong>Paraná</strong> <strong>de</strong>ve ser<br />

praticamente <strong>de</strong>scartada.<br />

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Caracterização <strong>de</strong> formações e comunida<strong>de</strong>s<br />

A gran<strong>de</strong> extensão da área <strong>de</strong> distribuição natural da Floresta Ombrófila Mista, abrangen<strong>do</strong><br />

aproximadamente 400.000km² por sobre o planalto meridional, ou seja, duas vezes a área total <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>, confere a este tipo florestal um certo grau <strong>de</strong> heterogeneida<strong>de</strong> em termos<br />

florísticos, estruturais, fisionômicos e fitossociológicos. Os fatores mais importantes a serem<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s são altitu<strong>de</strong> e latitu<strong>de</strong> <strong>do</strong> terreno consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>, que influem diretamente em sua<br />

temperatura média. Esta, por sua vez, age sobre a composição florística da vegetação associada à<br />

Araucaria angustifolia. Outros fatores ainda merecem ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s, como a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s solos e<br />

a proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formações florestais vizinhas, caracterizan<strong>do</strong> as áreas <strong>de</strong> ecótonos que, em termos<br />

fitogeográficos, fitossociológicos ou florísticos, são zonas <strong>de</strong> transição nas quais ocorre uma mescla<br />

<strong>de</strong> espécies entre ambos os tipos <strong>de</strong> vegetação.<br />

Nesses termos, é possível agrupar as comunida<strong>de</strong>s com Araucaria angustifolia com base em<br />

critérios <strong>de</strong> altimetria e natureza geomorfológica <strong>do</strong> substrato, quanto ao tipo <strong>de</strong> ecótono, quanto ao<br />

grau <strong>de</strong> <strong>do</strong>minância da Araucaria angustifolia e com relação ao tipo <strong>de</strong> sub-bosque.<br />

Em função <strong>do</strong> gradiente altimétrico <strong>do</strong>s ambientes <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> vegetação <strong>do</strong> tipo Floresta<br />

Ombrófila Mista, o sistema <strong>de</strong> classificação <strong>do</strong> IBGE subdivi<strong>de</strong>-a em quatro formações distintas:<br />

• Floresta ombrófila mista aluvial<br />

Não representa uma condição altimétrica propriamente dita, mas faz menção à natureza<br />

geomorfológica <strong>do</strong> substrato. Ocupa os terrenos aluviais situa<strong>do</strong>s junto aos cursos d’água das serras<br />

costeiras volta<strong>do</strong>s ao interior ou <strong>do</strong>s planaltos <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s pela Araucaria angustifolia, associada a<br />

ecótipos que variam <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as altitu<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s flúvios. Além <strong>de</strong>sta espécie <strong>do</strong>minante, também<br />

se encontram Po<strong>do</strong>carpus lambertii e Drymis brasiliensis, espécies estas típicas das altitu<strong>de</strong>s. À<br />

medida que a altitu<strong>de</strong> diminui a Araucaria angustifolia associa-se a vários ecótipos <strong>de</strong> angiospermas<br />

da família Lauraceae, merecen<strong>do</strong> <strong>de</strong>staque os gêneros Ocotea, Cryptocarya e Nectandra, entre<br />

outros <strong>de</strong> menor expressão, nas disjunções serranas da Mantiqueira. No sul <strong>do</strong> País a floresta aluvial<br />

é constituída principalmente por Araucaria angustifolia, Luehea divaricata e Blepharocalyx longipes<br />

no estrato emergente e por Sebastiana commersoniana, no estrato arbóreo contínuo.<br />

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• Floresta ombrófila mista submontana<br />

Esta formação é atualmente localizada sob a forma <strong>de</strong> pequenas disjunções situadas em<br />

vários pontos <strong>do</strong> “Cráton Sul-Riogran<strong>de</strong>nse”. No município <strong>de</strong> Lauro Müller (SC), por exemplo, na<br />

década <strong>de</strong> 50, podia-se observar cerca <strong>de</strong> 12.000 indivíduos <strong>de</strong> Araucaria angustifolia. Contu<strong>do</strong>,<br />

nesta década este número não chega a 200 exemplares, apresentan<strong>do</strong> troncos finos e relativamente<br />

baixos, pertencente ao estrato <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>.<br />

Assim, o que existe é uma “floresta secundária” fican<strong>do</strong> cada vez mais raro encontrarem-se<br />

indivíduos <strong>de</strong> Araucaria angustifolia , que ten<strong>de</strong>m ao total <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> poucos anos.<br />

• Floresta ombrófila mista montana<br />

Encontrada atualmente em poucas reservas particulares e no Parque Nacional <strong>do</strong> Iguaçu,<br />

ocupava quase que inteiramente o planalto situa<strong>do</strong> acima <strong>do</strong>s 500m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, nos Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

<strong>Paraná</strong>, Santa Catarina e Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. Porém, na década <strong>de</strong> 50, em gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong><br />

terrenos situa<strong>do</strong>s entre as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Lages (SC) e Rio Negro (PR) podia-se observar a Araucaria<br />

angustifolia ocupan<strong>do</strong> e emergin<strong>do</strong> da submata <strong>de</strong> Ocotea pulchella e Ilex paraguariensis,<br />

acompanhada <strong>de</strong> Chryptocarya aschersoniana e Nectandra megapotamica. No norte <strong>de</strong> Santa<br />

Catarina e no sul <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> o “pinheiro <strong>do</strong> paraná” estava associa<strong>do</strong> com a imbuia (Ocotea porosa),<br />

forman<strong>do</strong> agrupamentos característicos. Atualmente gran<strong>de</strong>s agrupamentos gregários<br />

<strong>de</strong>sapareceram, substituí<strong>do</strong>s pela monocultura <strong>de</strong> soja e trigo, intercala<strong>do</strong>s. Na década <strong>de</strong> 20,<br />

consi<strong>de</strong>ráveis disjunções <strong>de</strong> Araucaria existentes no vale <strong>do</strong> Itajaí-Açu, associadas a Ocotea<br />

catharinensis, foram quase inteiramente <strong>de</strong>vastadas, restan<strong>do</strong> pequenos remanescentes sem<br />

expressão paisagística e econômica. Esta ochloespécie (assim <strong>de</strong>nominada por formar o grupo<br />

<strong>do</strong>minante da vegetação), que ocupava cerca <strong>de</strong> 70% <strong>do</strong> planalto meridional, apresenta uns poucos<br />

indivíduos isola<strong>do</strong>s em pontos inacessíveis ou <strong>de</strong> permeio a gran<strong>de</strong>s culturas <strong>de</strong> soja e trigo.<br />

Estas consi<strong>de</strong>rações exemplificam o lento mas constante <strong>de</strong>saparecimento da Araucaria<br />

angustifolia que, na década <strong>de</strong> 80, não apresentava mais expressão fitogeográfica e econômica.<br />

• Floresta ombrófila mista alto-montana<br />

Esta formação apresenta-se localizada acima <strong>do</strong>s 1.000m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, com maior ocorrência<br />

no Parque <strong>do</strong> Itaimbezinho (RS) e na crista <strong>do</strong> Planalto meridional, nas cercanias <strong>do</strong>s “campos <strong>de</strong><br />

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Santa Bárbara” no Parque <strong>de</strong> São Joaquim (SC), ocupan<strong>do</strong> as encostas das colinas diabásicas em<br />

mistura com arenitos metamorfiza<strong>do</strong>s pelo vulcanismo cretácico, que constitui a serra Geral. Tal<br />

fisionomia podia ser observada até a década <strong>de</strong> 60, quan<strong>do</strong> se iniciou a exploração <strong>do</strong>s últimos<br />

remanescentes expressivos da Araucaria angustifolia, restan<strong>do</strong> atualmente poucos exemplares<br />

jovens ou raquíticos que sobraram <strong>do</strong> corte predatório.<br />

Atualmente, esta floresta ainda se encontra bem conservada e com seus elementos quase<br />

intactos no Parque Estadual <strong>de</strong> Campos <strong>do</strong> Jordão (SP) e em Monte Ver<strong>de</strong>, município <strong>de</strong><br />

Camanducaia (MG); todavia, as outras ocorrências, como a <strong>de</strong> Itatiaia (RJ e MG), estão sen<strong>do</strong><br />

gradualmente suprimidas, ten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>saparecimento em poucos anos.<br />

A composição florística da disjunção <strong>de</strong> Campos <strong>do</strong> Jordão, possivelmente semelhante à que<br />

outrora existia nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> e Santa Catarina, apresenta a <strong>do</strong>minância <strong>de</strong> Araucaria<br />

angustifolia, que sobressai <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssel normal da floresta. Ela é também bastante numerosa no estrato<br />

<strong>do</strong>mina<strong>do</strong> e aí associada a vários ecótipos, <strong>de</strong>ntre os quais merecem <strong>de</strong>staque, em or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>crescente, os seguintes: Po<strong>do</strong>carpus lambertii (pinheiro-bravo) e várias angiospermas, inclusive<br />

Drymis brasiliensis, da família Winteraceae, Cedrela fissilis, da Meliaceae e muitas Lauraceae e<br />

Myrtaceae. No estrato arbustivo da submata <strong>do</strong>minam as Rubiaceae e Myrtaceae e exemplares da<br />

regeneração arbórea <strong>de</strong> Angiospermae, como Winteraceae, Lauraceae e Meliaceae.<br />

A substituição florística nas zonas <strong>de</strong> ecótonos<br />

Uma situação <strong>de</strong> particular interesse é verifica<strong>do</strong> nas faixas <strong>de</strong> contato entre a Floresta<br />

Ombrófila Mista com Araucaria e os <strong>de</strong>mais subgrupos <strong>de</strong> formações que a circundam (no <strong>Paraná</strong> a<br />

Floresta Ombrófila Densa ao leste e a Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual a oeste e ao norte). Klein<br />

(1979) cita que é possível observar nas comunida<strong>de</strong>s da Floresta com Araucária uma lenta mas<br />

segura penetração <strong>de</strong> espécies características da Floresta Ombrófila Densa que, ao que tu<strong>do</strong> indica,<br />

encontra no interior <strong>de</strong>stas florestas com pinheiros um ambiente úmi<strong>do</strong> e sombrio bastante<br />

apropria<strong>do</strong> para a germinação <strong>de</strong> suas sementes e posterior <strong>de</strong>senvolvimento. São espécies que, ao<br />

formarem gran<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>nsas copas, tornam o ambiente cada vez mais <strong>de</strong>sfavorável para a<br />

regeneração <strong>de</strong> Araucaria angustifolia e ao mesmo tempo preparam o terreno para a expansão das<br />

espécies próprias e características da formação florestal adjacente. A agressão e a conseqüente<br />

invasão das espécies características sobre as matas <strong>do</strong>s pinheiros é uma constante observável em<br />

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toda a linha <strong>de</strong> contato da Floresta com Araucária com as florestas latifoliadas, tanto <strong>do</strong> la<strong>do</strong><br />

atlântico, quanto <strong>do</strong> la<strong>do</strong> da bacia <strong>do</strong>s rios <strong>Paraná</strong> e Uruguai. Para esta situação particular, a<br />

<strong>de</strong>signação “tensão ecológica” po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada apropriada, uma vez que é fruto <strong>de</strong> um fator<br />

exógeno, ou seja, a alteração das condições ambientais. Esta modificação <strong>do</strong> meio proporciona o<br />

favorecimento para um certo grupo <strong>de</strong> espécies (formação ou tipologia florestal), o qual ten<strong>de</strong> a<br />

<strong>do</strong>minar a área no futuro, em <strong>de</strong>trimento da formação que ocupou a área até então. Esta, portanto,<br />

ten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>saparecer, uma vez que as condições <strong>do</strong> meio se tornam cada vez menos favoráveis. Hueck<br />

(1972) também menciona o maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> competição das florestas pluviais subtropicais atlânticas<br />

frente à Floresta com Araucária. Trata-se principalmente <strong>de</strong> Aspi<strong>do</strong>sperma olivaceum (peroba-<br />

vermelha), Cinnamomum glaziovii (garuva), Aspi<strong>do</strong>rperma ramiflorum (pitiá ou guatambu), Alchornea<br />

triplinervia e A. sidifolia (tapiá-guaçu) e Coccoloba warmingii (racha-ligeiro), além <strong>de</strong> representantes<br />

das famílias Lauraceae e Myrtaceae.<br />

Em função <strong>de</strong> variações climáticas ao longo <strong>de</strong> tempos geológicos, a área <strong>de</strong> distribuição<br />

natural da araucária sofreu expansões e regressões. Atualmente, com a mudança <strong>do</strong> clima mais frio e<br />

seco para mais quente e úmi<strong>do</strong>, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia-se um processo dinâmico <strong>de</strong> ocupação <strong>de</strong> novas áreas,<br />

tanto com relação à Floresta com Araucária como também das tipologias vizinhas. Este processo<br />

torna-se bastante visível nas zonas <strong>de</strong> contato entre a Floresta com Araucária e as áreas <strong>de</strong> campo<br />

(estepes <strong>de</strong> gramíneas baixas) existentes em diversos pontos <strong>do</strong> planalto meridional. A elevação da<br />

temperatura média anual e uma distribuição mais uniforme da chuva favorecem o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> uma vegetação <strong>do</strong> tipo florestal, o que é observa<strong>do</strong> com o avanço da Floresta com Araucária sobre<br />

os campos.<br />

Da mesma forma como a Floresta com Araucária conquista novas áreas até então cobertas<br />

pela formação campestre, ela per<strong>de</strong> terreno nas zonas <strong>de</strong> contato com as formações pluviais<br />

subtropicais que ocorrem em altitu<strong>de</strong>s mais baixas e que nestas condições apresentam o maior<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> competição (HUECK, 1966). Esta mesma situação também é <strong>de</strong>scrita por Klein e Leite<br />

(1990), que se referem ao fenômeno <strong>de</strong> substituição florística, <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> principalmente pela<br />

quebra <strong>do</strong> ciclo normal <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da Araucaria angustifolia e <strong>de</strong> outras espécies andinas.<br />

Analogamente às al<strong>de</strong>ias humanas aban<strong>do</strong>nadas, estes autores <strong>de</strong>nominam <strong>de</strong> “tapera<br />

fitossociológica” as comunida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> a araucária ocorre apenas em esta<strong>do</strong> senil (faltan<strong>do</strong><br />

indivíduos jovens e adultos), num esta<strong>do</strong> avança<strong>do</strong> <strong>de</strong> substituição pela flora tropical. Esta situação é<br />

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observada principalmente nos locais <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>s inferiores a 800m, on<strong>de</strong> a araucária é o único<br />

representante da flora <strong>de</strong> origem temperada. As <strong>de</strong>mais espécies que ocorrem nesses locais são<br />

características das regiões vizinhas (Florestas Estacionais e Ombrófila Densa).<br />

5.2.1.3 Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual<br />

O sub-grupo <strong>de</strong> formações da Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual, conforme o sistema <strong>de</strong><br />

classificação vegetal <strong>do</strong> IBGE, é também conheci<strong>do</strong> por diversas outras <strong>de</strong>nominações. Entre as mais<br />

importantes citam-se a <strong>de</strong> Floresta Tropical Decídua, Floresta Pluvial Tropical e Floresta Densa<br />

Semi<strong>de</strong>cidual.<br />

Hueck (1972) <strong>de</strong>fine o clima típico para a ocorrência <strong>de</strong>ste tipo florestal como úmi<strong>do</strong>, com<br />

invernos suaves e verões quentes, bem como uma estação seca muito pouco pronunciada. As geadas<br />

são raras e ocorrem somente na porção meridional <strong>de</strong> sua zona <strong>de</strong> distribuição. As temperaturas<br />

médias anuais situam-se entre 16-18°C nas áreas mais elevadas (600-800m.s.n.m.). Segun<strong>do</strong> o<br />

mesmo autor, os índices pluviométricos nunca ultrapassam 1600mm/ano. Os meses <strong>de</strong> menor<br />

precipitação são <strong>de</strong> abril a setembro.<br />

O fenômeno da semi<strong>de</strong>cidualida<strong>de</strong> estacional é a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> como parâmetro i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sta<br />

região por assumir importância fisionômica marcante, caracterizan<strong>do</strong> o estrato superior da floresta.<br />

As formações vegetais <strong>de</strong>sta região aproximam-se <strong>do</strong> tipo das florestas secas, cuja fisionomia é<br />

marcada pelo fenômeno da estacionalida<strong>de</strong> e semi<strong>de</strong>cidualida<strong>de</strong> foliar, além <strong>de</strong> diversos outros tipos<br />

<strong>de</strong> adaptações genéticas e parâmetros ecológicos históricos e/ou atuais.<br />

O conceito ecológico <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> vegetação está condiciona<strong>do</strong> pela dupla estacionalida<strong>de</strong><br />

climática, uma tropical, com épocas <strong>de</strong> intensas chuvas <strong>de</strong> verão, e outra subtropical sem perío<strong>do</strong><br />

seco, mas com seca fisiológica, provocada pelo intenso frio no inverno, com temperaturas médias<br />

inferiores a 15°C. A porcentagem das árvores caducifólias, no conjunto florestal e não das espécies<br />

que per<strong>de</strong>m as folhas individualmente, situa-se entre 20 e 50%. Esta floresta possui uma <strong>do</strong>minância<br />

<strong>de</strong> gêneros amazônicos <strong>de</strong> distribuição brasileira, como por exemplo: Parapipta<strong>de</strong>nia, Peltophorum,<br />

Cariniana, Lecythis, Tabebuia, Astronium e outros <strong>de</strong> menor importância fisionômica (IBGE, 1992).<br />

No Brasil, a Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual cobre uma extensa região, <strong>de</strong>finida por uma<br />

razoável uniformida<strong>de</strong> climática, margean<strong>do</strong> a zona <strong>de</strong> clima tropical.<br />

No <strong>Paraná</strong>, este sub-grupo <strong>de</strong> formações esten<strong>de</strong>-se sobre o la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> <strong>do</strong> rio<br />

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Paranapanema a partir <strong>do</strong> rio Itararé e as bacias <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os afluentes da margem esquerda <strong>do</strong> rio<br />

<strong>Paraná</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o rio Paranapanema até o rio Iguaçu, sempre nas altitu<strong>de</strong>s inferiores a 500/600m<br />

(KLEIN & LEITE, 1990). Na sua gran<strong>de</strong> maioria, compreen<strong>de</strong> terrenos suaves com solos <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s,<br />

principalmente, <strong>do</strong>s <strong>de</strong>rrames basálticos, com altitu<strong>de</strong>s varian<strong>do</strong> <strong>de</strong> aproximadamente 100m, em <strong>Foz</strong><br />

<strong>do</strong> Iguaçu, até 500/600m no norte <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. Na parte noroeste associa-se aos solos originários <strong>do</strong><br />

arenito <strong>de</strong> Caiuá e a nor<strong>de</strong>ste aos <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s, principalmente, <strong>do</strong> grupo <strong>do</strong>s arenitos finos (rio <strong>do</strong><br />

Rastro e Estrada Nova). Maack (1968) diferencia a formação encontrada no terceiro planalto<br />

paranaense nos vales <strong>do</strong>s rios Tibagi, Pirapó e Ivaí daquela observada sobre o arenito <strong>de</strong> Caiuá,<br />

menos exuberante que a primeira. Além disso, este autor ainda inclui as formações subtropicais<br />

observadas acima <strong>de</strong> 500m.s.n.m. e <strong>do</strong> su<strong>do</strong>este paranaense, entre os rios Piquiri e Iguaçu. A área <strong>de</strong><br />

distribuição natural da Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> compreen<strong>de</strong><br />

aproximadamente 60.000km² (30% da área <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>). No esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, este tipo <strong>de</strong> floresta<br />

era, no passa<strong>do</strong>, ainda mais pronuncia<strong>do</strong>, ocupan<strong>do</strong> uma área <strong>de</strong> 160.000km² (Hueck, 1972). Leite et<br />

al. (1986) chamam a atenção para as marcantes diferenças fisionômicas e florísticas observadas nas<br />

florestas em função <strong>do</strong>s aspectos pe<strong>do</strong>lógicos, em especial <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à natureza <strong>do</strong> material <strong>de</strong> origem.<br />

Cobertura atual<br />

Conforme Leite e colabora<strong>do</strong>res (1986), Pastore e Rangel Filho (1986) (apud KLEIN & LEITE,<br />

1990), as Florestas Estacionais Decidual e Semi<strong>de</strong>cidual estendiam-se, originalmente, no Sul <strong>do</strong> Brasil<br />

por cerca <strong>de</strong> 128.000km², sen<strong>do</strong> 47.000km² a primeira e 81.000km² a segunda. Destes totais,<br />

permanecem, atualmente, em torno <strong>de</strong> 2.000km² (4%) <strong>de</strong> Floresta Decidual e 5.000km² (6%) <strong>de</strong><br />

Floresta Semi<strong>de</strong>cidual. Estes remanescentes, em geral, encontram-se profundamente altera<strong>do</strong>s e<br />

<strong>de</strong>scaracteriza<strong>do</strong>s quanto à sua fisionomia e composição florística. Principalmente nos solos oriun<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> basalto, a floresta ce<strong>de</strong>u lugar a extensas áreas agrícolas. O Parque Nacional <strong>do</strong> Iguaçu representa<br />

uma exceção. Sua área superior a 180.000ha caracteriza-se por uma zona <strong>de</strong> contato entre a Floresta<br />

Ombrófila Mista e a Estacional Semi<strong>de</strong>cidual, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> uma cobertura florestal em bom<br />

esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação.<br />

Características florísticas, fisionômicas e estruturais<br />

Fisionomicamente trata-se <strong>de</strong> uma floresta exuberante. Nas áreas tropicais é composta por<br />

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mesofanerófitos (plantas <strong>de</strong> porte médio, <strong>de</strong> 20 a 30m <strong>de</strong> altura) que revestem, em geral, solos<br />

areníticos distróficos. Já nas áreas subtropicais é composta por macrofanerófitos (30 a 50m <strong>de</strong> altura)<br />

em face <strong>de</strong> revestirem solos basálticos (IBGE, 1992).<br />

Em geral, observa-se a ocorrência <strong>de</strong> um estrato superior bastante <strong>de</strong>scontínuo (aberto),<br />

sen<strong>do</strong> que a floresta, tanto em sua formação submontana como na montana, mostrava-se bem mais<br />

pobre em formas <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> que as Florestas Ombrófilas típicas <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> país, com estrato superior,<br />

em geral, constituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> um reduzi<strong>do</strong> número <strong>de</strong> espécies.<br />

A Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual apresenta baixo índice <strong>de</strong> epifitismo arborícola,<br />

representa<strong>do</strong> principalmente por espécies das famílias Orchidaceae, Bromeliaceae, Araceae e<br />

Piperaceae. As lianas lenhosas, apesar da gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> indivíduos, sempre bem<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, pertencem a um reduzi<strong>do</strong> número <strong>de</strong> espécies.<br />

Se, por um la<strong>do</strong>, a Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual, quan<strong>do</strong> comparada com as outras<br />

formações <strong>de</strong> Florestas Ombrófilas <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> país, apresenta um número menor <strong>de</strong> espécies e formas<br />

<strong>de</strong> vida, por outro la<strong>do</strong> constituía uma das florestas mais ricas em volume <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>do</strong> país, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />

ao exuberante <strong>de</strong>senvolvimento alcança<strong>do</strong> sobre solos originários <strong>do</strong> basalto. Nestes sítios, a Floresta<br />

Estacional Semi<strong>de</strong>cidual apresenta um certo grau <strong>de</strong> uniformida<strong>de</strong> geral, marcada por florestas mais<br />

homogêneas e vigorosas (KLEIN & LEITE, 1990).<br />

De um mo<strong>do</strong> geral, a Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual apresenta estrato emergente<br />

constituí<strong>do</strong>, <strong>do</strong>minantemente, <strong>de</strong> peroba-rosa (Aspi<strong>do</strong>sperma polyneuron), ipê-roxo (Tabebuia<br />

avellanedae), pau-d’alho (Gallezia gorazema), pau-marfim (Balfouro<strong>de</strong>ndron rie<strong>de</strong>lianum), canafístula<br />

(Peltophorum dubium), louro-par<strong>do</strong> (Cordia trichotoma) e grápia (Apuleia leiocarpa).<br />

No arenito Caiuá a estas espécies juntam-se no estrato emergente, guaritá (Astronium<br />

urun<strong>de</strong>uva), jequitibá (Cariniana estrellensis), jatobá (Hymenea stilbocarpa), sucupira-amarela<br />

(Ferreira spectabilis) e amen<strong>do</strong>im-brabo (Pterogyne nitens), além <strong>de</strong> outras, como espécies<br />

preferenciais características.<br />

No estrato arbóreo <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> distinguem-se, como espécies preferenciais <strong>de</strong> importância<br />

fitossociológica, no arenito Caiuá: guatambu (Chrysophyllum gonocarpum), canelão (Ocotea cf.<br />

acutifolia), sobrasil (Colubrina glandulosa), alecrim (Holocalyx balansae), araticum (Annona cacans) e<br />

amarelinho (Helietta longifoliata), além <strong>de</strong> outras.<br />

Como espécies características e exclusivas <strong>do</strong> arenito Caiuá, compon<strong>do</strong> o estrato arbóreo<br />

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<strong>do</strong>mina<strong>do</strong>, surgem: macaúba (Acrocomia sclerocarpa), farinha-seca (Albizia sp), pindaíva (Duguetia<br />

lanceolata e Xylopia brasiliensis) e guaraiúva (Savia dictyocarpa) (LEITE et al., 1974, apud KLEIN & LEITE,<br />

1990).<br />

Nos solos <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> basalto, acompanham geralmente o grupo <strong>de</strong> espécies já referidas<br />

para o estrato emergente da região: figueira branca (Ficus insipida), rabo-<strong>de</strong>-mico (Lonchocarpus<br />

muehlbergianus), angico-vermelho (Parapipta<strong>de</strong>nia rigida), marinheiro (Guarea gui<strong>do</strong>nia), angico-<br />

branco (Ana<strong>de</strong>nanthera colubrina), jerivá (Syagrus romanzoffianum), além <strong>de</strong> outros.<br />

No estrato contínuo, ainda no basalto, eram bastante freqüentes: canela-preta (Nectandra<br />

megapotamica), guajuvira (Patagonula americana), canela-amarela (Nectandra lanceolata),<br />

canjerana (Cabralea canjerana), cedro (Cedrela fissilis), o palmiteiro (Euterpe edulis) e o jerivá<br />

(Syagrus romanzoffianum) (HUECK, 1972).<br />

Caracterização <strong>de</strong> formações e comunida<strong>de</strong>s<br />

A subdivisão da Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual em formações distintas segue o mesmo<br />

critério que é a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> para a Floresta Ombrófila Mista, ou seja, a altimetria e a origem<br />

geomorfológica <strong>do</strong> substrato. Ressalta-se, no entanto, que os limites altimétricos entre uma<br />

formação e outra variam conforme a latitu<strong>de</strong> geográfica. Segun<strong>do</strong> o sistema <strong>do</strong> IBGE, ocorrem as<br />

seguintes formações:<br />

• Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual Aluvial<br />

É uma formação encontrada com maior freqüência na gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão pantaneira<br />

matogrossense <strong>do</strong> sul, sempre margean<strong>do</strong> os rios da bacia hidrográfica <strong>do</strong> Paraguai. Nesta formação<br />

existem em gran<strong>de</strong> abundância várias espécies <strong>do</strong> gênero Tabebuia, além <strong>do</strong>s ecótipos Calophyllum<br />

brasiliense, Tapirira guianensis, Inga sp, Po<strong>do</strong>carpus sellowii, Cedrela lilloi, Guarea gui<strong>do</strong>nia,<br />

Amburana cearensis var. acreana, entre outras.<br />

Com relação à Cedrela lilloi (conhecida vulgarmente como cedrilho) é importante <strong>de</strong>stacar<br />

que até o ano <strong>de</strong> 2003 não havia registro <strong>de</strong>ssa espécie para o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> e, segun<strong>do</strong> o<br />

pesquisa<strong>do</strong>r Paulo Ernani da Embrapa/Florestas, a presença <strong>do</strong> cedrilho fora registrada até então em<br />

apenas seis municípios brasileiros. Durante a execução <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> aproveitamento científico da<br />

flora da usina Santa Clara, localizada no rio Jordão, a equipe da Ambiotech Consultoria i<strong>de</strong>ntificou<br />

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vários exemplares <strong>de</strong>ssa espécie no município <strong>de</strong> Candói/PR.<br />

• Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual das Terras Baixas<br />

É uma formação encontrada freqüentemente revestin<strong>do</strong> tabuleiros <strong>do</strong> Pliopleistoceno <strong>do</strong><br />

Grupo Barreiras, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o sul da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Natal até o norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, nas<br />

cercanias <strong>de</strong> Campos bem como até as proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Cabo Frio, aí então já em terreno<br />

quaternário.<br />

É um tipo florestal caracteriza<strong>do</strong> pelo gênero Caesalpinia, <strong>de</strong> origem africana, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>stacam, pelo seu inegável valor histórico, a espécie C. echinata (pau-brasil) e outros gêneros<br />

brasileiros como: Lecythis, que <strong>do</strong>mina no vale <strong>do</strong> rio Doce, acompanha<strong>do</strong> por outros gêneros da<br />

família Lecythidaceae (afro-amazônica), que bem caracterizam esta floresta semi<strong>de</strong>cidual, tais como:<br />

Cariniana (jequitibá) e Eschweilera (gonçalo-alves). Além <strong>de</strong>ssas, <strong>de</strong>ve-se citar ainda o gênero<br />

monotípico Paratecoma peroba (peroba-<strong>do</strong>-campo) da família Bignoniaceae, <strong>de</strong> dispersão<br />

pantropical, mas exclusiva <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Espírito Santo, Rio <strong>de</strong> Janeiro e Minas Gerais.<br />

• Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual Submontana<br />

Esta formação freqüentemente ocorre nas encostas interioranas das serras da Mantiqueira e<br />

<strong>do</strong>s Órgãos e nos planaltos centrais capea<strong>do</strong>s pelos arenitos <strong>de</strong> Botucatu, Bauru e Caiuá <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s<br />

geológicos Jurássico e Cretáceo. Sua ocupação vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Espírito Santo e sul da Bahia até o Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, norte e su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> e sul <strong>do</strong> Mato Grosso <strong>do</strong> Sul. No <strong>Paraná</strong><br />

ocupa os terrenos situa<strong>do</strong>s entre 30 e 400m.s.n.m.<br />

Nas encostas interioranas das serras marítimas, os gêneros <strong>do</strong>minantes com indivíduos<br />

caducifólios, são os mesmos que ocorrem na Floresta Ombrófila Atlântica, como Cedrela,<br />

Parapipta<strong>de</strong>nia e Cariniana, sen<strong>do</strong> que nos planaltos areníticos os ecótipos <strong>de</strong>ciduais que<br />

caracterizam esta formação pertencem aos gêneros Hymenaea (jatobá), Copaifera (óleo-vermelho),<br />

Peltophorum (canafístula), Astronium, Tabebuia e muitos outros. Contu<strong>do</strong> o gênero <strong>do</strong>minante que a<br />

caracteriza, principalmente no planalto paranaense e no oeste <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, é<br />

Aspi<strong>do</strong>sperma, com seu ecótipo A. polyneuron (peroba-rosa).<br />

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• Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual Montana<br />

São poucas as áreas ocupadas por esta formação estabelecida acima <strong>do</strong>s 400-500m <strong>de</strong><br />

altitu<strong>de</strong>. Situam-se principalmente na face interiorana da Serra <strong>do</strong>s Órgãos, no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro e na Serra da Mantiqueira, nos Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> São Paulo, Rio <strong>de</strong> Janeiro e Minas Gerais (Itatiaia) e<br />

<strong>do</strong> Espírito Santo (Caparaó). Outras áreas ainda menores ocupam os pontos culminantes <strong>do</strong>s<br />

planaltos areníticos. Esta formação montana é quase sempre <strong>do</strong>minada pelo gênero Ana<strong>de</strong>nanthera,<br />

que às vezes constitui consorciações <strong>de</strong> “ochloespécie” A. peregrina, <strong>de</strong> origem amazônica, localizada<br />

principalmente nos sills basálticos ainda conserva<strong>do</strong>s.<br />

Este tipo florestal ocorre principalmente no norte da Amazônia, justamente nas serras <strong>do</strong><br />

Tumucumaque e Parima, em locais situa<strong>do</strong>s acima <strong>do</strong>s 600m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> e nos planaltos areníticos <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Roraima, principalmente na face interiorana <strong>do</strong>s picos <strong>do</strong> Sol e da Neblina. Os gêneros e<br />

ecótipos <strong>de</strong> ampla dispersão e que aí <strong>do</strong>minam são: Cassia, Ana<strong>de</strong>nanthera peregrina, Astronium e<br />

outros.<br />

5.2.1.4 Dinâmica Sucessional<br />

A sucessão, como ramo da sindinâmica vegetal, é <strong>de</strong>finida como sen<strong>do</strong> a mudança seqüencial<br />

e or<strong>de</strong>nada da estrutura e composição da vegetação. Suas principais características são as alterações<br />

das relações quantitativas <strong>do</strong>s diferentes táxons <strong>de</strong> um povoamento e, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, da mudança<br />

na composição <strong>de</strong> espécies no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma substituição or<strong>de</strong>nada <strong>de</strong> diferentes comunida<strong>de</strong>s<br />

vegetais (DIERSCHKE, 1994).<br />

A substituição seqüencial e <strong>de</strong> longo prazo <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s caracteriza o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sucessional. O processo que é inicia<strong>do</strong> por comunida<strong>de</strong>s pioneiras, passan<strong>do</strong> por diversos estágios<br />

intermediários e terminan<strong>do</strong> na comunida<strong>de</strong> clímax é <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>de</strong> série sucessional. Uma série<br />

sucessional é <strong>de</strong>finida por diversos estágios (ex: capoeirinha, capoeira, capoeirão), cada um<br />

apresentan<strong>do</strong> características próprias quanto à sua constituição estrutural e florística. Cada estágio,<br />

por sua vez, é caracteriza<strong>do</strong> por diferentes fases: inicial, ótima e <strong>de</strong>generativa (ou fase final, quan<strong>do</strong><br />

se tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong> último estágio sucessional). Uma fase <strong>de</strong>generativa <strong>de</strong> um estágio muitas vezes<br />

coinci<strong>de</strong> com a fase inicial <strong>do</strong> estágio seguinte, o que é facilmente observável em sucessões<br />

primárias.<br />

A sucessão primária ocorre em locais nunca antes provi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma cobertura vegetal, como<br />

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por exemplo em dunas ou bancos <strong>de</strong> areia origina<strong>do</strong>s por <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> sedimentos marinhos, eólicos<br />

ou fluviais, sobre <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> origem vulcânica etc. A sucessão secundária ocorre em terrenos que<br />

tiveram sua cobertura vegetal removida, como no caso das roças aban<strong>do</strong>nadas. Em geral ocorre em<br />

menor perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo, em função da existência <strong>de</strong> um solo com <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> grau <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong> um banco <strong>de</strong> sementes, aceleran<strong>do</strong> o repovoamento.<br />

De acor<strong>do</strong> com a or<strong>de</strong>m que ocupam na série sucessional, as comunida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser<br />

classificadas em: pioneiras, que são as primeiras a se instalarem sobre um certo terreno, geralmente<br />

instáveis e <strong>de</strong> curta duração; avançadas, que substituem as pioneiras, com composição específica<br />

mais estável e muitas vezes maior duração; e comunida<strong>de</strong>s finais, que <strong>de</strong>terminam o final da série<br />

sucessional e que se encontram em um esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> equilíbrio biológico relativo com os fatores <strong>do</strong><br />

meio.<br />

A vegetação secundária<br />

Em uma paisagem marcada pela ativida<strong>de</strong> antrópica dificilmente o pesquisa<strong>do</strong>r irá se<br />

<strong>de</strong>frontar com ecossistemas inaltera<strong>do</strong>s. A cobertura vegetal natural, quan<strong>do</strong> não totalmente<br />

removida e substituída por culturas agrícolas ou áreas urbanizadas, quase sempre sofreu<br />

interferências <strong>de</strong> maior ou menor grau. Assim sen<strong>do</strong>, na <strong>de</strong>scrição da vegetação <strong>de</strong>verão ser<br />

consi<strong>de</strong>radas aquelas comunida<strong>de</strong>s pouco <strong>de</strong>senvolvidas que se encontram em um processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento sucessional mais ou menos precoce. Na maioria <strong>do</strong>s casos, tratar-se-á <strong>de</strong> vegetação<br />

secundária, uma vez que as séries sucessionais primárias raramente são observadas.<br />

5.2.1.5 Material e méto<strong>do</strong>s para a caracterização da vegetação<br />

O estu<strong>do</strong> da vegetação teve por objetivo a caracterização da cobertura florestal nativa sob<br />

ponto <strong>de</strong> vista fitogeográfico e <strong>de</strong> seu esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação. Dessa maneira, aborda também<br />

questões relativas à estrutura da floresta, seu <strong>de</strong>senvolvimento sucessional e sua composição<br />

florística. O levantamento concentrou-se sobre os remanescentes da floresta nativa, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-a<br />

como um indica<strong>do</strong>r da ativida<strong>de</strong> humana ocorrida no passa<strong>do</strong> e da qualida<strong>de</strong> ambiental <strong>de</strong> uma<br />

maneira geral. Além das informações obtidas diretamente durante as fases <strong>de</strong> campo, foram<br />

consi<strong>de</strong>radas também aquelas provenientes <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s anteriormente realiza<strong>do</strong>s no próprio local ou<br />

nos arre<strong>do</strong>res, especialmente o RIMA - Relatório <strong>de</strong> Impacto <strong>Ambiental</strong> da UHE <strong>de</strong> Segre<strong>do</strong> (COPEL,<br />

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1987) e o <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Manejo da Estação Ecológica Rio <strong>do</strong>s Touros/UHE <strong>de</strong> Segre<strong>do</strong> (FUPEF, 1992).<br />

Na avaliação <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação da floresta nativa, foram leva<strong>do</strong>s em conta os seguintes<br />

aspectos: extensão <strong>do</strong>s remanescentes, estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sucessional, estrutura (altura e<br />

uniformida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssel, porte das árvores <strong>do</strong>minantes, grau <strong>de</strong> estratificação vertical), presença <strong>de</strong><br />

clareiras, composição florística, presença <strong>de</strong> lianas e epífitas.<br />

Com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> subsidiar a confecção <strong>de</strong> mapas <strong>de</strong> vegetação e <strong>de</strong> cobertura <strong>do</strong> solo a<br />

partir <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> satélite, os remanescentes foram previamente enquadra<strong>do</strong>s em diferentes<br />

classes com relação ao seu estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento estrutural e sucessional. Levan<strong>do</strong>-se em<br />

conta a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diferenciação das feições superficiais por meio <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong><br />

geoprocessamento, a vegetação arbustivo-arbórea foi enquadrada nas seguintes classes:<br />

a) Estágio médio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento (capoeira): compreen<strong>de</strong> a vegetação lenhosa <strong>de</strong> porte<br />

pequeno a intermediário, composta por árvores com altura inferior a 15m, alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

indivíduos, pre<strong>do</strong>minantemente <strong>de</strong> pequenas dimensões (baixa amplitu<strong>de</strong> dimensional), número <strong>de</strong><br />

espécies relativamente reduzi<strong>do</strong>, <strong>do</strong>ssel fecha<strong>do</strong> e homogêneo, estratificação vertical indiferenciada<br />

(sem divisão nítida). A regeneração natural é representada por espécies diferentes das <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssel,<br />

indican<strong>do</strong> forte tendência <strong>de</strong> substituição florística futura. Compreen<strong>de</strong> as comunida<strong>de</strong>s<br />

popularmente conhecidas como “capoeirinha” e “capoeira”.<br />

b) Estágio avança<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento (floresta): compreen<strong>de</strong> a vegetação lenhosa <strong>de</strong><br />

porte mais avantaja<strong>do</strong> e estrutura mais complexa. Seu <strong>do</strong>ssel é situa<strong>do</strong> a uma altura igual ou superior<br />

a 15m e se apresenta mais heterogêneo, em função da maior diferenciação dimensional <strong>do</strong>s<br />

indivíduos arbóreos que o compõem (maior amplitu<strong>de</strong> dimensional). Ocorrem árvores <strong>de</strong> porte mais<br />

avantaja<strong>do</strong>, que po<strong>de</strong>m sobressair sobre as <strong>de</strong>mais (árvores emergentes). A estratificação vertical<br />

também é mais complexa, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> a tendência da diferenciação em estratos arbóreos<br />

<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s. A taxa <strong>de</strong> regeneração das árvores <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssel é maior, o que indica uma tendência para a<br />

estabilização da composição florística. Esta classe engloba as comunida<strong>de</strong>s popularmente conhecidas<br />

como “capoeirão” e floresta primária ou secundária avançada (florestas clímax).<br />

c) Reflorestamento: compreen<strong>de</strong> os plantios artificiais <strong>de</strong> árvores (exóticas, como <strong>do</strong>s<br />

gêneros Pinus e Eucalyptus, ou autóctones, como Araucaria angustifolia).<br />

A subdivisão das tipologias florestais autóctones (vegetação nativa) acima apresentada é<br />

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compatível com aquela <strong>de</strong>scrita na resolução CONAMA n o 02, <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1994, sofren<strong>do</strong>,<br />

porém, algumas adaptações, em função <strong>de</strong> sua aplicabilida<strong>de</strong> para fins <strong>de</strong> geoprocessamento e<br />

mapeamento.<br />

5.2.1.6 Resulta<strong>do</strong>s<br />

Enquadramento fitogeográfico e ocorrência <strong>de</strong> espécies<br />

As áreas marginais <strong>do</strong> reservatório da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> constituem zonas <strong>de</strong> contato<br />

(ecótono) entre <strong>do</strong>is gran<strong>de</strong>s tipos florestais: a Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária) e a<br />

Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual. Em função das condições topográficas da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, marcada<br />

por terrenos <strong>de</strong> elevada <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, a faixa ecotonal é muito estreita, uma vez que o fator<br />

altimétrico exerce gran<strong>de</strong> influência sobre a distribuição <strong>do</strong>s tipos florestais. Dessa forma, a Floresta<br />

Estacional Semi<strong>de</strong>cidual ocupa os terrenos <strong>de</strong> menor altitu<strong>de</strong>, adjacentes aos reservatórios (antes era<br />

mais característica nas margens <strong>do</strong>s rios, sen<strong>do</strong> suprimida <strong>de</strong>pois pela formação <strong>do</strong>s reservatórios),<br />

enquanto que a Floresta Ombrófila Mista abrange as áreas mais elevadas, a partir da porção superior<br />

das encostas, bem como o planalto. A mesma situação é <strong>de</strong>scrita no <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Manejo da Estação<br />

Ecológica Rio <strong>do</strong>s Touros (FUPEF, 1992) e da mesma forma no Relatório <strong>de</strong> Impacto <strong>Ambiental</strong> da<br />

UHE Segre<strong>do</strong> (COPEL, 1987).<br />

O gradiente altimétrico, e com ele a variação climática, são, portanto, os principais<br />

responsáveis pela condição fitogeográfica da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e <strong>de</strong>terminam a conformação <strong>do</strong><br />

gradiente florístico entre ambos os tipos florestais ocorrentes. É necessário ressaltar que a variação<br />

florística se dá <strong>de</strong> forma gradual, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> um continuum, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a variação <strong>do</strong>s fatores<br />

ambientais. Dessa maneira não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scartar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> espécies típicas da<br />

Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual na Floresta Ombrófila Mista, uma vez que a primeira é mais<br />

competitiva que a segunda, como menciona<strong>do</strong> anteriormente. A recíproca po<strong>de</strong> ocorrer, mas com<br />

menor probabilida<strong>de</strong>.<br />

É interessante observar que o fator ti<strong>do</strong> como <strong>de</strong>terminante para a ocorrência da Floresta<br />

Estacional Semi<strong>de</strong>cidual em sua zona natural <strong>de</strong> distribuição, ou seja, a própria estacionalida<strong>de</strong><br />

climática (a ocorrência <strong>de</strong> um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> déficit hídrico, como ocorre na região oeste <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> e<br />

mais ao norte), não se faz presente na área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>. Tanto as regiões <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> vale <strong>do</strong>s<br />

reservatórios como os <strong>de</strong>mais vales <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s afluentes <strong>do</strong> rio <strong>Paraná</strong> que cortam o planalto<br />

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meridional são <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s por Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual. O déficit hídrico não ocorre nestes<br />

locais e a presença da Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual é explicada pela temperatura média mais<br />

elevada, em função da menor altitu<strong>de</strong>. Em outras palavras, o fator da estacionalida<strong>de</strong> climática, que<br />

foi incorpora<strong>do</strong> no próprio nome <strong>de</strong>ste tipo florestal, parece assumir papel secundário frente à maior<br />

temperatura média que caracteriza sua região <strong>de</strong> distribuição.<br />

Na área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> a representante mais expressiva da Floresta Ombrófila Mista, a própria<br />

Araucaria angustifolia (pinheiro), foi observada principalmente no alto das encostas, raramente<br />

ocupan<strong>do</strong> as áreas mais próximas da linha d’água <strong>do</strong> reservatório. Outras espécies associadas à<br />

Floresta Ombrófila Mista observadas foram erva-mate (Ilex paraguariensis), cultivada e explorada<br />

comercialmente, bracatinga (Mimosa scabrella) leiteiro (Sapium glandulatum), etc. Já na porção mais<br />

baixa, nas áreas marginais <strong>do</strong> reservatório ocorriam as espécies mais típicas da Floresta Estacional<br />

Semi<strong>de</strong>cidual, como alecrim (Holocalyx balansae), rabo-<strong>de</strong>-bugio (Lonchocarpus muehlbergianus),<br />

angico-vermelho (Parapipta<strong>de</strong>nia rigida), angico-branco (Ana<strong>de</strong>nanthera colubrina), canela-amarela<br />

(Nectandra lanceolata), o palmiteiro (Euterpe edulis), corticeira (Erythrina falcata), caroba (Jacaranda<br />

micrantha), entre outras. Além disso, foram observadas várias espécies indiferentes, não-exclusivas<br />

às citadas tipologias: cedro (Cedrella fissilis), açoita-cavalo (Luehea divaricata), grandiuva (Trema<br />

micrantha), goiaba (Psidium guajava), araçá (Psidium cattleianum), guaçatunga (Casearia sylvestris),<br />

pata-<strong>de</strong>-vaca (Bauhinia forficata), jerivá (Syagrus romanzoffianum), camboatá (Cupania vernalis),<br />

aroeira (Schinus terebinthifolius), ingá (Inga sp), tapiá (Alchornea triplinervia), fumo-bravo (Solanum<br />

spp) e pau-jangada (Alchornea sidifolia).<br />

No levantamento fitossociológico realiza<strong>do</strong> pela FUPEF (1992) na Estação Ecológica <strong>do</strong> Rio <strong>do</strong>s<br />

Touros são apresentadas as espécies <strong>de</strong> maior expressão para cada tipologia florestal. Na Floresta<br />

Ombrófila Mista (Floresta com Araucária) as <strong>de</strong>z espécies arbóreas mais importantes, em or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>crescente (segun<strong>do</strong> IVI – Índice <strong>de</strong> Valor <strong>de</strong> Importância), são: imbuia (Ocotea porosa), pasto-<strong>de</strong>-<br />

anta (não i<strong>de</strong>ntificada), sapopema (Sloanea guianensis), erva-mate (Ilex paraguariensis), guaçatunga<br />

amarela (Casearia sp), capororocão (Rapanea sp), pessegueiro-bravo (Prunus sellowii), canela-<strong>de</strong>-<br />

porco (não i<strong>de</strong>ntificada), carne-<strong>de</strong>-vaca graúda (Clethra scabra) e miguel-pinta<strong>do</strong> (Matayba<br />

elaeagnoi<strong>de</strong>s). O pinheiro não foi apresenta<strong>do</strong> na lista por ter si<strong>do</strong> intensamente explora<strong>do</strong> na área<br />

<strong>do</strong> cita<strong>do</strong> levantamento.<br />

O mesmo estu<strong>do</strong> cita ainda as espécies mais importantes na Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual:<br />

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canela-guaicá (Ocotea puberula), canela-amarela (Nectandra sp), açoita-cavalo (Luehea divaricata),<br />

canela-lageana (Ocotea sp), guaçatunga-preta (Casearia sylvestris), vacum (Allophyllus edulis), rabo-<br />

<strong>de</strong>-bugio (Lonchocarpus muehlbergianus), canjerana (Cabralea canjerana), catiguá-vermelho (Trichilia<br />

claussenii), xinxo (Sorocea bonplandii). Em ambas as tipologias os xaxins (Alsophila sp e Dicksonia<br />

sellowiana), apesar <strong>de</strong> serem característicos <strong>de</strong> sub-bosque, mantêm posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na<br />

floresta, em função <strong>de</strong> seu eleva<strong>do</strong> número <strong>de</strong> indivíduos.<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação e <strong>de</strong>senvolvimento sucessional da vegetação<br />

A área <strong>de</strong> entorno <strong>do</strong>s reservatórios é cenário <strong>de</strong> uma marcante ativida<strong>de</strong> antrópica,<br />

caracterizada pela agricultura <strong>de</strong> subsistência em pequenas proprieda<strong>de</strong>s e, em menor escala, pela<br />

ativida<strong>de</strong> pecuária em regime extensivo e semi-extensivo. A condição topográfica impe<strong>de</strong> a utilização<br />

<strong>de</strong> máquinas para a prática da agricultura mecanizada, motivo pelo qual as áreas são cultivadas pelo<br />

sistema <strong>de</strong> roçadas, muitas vezes em locais <strong>de</strong> acesso extremamente difícil. Tal sistema efetua a<br />

<strong>de</strong>rrubada e a queima da vegetação natural para o posterior cultivo. Após o esgotamento <strong>do</strong> solo,<br />

este é aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>, permanecen<strong>do</strong> em pousio durante um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo, que po<strong>de</strong><br />

variar <strong>de</strong> um a vários anos. Durante este perío<strong>do</strong> ocorre a recomposição vegetal pelo processo <strong>de</strong><br />

sucessão secundária natural, <strong>de</strong>terminada pelo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma vegetação pioneira.<br />

Em função <strong>de</strong>ste sistema <strong>de</strong> uso da terra, a vegetação natural da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> se apresenta<br />

sob forma <strong>de</strong> um mosaico <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s naturais em diferentes estágios <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Em<br />

toda a área pu<strong>de</strong>ram ser observa<strong>do</strong>s sinais <strong>de</strong> alteração em maior ou menor grau, não existin<strong>do</strong>,<br />

portanto, ecossistemas naturais totalmente primitivos. Ocorrem áreas cultivadas e recém <strong>de</strong>rrubadas<br />

ou queimadas até florestas bem <strong>de</strong>senvolvidas, passan<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s os estágios sucessionais<br />

intermediários. As roçadas em geral apresentam área pequena, na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> um a poucos hectares.<br />

Mesmo nos locais <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s pela vegetação arbórea mais <strong>de</strong>senvolvida, freqüentemente po<strong>de</strong>m ser<br />

observadas diferenças em sua fisionomia e estrutura, testemunhan<strong>do</strong> intervenções sofridas em um<br />

passa<strong>do</strong> mais remoto.<br />

As intervenções na vegetação natural também foram observadas em áreas protegidas pela<br />

legislação ambiental, como nas <strong>de</strong> preservação permanente (terrenos íngremes e à margem <strong>do</strong><br />

reservatório). Em alguns locais ocorre a substituição por reflorestamentos <strong>de</strong> pinus, fato marcante na<br />

região <strong>de</strong> Bituruna, on<strong>de</strong> se percebe um processo contínuo <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecimento da vegetação nativa,<br />

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em área <strong>de</strong> altas <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s.<br />

As florestas mais <strong>de</strong>senvolvidas são as que apresentam a maior importância ambiental, em<br />

função <strong>de</strong> sua elevada diversida<strong>de</strong> e complexida<strong>de</strong> biológicas. Além <strong>de</strong> servirem como reservas<br />

genéticas, exercem papel <strong>de</strong> abrigo, fonte <strong>de</strong> alimento e corre<strong>do</strong>res biogeográficos para a fauna<br />

silvestre, constitui mecanismos <strong>de</strong> regulação climática e hídrica, estabilização das margens, entre<br />

outros benefícios. No entanto este tipo <strong>de</strong> vegetação foi o que apresentou a menor<br />

representativida<strong>de</strong> em termos <strong>de</strong> área <strong>de</strong> ocupação. Como exemplo po<strong>de</strong> ser citada a área referente<br />

à Estação Ecológica Rio <strong>do</strong>s Touros, contan<strong>do</strong> com uma floresta <strong>de</strong> bom nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

junto à margem direita <strong>do</strong> reservatório, e alguns remanescentes contínuos e extensos no<br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

Já os estágios intermediários e iniciais, popularmente <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s <strong>de</strong> “capoeiras” ocupam<br />

gran<strong>de</strong> parte da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>. Apesar <strong>de</strong> sua menor biodiversida<strong>de</strong> em comparação com as<br />

florestas, seu valor ambiental não <strong>de</strong>ve ser menospreza<strong>do</strong>, seja pela ação <strong>de</strong> estabilização <strong>de</strong><br />

encostas ou pelo potencial futuro. São, portanto, passíveis <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> manejo e mecanismos<br />

específicos <strong>de</strong> proteção, principalmente nas áreas <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> e adjacentes aos corpos<br />

d’água.<br />

5.2.1.7 Conclusão<br />

O esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>scaracteriza<strong>do</strong> das florestas existentes na área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> retrata fielmente a<br />

situação ambiental da região e <strong>de</strong>monstra claramente a necessida<strong>de</strong> e a urgência da implantação <strong>de</strong><br />

práticas <strong>de</strong> manejo a<strong>de</strong>quadas, na tentativa <strong>de</strong> reverter, pelo menos parcialmente, o processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>gradação. Muitas espécies, outrora freqüentes e exuberantes, hoje em dia se encontram reduzidas<br />

a um número inexpressivo <strong>de</strong> indivíduos, colocan<strong>do</strong> em risco a funcionalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ecossistemas e<br />

acarretan<strong>do</strong> em perda <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>. Espécies da Floresta Ombrófila Mista, como imbuia (Ocotea<br />

porosa), canela-sassafrás (Ocotea o<strong>do</strong>rifera), carvalho-brasileiro (Roupala brasiliensis) e o próprio<br />

pinheiro (Araucaria angustifolia) e da Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual, como ipê-roxo (Tabebuia<br />

avellanedae), guajuvira (Patagonula americana) peroba (Aspi<strong>do</strong>sperma polyneuron), cabreúva<br />

(Myrocarpus fron<strong>do</strong>sus), canafístula (Peltophorum dubium), e a recém registrada cedrilho (Cedrela<br />

lilloi), para citar apenas algumas <strong>de</strong>las, tiveram suas populações praticamente dizimadas em função<br />

da <strong>de</strong>manda <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> ma<strong>de</strong>ireiro e da expansão da fronteira agrícola nas décadas passadas.<br />

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Os atributos <strong>de</strong> espécies raras ou ameaçadas <strong>de</strong> extinção, embora freqüentemente trata<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> forma leviana e sem fundamento científico e até mesmo banalizada pela mídia, não <strong>de</strong>vem ser<br />

menospreza<strong>do</strong>s. Na carência <strong>de</strong> informações cientificamente consistentes sobre o status dinâmico-<br />

populacional <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas espécies, as medidas preservacionistas <strong>de</strong>vem ser voltadas para a<br />

proteção ou a recomposição <strong>do</strong>s ecossistemas naturais, o que po<strong>de</strong> ser visto como méto<strong>do</strong> indireto<br />

<strong>de</strong> manutenção da biodiversida<strong>de</strong>.<br />

5.2.1.8 Áreas e Reservas <strong>de</strong> Preservação<br />

Na área em estu<strong>do</strong> existem alguns locais importantes para a preservação da biodiversisda<strong>de</strong>,<br />

como a Mata <strong>do</strong> Rio Jacutinga, o entorno <strong>de</strong> Faixinal <strong>do</strong> Céu e a área <strong>do</strong> Horto <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>,<br />

contu<strong>do</strong> não estão classificadas até o momento como unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação.<br />

5.2.2 Fauna Terrestre<br />

A UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> assenta-se sobre uma região recoberta por vários remanescentes<br />

florestais <strong>de</strong> floresta ombrófila mista (mata <strong>de</strong> araucária), bem como <strong>de</strong> outras situações que se<br />

expressam em paisagens florestais <strong>de</strong> vários estádios sucessionais. Trata-se <strong>de</strong> condição importante<br />

para a conservação <strong>de</strong>ste bioma e, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-o um <strong>do</strong>s mais ameaça<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, nota-se uma<br />

gran<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> administrativa sobre o uso <strong>do</strong>s recursos naturais na macro-região, a qual<br />

recai sobre toda comunida<strong>de</strong> que os explora.<br />

Em condição complementar às pressões sobre a vegetação - e <strong>de</strong> certo mo<strong>do</strong> <strong>de</strong>correntes<br />

<strong>de</strong>ssas – estão os animais direta ou exclusivamente relaciona<strong>do</strong>s a essa formação florestal. Percebeu-<br />

se, por exemplo, em visita à área <strong>de</strong> influência <strong>do</strong> empreendimento, não apenas a representativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vegetação mantida em seu entorno, mas também a presença <strong>de</strong> aves <strong>de</strong> especial interesse<br />

conservacionista como o papagaio-<strong>do</strong>-peito-roxo (Amazona vinacea) e o cisqueiro (Clibanornis<br />

<strong>de</strong>ndrocolaptoi<strong>de</strong>s).<br />

A categorização <strong>de</strong> espécies sob a égi<strong>de</strong> conservacionista em muitos casos é bastante<br />

problemática, uma vez que po<strong>de</strong> causar uma falsa interpretação <strong>do</strong>s eventos em escalas menores <strong>de</strong><br />

área; por outro la<strong>do</strong> serve como ferramenta <strong>de</strong> extrema relevância para que sejam realizadas buscas<br />

sistematizadas pelas populações remanescentes e o incentivo ao conhecimento <strong>do</strong>s aspectos <strong>de</strong> sua<br />

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biologia. Assim, <strong>de</strong> nada adiantam os acha<strong>do</strong>s zoológicos (especialmente <strong>de</strong> espécies sob ameaça) se<br />

não realiza<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s sobre essas espécies, os quais permitirão uma gestão ambiental a<strong>de</strong>quada da<br />

área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>.<br />

Um fato relevante é que por ser um empreendimento implanta<strong>do</strong> anteriormente à legislação<br />

que previsse inventários <strong>de</strong> fauna para a área, há a <strong>de</strong>preciação <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong>s impactos que<br />

po<strong>de</strong>ria causar ao ambiente. A<strong>de</strong>mais, o pequeno conhecimento gera<strong>do</strong> tem como conseqüência a<br />

perda <strong>de</strong> informações relevantes sobre a composição faunística anterior à sua implantação, não<br />

possibilitan<strong>do</strong> diretamente uma análise sobre os processos <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> e/ou histórico<br />

colonizatório por algumas espécies. Porém, estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s para empreendimentos adjacentes<br />

prestam-se para se extrapolar aspectos mais generalistas sobre as comunida<strong>de</strong>s anteriormente<br />

presentes na área em apreço, asseguran<strong>do</strong> investigações por intermédio <strong>de</strong> extrapolações bastante<br />

pertinentes sobre a biota regional.<br />

Assim, o presente estu<strong>do</strong> tem como um <strong>do</strong>s objetivos nortear a gestão ambiental da UHE <strong>Foz</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se as espécies sob ameaça e o conhecimento disponível zoológico para a<br />

região, sugerin<strong>do</strong> programas <strong>de</strong> pesquisa que se prestem efetivamente para a preservação e<br />

conservação das paisagens naturais originais remanescentes, bem como eventuais planos <strong>de</strong><br />

recuperação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradas.<br />

A seguir são apresenta<strong>do</strong>s os diagnósticos simplifica<strong>do</strong>s correspon<strong>de</strong>ntes a fauna terrestre da<br />

região em estu<strong>do</strong>.<br />

5.2.2.1 Mamíferos<br />

Para a região da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, o conhecimento mastofaunístico acumula<strong>do</strong> é basea<strong>do</strong> na<br />

publicação <strong>de</strong> Persson & Lorini (1990), no relatório <strong>de</strong> impacto ambiental produzi<strong>do</strong> por Quadros &<br />

Tiepolo (2001), no <strong>Plano</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>de</strong> Conservação e Uso <strong>do</strong> Entorno <strong>do</strong> Reservatório (LACTEC,<br />

2002) e em poucos registros museológicos, disponíveis apenas no Museu <strong>de</strong> História Natural <strong>do</strong><br />

Capão da Imbuia (Curitiba, PR). Com base nessas fontes, foi possível o registro <strong>de</strong> 51 espécies <strong>de</strong><br />

mamíferos <strong>de</strong> ocorrência potencial ou comprovada para a região <strong>do</strong> empreendimento.<br />

O esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> conta atualmente com 153 espécies <strong>de</strong> mamíferos não marinhos<br />

(Miretzki, in litt.), ou seja, a riqueza obtida para a região da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> correspon<strong>de</strong> a 33%<br />

daquelas cuja distribuição inclui o esta<strong>do</strong>. No contexto nacional, a mastofauna da região representa<br />

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cerca <strong>de</strong> 7% <strong>do</strong>s mamíferos terrestres ocorrentes no Brasil (Reis et al., 2006). A listagem sugerida<br />

para região po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada satisfatória somente para os animais <strong>de</strong> médio e gran<strong>de</strong> porte. Para<br />

os pequenos mamíferos (pequenos roe<strong>do</strong>res, marsupiais e morcegos), por sua vez, o esforço<br />

realiza<strong>do</strong> até o momento foi insuficiente.<br />

Em relação ao status <strong>de</strong> ameaça (segun<strong>do</strong> Braga & Margari<strong>do</strong>, 2004 in: Mikich & Bérnils,<br />

2004), 28% das espécies registradas para a região da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> encontram-se sob algum grau<br />

<strong>de</strong> risco. Myrmecophaga tridactyla (tamanduá-ban<strong>de</strong>ira), Pteronura brasiliensis (ariranha),<br />

Ozotoceros bezoarticus (vea<strong>do</strong>-campeiro) e Tayassu pecari (queixada) são classifica<strong>do</strong>s como “CR -<br />

criticamente em perigo”, enquanto Chrysocyon brachyurus (lobo-guará) e Cuniculus paca (paca) são<br />

classificadas como “EN - em perigo”. Categorizadas como “VU - vulneráveis” estão: Alouatta guariba<br />

(bugio), Lontra longicaudis (lontra), Leopardus pardalis (jaguatirica), Leopardus tigrinus (gato-<strong>do</strong>-<br />

mato-pequeno), Puma concolor (suçuarana), Mazama nana (vea<strong>do</strong>), Pecari tajacu (cateto) e<br />

Sylvilagus brasiliensis (tapiti). Adicionalmente, outras seis espécies estão classificadas como “DD -<br />

da<strong>do</strong>s insuficientes”, ou seja, ainda necessitam <strong>de</strong> informações para que possam ter seu status <strong>de</strong><br />

conservação corretamente avalia<strong>do</strong>: Chironectes minimus (cuíca-d’água), Caluromys lanatus (cuíca-<br />

lanosa), Myotis ruber (morcego), Pseudalopex gymnocercus (cachorro-<strong>do</strong>-campo), Puma<br />

yagouaroundi (gato-mourisco) e Mazama sp. (vea<strong>do</strong>).<br />

Fazem parte da listagem da fauna brasileira ameaçada <strong>de</strong> extinção (Macha<strong>do</strong>, 2005),<br />

Myrmecophaga tridactyla, Myotis ruber, Chrysocyon brachyurus, Pteronura brasiliensis, Leopardus<br />

pardalis, Leopardus tigrinus, Puma concolor e Mazama nana como VU, e Lontra longicaudis e<br />

Dasyprocta azarae como “QA – quase ameaçada”.<br />

Todas as espécies registradas neste estu<strong>do</strong> e que estão <strong>de</strong>stacadas pelo seu status <strong>de</strong><br />

conservação (CR, EN, VU e QA) ou conhecimento (DD), originalmente apresentavam uma extensa<br />

área <strong>de</strong> distribuição, que abrangia gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> país. No entanto, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> principalmente a perda<br />

<strong>de</strong> áreas naturais e a caça ilegal, estão assim categorizadas e, como conseqüência <strong>de</strong>stas ativida<strong>de</strong>s,<br />

espécies como T. pecari e P. brasiliensis, po<strong>de</strong>m ter si<strong>do</strong> extintas localmente.<br />

Após a implantação da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> não foram realiza<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s in loco que pu<strong>de</strong>ssem<br />

complementar as informações basais disponíveis, nem mesmo analisar se houveram alterações na<br />

composição e dinâmica da população local. Com base no exposto acima, é iminente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> longa duração para avaliação da riqueza atual <strong>de</strong> espécies, com maior esforço para os<br />

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pequenos mamíferos. Sugere-se também estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> monitoramento, com méto<strong>do</strong>s específicos <strong>de</strong><br />

amostragem para cada grupo <strong>de</strong> interesse, com atenção especial às espécies sob ameaça <strong>de</strong><br />

extinção, principalmente Lontra longicaudis, que <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao seu hábito semi-aquático tem como uma<br />

gran<strong>de</strong> ameaça a construção <strong>de</strong> barragens para hidrelétricas (Fonseca et al., 2004).<br />

5.2.2.2 Avifauna<br />

Toda a região compren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a diagonal oci<strong>de</strong>ntal <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>, inclusive o setor meridional <strong>de</strong><br />

seu território, foi totalmente subestimada por parte <strong>de</strong> naturalistas que pesquisaram a fauna<br />

brasileira nos três séculos que se suce<strong>de</strong>ram ao Descobrimento. Isso ocorreu, em gran<strong>de</strong> parte, pelo<br />

seu distanciamento da região litorânea, on<strong>de</strong> se concentraram as ditas pesquisas, mas também em<br />

<strong>de</strong>corrência das reações hostis por parte <strong>de</strong> indígenas ali estabeleci<strong>do</strong>s.<br />

Foi apenas em 1910 que se iniciaram as publicações <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s liga<strong>do</strong>s à avifauna daquela<br />

região (Chrostowski, 1912), sen<strong>do</strong> que outras investidas ornitológicas acabaram por surgir apenas nas<br />

décadas <strong>de</strong> 20 (Jaczewski, 1925; Sztolcman, 1926), 40-50 e, com maior magnitu<strong>de</strong>, a partir <strong>do</strong>s anos<br />

80 (Straube & Scherer-Neto, 2001).<br />

O esforço para a busca por informações daquela extensa área paranaense surgiu com a<br />

preparação <strong>do</strong> Relatório <strong>de</strong> Impacto <strong>Ambiental</strong> da Usina Hidrelétrica <strong>de</strong> Segre<strong>do</strong>, um <strong>do</strong>s primeiros<br />

<strong>do</strong>cumentos <strong>de</strong>sse tipo confecciona<strong>do</strong>s no Brasil (Straube, 1988). Ato contínuo, to<strong>do</strong> esse setor <strong>do</strong><br />

médio Iguaçu passou a ser fartamente pesquisa<strong>do</strong>, no tocante à avifauna e com ampla<br />

<strong>do</strong>cumentação por meio <strong>de</strong> espécimes, em geral <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s no Museu <strong>de</strong> História Natural Capão da<br />

Imbuia mas também em outros acervos congêneres <strong>do</strong> Brasil.<br />

Tais iniciativas geraram um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> informações para o entorno <strong>de</strong>ste reservatório,<br />

cujos da<strong>do</strong>s pu<strong>de</strong>ram ser extrapola<strong>do</strong>s para a macro-região mediante inferências biogeográficas. Isso<br />

fez com que a porção sul paranaense passasse a figurar como uma das mais conhecidas, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong><br />

vista ornitológico, em to<strong>do</strong> o sul <strong>do</strong> Brasil, graças a revisões que surgiram com base nestes estu<strong>do</strong>s<br />

(Straube et al., 2006). Em toda a referida macro-região constam registradas 397 espécies <strong>de</strong> aves,<br />

riqueza que inclusive rivaliza com a observada em alguns setores da planície litorânea sulina, tida<br />

com uma das maiores megadiversida<strong>de</strong>s em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>.<br />

Inaugurada em 1980, mas ten<strong>do</strong> suas obras iniciadas cinco anos antes, a UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

surgiu em um momento distinto daquele vivencia<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> da instalação da UHE Segre<strong>do</strong>, visto a<br />

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preocupação quanto ao meio ambiente ser ainda pequena e <strong>de</strong>sobrigada <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> impacto ao<br />

meio-ambiente. Dessa forma, poucos estu<strong>do</strong>s alusivos às composições faunística e florística foram ali<br />

realiza<strong>do</strong>s e, quan<strong>do</strong> muito, <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser franquea<strong>do</strong>s à comunida<strong>de</strong> técnica para apreciação e<br />

especialmente utilização.<br />

Uma rápida preleção da avifauna constatada efetivamente na área <strong>de</strong> influência da UHE <strong>Foz</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Areia</strong> aponta para apenas 142 espécies; esse valor sobe consi<strong>de</strong>ravelmente para 368 espécies se<br />

incluídas as composições constatadas pela extrapolação <strong>de</strong> avifaunas listadas em <strong>de</strong> mesma<br />

paisagem e constituição orográfica (Straube et al., 2006). Tal número, ainda que supositivo, é<br />

absolutamente confiável e sua magnitu<strong>de</strong> é explicável por estar a região sul <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> em um ponto<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse biogeográfico, ten<strong>do</strong> a orografia e clima como principais componentes <strong>de</strong> uma<br />

notável transição vegetacional, a qual expressa-se em diferentes padrões <strong>de</strong> distribuição, em<br />

<strong>de</strong>corrência da consi<strong>de</strong>rável oscilação altitudinal ali operante (Straube & DiGiácomo, 2007).<br />

De uma maneira geral, as adjacências da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> caracterizam-se por resguardar<br />

parcela importante da avifauna peculiar às matas <strong>de</strong> araucária que, no ponto on<strong>de</strong> situa-se o<br />

reservatório, recebe pequena influência das formações vegetacionais contíguas <strong>de</strong> clima mais<br />

quente. Da avifauna ali ocorrente, estima-se que mais da meta<strong>de</strong> compreenda elementos florestais<br />

tipicamente planálticos, peculiares <strong>de</strong> zonas frias <strong>do</strong> Planalto Meridional, incluin<strong>do</strong> a quase totalida<strong>de</strong><br />

das espécies endêmicas da mata <strong>de</strong> araucária. Essa fração é discretamente complementada por um<br />

outro grupo, que abrange aves próprias <strong>de</strong> clima mais ameno e quente (menos <strong>de</strong> 1/5 da avifauna)<br />

muito mais notável em longitu<strong>de</strong>s maiores e que passa a ser discretamente representa<strong>do</strong> por aves<br />

características das florestas estacionais que a<strong>de</strong>ntram o planalto, ocorren<strong>do</strong> como resi<strong>de</strong>ntes ou<br />

sazonalmente, durante <strong>de</strong>slocamentos altitudinais.<br />

Além <strong>do</strong>s elementos florestais, ou silvícolas, há uma <strong>de</strong>stacada presença <strong>de</strong> espécies<br />

campícolas, ten<strong>do</strong>-se em vista a existência <strong>de</strong> manchas <strong>de</strong> vegetação estépica ao longo <strong>de</strong> toda a<br />

área consi<strong>de</strong>rada. De uma forma geral, essas aves associam-se biogeograficamente aos padrões <strong>do</strong>s<br />

chama<strong>do</strong>s Campos <strong>de</strong> Ponta Grossa, mas também <strong>do</strong>s campos <strong>de</strong> Guarapuava, em proporções<br />

semelhantes. Além das aves peculiares das matas <strong>de</strong> araucária e <strong>do</strong>s campos planálticos, que<br />

pre<strong>do</strong>minam na avifauna, são também frequentes as espécies <strong>de</strong> ampla distribuição geográfica, bem<br />

como as <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong> e que, por essa característica, vivem em ambientes modifica<strong>do</strong>s pela<br />

ação humana, igualmente sem qualquer restrição altitudinal ou climática.<br />

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De uma forma geral, a avifauna da região situada nas adjacências da UHE-Segre<strong>do</strong> apresenta-<br />

se expressa por duas composições cronológicas, <strong>de</strong>limitadas por um continuum que acompanha a<br />

alteração ambiental sucedida ao longo <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> colonização. Originalmente, estava <strong>de</strong>finida<br />

como eminentemente silvícola, com forte influência <strong>de</strong> espécies peculiares <strong>do</strong>s campos (1/4 da<br />

avifauna), mas também por elementos paludícolas que eventualmente ocupavam as margens <strong>do</strong>s<br />

cursos fluviais e <strong>de</strong>mais hábitats aquáticos, notadamente <strong>do</strong> padrão lêntico. Nese senti<strong>do</strong>, um<br />

especial <strong>de</strong>staque merece menção que são os ambientes marginais <strong>do</strong> rio Iguaçu que, por sua<br />

meandrização, apresentam-se sobre a forma <strong>de</strong> campos edáficos e mesmo hábitats lóticos,<br />

<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s <strong>de</strong> lagoas marginais.<br />

Com o passar <strong>do</strong> tempo, obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> as modificações <strong>de</strong> paisagem <strong>de</strong>correntes da expansão<br />

das áreas utilizadas para a agricultura e pecuária, bem como <strong>do</strong> aumento populacional da região,<br />

esses valores passaram a se alterar gradativamente. Com isso, <strong>de</strong>clinou a maior parte da composição<br />

silvícola, geran<strong>do</strong> uma progressão na riqueza <strong>de</strong> espécies coloniza<strong>do</strong>ras e peculiares <strong>de</strong><br />

fitofisionomias mais abertas, inclusas as semi-florestadas. Assim, é provável que pelo menos meta<strong>de</strong><br />

da avifauna florestal tenha diminui<strong>do</strong> severamente suas populações ou simplesmente <strong>de</strong>sapareci<strong>do</strong><br />

localmente. Por outro la<strong>do</strong>, espécies aquáticas, agora com maiores áreas abertas circundan<strong>do</strong> seus<br />

ambientes preferenciais, passaram <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> 5% para quase 15% da composição avifaunística.<br />

Igualmente, uma série <strong>de</strong> espécies próprias <strong>de</strong> áreas abertas <strong>do</strong> centro <strong>do</strong> Brasil, mas especialmente<br />

<strong>do</strong>s campos adjacentes, ampliaram suas áreas <strong>de</strong> ocorrência e, antes raras na área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>,<br />

tornaram-se comuns, eventualmente em gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s.<br />

Além da expressiva riqueza global, a região <strong>de</strong>staca-se pela presença <strong>de</strong> aves ameaçadas <strong>de</strong><br />

extinção ou <strong>de</strong> interesse <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da conservação. Algumas <strong>de</strong>las foram registradas há<br />

muitas décadas e que não mais ocorrem localmente. É o caso <strong>do</strong> macuco (Tinamus solitarius) e da<br />

jacutinga (Aburria jacutinga), espécies <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte registradas com muita assiduida<strong>de</strong> no início<br />

<strong>do</strong> Século XX e hoje praticamente extintas. Uma gran<strong>de</strong> parcela <strong>de</strong> representantes mais sensíveis às<br />

alterações ambientais, encontra-se com populações muito pequenas, situação que po<strong>de</strong>rá<br />

<strong>de</strong>terminar extinções locais em futuro próximo, como a jandaia (Aratinga auricapillus), o<br />

macuquinho-da-várzea (Scytalopus iraiensis), o barbudinho (Phylloscartes eximius) e o sanhaço-<br />

amarelo (Orchesticus abeillei). Entretanto, algumas outras aves que se enquadram neste quesito<br />

ainda ocorrem em consi<strong>de</strong>ráveis números (p.ex. o cuiu-cuiu Pionopsitta pileata), sen<strong>do</strong> que algumas<br />

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<strong>de</strong>las têm o epicentro <strong>de</strong> suas distribuições geográficas localiza<strong>do</strong> exatamente naquela área, como no<br />

caso <strong>do</strong> papagaio-<strong>de</strong>-peito-roxo (Amazona vinacea).<br />

A principal causa que <strong>de</strong>sregulou to<strong>do</strong>s os processos biológicos locais, culminan<strong>do</strong> com o<br />

<strong>de</strong>clínio <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte da avifauna originalmente ocorrente na porção sul e su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> é,<br />

sem dúvida, a alteração <strong>do</strong>s ambientes naturais. Ações antrópicas das mais diversas, em geral<br />

voltadas a um <strong>de</strong>senvolvimento econômico <strong>de</strong>sampara<strong>do</strong> <strong>de</strong> qualquer planejamento ambiental,<br />

geraram uma fragmentação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> monta, isolan<strong>do</strong> populações relictuais e mesmo reduzin<strong>do</strong> os<br />

remanescentes a dimensões diminutas.<br />

Cabe também à caça e outras intervenções que geram <strong>de</strong>clínio seletivo, uma pequena –<br />

embora <strong>de</strong>stacada - responsabilida<strong>de</strong> pela situação ambiental ora observada. Das aves cinegéticas<br />

ocorrentes, enquadram-se os grupos <strong>do</strong>s tinamí<strong>de</strong>os, anatí<strong>de</strong>os, crací<strong>de</strong>os, o<strong>do</strong>ntoforí<strong>de</strong>os, ralí<strong>de</strong>os,<br />

columbí<strong>de</strong>os, ranfastí<strong>de</strong>os e, eventualmente, também alguns passeriformes. Merece especial<br />

<strong>de</strong>staque, também pela sua importância cultural, uma vez que constituem-se <strong>de</strong> itens<br />

constantemente abati<strong>do</strong>s para a suplementação alimentar, obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> tradição secular oriunda da<br />

colonização européia. Todas essas aves foram ou continuam sen<strong>do</strong> severamente perseguidas, em<br />

<strong>de</strong>corrência da aplicação <strong>de</strong>sta prática, o que tem reduzi<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ravelmente as suas populações. A<br />

captura para cativeiro é outra ativida<strong>de</strong> que comprometeu a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns grupos, sen<strong>do</strong><br />

que po<strong>de</strong>-se enumerar pelo menos duas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> espécies que se enquadram como<br />

potencialmente afetadas para a manutenção em cativeiro, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se os turdí<strong>de</strong>os,<br />

emberizí<strong>de</strong>os, cardinalí<strong>de</strong>os, traupí<strong>de</strong>os e fringilí<strong>de</strong>os, bem como diversos psitací<strong>de</strong>os.<br />

A área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, embora discretamente, enquadra-se como sítio notável para a presença <strong>de</strong><br />

aves migratórias, algumas <strong>de</strong>les originárias <strong>do</strong> Velho Mun<strong>do</strong> e que sazonalmente ali ocorrem, em<br />

especial em ambientes aquáticos. Desse grupo po<strong>de</strong>-se salientar os escolopací<strong>de</strong>os, charadrí<strong>de</strong>os e<br />

hirundiní<strong>de</strong>os, bem como alguns elementos das famílias <strong>do</strong>s cuculí<strong>de</strong>os e falconí<strong>de</strong>os.<br />

Ten<strong>do</strong>-se em mente os argumentos aqui apresenta<strong>do</strong>s, sugere-se a priori a realização <strong>de</strong><br />

estu<strong>do</strong>s populacionais e <strong>de</strong> distribuição – associa<strong>do</strong>s aos <strong>de</strong> história natural e ecologia básica – das<br />

espécies ameaçadas <strong>de</strong> extinção ocorrentes em toda a região abordada. Também é altamente<br />

apreciável a realização <strong>de</strong> monitoramentos constantes <strong>de</strong> longo prazo contemplan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s esses<br />

critérios, resultan<strong>do</strong> em um conhecimento mais robusto sobre suas reais necessida<strong>de</strong>s ambientais e<br />

subsídios para a recuperação das populações relictuais. Esse estu<strong>do</strong> po<strong>de</strong>ria incluir pesquisas nas<br />

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unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação (ou outros tipos <strong>de</strong> áreas protegidas) da região, as quais servir-se-iam como<br />

àreas-controle, levan<strong>do</strong>-se em conta os distintos graus <strong>de</strong> conservação, isolamento e distanciamento<br />

<strong>de</strong> outras unida<strong>de</strong>s com vegetação original.<br />

A avifauna como um to<strong>do</strong>, por sua importância na bioindicação, é também a<strong>de</strong>quada para<br />

monitoramentos populacionais <strong>de</strong> longo prazo, permitin<strong>do</strong> a obtenção <strong>de</strong> informações <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

valia para o planejamento ambiental das áreas adjacentes à UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e <strong>de</strong> toda a região<br />

sul paranaense.<br />

5.2.2.3 Répteis<br />

O conhecimento sobre a fauna <strong>de</strong> répteis da região da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> ainda é bastante<br />

pequeno, basea<strong>do</strong> principalmente em registros museológicos <strong>do</strong> Museu <strong>de</strong> História Natural <strong>do</strong> Capão<br />

da Imbuia (Curitiba, PR) e <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> Butantan (São Paulo, SP) e em poucos trabalhos técnicos,<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s em <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> aproveitamento da área para a construção <strong>do</strong> empreendimento<br />

hidrelétrico (KNYSAK, 1980).<br />

Através <strong>do</strong> levantamento bibliográfico e <strong>do</strong>s registros museológicos, foram registradas para a<br />

região da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> (reservatório e municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> lago) aproximadamente 30<br />

espécies <strong>de</strong> répteis, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a 19 % <strong>do</strong> total <strong>de</strong> espécies registradas para o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong><br />

(Bérnils et al., 2004). As espécies <strong>de</strong> ocorrência confirmada para a região distribuem-se entre<br />

quelônios (1 espécie), anfisbenas (1 espécie), lagartos (5 espécies) e serpentes (23 espécies).<br />

Dentre os répteis registra<strong>do</strong>s para a região da UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, <strong>de</strong>stacam-se as espécies<br />

ameaçadas <strong>de</strong> extinção no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. Das três espécies que estão incluídas na categoria<br />

vulnerável no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> (MIKICH & BÉRNILS, 2004),<br />

uma é registrada para a região: o cága<strong>do</strong>-raja<strong>do</strong> (Phrynops williamsi). Esta espécie é encontrada no<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> somente na bacia <strong>do</strong> rio Iguaçu, ocorren<strong>do</strong> em ambientes lóticos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s rios.<br />

Segun<strong>do</strong> BÉRNILS et al. (2004) em áreas inundadas pela formação <strong>de</strong> reservatórios <strong>de</strong> hidrelétricas a<br />

espécie aparentemente <strong>de</strong>saparece. Sen<strong>do</strong> que a principal ameaça às populações <strong>de</strong>sta espécie na<br />

região é a formação seqüencial <strong>de</strong> reservatórios para aproveitamento hidrelétrico, que afetam a<br />

disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos alimentares e alteram o regime lótico <strong>do</strong>s rios.<br />

Além da ocorrência <strong>de</strong> Phrynops williamsi (espécie ameaçada), também <strong>de</strong>staca-se a presença<br />

na região <strong>de</strong> espécies endêmicas da Floresta com Araucária (Floresta Ombrófila Mista) <strong>do</strong> Sul <strong>do</strong><br />

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Brasil, como as serpentes boipevinha (Xeno<strong>do</strong>n guentheri) e cotiara (Bothrops cotiara). Ambas<br />

habitam exclusivamente ambientes florestais bem conserva<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> que a <strong>de</strong>struição da Floresta<br />

com Araucária representa a principal ameaça a extinção <strong>de</strong>stas espécies.<br />

Tanto espécies ameaçadas, quanto espécies endêmicas apresentam uma menor plasticida<strong>de</strong><br />

ecológica; verifican<strong>do</strong>-se nestas espécies, maiores restrições e especificida<strong>de</strong> por hábitats. A<br />

qualida<strong>de</strong> ambiental da região interfere diretamente nas populações <strong>de</strong>stas espécies, sen<strong>do</strong> que a<br />

perda ou até mesmo a adulteração <strong>do</strong> ambiente natural gera gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio, ocasionan<strong>do</strong><br />

diminuições nas populações ou até mesmo extinções locais.<br />

Outra espécie registrada para a região e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista científico, é a<br />

serpente muçurana (Clelia hussami). A espécie foi <strong>de</strong>scrita a poucos anos (MORATO et al., 2003) e<br />

sua ocorrência até o momento está restrita aos <strong>do</strong>mínios da Floresta com Araucária e Campos<br />

Limpos associa<strong>do</strong>s da porção central <strong>do</strong> Planalto Meridional Brasileiro; saben<strong>do</strong>-se muito pouco<br />

sobre sua biologia, ecologia e esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação <strong>de</strong> suas populações.<br />

Atualmente não existem estu<strong>do</strong>s sobre a fauna reptiliana na região <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>. Geran<strong>do</strong><br />

muitas dúvidas sobre a atual composição <strong>de</strong> espécies, sua distribuição na área e os reais impactos da<br />

construção <strong>do</strong> empreendimento hidrelétrico sobre a fauna local; principalmente quan<strong>do</strong> existem na<br />

área espécies bastante sensíveis a alterações no ambiente natural.<br />

Comparan<strong>do</strong> a riqueza <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> répteis da região da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> com a <strong>de</strong> áreas<br />

próximas, como por exemplo, a UHE <strong>de</strong> Segre<strong>do</strong> (na qual são registradas a ocorrência <strong>de</strong> 47<br />

espécies), verifica-se que o número <strong>de</strong> espécies da <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> apresenta-se baixo. Um <strong>do</strong>s fatores<br />

responsáveis por este baixo número seguramente <strong>de</strong>ve-se aos poucos trabalhos realiza<strong>do</strong>s na área, o<br />

que ressalta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novos estu<strong>do</strong>s na região.<br />

Diante <strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> é <strong>de</strong> fundamental importância o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> programas<br />

acura<strong>do</strong>s <strong>de</strong> monitoramento em longo prazo da fauna <strong>de</strong> répteis da região. Estes programas são<br />

importantes para o conhecimento da atual diversida<strong>de</strong> local, sua distribuição na área e o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

conservação <strong>de</strong>stas populações. Espécies ameaçadas (como Phrynops williamsi), endêmicas (como<br />

Xeno<strong>do</strong>n guentheri e Bothrops cotiara) e ou <strong>de</strong> interesse científico (como Clelia hussami) <strong>de</strong>vem ter<br />

priorida<strong>de</strong> nos programas <strong>de</strong> monitoramento. Em especial Phrynops williamsi, espécie protegida pela<br />

legislação estadual, e cujas populações sofrem impactos diretos com o represamento <strong>de</strong> rios por<br />

barragens para a formação <strong>de</strong> reservatórios em empreendimentos hidrelétricos.<br />

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Para o monitoramento da fauna reptiliana da área sugere-se o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> marcação e<br />

recaptura. Este méto<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser usa<strong>do</strong> por longo tempo e permite o conhecimento <strong>do</strong> número<br />

absoluto <strong>de</strong> indivíduos presentes na área, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> as reais priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e<br />

conservação <strong>do</strong> local.<br />

Também ressaltamos a importância da preservação <strong>do</strong>s ambientes florestais da região, bem<br />

como a manutenção da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ambiente aquático (reservatório, afluentes e <strong>de</strong>mais corpos<br />

d´água) da área, a fim <strong>de</strong> garantir a conservação das espécies que habitam e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong>stes<br />

ambientes para a sua sobrevivência.<br />

De um mo<strong>do</strong> geral recomenda-se o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> monitoramento a longo<br />

prazo da fauna <strong>de</strong> répteis da área da UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, bem como a implantação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong><br />

preservação ambiental na região, visan<strong>do</strong> o conhecimento e principalmente à conservação das<br />

espécies que sobreviveram às gran<strong>de</strong>s alterações ambientais impostas pelo homem.<br />

5.2.2.4 Anfíbios<br />

Na literatura especializada são escassas as informações sobre a fauna <strong>de</strong> anfíbios relacionada<br />

à bacia <strong>do</strong> rio Iguaçu. Porém, vários trabalhos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s durante a elaboração <strong>de</strong> EIA-RIMAs e<br />

planos <strong>de</strong> manejo <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação presentes nesta bacia têm contribuí<strong>do</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong><br />

significativo para o incremento <strong>do</strong> conhecimento <strong>de</strong>sta fauna.<br />

O trabalho <strong>de</strong> Bernar<strong>de</strong> & Macha<strong>do</strong> (2000) é o único estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> longa duração com da<strong>do</strong>s<br />

publica<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong> na bacia em análise e foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> no Parque Estadual <strong>do</strong> Rio Guarani,<br />

localiza<strong>do</strong> no município <strong>de</strong> Três Barras <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. Nesse estu<strong>do</strong> foram registradas 23 espécies <strong>de</strong><br />

anuros, distribuídas em onze famílias: Brachycephalidae (rãzinhas-da-mata) Bufonidae (sapos),<br />

Centrolenidae (pererecas-<strong>de</strong>-vidro), Craugastoridae (rãzinhas-da-mata), Cycloramphidae (rãs),<br />

Hylidae (pererecas), Hylodidae (rãs-<strong>de</strong>-riacho), Leptodactylidae (rãs), Leiuperidae (rãs), Microhylidae<br />

(rãs-guardinha) e Ranidae (rãs-verda<strong>de</strong>iras). Este trabalho contribuiu <strong>de</strong> maneira significativa para o<br />

conhecimento da anurofauna da região.<br />

Existem ainda, para a bacia <strong>do</strong> rio Iguaçu, da<strong>do</strong>s não publica<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s durante a realização<br />

<strong>do</strong> EIA-RIMA da UHE <strong>de</strong> Segre<strong>do</strong> (COPEL, 1987), o relatório final <strong>do</strong> aproveitamento científico da flora<br />

e da fauna da área <strong>do</strong> reservatório UHE <strong>de</strong> Segre<strong>do</strong> (FUPEF & COPEL, 1992) e <strong>do</strong> EIA-RIMA da UHE <strong>de</strong><br />

Salto Caxias (COPEL, 1993); especificamente para a UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> foi encontra<strong>do</strong> apenas um<br />

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relatório ambiental para obtenção da licença <strong>de</strong> operação (COPEL, 2000). Porém, os da<strong>do</strong>s referentes<br />

aos aspectos da fauna e da flora apresenta<strong>do</strong>s neste relatório são os mesmos encontra<strong>do</strong>s no EIA-<br />

RIMA da UHE <strong>de</strong> Segre<strong>do</strong> (COPEL, 1987). A falta <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s e relatórios ambientais <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>s para<br />

estas usinas é conseqüência das suas implantações serem anteriores às leis <strong>do</strong> CONAMA 001/86 e<br />

006/87 e também pelo fato <strong>do</strong>s projetos e soluções básicas prevalecentes para estas usinas datarem<br />

<strong>de</strong> 1975, época em que as preocupações <strong>de</strong> natureza ambiental, no Brasil, eram muito limitadas.<br />

Empregan<strong>do</strong> o conhecimento prévio <strong>do</strong>s anfíbios que participam da formação florestal<br />

encontrada na região, <strong>do</strong> conhecimento da corologia <strong>de</strong> algumas espécies e através <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s<br />

secundários são estimadas 36 espécies <strong>de</strong> anfíbios passíveis <strong>de</strong> ocorrência ao longo <strong>do</strong> rio Iguaçu, na<br />

região da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

Dentre os anfíbios estima<strong>do</strong>s para a região da UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, <strong>de</strong>stacam-se as espécies<br />

listadas no livro vermelho <strong>de</strong> espécies ameaçadas <strong>de</strong> extinção no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> (Mikich & Bérnils,<br />

2004), uma criticamente ameaçada (Limnomedusa macroglossa) e duas listadas como da<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>ficientes (Hyalinobatrachium uranoscopum e Luetkenotyphlus brasiliensis):<br />

Limnomedusa macroglossa conta com as únicas populações conhecidas para o esta<strong>do</strong><br />

atualmente consi<strong>de</strong>radas extintas em <strong>de</strong>corrência da barragem da UHE Salto Caxias e <strong>do</strong> enchimento<br />

<strong>do</strong> reservatório da <strong>de</strong>rivação <strong>do</strong> rio Jordão (Segalla & Langone, 2004). É uma espécie que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

hábitats aquáticos, com afloramentos rochosos e solos superficiais próximo a água corrente ou <strong>de</strong><br />

remansos <strong>de</strong> água com rochas expostas e barrancos cobertos com vegetação ciliar rala. Desta forma,<br />

a provável ocorrência <strong>de</strong>sta espécie estaria igualmente comprometida pela formação da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Areia</strong> e a modificação na estrutura <strong>do</strong>s rios (ambiente lótico para lêntico) provavelmente afetou <strong>de</strong><br />

mo<strong>do</strong> significativo os anfíbios que são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> ambientes lóticos, produzin<strong>do</strong> respostas que<br />

po<strong>de</strong>m ser imediatas nas populações locais.<br />

Hyalinobatrachium uranoscopum é uma espécie originalmente abundante ao longo da bacia<br />

<strong>do</strong> Rio Jordão (C.E. Conte, com. pess) e provavelmente abundante na bacia <strong>do</strong> Rio Iguaçu. Entretanto<br />

a formação <strong>do</strong>s lagos tanto das UHEs <strong>do</strong> Rio Jordão quanto das UHEs <strong>do</strong> rio Iguaçu resultou no<br />

<strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> boa parte <strong>do</strong>s ambientes <strong>de</strong> ocorrência da espécie (riachos pedregosos em meio<br />

a fragmentos florestais). Deste mo<strong>do</strong>, dada a alta especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa espécie em relação ao<br />

ambiente <strong>de</strong> ocorrência, a continuida<strong>de</strong> da espécie na região encontra-se sob gran<strong>de</strong> ameaça.<br />

A or<strong>de</strong>m Gimnophiona (cobras-cegas) é representada por apenas uma espécie, Microcaecilia<br />

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sp., pertencente a família Caeciliidae. A espécie foi coletada somente no resgate <strong>de</strong> fauna da UHE<br />

Fundão no rio Jordão, afluente <strong>do</strong> Rio Iguaçu. Deve aqui ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como extremamente<br />

relevante a captura e colecionamento <strong>de</strong> exemplares <strong>de</strong> Microcaecilia sp., uma vez que a espécie foi<br />

erroneamente i<strong>de</strong>ntificada como Luetkenotyphlus brasiliensis. Esses animais são muito mal<br />

conheci<strong>do</strong>s, tanto <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista sistemático quanto <strong>de</strong> história natural, da<strong>do</strong> os hábitos fossoriais<br />

que apresentam. Animais <strong>de</strong> difícil localização, encontram-se muito mal amostra<strong>do</strong>s em coleções<br />

biológicas. Anterior a esse registro, a espécie era conhecida no esta<strong>do</strong> somente na região <strong>de</strong> reserva<br />

<strong>do</strong> Iguaçu e <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> Jordão (Segalla & Langone, 2004). Ainda, segun<strong>do</strong> esses autores, a perda <strong>de</strong><br />

hábitat e a construção <strong>de</strong> barragens parecem ser as principais ameaças a esta espécie.<br />

Tanto espécies ameaçadas, quanto espécies com caráter estenóico, apresentam uma menor<br />

plasticida<strong>de</strong> ecológica e, verifican<strong>do</strong>-se nestas espécies, maiores restrições e especificida<strong>de</strong> por<br />

hábitats. A qualida<strong>de</strong> ambiental da região interfere diretamente nas populações <strong>de</strong>stas espécies,<br />

sen<strong>do</strong> que a perda ou até mesmo a alteração <strong>do</strong> ambiente natural gera gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio,<br />

ocasionan<strong>do</strong> diminuições nas populações ou até mesmo extinções locais.<br />

Atualmente não existem estu<strong>do</strong>s sobre a anurofauna na região <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> geran<strong>do</strong><br />

muitas dúvidas sobre a atual composição <strong>de</strong> espécies, sua distribuição na área e os reais impactos da<br />

construção <strong>do</strong> empreendimento hidrelétrico sobre a fauna local; principalmente quan<strong>do</strong> existem na<br />

área espécies bastante sensíveis a alterações no ambiente natural.<br />

Outra gran<strong>de</strong> ameaça para a região da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> é a presença <strong>de</strong> espécies exóticas,<br />

cujo aumento populacional no ambiente represa<strong>do</strong> po<strong>de</strong> causar a redução ou extinção <strong>de</strong><br />

populações nativas locais, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a competição por alimentação, abrigo e a disseminação <strong>de</strong><br />

parasitos. A invasão <strong>de</strong> espécies exóticas têm si<strong>do</strong> assunto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> preocupação por atuar <strong>de</strong><br />

forma agressiva sobre a manutenção <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> espécies nativas. Espécies exóticas com<br />

gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação em ambientes naturais são favorecidas pelas transformações das<br />

paisagens naturais complexas em mosaicos homogeneiza<strong>do</strong>s (Mefee et al., 1997).<br />

Lithobates catesbeianus é uma espécie Norte Americana que foi introduzida em diversas<br />

regiões da América <strong>do</strong> Sul (<strong>Instituto</strong> Hórus, 2008). Esta rã é favorecida pela formação <strong>de</strong> corpos<br />

lênticos, sen<strong>do</strong> um preda<strong>do</strong>r agressivo <strong>de</strong> vertebra<strong>do</strong>s da fauna nativa e tem consegui<strong>do</strong> se<br />

reproduzir em ambiente natural. Até o momento, a espécie não foi registrada na região da área <strong>de</strong><br />

influência <strong>do</strong> empreendimento, mas é sabi<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua extrema vantagem adaptativa a condições<br />

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ambientais encontradas da região. O registro mais próximo da espécie é na região <strong>do</strong> Parque<br />

Estadual Rio Guarani (BERNARDE & MACHADO, 2000).<br />

Mudanças produzidas pelo barramento <strong>de</strong> rios, transformam um ambiente lótico em lêntico e<br />

resultam no <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> algumas espécies sen<strong>do</strong> que outras, mais adaptadas, conseguem se<br />

estabelecer às margens <strong>do</strong> reservatório, aumentan<strong>do</strong> assim suas populações na área e po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, em<br />

conseqüência, vir a competir pelo espaço e alimento com as espécies mais frágeis e raras, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

ocasionar <strong>de</strong>pleções nas populações <strong>de</strong>ssas últimas. Para região afetada pela UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, o<br />

reservatório po<strong>de</strong> ter si<strong>do</strong> coloniza<strong>do</strong> pela espécie exótiva invasora Lithobates catesbeianus. Caso<br />

uma população tenha se estabeleci<strong>do</strong> no lago da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, <strong>de</strong>ve-se efetuar um programa <strong>de</strong><br />

controle e erradicação. Indivíduos adultos po<strong>de</strong>m ser caça<strong>do</strong>s com espingardas, armadilhas, lanças e<br />

por catação manual. Formas jovens po<strong>de</strong>m ser retiradas da água com re<strong>de</strong>s ou puças. A coleta <strong>de</strong><br />

massas <strong>de</strong> ovos também é um controle efetivo.<br />

De um mo<strong>do</strong> geral recomenda-se o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> monitoramento a longo<br />

prazo da anurofauna da área da UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, bem como a implantação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong><br />

preservação ambiental na região, visan<strong>do</strong> o conhecimento e principalmente à conservação das<br />

espécies que sobreviveram às gran<strong>de</strong>s alterações ambientais impostas pelo homem.<br />

5.2.3 Fauna Aquática<br />

5.2.3.1 Ictiofauna<br />

O rio Iguaçu é o <strong>de</strong> maior bacia hidrográfica <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> e pertence ao gran<strong>de</strong><br />

sistema hidrográfico <strong>do</strong> rio <strong>Paraná</strong>, possuin<strong>do</strong> características <strong>de</strong> principal divisa físico-territorial<br />

regional. Esten<strong>de</strong>-se por 72 mil km 2 na região su<strong>de</strong>ste da América <strong>do</strong> Sul, abrangen<strong>do</strong> áreas <strong>do</strong> sul <strong>do</strong><br />

Brasil e nor<strong>de</strong>ste da Argentina. A maior parte <strong>de</strong> sua bacia está em território paranaense: 57.330 km 2<br />

(Maack, 1981).<br />

É caracterizada pelo seu eleva<strong>do</strong> grau <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismo e por ser possui<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> um pequeno<br />

número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> peixes quan<strong>do</strong> comparada com outros rios da bacia <strong>do</strong> rio <strong>Paraná</strong> (Júlio Jr et<br />

al., 1997). Atualmente são conhecidas 86 espécies <strong>de</strong> Teleostei para a sua bacia (sensu Eigenmann,<br />

1911; Ellis, 1911; Haseman, 1911a e b; Haseman & Eigenmann, 1911; Pinna, 1992a, b; Severi &<br />

Cor<strong>de</strong>iro, 1994; Garavello et al., 1997; Reis, 1997; Lucinda & Garavello, 2001; Azpelicueta et<br />

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al., 2002; Almirón et al., 2002; Azpelicueta et al., 2003; Vitule & Abilhoa, 2003; Casciotta et al., 2004;<br />

Wosiacki & Garavello, 2004; Ingenito et al., 2005; Haluch & Abilhoa, 2005; Abilhoa & Duboc, 2007;<br />

Garavello & Shibatta, 2007; Wosiacki & Pinna, 2008; Lucinda, 2008), incluin<strong>do</strong> três espécies exóticas.<br />

Outra característica importante da ictiofauna <strong>do</strong> rio Iguaçu é a ausência <strong>de</strong> inúmeras famílias<br />

<strong>de</strong> peixes muito comuns na bacia <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>, como Anostomidae, Curimatidae, Serrasalmidae e<br />

Doradidae (Júlio Jr. et al., 1997), além das famílias <strong>de</strong> peixes migra<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sta bacia (Garavello et al.,<br />

1997). O isolamento causa<strong>do</strong> pelas cataratas <strong>do</strong> Iguaçu, associa<strong>do</strong> aos fenômenos climáticos, po<strong>de</strong><br />

ter leva<strong>do</strong> a uma compartimentalização geológica da bacia <strong>do</strong> rio Iguaçu, sen<strong>do</strong> este fenômeno o<br />

principal evento responsável pela atual situação da ictiofauna <strong>de</strong>sta bacia (Sampaio, 1988).<br />

A ictiofauna <strong>de</strong>sta bacia hidrográfica é composta por espécies <strong>de</strong> pequeno (40cm), entretanto, este número <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

subestima<strong>do</strong>, em função <strong>do</strong> número insuficiente <strong>de</strong> levantamentos e da falta <strong>de</strong> conhecimento da<br />

composição taxonômica <strong>de</strong> alguns táxons representa<strong>do</strong>s.<br />

A distribuição longitudinal da ictiofauna ao longo <strong>do</strong> curso <strong>do</strong> rio Iguaçu não é uniforme,<br />

sen<strong>do</strong> que algumas espécies são encontradas apenas em regiões <strong>de</strong> maior altitu<strong>de</strong>, próximas às<br />

cabeceiras <strong>de</strong>sse sistema (Abilhoa, 2004), enquanto outras são exclusivas das regiões <strong>do</strong> curso médio<br />

e baixo. A substituição <strong>de</strong> espécies e a variação no grau <strong>de</strong> <strong>do</strong>minância entre elas po<strong>de</strong>m ser notadas<br />

ao longo da bacia.<br />

No rio Iguaçu, registros da composição da fauna original são escassos, restringin<strong>do</strong>-se a alguns<br />

levantamentos e <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> espécies. Após a formação <strong>do</strong>s reservatórios, em especial o da<br />

hidrelétrica <strong>de</strong> Segre<strong>do</strong>, os monitoramentos no rio Iguaçu foram mais contínuos, visan<strong>do</strong> a obter<br />

inferências acerca <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> colonização <strong>do</strong>s mesmos pelas diversas espécies (Agostinho et al.,<br />

1997 a e b).<br />

Dentre os mais recentes trabalhos <strong>de</strong> sistemática <strong>de</strong> peixes da bacia <strong>do</strong> rio Iguaçu, <strong>de</strong>staca-se<br />

a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> quatro novas espécies <strong>de</strong> ocorrência nesta bacia, são elas: Astyanax totae (Haluch &<br />

Abilhoa, 2005), Pimelodus britskii (Garavello & Shibatta, 2007), Phalloceros harpagos e Phalloceros<br />

spiloura (Lucinda, 2008).<br />

As mudanças produzidas pelos barramentos <strong>do</strong>s rios para fins energéticos, como<br />

primariamente a passagem <strong>do</strong> ambiente lótico para o lêntico, resultam no <strong>de</strong>saparecimento das<br />

espécies estritamente fluviais e secundariamente num rearranjo geral das espécies remanescentes<br />

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(Lowe-McConnel, 1975). O reservatório recém forma<strong>do</strong> é coloniza<strong>do</strong> por espécies previamente<br />

existentes, mas como nem todas as espécies são capazes <strong>de</strong> suportar o novo ambiente, a ictiofauna<br />

<strong>de</strong>ste reservatório é bem menos diversificada que a <strong>de</strong> seu rio forma<strong>do</strong>r (Agostinho et al., 1997).<br />

Segun<strong>do</strong> Lowe-McConnel (1975), as espécies <strong>de</strong> peixes submetidas a modificações como<br />

aproveitamentos hidrelétricos po<strong>de</strong>m ser divididas em <strong>do</strong>is grupos. O primeiro é composto por<br />

espécies reofílicas, <strong>de</strong> água corrente, que aparentemente apresentam menores condições para<br />

permanecer em uma área represada. As espécies <strong>de</strong>ssa natureza apresentam hábitos migratórios,<br />

normalmente relaciona<strong>do</strong>s a ativida<strong>de</strong>s reprodutivas, como já relata<strong>do</strong> para estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s no rio<br />

<strong>Paraná</strong> (Agostinho et al., 1992). No rio Iguaçu, as espécies Pimelodus ortmanni, Astyanax sp.,<br />

Apareio<strong>do</strong>n vittatus e Oligosarcus longirostris po<strong>de</strong>m ser enquadra<strong>do</strong>s na categoria <strong>de</strong> espécies<br />

migra<strong>do</strong>ras propostas por Agostinho et al. (1992), entretanto, até o momento, não há <strong>de</strong>scrições ou<br />

constatações que permitam assegurar a ocorrência <strong>de</strong> fenômenos migratórios <strong>de</strong>ssas espécies <strong>de</strong><br />

peixes na bacia <strong>do</strong> rio Iguaçu.<br />

De um mo<strong>do</strong> geral, a ictiofauna da área <strong>de</strong> influência da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> apresenta o padrão<br />

generaliza<strong>do</strong> <strong>de</strong> toda bacia, com poucas espécies e eleva<strong>do</strong> en<strong>de</strong>mismo. Dentre os peixes registra<strong>do</strong>s<br />

para a área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stacam-se seis espécies incluídas na lista <strong>de</strong> espécies ameaçadas <strong>de</strong><br />

extinção no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> (Abilhoa & Duboc, 2004), em diferentes categorias <strong>de</strong> ameaça.<br />

Dentre as espécies ameaçadas, a com maior nível <strong>de</strong> ameaça é Austrolebias carvalho<br />

(Rivulidae), criticamente em perigo (CR). É conheci<strong>do</strong> como peixe-anual, por completar to<strong>do</strong> o ciclo<br />

<strong>de</strong> vida em pequenas poças temporárias formadas no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> chuva. De pequeno porte, não<br />

ultrapassa 38 mm <strong>de</strong> comprimento. Trata-se <strong>de</strong> uma espécie endêmica e sua principal ameaça é a<br />

alteração e <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> hábitats. Sua restrita área <strong>de</strong> distribuição se encontra numa região <strong>de</strong><br />

poças temporárias nas várzeas <strong>do</strong> rio Iguaçu no seu trecho médio, áreas estas que <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> existir<br />

com a pela formação <strong>de</strong> reservatórios e pela ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> areia.<br />

Outra espécie ameaçada é Astyanax gymnogenys que em estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s por Hahn et al.,<br />

1997, na área <strong>de</strong> influência <strong>do</strong>s reservatórios <strong>de</strong> Segre<strong>do</strong> e <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, apresentou hábito alimentar<br />

malacófago. Com a redução <strong>de</strong> áreas lóticas em função <strong>do</strong>s barramentos existentes, e conseqüentes<br />

alterações no ciclo biológicos <strong>do</strong>s ecossistemas originais, esta espécie encontra-se na categoria<br />

vulnerável <strong>de</strong> ameaça, principalmente pela sua especificida<strong>de</strong> alimentar.<br />

Além <strong>de</strong>stas duas ocorrências, a terceira espécie ameaçada da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> é Cnestero<strong>do</strong>n<br />

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omorgmatos, conhecida como barrigudinho. Apresenta tamanho inferior a 30 mm. A nada<strong>de</strong>ira anal<br />

<strong>do</strong>s machos é modificada em um órgão copula<strong>do</strong>r, com os raios uni<strong>do</strong>s e prolonga<strong>do</strong>s forman<strong>do</strong> um<br />

gonopódio. Possuem fecundação interna e são vivíparos. Segun<strong>do</strong> Abilhoa & Duboc (2004) a<br />

principal ameaça a esta espécie á a alteração <strong>de</strong> seu hábitat, pois sua provável área <strong>de</strong> distribuição se<br />

encontra em uma região <strong>de</strong> intensa ativida<strong>de</strong> agropecuária.<br />

As <strong>de</strong>mais espécies <strong>de</strong> possível ocorrência na área <strong>de</strong> influencia da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, estão<br />

enquadradas na categoria <strong>de</strong> “da<strong>do</strong>s insuficientes”, o que significa que estas espécies necessitam <strong>de</strong><br />

mais da<strong>do</strong>s, principalmente <strong>de</strong> abundância e distribuição, para que seu status possa ser<br />

corretamente avalia<strong>do</strong>. Estas três espécies são: Hasemania maxilaris, Hasemania melanura e<br />

Hyphessobrycon taurocephalus.<br />

Alguns trabalhos vêm sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s com peixes nos esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>, por iniciativa <strong>de</strong><br />

algumas instituições <strong>de</strong> pesquisa, principalmente pela Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Maringá, porém a<br />

maioria concentra-se em reservatórios. Desta forma sugere-se a expansão <strong>de</strong>stes para os tributários<br />

e áreas mais conservadas no entorno da UHE, pois a preservação <strong>do</strong>s ambientes florestais e<br />

tributários a montante <strong>do</strong> reservatório, po<strong>de</strong> ser fundamental para a manutenção da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

ambiente aquático.<br />

5.3 Meio Socioeconômico<br />

Os principais problemas levanta<strong>do</strong>s neste trabalho <strong>de</strong> revisão <strong>do</strong> <strong>Plano</strong> <strong>Diretor</strong> <strong>do</strong> reservatório<br />

<strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> são comuns a empreendimentos antigos, isto é, construí<strong>do</strong>s durante a década <strong>de</strong><br />

1970 e 1980. Nestes casos, há situações <strong>de</strong> passivos sócio-ambientais, como as dificulda<strong>de</strong>s para a<br />

população remanescente, principalmente pequenos produtores; <strong>de</strong> ocupações irregulares; e <strong>de</strong><br />

incongruências legais. Ressalte-se que muitos <strong>do</strong>s problemas encontra<strong>do</strong>s resultam da dificulda<strong>de</strong><br />

para se empreen<strong>de</strong>r uma fiscalização eficiente sobre a faixa <strong>de</strong> preservação <strong>de</strong> 100 metros. Desta<br />

forma, apesar <strong>de</strong> a legislação atual <strong>de</strong>finir claramente a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada agente para os<br />

novos empreendimentos, permanece um passivo histórico.<br />

A compreensão <strong>do</strong> caráter público <strong>do</strong>s reservatórios e <strong>de</strong> seu entorno po<strong>de</strong> resultar em<br />

ativida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>vem ser restringidas e/ou realizadas <strong>de</strong> forma planejada e setorizada, sen<strong>do</strong> que o<br />

entorno não po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma análoga a <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s situadas longe <strong>de</strong> cursos d’água.<br />

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Desta forma, a a<strong>de</strong>quação <strong>do</strong>s usos das proprieda<strong>de</strong>s lin<strong>de</strong>iras, assim como o papel e a forma<br />

<strong>de</strong> ação <strong>do</strong>s diversos atores públicos é um objetivo a ser alcança<strong>do</strong>. Entretanto, isto requer<br />

estratégias <strong>de</strong> ação diferenciadas, pois refletem uma situação <strong>de</strong> incertezas resultantes <strong>de</strong> um<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> legislação diferenciada. A proposta <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> é exatamente esta, ou seja, a partir<br />

<strong>de</strong>ste cenário, fornecer subsídios para ações futuras e para mediar situações conflituosas,<br />

especialmente aquelas que venham gerar mais dificulda<strong>de</strong>s aos colonos e às administrações<br />

municipais, assim, como possibilitar a preservação efetiva daquela APP.<br />

5.3.1 Aspectos meto<strong>do</strong>lógicos e objetivos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong><br />

A análise no meio socioeconômico, no presente estu<strong>do</strong>, diferencia-se <strong>do</strong>s tradicionais estu<strong>do</strong>s<br />

quantitativos, pois foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> que não bastaria fazer apenas uma ampla <strong>de</strong>scrição e atualização<br />

<strong>de</strong> da<strong>do</strong>s socioeconômicos gerais, como produção, <strong>de</strong>mografia e infra-estrutura, entre outros.<br />

Enten<strong>de</strong>-se que há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma análise que, juntamente com os da<strong>do</strong>s socioeconômicos,<br />

apreenda fatores que interferem no relacionamento e interação entre os atores sociais diversos,<br />

como os fatores subjetivos, principalmente <strong>do</strong>s confrontantes ao reservatório e seus problemas.<br />

Assim, problemas como os constantes <strong>de</strong>sbarrancamentos nas margens e as restrições aos usos das<br />

proprieda<strong>de</strong>s não são retrata<strong>do</strong>s por da<strong>do</strong>s estatísticos, os quais não permitem, em si mesmos, a<br />

compreensão <strong>de</strong> diferentes lógicas <strong>de</strong> relação entre seres humanos e meio ambiente. Antes, são<br />

analisa<strong>do</strong>s a partir da percepção <strong>do</strong>s atores sociais, <strong>de</strong> suas representações sobre a interferência <strong>do</strong><br />

reservatório em suas vidas e <strong>do</strong>s varia<strong>do</strong>s significa<strong>do</strong>s que dão à preservação ambiental. Tais temas<br />

assumem um lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, pois, se enquadram em um perfil interdisciplinar e propriamente<br />

“sócio-ambiental”, o qual só é apreendi<strong>do</strong> no entrelaçamento <strong>de</strong> distintas meto<strong>do</strong>logias.<br />

Após reunião, realizada no mês <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2008, com representantes <strong>do</strong> LACTEC e da Copel<br />

ficou estabeleci<strong>do</strong> que uma pesquisa qualitativa (ou semi-estruturada), aliada a um levantamento <strong>de</strong><br />

da<strong>do</strong>s secundários, seria mais produtiva, pois po<strong>de</strong>ria captar informações junto aos confrontantes e<br />

às autorida<strong>de</strong>s municipais, que fogem ao alcance <strong>de</strong> uma pesquisa puramente quantitativa.<br />

Tal pesquisa possibilita, juntamente com alguns da<strong>do</strong>s socioeconômicos das proprieda<strong>de</strong>s<br />

visitadas, uma análise <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos permitin<strong>do</strong> captar, por exemplo, as tensões <strong>do</strong>s<br />

atores sociais em relação à Copel e órgãos ambientais, seus dilemas, esperanças e as dificulda<strong>de</strong>s<br />

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<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> sua permanência em uma área com várias restrições, ambientais e legais. Essa<br />

pesquisa permite, também, apreen<strong>de</strong>r o significa<strong>do</strong> que os entrevista<strong>do</strong>s dão às obrigações<br />

ambientais e às suas práticas produtivas, a visão acerca da sua situação econômica e das perspectivas<br />

<strong>de</strong> investimentos, sua percepção sobre o reservatório, sobre o turismo, etc.; incluin<strong>do</strong> a visão das<br />

autorida<strong>de</strong>s municipais em relação à gestão <strong>do</strong> reservatório.<br />

O levantamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s qualitativos se daria em função da “percepção” <strong>do</strong>s confrontantes –<br />

da sua subjetivida<strong>de</strong>, ou seja, da maneira como compreen<strong>de</strong>m sua situação em relação ao<br />

reservatório, aos significa<strong>do</strong>s que dão ao meio ambiente (em especial à lógica <strong>de</strong> preservação), e aos<br />

possíveis conflitos com a Copel ou órgãos ambientais. Esta proposta permite que a empresa e os<br />

órgãos ambientais possam estabelecer canais <strong>de</strong> diálogo mais eficientes com a população local,<br />

contribuin<strong>do</strong> para um planejamento mais eficaz para as futuras ações. Em resumo, o objetivo é dar<br />

uma contribuição mais efetiva aos gestores e atores sociais diversos, para que encaminhem as<br />

possíveis soluções <strong>de</strong> forma equilibrada e justa, evitan<strong>do</strong> possíveis situações <strong>de</strong> conflito.<br />

Ainda que a ênfase tenha si<strong>do</strong> dada à análise qualitativa, o levantamento <strong>de</strong> campo específico<br />

para este estu<strong>do</strong> permitiu a visualização quase total <strong>do</strong> reservatório, através <strong>de</strong> entrevistas<br />

distribuídas em várias partes <strong>do</strong> reservatório. Foram verificadas visualmente ou ‘in loco’ as ativida<strong>de</strong>s<br />

realizadas nas proprieda<strong>de</strong>s, possíveis usos conflitivos ou em <strong>de</strong>sacor<strong>do</strong> com a legislação ambiental,<br />

assim como, as dificulda<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s colonos em cumprir a legislação ambiental. As entrevistas foram<br />

feitas em pontos diferentes, pelo menos duas entrevistas em cada município, distribuídas entre<br />

gran<strong>de</strong>s e pequenos proprietários, além <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s municipais. Foi realizada uma jornada <strong>de</strong><br />

barco, on<strong>de</strong> foi possível perceber com maior precisão os usos <strong>do</strong> solo, as áreas <strong>de</strong>smatadas ou<br />

assoreadas, etc.<br />

Saliente-se que a pesquisa qualitativa não elimina outras formas <strong>de</strong> análise. Sen<strong>do</strong> assim,<br />

foram também buscadas informações gerais <strong>do</strong>s municípios (o perfil da ocupação humana <strong>do</strong><br />

território, infra-estrutura urbana, <strong>de</strong>mografia e da<strong>do</strong>s econômicos). A junção <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s qualitativo<br />

e quantitativo, ainda que incomum em estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> setor energético possibilita uma compreensão<br />

interdisciplinar. Portanto, para se obter este tipo <strong>de</strong> informações é necessária uma estratégia<br />

diferenciada, conforme constata Honorato (2008).<br />

Técnicas <strong>de</strong> levantamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s qualitativos tal como entrevistas semi-estruturadas e em<br />

profundida<strong>de</strong>, registro <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimentos oficiais e não-oficiais, e reconstrução da memória, são<br />

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essenciais para traçar a “arquitetura” <strong>de</strong>ste campo <strong>de</strong> forças, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong>, assim, <strong>de</strong>mandas,<br />

reivindicações, necessida<strong>de</strong>s reais e “não-reais”, etc., <strong>de</strong> forma a promover apoio e cooperação<br />

(voluntária ou não) <strong>do</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r e das localida<strong>de</strong>s, induzin<strong>do</strong> o comprometimento <strong>de</strong> recursos e<br />

estratégias variadas a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões coletivas. A <strong>de</strong>limitação qualitativa, sem que haja perda <strong>do</strong><br />

rigor científico, <strong>de</strong> visões <strong>do</strong> espaço social e <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> imposição <strong>de</strong>sta visão, permitiria<br />

compreen<strong>de</strong>r o princípio e a eficácia <strong>de</strong>stas mesmas estratégias pelos quais os agentes têm em vista<br />

conservar ou modificar o espaço.<br />

A pesquisa qualitativa po<strong>de</strong> ser feita a partir <strong>de</strong> entrevistas semi-estruturadas, on<strong>de</strong> o<br />

entrevista<strong>do</strong>r procura estabelecer uma conversa franca e aberta, a qual parte <strong>de</strong> um roteiro básico<br />

<strong>de</strong> questões pertinentes à problemática. No <strong>de</strong>correr da entrevista, a partir das consi<strong>de</strong>rações iniciais<br />

<strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong> a cada pergunta, po<strong>de</strong>-se, <strong>de</strong> improviso, alterar o roteiro inicial e aprofundar um<br />

tema, antes não constante no roteiro ou formulário. Assim, tal méto<strong>do</strong> requer disposição para<br />

conversar por longo tempo com o entrevista<strong>do</strong>, proce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> à anotação ou registro das falas.<br />

Na pesquisa qualitativa as falas <strong>de</strong> cada entrevista<strong>do</strong> po<strong>de</strong>m apresentar questões antes não<br />

percebidas ou possíveis focos <strong>de</strong> conflitos, atuais ou futuros. Na prática, não há um número pré-<br />

<strong>de</strong>fini<strong>do</strong> <strong>de</strong> entrevistas, apenas, no presente caso, uma distribuição geográfica por municípios. As<br />

entrevistas são realizadas até que as falas comecem a ficar repetitivas, isto é, as respostas, os<br />

comentários e os pontos <strong>de</strong> vista começam a ficar recorrentes, permitin<strong>do</strong> que se captem as<br />

representações ou percepções coletivas <strong>de</strong> uma localida<strong>de</strong>. Assim, após o trabalho <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong><br />

da<strong>do</strong>s, elabora-se um texto <strong>de</strong>scritivo <strong>do</strong>s tópicos <strong>de</strong> interesse <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> e <strong>de</strong> outros pontos<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s relevantes, muitas vezes, <strong>de</strong>scobertos nas entrevistas.<br />

Em resumo, mais <strong>do</strong> que os inumeráveis da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma pesquisa quantitativa, o méto<strong>do</strong><br />

qualitativo permite captar as dúvidas, as esperanças e possíveis tensões ou apreensões das pessoas<br />

(proprietários, representantes públicos ou trabalha<strong>do</strong>res) no relacionamento com a Copel e agentes<br />

públicos. Em geral, tal meto<strong>do</strong>logia permite captar focos <strong>de</strong> conflitos, atuais ou latentes,<br />

contribuin<strong>do</strong> para um melhor relacionamento entre os diferentes atores sociais, incluin<strong>do</strong> as<br />

autorida<strong>de</strong>s públicas locais e estaduais.<br />

Conceitos e Categorias <strong>de</strong> Análise utilizadas<br />

Para melhor compreen<strong>de</strong>r as diferentes faces <strong>do</strong>s problemas em questão procurou-se<br />

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distinguir os diversos atores sociais entre si e o tamanho das proprieda<strong>de</strong>s. Analogamente,<br />

diferenciaram-se os municípios a partir <strong>de</strong> suas características socioeconômicas, principalmente, a<br />

pre<strong>do</strong>minância urbana ou rural. Cabe salientar que para o reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, tal qual o<br />

procedimento <strong>do</strong> <strong>Plano</strong> <strong>Diretor</strong> <strong>de</strong> 2002, os municípios <strong>de</strong> União da Vitória e Porto União foram<br />

leva<strong>do</strong>s em consi<strong>de</strong>ração, apesar das se<strong>de</strong>s municipais estarem fora da faixa <strong>do</strong>s 1.000 metros <strong>de</strong><br />

entorno <strong>do</strong> reservatório. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que parte <strong>de</strong> seus territórios está na cota <strong>de</strong> segurança, tais<br />

municípios po<strong>de</strong>m sofrer influencia <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à variação <strong>do</strong> reservatório.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, foram estabelecidas as seguintes categorias <strong>de</strong> análise ou “tipologias”, <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com os usos e ocupações das proprieda<strong>de</strong>s confrontantes.<br />

- Turismo e lazer: São proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> terras cujo uso se dá exclusivamente ou<br />

principalmente para lazer, recreação ou turismo. Em geral, são casas <strong>de</strong> veraneio e/ou locais e<br />

estrutura para a pesca ou para passeio <strong>de</strong> barco. Há também pousadas, associações <strong>de</strong> proprietários<br />

<strong>de</strong> casas <strong>de</strong> veraneio e áreas <strong>de</strong> lazer públicas ou privadas. Embora algumas proprieda<strong>de</strong>s tenham<br />

uso misto, a maioria das que se enquadram nesta tipologia tem no lazer a principal ativida<strong>de</strong>. Ainda<br />

que muitas tenham pomares, pequenas hortas ou pequenas criações, não se enquadram na categoria<br />

“usos agropecuários”, pois a ativida<strong>de</strong> principal refere-se ao lazer. Tais áreas pertencem,<br />

majoritariamente, a proprietários “<strong>de</strong> fora”, ou seja, <strong>de</strong> não resi<strong>de</strong>ntes, a maioria <strong>do</strong>s quais, inclusive,<br />

proce<strong>de</strong> <strong>de</strong> outros municípios.<br />

- Agropecuária: Consistem em proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> terras cuja principal ativida<strong>de</strong> diz respeito à<br />

agropecuária. Ainda que algumas <strong>de</strong>stas proprieda<strong>de</strong>s possam também ser utilizadas para lazer, a<br />

principal fonte <strong>de</strong> renda relaciona-se a criação <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> e/ou plantações ou exploração florestal. Foi<br />

estabelecida, ainda, uma distinção entre as gran<strong>de</strong>s e pequenas/médias proprieda<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> forma a se<br />

perceber, hipoteticamente, dificulda<strong>de</strong>s diferenciadas para cada uma. Em geral, os gran<strong>de</strong>s<br />

proprietários possuem maiores condições <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação à legislação ambiental, ainda que nem<br />

sempre o façam.<br />

- Municípios com características urbanas ou rurais: Uma distinção importante para esta<br />

pesquisa diz respeito aos municípios que abrigam o reservatório, sen<strong>do</strong> que a maioria possui<br />

características rurais. Para o reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, os municípios que apresentam<br />

características urbanas possuem um gran<strong>de</strong> passivo, além <strong>do</strong>s usos diferencia<strong>do</strong>s, ao se tratar das<br />

proprieda<strong>de</strong>s lin<strong>de</strong>iras, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com outros reservatórios. Neste caso, as ocupações<br />

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urbanas das margens, antigas e recentes, assim como os empreendimentos industriais, apresentam<br />

problemas bem específicos. Da mesma forma, as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> areia foram enquadradas<br />

em “ativida<strong>de</strong>s urbanas”, pois a maioria das empresas <strong>do</strong> ramo atua em áreas urbanas ou muito<br />

próximas a estas, notadamente em União da Vitória e Porto Vitória.<br />

As informações primárias foram obtidas em pesquisa <strong>de</strong> campo, realizadas em <strong>do</strong>is<br />

momentos, durante os meses <strong>de</strong> maio e julho <strong>de</strong> 2008. Foram entrevista<strong>do</strong>s 25 proprietários ou<br />

mora<strong>do</strong>res confrontantes, sen<strong>do</strong> cinco em Pinhão, três em Bituruna, seis em Porto Vitória, cinco em<br />

Cruz Macha<strong>do</strong> e seis em União da Vitória. Também foi realizada entrevista com pelo menos uma<br />

autorida<strong>de</strong> municipal, entre prefeitos, secretários municipais e chefes <strong>de</strong> gabinete totalizan<strong>do</strong> 8<br />

entrevistas. As entrevistas se <strong>de</strong>ram <strong>de</strong> forma individual ou em conjunto, em reuniões informais nas<br />

prefeituras. No total foram entrevistadas uma autorida<strong>de</strong> em Porto Vitória, duas em Pinhão, três em<br />

União da Vitória, uma em Bituruna, uma em Porto União e duas em Cruz Macha<strong>do</strong>.<br />

Também foram importantes as informações coletadas junto ao funcionário da Copel<br />

responsável pela vigilância <strong>do</strong> reservatório e pelo cadastramento <strong>do</strong>s confrontantes. Tal funcionário<br />

conhece com exatidão o reservatório e as peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada localida<strong>de</strong>, ou mesmo, da maioria<br />

das proprieda<strong>de</strong>s, o que foi essencial na pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

Em outros momentos, conversas informais com mora<strong>do</strong>res ou turistas foram importantes<br />

para buscar informações. Por exemplo, quan<strong>do</strong> da espera pela balsa, conversas com pesca<strong>do</strong>res ou<br />

mora<strong>do</strong>res que se <strong>de</strong>slocavam <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> a outro no reservatório, ou então, conversas com <strong>do</strong>nos<br />

<strong>de</strong> hotéis e <strong>de</strong> restaurantes. Em tais momentos, algumas informações foram valiosas, mesmo não<br />

sen<strong>do</strong> uma entrevista formal.<br />

O roteiro <strong>de</strong> entrevistas, feito em conjunto com o representante da Copel, incluiu um breve<br />

cadastro preliminar e questões diferenciadas para cada tipo <strong>de</strong> ocupante ou para usos distintos da<br />

proprieda<strong>de</strong>. Por exemplo, questões específicas para usos turísticos, para usos agropecuários ou <strong>de</strong><br />

mineração. E questões comuns a to<strong>do</strong>s, como perguntas sobre as percepções e significa<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

reservatório; possíveis conflitos ou críticas à Copel e órgãos ambientais; disposição ou não em a<strong>de</strong>rir<br />

a programas <strong>de</strong> recuperação da mata ciliar; apontamento <strong>de</strong> suas maiores dificulda<strong>de</strong>s em relação ao<br />

reservatório, além <strong>de</strong> outras questões.<br />

A caracterização <strong>do</strong>s municípios foi feita a partir <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> meso-regiões, uma divisão<br />

espacial <strong>do</strong> território brasileiro a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo IBGE que contempla subdivisões em regiões,<br />

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mesorregiões e microrregiões, e que fundamenta as caracterizações das re<strong>de</strong>s urbanas regionais em<br />

to<strong>do</strong> o país. Maiores <strong>de</strong>talhes po<strong>de</strong>m ser observa<strong>do</strong>s no item 5.3.2. Foram utilizadas as seguintes<br />

fontes secundárias: <strong>Plano</strong> <strong>Diretor</strong> <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, Ca<strong>de</strong>rnos Municipais <strong>do</strong> Ipar<strong>de</strong>s, IBGE Cida<strong>de</strong>s,<br />

Datasul, Secretaria <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Estadual (SESA), INEP, PGSP (<strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Gestão Sócio Patrimonial) 2001,<br />

além <strong>de</strong> algumas matérias <strong>de</strong> jornais.<br />

Algumas Dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Pesquisa<br />

Inicialmente, pensava-se em complementar a análise qualitativa com da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Censo<br />

Agropecuário <strong>do</strong> IBGE (2006), no entanto, os da<strong>do</strong>s específicos municipais só serão divulga<strong>do</strong>s em<br />

2009 quan<strong>do</strong>, então, permitirão à Copel e aos órgãos ambientais uma exata visualização <strong>do</strong> uso e<br />

ocupação <strong>do</strong> entorno da represa <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>. Da mesma forma, não foi possível efetuar uma<br />

comparação entre os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> cadastro <strong>de</strong> confrontantes <strong>de</strong> 2001 e as novas edificações <strong>de</strong> 2008,<br />

pois até a finalização <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> a copel não disponibilizou da<strong>do</strong>s recentes com a mesma<br />

abrangência <strong>do</strong> cadastro <strong>de</strong> confrontantes. Outra dificulda<strong>de</strong> encontrada é que os municípios<br />

retrata<strong>do</strong>s nesta pesquisa ainda não possuem um <strong>Plano</strong> <strong>Diretor</strong>, pois os mesmos estão em fase <strong>de</strong><br />

aprovação.<br />

5.3.2 Caracterização regional<br />

Por volta <strong>do</strong> século XVIII, a região on<strong>de</strong> se insere o reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> era habitada<br />

por povos indígenas, principalmente kaigangs e botocu<strong>do</strong>s (ou xoclens). No final <strong>de</strong>ste século, com as<br />

expedições <strong>de</strong> conquista <strong>do</strong>s campos <strong>de</strong> Guarapuva e <strong>de</strong> Palmas, a mesma foi sen<strong>do</strong> colonizada,<br />

progressivamente, por brasileiros ou imigrantes. Do final <strong>do</strong> século XIX até alguns anos após a<br />

Segunda Guerra Mundial, alguns grupos <strong>de</strong> imigrantes afluíram para a região, sen<strong>do</strong> os principais<br />

<strong>de</strong>les compostos por alemães, poloneses, ucranianos e italianos. Ainda hoje, em termos <strong>de</strong><br />

população, os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>stes grupos são majoritários. Embora tenham adquiri<strong>do</strong> muitos<br />

costumes da cultura brasileira, ainda guardam traços culturais <strong>de</strong> seus antepassa<strong>do</strong>s.<br />

5.3.2.1 Características da população<br />

O território atingi<strong>do</strong> pela UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> é composto por seis municípios, <strong>do</strong>s quais União<br />

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da Vitória, Porto Vitória, Cruz Macha<strong>do</strong>, Bituruna e Pinhão são paranaenses e Porto União é<br />

catarinense. É importante recordar que nos termos <strong>de</strong>sta análise socioeconômica a idéia que embasa<br />

o conceito <strong>de</strong> território incorpora toda a extensão <strong>de</strong> cada município e não apenas as áreas <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong>s lin<strong>de</strong>iras ao reservatório artificial. Abrange uma parte da bacia hidrográfica <strong>do</strong> Médio<br />

Iguaçu engloban<strong>do</strong> porções das mesorregiões Su<strong>de</strong>ste e Centro-Sul Paranaense e da mesorregião<br />

Norte Catarinense. Os municípios <strong>de</strong> União da Vitória, Porto Vitória, Cruz Macha<strong>do</strong> e Bituruna<br />

compõem a mesorregião Su<strong>de</strong>ste Paranaense formada por 21 municípios e polarizada por União da<br />

Vitória (IPEA, 2000).<br />

O sistema <strong>de</strong> divisão espacial <strong>do</strong> território brasileiro a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo IBGE – que contempla<br />

subdivisões em regiões, mesorregiões e microrregiões, fundamenta as caracterizações das re<strong>de</strong>s<br />

urbanas regionais em to<strong>do</strong> o país. Tais caracterizações contribuem para a construção <strong>de</strong> diagnósticos<br />

específicos <strong>de</strong> territórios que se conformam em função <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s humanas específicas, como é o<br />

caso da formação <strong>de</strong> reservatórios artificiais oriun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> empreendimentos hidrelétricos. O<br />

pressuposto meto<strong>do</strong>lógico básico <strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong> classificação é a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s regionais, as<br />

quais se estabelecem em função das características comuns da economia, socieda<strong>de</strong>, cultura, política<br />

e infra-estrutura <strong>do</strong>s municípios. A Figura 18 exibe a situação das mesorregiões brasileiras atingidas<br />

pela UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

Figura 18 - Mesorregiões brasileiras atingidas pela UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> Fonte: IBGE, 2008.<br />

O município <strong>de</strong> Pinhão, em cujo território opera a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção da usina <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

é o único município localiza<strong>do</strong> na mesorregião Centro-Sul Paranaense integrada por 26 municípios<br />

sen<strong>do</strong> polarizada por Guarapuava (IPEA, 2000). O município <strong>de</strong> Porto União, por sua vez, embora<br />

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tenha sua se<strong>de</strong> urbana conurbada com a se<strong>de</strong> <strong>do</strong> município <strong>de</strong> União da Vitória, é parte integrante da<br />

mesorregião Norte Catarinense. Esta classificação não é arbitrária, abstrata e <strong>de</strong>sligada da realida<strong>de</strong><br />

sociopolítica, uma vez que o município <strong>de</strong> Porto União opera <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um marco político-<br />

administrativo catarinense integran<strong>do</strong>-se à economia <strong>de</strong>ste Esta<strong>do</strong>.<br />

A Figura 19 apresenta a situação geográfica <strong>do</strong>s municípios atingi<strong>do</strong>s pela UHE e Reservatório<br />

<strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com IPARDES (2008).<br />

Figura 19 - Situação geográfica <strong>do</strong>s municípios atingi<strong>do</strong>s pela UHE e Reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

A superfície <strong>do</strong> território atingi<strong>do</strong> pela UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a área <strong>de</strong> influência<br />

socioeconômica, compreen<strong>de</strong> 6.479 km² equivalen<strong>do</strong> a 3,24% <strong>do</strong> território <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. A<br />

Tabela 18 apresenta a superfície <strong>do</strong> território atingi<strong>do</strong> pela UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

Tabela 18 - Superfície <strong>do</strong> território atingi<strong>do</strong> pela UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

Município Área (Km²) %<br />

Bituruna – PR 1.215 18,8<br />

Cruz Macha<strong>do</strong> – PR 1.478 22,8<br />

Pinhão – PR 2.002 30,9<br />

Porto Vitória – PR 213 3,3<br />

União da Vitória – PR 720 11,1<br />

Porto União – SC 851 13,1<br />

TOTAL 6.479 100,0<br />

Fonte: IBGE, 2008<br />

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5.3.2.2 Dinâmica Demográfica<br />

A população total da área <strong>de</strong> influência socioeconômica é <strong>de</strong> 150.544 habitantes - conforme a<br />

contagem <strong>do</strong> IBGE realizada em 2007 e publicada no Diário Oficial da União em 5 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong><br />

2007, o que equivale a 1,46% da população resi<strong>de</strong>nte em solo paranaense. Desse mo<strong>do</strong>, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mográfica <strong>de</strong>ste território específico em 2007, conforme a <strong>de</strong>limitação acima, é <strong>de</strong> 23,2<br />

habitantes/ km². A Tabela 19 exibe a população <strong>do</strong> território atingi<strong>do</strong> pela UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

Tabela 19 - População <strong>do</strong> território atingi<strong>do</strong> pela UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

Município 2000 2007 Variação (%)<br />

Bituruna – PR 15.733 16.142 2,60<br />

Cruz Macha<strong>do</strong> - PR 17.667 18.329 3,70<br />

Pinhão – PR 28.408 29.117 2,50<br />

Porto Vitória - PR 4.051 3.779 -6,70<br />

União da Vitória – PR 48.522 50.921 4,90<br />

Porto União - SC 31.858 32.256 1,20<br />

Total 146.239 150.544 2,90<br />

Fonte: IBGE, 2007<br />

Em relação à população registrada no território em 2000, que foi <strong>de</strong> 146.239 habitantes<br />

verifica-se um acréscimo <strong>de</strong> 2,9%, quan<strong>do</strong> comparada com o ano <strong>de</strong> 2007. O maior aumento<br />

populacional registra<strong>do</strong> entre os anos <strong>de</strong> 2000 e 2007 ocorreu no município <strong>de</strong> União da Vitória, o<br />

qual cresceu aproximadamente 4,9%. Embora o município <strong>de</strong> União da Vitória não seja afeta<strong>do</strong> pelo<br />

reservatório da mesma forma que os <strong>de</strong>mais municípios situa<strong>do</strong>s à jusante, ele causa eleva<strong>do</strong><br />

impacto sobre o reservatório em função <strong>de</strong> sua se<strong>de</strong> urbana - bem como a <strong>de</strong> Porto União - ser<br />

atravessada pelo rio Iguaçu. Cabe salientar que este assunto será trata<strong>do</strong> em <strong>de</strong>talhes nas seções<br />

<strong>de</strong>ste <strong>do</strong>cumento <strong>de</strong>dicadas aos municípios <strong>de</strong> União da Vitória e Porto União. Já o município <strong>de</strong><br />

Porto Vitória teve sua população reduzida <strong>de</strong> 4.051 para 3.779 habitantes, resultan<strong>do</strong> em um<br />

<strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong> aproximadamente 6,7%. Mesmo possuin<strong>do</strong> população tão reduzida, o impacto das<br />

ativida<strong>de</strong>s humanas - que se realizam em Porto Vitória - sobre o reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> é alto<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à se<strong>de</strong> <strong>do</strong> pequeno município situar-se exatamente à margem <strong>do</strong> rio Iguaçu. Vale <strong>de</strong>stacar<br />

que este assunto será trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma específica relacionada ao município <strong>de</strong> Porto Vitória.<br />

O aumento populacional <strong>de</strong> 2,9% verifica<strong>do</strong> nos municípios atingi<strong>do</strong>s pelo reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong><br />

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<strong>do</strong> <strong>Areia</strong> é inferior ao verifica<strong>do</strong> na mesorregião Su<strong>de</strong>ste Paranaense para o qual estes municípios<br />

pertencem. A população <strong>do</strong> su<strong>de</strong>ste Paranaense cresceu 5,1% no perío<strong>do</strong> ten<strong>do</strong> os municípios <strong>de</strong><br />

Teixeira Soares e Imbituva apresenta<strong>do</strong> as maiores taxas <strong>de</strong> crescimento populacional, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

19,6% e 10,4%, respectivamente. Portanto, os municípios atingi<strong>do</strong>s pelo reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

estão entre os que menos cresceram na mesorregião Su<strong>de</strong>ste Paranaense. O crescimento da<br />

população <strong>de</strong>ste território também é consi<strong>de</strong>ravelmente inferior àquele verifica<strong>do</strong> no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Paraná</strong> no mesmo perío<strong>do</strong>, entre os anos <strong>de</strong> 2000 e 2007, que foi <strong>de</strong> 7,5%. Já a região metropolitana<br />

<strong>de</strong> Curitiba teve um aumento populacional <strong>de</strong> 13,49% nos últimos oito anos sen<strong>do</strong> a que mais<br />

cresceu, seguida da mesorregião Oeste Paranaense com 9,6%.<br />

Um fenômeno importante a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> acerca <strong>do</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo em termos da<br />

dinâmica <strong>de</strong>mográfica é a proporção entre a população rural e a urbana nos municípios que formam<br />

o território atingi<strong>do</strong> pelo reservatório da UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, e, se estas populações estão<br />

estabelecidas exatamente às margens, nas proximida<strong>de</strong>s ou distantes <strong>do</strong> reservatório. Os da<strong>do</strong>s<br />

sobre a representativida<strong>de</strong> das populações rurais em relação à população total <strong>do</strong>s municípios<br />

expressos na Tabela 20 evi<strong>de</strong>nciam que justamente os municípios cujas se<strong>de</strong>s urbanas situam-se em<br />

locais distantes <strong>do</strong> reservatório têm populações rurais maiores <strong>do</strong> que as urbanas: Bituruna, Pinhão e<br />

Cruz Macha<strong>do</strong>.<br />

Tabela 20 - Representativida<strong>de</strong> da população rural em relação à população total <strong>do</strong> território atingi<strong>do</strong> pelo<br />

Reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> (%)<br />

Município 1991 2000 2007<br />

Pinhão 52,2% 51,7% 50,7%<br />

Bituruna 46,3% 52,3% 53,7%<br />

Cruz Macha<strong>do</strong> 79,8% 80,4% 78,0%<br />

Porto Vitória 40,7% 45,3% 43,1%<br />

União da Vitória 8,4% 6,0% 5,9%<br />

Porto União (SC) 21,8% 16,6% 14,9%<br />

Total 33,4% 32,2% 31,3%<br />

Fonte: IBGE, 2007<br />

O município <strong>de</strong> Cruz Macha<strong>do</strong> revela uma situação atípica: 78% <strong>de</strong> sua população total vivem<br />

no meio rural. Embora este município tenha sofri<strong>do</strong> um acréscimo em sua população total <strong>de</strong> 6,6%<br />

entre 1991 e 2000 e <strong>de</strong> 3,7% entre 2000 e 2007, a sua população rural manteve-se praticamente a<br />

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mesma reduzin<strong>do</strong>-se apenas 1,8% entre 1991 e 2007. É possível que tal dinâmica <strong>de</strong>mográfica esteja<br />

ligada às características particulares <strong>do</strong> povoamento <strong>do</strong> território <strong>do</strong> município, marcada pelo<br />

estabelecimento <strong>de</strong> inúmeros imigrantes <strong>de</strong> origem européia assenta<strong>do</strong>s em pequenos lotes que se<br />

mantém com as características originais até o perío<strong>do</strong> atual.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, os municípios <strong>de</strong> União da Vitória, Porto União e Porto Vitória possuem<br />

populações rurais menores que as urbanas, sen<strong>do</strong> que o município <strong>de</strong> União da Vitória concentra<br />

94,1% <strong>de</strong> sua população total na área urbana. Coinci<strong>de</strong>ntemente os três municípios, cujas se<strong>de</strong>s<br />

urbanas situam-se exatamente às margens <strong>do</strong> reservatório da UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, apresentam<br />

também as maiores <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mográficas. Isto implica em relação direta com o fato <strong>de</strong> esses três<br />

municípios possuírem áreas menores que os <strong>de</strong>mais. Mesmo o município <strong>de</strong> Porto Vitória, cuja<br />

população total no ano 2007 era <strong>de</strong> irrisórios 3.779 habitantes, apresenta uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 20<br />

habitantes para cada quilômetro quadra<strong>do</strong>, isto em função <strong>de</strong> sua superfície total ser <strong>de</strong> apenas<br />

201,6 km².<br />

Tabela 21 - Características gerais território atingi<strong>do</strong> pelo Reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

Município<br />

Altitu<strong>de</strong><br />

da se<strong>de</strong><br />

(m)<br />

Ano <strong>de</strong><br />

instalação<br />

Área<br />

(km²)<br />

Densida<strong>de</strong><br />

Demográfica 2000<br />

(hab/km²)<br />

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Densida<strong>de</strong><br />

Demográfica 2007<br />

(hab/km²)<br />

Pinhão 1041 1964 2005,6 14,1 15<br />

Bituruna 987 1954 1217,7 12,9 13<br />

Cruz Macha<strong>do</strong> 940 1951 1479,3 11,9 12<br />

Porto Vitória 750 1963 201,6 20,0 19<br />

União da Vitória 830 1890 733,1 66,1 69<br />

Porto União (SC) 795 1917 925,6 34,4 35<br />

Total 6.562,9<br />

Fonte: IBGE, 2007<br />

Os da<strong>do</strong>s específicos sobre as características físicas e a dinâmica populacional <strong>do</strong>s municípios<br />

atingi<strong>do</strong>s pelo reservatório da UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> são especialmente interessantes para a<br />

compreensão da diversida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s problemas relaciona<strong>do</strong>s ao uso e à ocupação <strong>do</strong> solo no entorno <strong>do</strong><br />

reservatório. Enquanto os municípios <strong>de</strong> Pinhão, Bituruna e Cruz Macha<strong>do</strong> são afeta<strong>do</strong>s e afetam em<br />

maior grau o reservatório pelas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas nas zonas rurais, os municípios <strong>de</strong> União da<br />

Vitória, Porto União e Porto Vitória o fazem pelas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas nas áreas urbanas. Cabe<br />

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salientar que a proporção da população <strong>de</strong> cada município em relação à população total <strong>do</strong> território<br />

por eles forma<strong>do</strong> traduz, <strong>de</strong> maneira mais evi<strong>de</strong>nte, o perfil <strong>de</strong> interação social que se <strong>de</strong>senvolve<br />

entre to<strong>do</strong>s os municípios <strong>do</strong> entorno e o reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>. Os municípios <strong>de</strong> União da<br />

Vitória e <strong>de</strong> Porto União, ambos com população pre<strong>do</strong>minantemente urbana e conurba<strong>do</strong>s, somam<br />

55% da população total <strong>do</strong> território.<br />

Estes mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> distribuição espacial produzem conseqüências distintas para o<br />

encaminhamento da questão das Áreas <strong>de</strong> Preservação Permanente (APP) e das tensões sociais<br />

oriundas pela ocupação tradicional das mesmas. É evi<strong>de</strong>nte que a abordagem <strong>do</strong> problema das APP´s<br />

<strong>de</strong>ve contemplar estas diferenças. Estabelecer Áreas <strong>de</strong> Preservação Permanente em espaços<br />

urbanos é uma tarefa complexa que exige a gestão <strong>de</strong> problemas tais como o lançamento <strong>do</strong>s<br />

efluentes e resíduos ao meio físico sem o tratamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e também a ocupação humana<br />

irregular e mesmo regular com edificação <strong>de</strong> benfeitorias para uso individual e coletivo <strong>de</strong> natureza<br />

privada, pública ou não-governamental. No entanto, a preservação permanente <strong>do</strong> meio físico e<br />

biótico em áreas cuja ativida<strong>de</strong> humana é <strong>de</strong> característica rural revela uma diferença que não é <strong>do</strong><br />

grau <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong>, mas sim da natureza da mesma. Assim, a tarefa <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitar áreas <strong>de</strong><br />

preservação permanente nos locais mais distantes das se<strong>de</strong>s urbanas esbarra nas dificulda<strong>de</strong>s<br />

diversas daqueles indivíduos que se <strong>de</strong>dicam à produção econômica pecuária, agroindustrial, turística<br />

ou outras e também a outros tantos que lá se instalam para uma vida <strong>de</strong> lazer ou aposenta<strong>do</strong>ria.<br />

Os da<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s acima po<strong>de</strong>m contribuir para um diagnóstico preliminar sobre o perfil<br />

das populações <strong>do</strong> entorno da usina e <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, sobre a dinâmica <strong>de</strong> ocupação<br />

<strong>do</strong> solo, sobre a caracterização das ativida<strong>de</strong>s, entre outras. Em resumo, aproximadamente 70% <strong>do</strong>s<br />

150.144 habitantes (2007) <strong>do</strong>s municípios atingi<strong>do</strong>s pela UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e por seu reservatório<br />

vivem nas se<strong>de</strong>s urbanas <strong>de</strong> seus municípios. No entanto, <strong>do</strong>s seis municípios que totalizam uma<br />

superfície <strong>de</strong> 6.562 km², três têm as suas se<strong>de</strong>s urbanas instaladas nas margens <strong>do</strong> reservatório,<br />

compon<strong>do</strong> uma população pre<strong>do</strong>minantemente urbana <strong>de</strong> 86.953 habitantes, ou seja, cerca <strong>de</strong> 57%<br />

<strong>do</strong> total, os quais ocupam uma superfície <strong>de</strong> 28% <strong>do</strong> território constituí<strong>do</strong> pelos seis municípios.<br />

Fazen<strong>do</strong> um exercício <strong>de</strong> conjecturas, é possível imaginar que se as se<strong>de</strong>s urbanas <strong>de</strong> União da<br />

Vitória, Porto União e Porto Vitória estivessem instaladas em locais distantes <strong>do</strong> reservatório, como<br />

estão as <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais municípios, diversas dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong> grau <strong>de</strong>ixariam <strong>de</strong> existir. Por outro<br />

la<strong>do</strong>, cabe consi<strong>de</strong>rar que, se as se<strong>de</strong>s urbanas <strong>de</strong> Pinhão, Bituruna e Cruz Macha<strong>do</strong> estivessem<br />

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localizadas às margens <strong>do</strong> reservatório, como estão as <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais municípios, diversos problemas<br />

análogos aos já existentes se somariam aos mesmos. Avaliar em que medida a ausência ou presença<br />

<strong>de</strong>stas ou daquelas dificulda<strong>de</strong>s são fruto da contingência ou <strong>do</strong> planejamento <strong>do</strong>s empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong> passa<strong>do</strong> é obra excluída <strong>do</strong> presente trabalho. Cabe-nos, nesta ocasião, contribuir para um<br />

conhecimento capaz <strong>de</strong> suportar ações a serem <strong>de</strong>senvolvidas para a superação ou redução das<br />

dificulda<strong>de</strong>s.<br />

5.3.2.3 Condições <strong>de</strong> Vida nos municípios<br />

A análise das condições <strong>de</strong> vida nos municípios atingi<strong>do</strong>s pela UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e seu<br />

reservatório é imprescindível já que permite a avaliação precisa das características econômicas e<br />

sociais comuns a este grupo <strong>de</strong> municípios bem como das assimetrias entre eles que <strong>de</strong>corre <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>sníveis entre o <strong>de</strong>senvolvimento econômico e humano. A simples comparação <strong>do</strong> Índice <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) entre municípios em uma dada série histórica já<br />

permite um diagnóstico relativo das condições gerais <strong>de</strong> vida na região. No entanto, uma vez que o<br />

IDH-M consi<strong>de</strong>ra apenas os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Censo 2000 realiza<strong>do</strong> pelo IBGE, foi incorpora<strong>do</strong> no presente<br />

trabalho o Índice FIRJAN <strong>de</strong> Desenvolvimento Municipal, o IFDM. Além disso, alguns indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

educação, saú<strong>de</strong> e saneamento são apresenta<strong>do</strong>s a fim <strong>de</strong> complementar a base estatística que dá<br />

suporte à análise.<br />

Sistema <strong>de</strong> Ensino<br />

A distribuição <strong>de</strong> alunos matricula<strong>do</strong>s por níveis <strong>de</strong> escolarização entre os municípios<br />

analisa<strong>do</strong>s revela que, <strong>do</strong> total <strong>de</strong> matrículas realizadas em 2007, em torno <strong>de</strong> 70% refere-se ao<br />

ensino fundamental. Os municípios <strong>de</strong> União da Vitória e Porto União - altamente urbaniza<strong>do</strong>s -<br />

apresentam taxas inferiores <strong>de</strong> matrículas no ensino fundamental. No entanto, estes municípios são<br />

os que apresentam os maiores índices regionais <strong>de</strong> matrículas no ensino pré-escolar. O município <strong>de</strong><br />

Pinhão é o que apresenta a menor proporção <strong>de</strong> matrículas no ensino pré-escolar. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se<br />

que o número <strong>de</strong> matrículas no nível pré-escolar está diretamente relaciona<strong>do</strong> à oferta local <strong>de</strong>sses<br />

serviços e às condições socioeconômicas da população local, po<strong>de</strong>-se admitir que as populações <strong>de</strong><br />

União da Vitória e Porto União são favorecidas quanto a estes serviços po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> maior<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.. Note-se que os municípios <strong>de</strong> Pinhão, Bituruna e Cruz Macha<strong>do</strong> - com maiores<br />

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índices <strong>de</strong> ruralida<strong>de</strong> - apresentam as menores taxas <strong>de</strong> matrículas <strong>de</strong> crianças no nível pré-escolar. O<br />

município <strong>de</strong> Cruz Macha<strong>do</strong>, nesse senti<strong>do</strong>, constitui-se em uma exceção curiosa: mesmo<br />

apresentan<strong>do</strong> elevadíssima taxa <strong>de</strong> população rural, matriculou 10% <strong>de</strong> suas crianças em ida<strong>de</strong><br />

escolar no ano <strong>de</strong> 2007 no ensino pré-escolar. Durante entrevista com autorida<strong>de</strong>s que<br />

representavam o po<strong>de</strong>r público <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Cruz Macha<strong>do</strong>, pô<strong>de</strong>-se perceber alguns indicativos<br />

<strong>de</strong>sta disposição que prioriza a educação: uma funcionária municipal revelou que as <strong>de</strong>spesas<br />

municipais com transporte escolar em um município com elevada população rural e gran<strong>de</strong> extensão<br />

são extremamente elevadas, <strong>de</strong> maneira que os valores <strong>do</strong>s recursos financeiros recebi<strong>do</strong>s como<br />

compensação pelas terras alagadas pela hidrelétrica não permitiam o custeio nem <strong>de</strong> 10% das<br />

crianças.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, o município <strong>de</strong> Pinhão, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> vir apresentan<strong>do</strong> há vários anos um <strong>do</strong>s<br />

maiores PIB per capita <strong>do</strong> país - no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>, o PIB per capita <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Pinhão no ano<br />

<strong>de</strong> 2005 foi maior <strong>do</strong> que os <strong>de</strong> Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, entre outros – apresentou a<br />

menor proporção <strong>de</strong> crianças matriculadas no ensino pré-escolar. Estes da<strong>do</strong>s refletem também<br />

algumas características <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los da gestão pública local e regional e <strong>de</strong>monstram, <strong>de</strong> certa<br />

maneira, aquilo que as administrações públicas municipais têm prioriza<strong>do</strong>.<br />

Quanto às matrículas realizadas no nível <strong>do</strong> ensino médio, novamente os da<strong>do</strong>s confirmam o<br />

município que <strong>de</strong>tém a maior parcela <strong>de</strong> riqueza regional combinada com população reduzida<br />

apresentan<strong>do</strong> a menor taxa <strong>de</strong> matrículas neste nível: Pinhão realizou apenas 13,7% <strong>de</strong> suas<br />

matrículas no ensino médio em 2007, enquanto o município <strong>de</strong> Porto União 22,1%, conforme po<strong>de</strong><br />

ser observa<strong>do</strong> na Tabela 22.<br />

Tabela 22 - Alunos Matricula<strong>do</strong>s, por Nível <strong>de</strong> Escolarização (2007)<br />

Município Matrículas Pré-Escolar Fundamental Médio<br />

União da Vitória 12.586 16,2% 66,7% 17,1%<br />

Porto União (SC) 9.006 16,1% 61,8% 22,1%<br />

Pinhão 8.727 6,6% 79,6% 13,7%<br />

Cruz Macha<strong>do</strong> 4.484 9,9% 74,1% 16,0%<br />

Bituruna 4.395 7,1% 76,4% 16,5%<br />

Porto Vitória 979 13,4% 71,6% 15,0%<br />

Total 40.176 12,3% 70,4% 17,3%<br />

Fonte: INEP, 2007<br />

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Saú<strong>de</strong><br />

A avaliação das condições <strong>de</strong> vida das populações <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

quanto às questões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é importante na medida em que fornece um elemento a mais para dar<br />

suporte ao diagnóstico socioeconômico. Aqui, tenta-se avaliar alguns aspectos das condições gerais<br />

da saú<strong>de</strong> na região fazen<strong>do</strong>-se a comparação entre os índices <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil calcula<strong>do</strong>s para<br />

os municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> entre os anos <strong>de</strong> 2002 e 2005.<br />

Quan<strong>do</strong> o assunto é a mortalida<strong>de</strong> infantil verifica-se, <strong>de</strong> forma análoga à questão das<br />

matrículas escolares, uma assimetria inquietante entre economia e socieda<strong>de</strong> na comparação entre<br />

os municípios da região em causa. O município <strong>de</strong> Pinhão em quase toda a série histórica analisada,<br />

juntamente com Bituruna, apresentou os piores indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil.<br />

A Tabela 23 apresenta a variação <strong>do</strong> Índice <strong>de</strong> Mortalida<strong>de</strong> Infantil <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno<br />

<strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>de</strong> <strong>Areia</strong> entre 2002 e 2005.<br />

Tabela 23 - Variação <strong>do</strong> Índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Areia</strong> entre 2002 e 2005<br />

Municípios<br />

Número <strong>de</strong> óbitos por 1.000 nasci<strong>do</strong>s vivos<br />

2.002 2.003 2.004 2.005<br />

Pinhão 23,7 27,4 29,9 29,9<br />

Bituruna 26,2 16,4 15,6 29,5<br />

União da Vitória 17,0 20,6 6,8 17,0<br />

Cruz Macha<strong>do</strong> 16,5 23,1 17,4 16,5<br />

Porto Vitória 11,6 1,0 1,0 11,4<br />

Fonte: SESA/PR, 2008<br />

O município <strong>de</strong> Bituruna, nos anos <strong>de</strong> 2003 e 2004 e o município <strong>de</strong> União da Vitória, apenas<br />

no ano <strong>de</strong> 2004 registraram expressiva redução na proporção <strong>de</strong> óbitos infantis, retornan<strong>do</strong>, porém<br />

aos mesmos <strong>de</strong>sconfortáveis níveis <strong>do</strong> início da década.<br />

A Figura 20 exibe as curvas <strong>de</strong> variação <strong>do</strong> Índice <strong>de</strong> Mortalida<strong>de</strong> Infantil <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong><br />

entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>de</strong> <strong>Areia</strong> entre 2002 e 2005, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da SESA/PR (2008).<br />

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Por 1.000 nasci<strong>do</strong>s vivos<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

2002 2003 2004 2005<br />

Perío<strong>do</strong><br />

Pinhão Bituruna União da Vitória Cruz Macha<strong>do</strong> Porto Vitória<br />

Figura 20 - Variação <strong>do</strong> Índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Areia</strong> entre 2002 e 2005<br />

Os municípios <strong>de</strong> Pinhão e Bituruna apresentam índices <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil superiores à<br />

média nacional que era <strong>de</strong> 22,5 óbitos <strong>de</strong> crianças que não completaram um ano em cada mil<br />

nascidas vivas em 2004. O município <strong>de</strong> União da Vitória supera a média nacional, mas encontra-se<br />

abaixo da média paranaense, <strong>de</strong> 15 óbitos em cada mil nasci<strong>do</strong>s vivos em 2004. Estes indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

mortalida<strong>de</strong> infantil são importantes elementos representativos <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

humano das socieda<strong>de</strong>s. Alguns países chegam a apresentar índices <strong>de</strong> apenas cinco óbitos infantis<br />

(<strong>de</strong> crianças com até um ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>) por cada 1.000 nasci<strong>do</strong>s vivos. Há pouco mais <strong>de</strong> duas<br />

décadas o Brasil apresentava índices superiores a 80 mortes <strong>de</strong> crianças com menos <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong> em cada mil nascidas vivas.<br />

Saneamento Básico<br />

A situação particular da infra-estrutura <strong>de</strong> saneamento básico, como a oferta <strong>de</strong><br />

equipamentos e serviços <strong>de</strong> água tratada e coleta e tratamento <strong>de</strong> esgoto sanitário, exprime também<br />

relação com a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> qualquer população. Neste trabalho, a dimensão <strong>do</strong> saneamento<br />

assume um caráter especial em função <strong>do</strong> objeto central estar relaciona<strong>do</strong> ao planejamento<br />

econômico e ambiental - e à gestão coletiva - <strong>de</strong> um reservatório artificial que opera em regiões<br />

urbanas e rurais <strong>de</strong> diversos municípios. Desse mo<strong>do</strong>, realiza-se aqui uma análise das unida<strong>de</strong>s<br />

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atendidas por água e esgoto, por categorias (resi<strong>de</strong>ncial, comercial, industrial, utilida<strong>de</strong> pública e<br />

po<strong>de</strong>r público), como indica<strong>do</strong>r <strong>do</strong> fornecimento <strong>de</strong>stes bens às populações <strong>do</strong>s municípios da<br />

região.<br />

O município com o maior número <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s atendidas (59,9%) em todas as categorias pelo<br />

serviço <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água foi União da Vitória, sen<strong>do</strong> as unida<strong>de</strong>s resi<strong>de</strong>nciais responsáveis<br />

por aproximadamente 90% das unida<strong>de</strong>s atendidas neste e nos <strong>de</strong>mais municípios. Isto revela uma<br />

simetria entre os municípios no tocante à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água tratada fornecida às residências. Com<br />

relação às unida<strong>de</strong>s comerciais, a maior proporção <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s atendidas por água tratada está no<br />

município <strong>de</strong> União da Vitória. Já a maior proporção <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> água tratada para<br />

estabelecimentos industriais em relação ao total <strong>de</strong> ligações municipais foi registrada no município<br />

<strong>de</strong> Bituruna.<br />

A Tabela 24 exibe a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s atendidas por fornecimento <strong>de</strong> água tratada por<br />

categoria no ano <strong>de</strong> 2007.<br />

Tabela 24 – Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s atendidas por fornecimento <strong>de</strong> água tratada por categoria em 2007<br />

Município<br />

Unida<strong>de</strong>s<br />

Atendidas<br />

Resi<strong>de</strong>nciais Comerciais Industriais<br />

Utilida<strong>de</strong><br />

Pública<br />

Bituruna 2.669 2.388 162 47 27 45<br />

Cruz Macha<strong>do</strong> 1.601 1.433 105 6 18 39<br />

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Po<strong>de</strong>r<br />

Público<br />

Pinhão 5.633 5.105 331 16 62 119<br />

Porto Vitória 699 622 35 9 13 20<br />

União da Vitória 15.833 14.233 1.240 108 123 129<br />

TOTAL 26.435 23.781 1.873 186 243 352<br />

Fonte: IPARDES, 2008<br />

Quanto aos serviços <strong>de</strong> esgoto, no ano <strong>de</strong> 2007 apenas os municípios <strong>de</strong> União da Vitória,<br />

Pinhão e Cruz Macha<strong>do</strong> possuíam atendimento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> esgoto, respectivamente 69,6%, 28,4% e<br />

2,0% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s atendidas nos municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

Nestes municípios, a proporção <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s resi<strong>de</strong>nciais liga<strong>do</strong>s à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto é superior 80% <strong>do</strong><br />

total <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s atendidas. A proporção <strong>de</strong> estabelecimentos comerciais atendi<strong>do</strong>s por re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

esgoto em relação ao total <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s atendidas, em 2007, era <strong>de</strong> aproximadamente 17% em União<br />

da Vitória, 13% em Pinhão e 1% em Cruz Macha<strong>do</strong>. Com relação aos estabelecimentos industriais, o<br />

município <strong>de</strong> União da Vitória registrava 0,3% <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s atendidas por re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto em relação<br />

124


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ao total <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s em 2007, enquanto o município <strong>de</strong> Bituruna registrava 0,8%. Vale <strong>de</strong>stacar que<br />

não há registro <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s industriais atendidas por re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto em Pinhão.<br />

Deve-se consi<strong>de</strong>rar que a existência <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> coleta por si só não evi<strong>de</strong>ncia uma<br />

solução para o problema da contaminação ambiental por esgotos <strong>do</strong>mésticos; a existência e a<br />

eficiência das estações <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgoto são fundamentais.<br />

A Tabela 25 apresenta a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s atendidas com coleta <strong>de</strong> esgoto, por<br />

categoria em 2007.<br />

Tabela 25 - Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s atendidas por esgoto por categoria em 2007<br />

Município<br />

Unida<strong>de</strong>s<br />

Atendidas<br />

Resi<strong>de</strong>nciai<br />

s<br />

Comerciais Industriais<br />

Utilida<strong>de</strong><br />

Pública<br />

Bituruna - - - - - -<br />

Cruz Macha<strong>do</strong> 126 124 1 1 - -<br />

Pinhão 1.818 1.494 230 - 21 73<br />

Porto Vitória - - - - - -<br />

União da Vitória 4.447 3.608 749 13 30 47<br />

TOTAL 6.391 5.226 980 14 51 120<br />

Fonte: IPARDES, 2008<br />

5.3.2.4 Economia nos municípios<br />

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Po<strong>de</strong>r<br />

Público<br />

Os cientistas sociais e economistas há tempos se preocupam com a falta <strong>de</strong> precisão na<br />

aplicação <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com uma visão recente, que transcen<strong>de</strong> o<br />

aspecto econômico, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> incorporar também uma dimensão social ou humana, como vem sen<strong>do</strong><br />

cada vez mais difundi<strong>do</strong>. Aqui se faz intenso uso <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res econômicos tradicionais como PIB<br />

Municipal e PIB per capita, além da análise <strong>de</strong> sua composição por setor econômico. Como se sabe<br />

embora o cálculo <strong>do</strong> PIB expresse, com relativo grau <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> a situação <strong>de</strong> riqueza presente em<br />

dada socieda<strong>de</strong>, o coeficiente indicativo <strong>do</strong> PIB per capita é uma mera abstração, válida quan<strong>do</strong> se<br />

<strong>de</strong>seja avaliar as assimetrias entre diferentes unida<strong>de</strong>s territoriais políticas e administrativa, mas<br />

inócua para estabelecer uma compreensão a<strong>de</strong>quada das reais condições <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> uma população.<br />

Por essa razão realizou-se, na presente análise, cruzamentos entre os indica<strong>do</strong>res econômicos, <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento humano, com o índice Firjan e <strong>de</strong> concentração, como foi o caso da utilização <strong>do</strong><br />

índice <strong>de</strong> Gini. Também foi utiliza<strong>do</strong> na presente análise o Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Participação <strong>do</strong>s Municípios,<br />

dada à relevância <strong>de</strong>stes recursos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m financeira à composição <strong>do</strong> PIB municipal.<br />

125


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Em termos absolutos, entre os anos <strong>de</strong> 2002 e 2005, os valores <strong>do</strong>s PIB’s municipais <strong>do</strong> grupo<br />

<strong>de</strong> municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> mantiveram a mesma relação <strong>de</strong><br />

equivalência entre si.<br />

A Figura 21 exibe a variação <strong>do</strong> PIB <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> entre os anos<br />

<strong>de</strong> 2002 e 2005.<br />

Figura 21 - Variação <strong>do</strong> PIB <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> entre os anos <strong>de</strong> 2002 e 2005<br />

R$ x 1.000<br />

600.000<br />

500.000<br />

400.000<br />

300.000<br />

200.000<br />

100.000<br />

Fonte: IBGE, 2008<br />

0<br />

2002 2003 2004 2005<br />

Perío<strong>do</strong><br />

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União da Vitória<br />

Porto Vitória<br />

Porto União<br />

Cruz Macha<strong>do</strong><br />

Bituruna<br />

Pinhão<br />

Entre 2002 e 2003 o PIB <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Pinhão teve o seu valor reduzi<strong>do</strong>, mas mesmo assim<br />

manteve-se acima <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais no território em questão. A maior taxa <strong>de</strong> crescimento acumulada vem<br />

sen<strong>do</strong> registrada no município <strong>de</strong> União da Vitória.<br />

A Tabela 26 apresenta a porcentagem da variação <strong>do</strong> PIB municipal entre 2002 e 2005 nos<br />

municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

126


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Tabela 26 - Variação <strong>do</strong> PIB municipal entre 2002 e 2005 nos municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

Município<br />

Variação<br />

2002-2003<br />

Variação<br />

2003-2004<br />

Variação<br />

2004-2005<br />

Pinhão -5,9% 17,7% -0,5%<br />

União da Vitória 19,8% 13,2% 10,4%<br />

Fonte: IBGE, 2008<br />

Porto União 21,9% 12,6% 2,8%<br />

Cruz Macha<strong>do</strong> 23,3% 11,5% 8,8%<br />

Bituruna 19,5% 9,7% 20,3%<br />

Porto Vitória 21,9% 11,5% 13,9%<br />

O PIB <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Pinhão em 2005 era <strong>de</strong> 513 milhões <strong>de</strong> reais, representan<strong>do</strong> um terço<br />

<strong>do</strong> PIB <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o território composto pelos seis municípios que compõe o entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong><br />

<strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, conforme é apresenta<strong>do</strong> na Tabela 27.<br />

Tabela 27 - PIB Municipal e PIB per capita <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> em<br />

2005 (em R$)<br />

Município PIB % PIB per capita<br />

Pinhão 513.056.000,00 33,7% 18.312,99<br />

União da Vitória 496.908.000,00 32,6% 9.676,89<br />

Porto União 188.652.000,00 12,4% 5.700,34<br />

Cruz Macha<strong>do</strong> 148.284.000,00 9,7% 8.078,24<br />

Bituruna 142.034.000,00 9,3% 8.098,70<br />

Porto Vitória 35.274.000,00 2,3% 8.346,95<br />

Total 1.524.208.000,00 100,0%<br />

Fonte: IBGE, 2008<br />

Vale <strong>de</strong>stacar que o município <strong>de</strong> Pinhão, além <strong>de</strong> apresentar o maior PIB <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong><br />

municípios analisa<strong>do</strong>s é, <strong>de</strong> longe, o <strong>de</strong> maior PIB per capita, porém apresentan<strong>do</strong> o mais<br />

inexpressivo índice <strong>de</strong> crescimento municipal. Já o município <strong>de</strong> União da Vitória - com um PIB per<br />

capita 50% menor <strong>do</strong> que o referente ao município <strong>de</strong> Pinhão, apresentou não apenas o melhor<br />

índice <strong>do</strong> grupo, mas também o maior crescimento entre os anos <strong>de</strong> 2000 e 2005.<br />

A Tabela 28 exibe a variação <strong>do</strong> Índice Firjan <strong>de</strong> Desenvolvimento Municipal – IFDM <strong>do</strong>s<br />

municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> entre os anos <strong>de</strong> 2000 e 2005.<br />

LACTEC – 2008<br />

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Tabela 28 - Variação <strong>do</strong> Índice Firjan <strong>de</strong> Desenvolvimento Municipal – IFDM <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong><br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> entre os anos <strong>de</strong> 2000 e 2005<br />

2002 Município<br />

União da Vitória 0,6037 0,7221<br />

Porto União 0,6619 0,7127<br />

Porto Vitória 0,6519 0,6881<br />

Bituruna 0,5690 0,6484<br />

Cruz Macha<strong>do</strong> 0,5932 0,6451<br />

Pinhão 0,5098 0,6018<br />

Fonte: FIRJAN, 2008<br />

Quanto à composição <strong>do</strong> PIB municipal, o município <strong>de</strong> Pinhão se <strong>de</strong>staca por concentrar a<br />

maior parte da sua produção, 65,5% no setor industrial. Os municípios <strong>de</strong> União da Vitória e Porto<br />

União, que apresentam altíssimas taxas <strong>de</strong> urbanização, <strong>de</strong>stacam-se na ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços,<br />

apresentan<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> 60% <strong>de</strong> sua produção neste setor. Já os municípios <strong>de</strong> Cruz Macha<strong>do</strong>, Bituruna<br />

e Porto Vitória concentram a sua produção econômica na agricultura e pecuária (IBGE, 2008),<br />

conforme po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong> na Figura 22.<br />

100%<br />

90%<br />

80%<br />

70%<br />

60%<br />

50%<br />

40%<br />

30%<br />

20%<br />

10%<br />

0%<br />

19,6%<br />

65,5%<br />

15,0%<br />

65,3%<br />

26,1%<br />

8,6%<br />

61,1%<br />

22,5%<br />

16,4%<br />

38,9%<br />

53,5%<br />

40,1%<br />

47,9%<br />

LACTEC – 2008<br />

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7,5%<br />

43,7%<br />

16,2%<br />

40,8%<br />

11,3%<br />

Pinhão União da Vitória Porto União Cruz Macha<strong>do</strong> Bituruna Porto Vitória<br />

Agropecuária Indústria Serviços<br />

Figura 22 - Composição <strong>do</strong> PIB <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> em 2005 (R$)<br />

A composição <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Participação distribuí<strong>do</strong> aos municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório<br />

<strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> em 2007 revela que o maior valor incorpora<strong>do</strong> ao fun<strong>do</strong> refere-se ao repasse <strong>de</strong><br />

ICMS, sen<strong>do</strong> que, mais <strong>de</strong> 50% <strong>do</strong> montante distribuí<strong>do</strong> ao grupo <strong>de</strong> municípios paranaenses que<br />

128


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compõem o conjunto analisa<strong>do</strong> foi <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> aos municípios <strong>de</strong> União da Vitória e Pinhão.<br />

Tabela 29 - Composição <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Participação distribuí<strong>do</strong> aos municípios <strong>do</strong> entorno <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> em<br />

2007 (valores em R$)<br />

Município Repasse<br />

Bruto<br />

União da<br />

Vitória<br />

ICMS<br />

Repasse<br />

Líqui<strong>do</strong><br />

Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Exportação<br />

Royalties<br />

Petróleo<br />

IPVA<br />

Total Repasse<br />

Líqui<strong>do</strong><br />

8.658.846 7.216.282 230.136 4.018 2.051.009 9.501.445 33,0<br />

Pinhão 7.968.497 6.640.946 212.830 3.697 341.768 7.199.241 25,0<br />

Cruz<br />

Macha<strong>do</strong><br />

6.407.241 5.339.795 169.272 2.974 271.781 5.783.823 20,1<br />

Bituruna 5.670.611 4.725.887 149.450 2.632 324.648 5.202.617 18,1<br />

Porto<br />

Vitória<br />

1.209.180 1.007.731 32.039 561 79.406 1.119.736 3,9<br />

Total 29.914.374,87 24.930.641,35 793.726,97 13.881,84 3.068.611,37 28.806.861,53 100,0<br />

5.3.2.5 Ativida<strong>de</strong>s agrossilvopastoris nos municípios<br />

Entre os anos <strong>de</strong> 1996 e 2006 to<strong>do</strong>s os municípios que integram o entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong><br />

foz <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> apresentaram elevação consi<strong>de</strong>rável das terras <strong>do</strong>s estabelecimentos agropecuários<br />

ocupadas com matas e florestas. Em 1996, aproximadamente 35% das terras <strong>do</strong>s estabelecimentos<br />

agropecuários <strong>de</strong>ste conjunto <strong>de</strong> municípios eram ocupadas por matas e florestas e em 2006 este<br />

valor aumentou para cerca <strong>de</strong> 58%.<br />

A Figura 23 exibe a porcentagem <strong>de</strong> utilização das terras <strong>do</strong>s estabelecimentos agropecuários<br />

<strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> em 1996 e 2006.<br />

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70%<br />

60%<br />

50%<br />

40%<br />

30%<br />

20%<br />

10%<br />

0%<br />

Bituruna<br />

Cruz Macha<strong>do</strong><br />

Pinhão<br />

Porto União<br />

Porto Vitória<br />

União da Vitória<br />

Lavoura 1996 Lavoura 2006 Pastagens 1996<br />

<strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

Pastagens 2006 Matas e Florestas 1996 Matas e Florestas 2006<br />

Figura 23 - Utilização das terras <strong>do</strong>s estabelecimentos agropecuários <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong><br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> em 1996 e 2006. Fonte: IBGE, 2006<br />

De uma maneira geral, em to<strong>do</strong>s os municípios, os estabelecimentos agropecuários<br />

apresentaram aumento das terras ocupadas por matas e florestas, no entanto os estabelecimentos<br />

pertencentes ao município <strong>de</strong> Cruz Macha<strong>do</strong> foram os que apresentaram a mais elevada taxa, ou<br />

seja, 27% em 1996, sen<strong>do</strong> que os estabelecimentos rurais <strong>de</strong>ste município aumentaram sua área<br />

ver<strong>de</strong> para cerca <strong>de</strong> 64%. O uso das terras para pastagens foi o que mais registrou redução na década<br />

compreendida entre 1996 e 2006. Embora em to<strong>do</strong>s os municípios os estabelecimentos<br />

agropecuários tenham reduzi<strong>do</strong> a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pastagens, o município <strong>de</strong> União da Vitória registrou<br />

a maior redução, passan<strong>do</strong> <strong>de</strong> 25,7% em 1996 para apenas 9,2% em 2006.<br />

2006.<br />

A Tabela 30 apresenta a utilização das terras <strong>do</strong>s estabelecimentos agropecuários no ano<br />

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Tabela 30 - Utilização das terras <strong>do</strong>s estabelecimentos agropecuários (2006)<br />

Municípios<br />

Área total<br />

(ha)<br />

Lavouras % Pastagens %<br />

Matas e<br />

florestas<br />

Pinhão 110.616 24.875 22,5 28.828 26,1 50.062 45,3<br />

Cruz Macha<strong>do</strong> 101.717 19.684 19,4 11.749 11,6 64.589 63,5<br />

Bituruna 101.238 28.694 28,3 13.815 13,6 53.932 53,3<br />

União da Vitória 47.764 11.159 23,4 4.404 9,2 26.346 55,2<br />

Porto União 43.576 12.174 27,9 9.824 22,5 18.864 43,3<br />

Porto Vitória 9.901 2.150 21,7 2.556 25,8 4.759 48,1<br />

Total <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> 414.812 98.736 23,8 71.176 17,2 218.552 57,8<br />

<strong>Paraná</strong> 17.568.089 8.090.963 46,1 5.735.095 32,6 3.172.889 18,1<br />

Brasil 354.865.534 76.697.324 21,6 172.333.073 48,6 99.887.620 28,1<br />

O porcentual das terras <strong>do</strong>s estabelecimentos agropecuários que é ocupa<strong>do</strong> por matas e<br />

florestas nos municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> é eleva<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong><br />

com as médias nacional e estadual (Tabela 30). A média brasileira é <strong>de</strong> 28,1% e a <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong><br />

é <strong>de</strong> apenas 18,1%. De uma maneira geral, os estabelecimentos agropecuários paranaenses dão<br />

irrisória contribuição para a conservação e expansão <strong>de</strong> terras ocupadas com matas e florestas. No<br />

entanto, os estabelecimentos agropecuários pertencentes aos municípios situa<strong>do</strong>s no entorno <strong>do</strong><br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> contrariam esta tendência negativa paranaense apresentan<strong>do</strong> eleva<strong>do</strong><br />

índice <strong>de</strong> terras ocupadas com matas e florestas. Convém frisar que, por outro la<strong>do</strong>, Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Atlas<br />

<strong>do</strong>s Remanescentes Florestais da Mata Atlântica (Frente <strong>Ambiental</strong>ista, 2008) informaram que alguns<br />

municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> Segre<strong>do</strong> estão entre os que mais <strong>de</strong>smataram áreas <strong>de</strong><br />

mata nativa no <strong>Paraná</strong> entre os anos <strong>de</strong> 2005 e 2007. A aparente contradição <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s se <strong>de</strong>ve,<br />

possivelmente, ao fato <strong>de</strong> que há <strong>de</strong>rrubada <strong>de</strong> mata nativa - note-se que os da<strong>do</strong>s se referem a<br />

remanescentes florestais <strong>de</strong> mata atlântica. Por outro la<strong>do</strong>, há muitas áreas <strong>de</strong> reflorestamento <strong>de</strong><br />

espécies exóticas (da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE), como o pinus e o eucalipto, incluin<strong>do</strong> áreas <strong>de</strong> pastagens sen<strong>do</strong><br />

reflorestadas. Isso é resulta<strong>do</strong> das ativida<strong>de</strong>s da indústria ma<strong>de</strong>ireira, que historicamente pressiona<br />

as áreas <strong>de</strong> mata nativa, mas também da crescente exploração <strong>do</strong> carvão vegetal e <strong>de</strong> resíduos<br />

florestais para geração <strong>de</strong> energia. Assim, os da<strong>do</strong>s estatísticos sobre ‘aumento <strong>de</strong> áreas ocupadas<br />

por matas ou florestas’ escon<strong>de</strong> o fato <strong>de</strong> que a mata atlântica continua sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>rrubada, fato que<br />

foi verifica<strong>do</strong> na pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

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De acor<strong>do</strong> com informações <strong>do</strong> Atlas, entre 2000 e 2005 os municípios <strong>de</strong> Bituruna e Coronel<br />

Domingos Soares, <strong>de</strong> fato, reduziram o <strong>de</strong>smatamento em relação a anos anteriores, mas tiveram<br />

áreas <strong>de</strong>smatadas <strong>de</strong>, respectivamente, 4.811 ha <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> 21.700 ha <strong>de</strong> áreas remanescentes e<br />

3.267 ha <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> 36.316 ha. Estes números, em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> mata atlântica, são<br />

muito expressivos para tão curto perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> tempo. Além disso, o site <strong>do</strong> Ibama disponibiliza<br />

informações <strong>de</strong> áreas embargadas nestes municípios em 2008, por exploração florestal irregular,<br />

sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>z áreas em Bituruna e sete em Coronel Domingos Soares, nenhuma <strong>de</strong>stas áreas, contu<strong>do</strong>,<br />

na faixa <strong>de</strong> 1.000 metros <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> Segre<strong>do</strong>.<br />

5.3.2.6 Sistema viário regional e local<br />

O acesso à Usina <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> po<strong>de</strong> ser feito por duas ro<strong>do</strong>vias asfaltadas, sen<strong>do</strong> uma via<br />

União da Vitória e outra via Guarapuava. O trajeto por União da Vitória compreen<strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong><br />

Curitiba, 234 km por estrada pavimentada (BR-476) até aquela cida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> um trecho adicional<br />

<strong>de</strong> 106 km <strong>de</strong> estrada vicinal pavimentada que passa por Bituruna, totalizan<strong>do</strong> um percurso <strong>de</strong> 340<br />

km. Por Guarapuava, o percurso total é <strong>de</strong> 362 km, a partir <strong>de</strong> Curitiba, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> 259 km <strong>de</strong><br />

estrada pavimentada (BR-277) até Guarapuava e 103 km <strong>de</strong> estrada vicinal pavimentada, construída<br />

pela COPEL, passan<strong>do</strong> pelo município <strong>de</strong> Pinhão e dan<strong>do</strong> acesso ao local <strong>do</strong> aproveitamento pela<br />

margem direita <strong>do</strong> rio Iguaçu.<br />

O sistema ro<strong>do</strong>viário regional po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito a partir da ro<strong>do</strong>via fe<strong>de</strong>ral BR-277 integrante<br />

<strong>do</strong> Anel Ro<strong>do</strong>viário <strong>de</strong> Integração - Paranaguá - <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> Iguaçu. Na altura <strong>de</strong> Guarapuava, os<br />

municípios da área <strong>de</strong> influência <strong>do</strong> reservatório po<strong>de</strong>m ser acessa<strong>do</strong>s pela ro<strong>do</strong>via estadual<br />

asfaltada PR-170, que segue em direção à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pinhão, transpassa o rio Iguaçu, utilizan<strong>do</strong> como<br />

ponte a própria crista da barragem da Usina Hidrelétrica <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, seguin<strong>do</strong> em direção à<br />

Bituruna. No município <strong>de</strong> General Carneiro, esta ro<strong>do</strong>via faz ligação com a ro<strong>do</strong>via fe<strong>de</strong>ral asfaltada<br />

BR-153, através da qual po<strong>de</strong>m ser acessa<strong>do</strong>s os municípios <strong>de</strong> União da Vitória e Porto União. A<br />

partir da BR-153, seguin<strong>do</strong>-se pela ro<strong>do</strong>via estadual asfaltada PR-47, po<strong>de</strong>-se acessar a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Cruz Macha<strong>do</strong>. O município <strong>de</strong> Porto Vitória, por sua vez, a partir da BR-153, po<strong>de</strong> ser acessa<strong>do</strong> pela<br />

ro<strong>do</strong>via estadual asfaltada PR-446 que, em continuida<strong>de</strong>, permite o acesso ao município <strong>de</strong> Bituruna,<br />

sen<strong>do</strong> que em cerca <strong>de</strong> 30 km, não existe pavimentação asfáltica. Também existe ligação entre Porto<br />

Vitória e os municípios <strong>de</strong> União da Vitória e Porto União, através da PR-280, conhecida como<br />

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Ro<strong>do</strong>via João Reolon.<br />

As localida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> interior <strong>de</strong>sses municípios, bem como as comunida<strong>de</strong>s e moradias<br />

localizadas no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, po<strong>de</strong>m ser acessadas por uma <strong>de</strong>nsa e bem<br />

distribuída malha <strong>de</strong> estradas vicinais, a qual se encontra sob os cuida<strong>do</strong>s das administrações<br />

municipais. Os serviços <strong>de</strong> travessia através <strong>de</strong> balsas permitem a comunicação e a prática <strong>de</strong><br />

relações familiares e comerciais em ambas as margens <strong>do</strong> rio Iguaçu, assim como <strong>de</strong> seus afluentes.<br />

As cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> União da Vitória e Porto União também possuem ligação ferroviária, cuja malha<br />

permite acessar várias áreas, por exemplo, ao Sul com a região <strong>de</strong> Caça<strong>do</strong>r, no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Santa<br />

Catarina; ao Leste com o município <strong>de</strong> Rio Negro e Mafra <strong>de</strong> on<strong>de</strong> existe conexão para a Região<br />

Metropolitana <strong>de</strong> Curitiba, Porto <strong>de</strong> São Francisco (SC) e também para o complexo portuário <strong>de</strong><br />

Paranaguá (PR).<br />

O sistema aeroviário regional é composto por um aeroporto público situa<strong>do</strong> no bairro São<br />

Cristóvão a uma altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 752 m, no município <strong>de</strong> União da Vitória, o qual se encontra sob a<br />

administração da Prefeitura Municipal local. A pista <strong>de</strong> pouso é <strong>de</strong> 1.000 x 23 m, com revestimento<br />

asfáltico.<br />

Na área <strong>de</strong> influência <strong>do</strong> reservatório existem, <strong>do</strong>is aeroportos priva<strong>do</strong>s, ambos localiza<strong>do</strong>s no<br />

município <strong>de</strong> Pinhão, a saber: Aeroporto priva<strong>do</strong> da Fazenda Reserva, pista <strong>de</strong> 800 x 23 m,<br />

revestimento <strong>de</strong> terra, altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1.048 m; e o Aeroporto priva<strong>do</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, pista <strong>de</strong> 1.600 x 30<br />

m, revestimento asfáltico, altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1.111 m, o qual é atualmente administra<strong>do</strong> pela COPEL.<br />

5.4 Caracterização <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório<br />

A seguir será <strong>de</strong>scrito um panorama da atual situação <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório, face às<br />

observações realizadas em 2002.<br />

Os principais problemas <strong>do</strong> reservatório são basicamente os mesmos <strong>de</strong> anos anteriores,<br />

contu<strong>do</strong>, a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> tais problemas em alguns casos se intensificou e em outros, ocorreu<br />

redução. A exploração <strong>de</strong> carvão vegetal nos municípios <strong>do</strong> entorno parece apresentar-se como um<br />

novo e possível problema, caso seja realizada sem controle, principalmente, se ocorrer na faixa <strong>de</strong><br />

1.000 metros <strong>do</strong> reservatório.<br />

No momento da pesquisa <strong>de</strong> campo, entre maio e julho <strong>de</strong> 2008, o reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong><br />

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<strong>Areia</strong> estava interdita<strong>do</strong> para a pesca e, por esta razão, muitos entrevista<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstravam-se<br />

insatisfeitos, incluin<strong>do</strong> as autorida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> entorno.<br />

Em relação ao número <strong>de</strong> benfeitorias edificadas, a Superintendência <strong>de</strong> Gestão Imobiliária da<br />

Copel forneceu da<strong>do</strong>s com a localização das construções no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

As informações resultaram na tabela abaixo, com o número <strong>de</strong> benfeitorias i<strong>de</strong>ntificadas na Faixa <strong>de</strong><br />

Segurança, no lago <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

Tabela 31 - Número <strong>de</strong> benfeitorias na faixa <strong>de</strong> segurança no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> em 2008,<br />

distribuí<strong>do</strong>s por municípios<br />

Município Número <strong>de</strong> benfeitorias i<strong>de</strong>ntificadas<br />

Cruz Macha<strong>do</strong> 133<br />

Bituruna 29<br />

Pinhão 28<br />

Porto Vitória 68<br />

União da Vitória 22<br />

TOTAL 280<br />

Fonte: COPEL, 2008<br />

As informações <strong>do</strong> Cadastro <strong>de</strong> Confrontantes a respeito das ocupações existentes no<br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> estão apresentadas na Tabela 32, a qual traz da<strong>do</strong>s sobre o número <strong>de</strong><br />

confrontantes no entorno <strong>do</strong> reservatório naquele ano.<br />

Tabela 32 - Número <strong>de</strong> ocupações existentes no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> em 2002,<br />

distribuí<strong>do</strong>s por municípios<br />

Ocupantes da faixa <strong>de</strong> segurança Ocupantes da faixa <strong>de</strong> 100 m TOTAL<br />

Bituruna 27 45 72<br />

Cruz Macha<strong>do</strong> 85 98 183<br />

Pinhão 37 34 71<br />

Porto Vitória 63 57 120<br />

Porto União 08 00 08<br />

União da Vitória 88 53 141<br />

TOTAL 308 287 595<br />

Fonte: COPEL, 2003<br />

Por outro la<strong>do</strong>, mesmo sem o número atual <strong>de</strong> confrontantes foi possível observar na<br />

pesquisa <strong>de</strong> campo que não existem muitas ocupações novas em comparação a 2002, sen<strong>do</strong> o<br />

número aproxima<strong>do</strong> <strong>de</strong> confrontantes em 2008 próximo <strong>de</strong> 600.<br />

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5.4.1 Usos da Água<br />

Da mesma forma que no ano <strong>de</strong> 2002, o principal uso das águas <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Areia</strong> consiste na geração <strong>de</strong> energia elétrica pela Usina Hidrelétrica Governa<strong>do</strong>r Bento Munhoz da<br />

Rocha Neto, sen<strong>do</strong> observadas também ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca e recreação. Nas entrevistas realizadas<br />

não foram relata<strong>do</strong>s outros usos da água <strong>do</strong> reservatório como irrigação ou criação <strong>de</strong> peixes, a não<br />

ser em alguns casos para <strong>de</strong>sse<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong> animais.<br />

Figura 24 – Usina Governa<strong>do</strong>r Bento Munhoz da Rocha Neto.<br />

Como <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> é a primeira represa ao longo <strong>do</strong> rio Iguaçu, regularizan<strong>do</strong> as vazões <strong>do</strong>s<br />

reservatórios localiza<strong>do</strong>s a jusante daquele empreendimento, este fato a coloca como principal<br />

vítima <strong>de</strong> certos problemas sócio-ambientais origina<strong>do</strong>s por múltiplos fatores, a começar pela<br />

poluição que se inicia nas nascentes <strong>do</strong> rio Iguaçu na Região Metropolitana <strong>de</strong> Curitiba. Ainda que ao<br />

longo <strong>do</strong> seu curso o rio passe por processo <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>puração, os municípios a jusante acabam o<br />

poluin<strong>do</strong> novamente, sen<strong>do</strong> a situação mais grave em União da Vitória, por se tratar <strong>do</strong> município <strong>de</strong><br />

maior porte no entorno <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, com indústrias muito próximas ao rio.<br />

Com relação ao saneamento básico, diversos municípios apresentam muitas carências, como<br />

é o caso <strong>de</strong> Cruz Macha<strong>do</strong> que não possui sistema <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgoto.<br />

Através <strong>de</strong> seus afluentes o rio Iguaçu recebe uma gran<strong>de</strong> carga <strong>de</strong> contaminantes<br />

provenientes <strong>de</strong> fontes pontuais, como o lançamentos <strong>de</strong> efluentes <strong>do</strong>mésticos e industriais, bem<br />

como por fontes difusas, através <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos agrícolas utiliza<strong>do</strong>s nas ativida<strong>de</strong>s agropecuárias que<br />

são carrea<strong>do</strong>s pelo escoamento superficial. A poluição urbana e rural, aliada a outros processos como<br />

a exploração <strong>de</strong> areia e o constante <strong>de</strong>sbarrancamento das margens <strong>do</strong> reservatório, acabam por<br />

gerar um gran<strong>de</strong> impacto na qualida<strong>de</strong> das águas <strong>do</strong> reservatório, principalmente em épocas <strong>de</strong><br />

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estiagem.<br />

Na maior parte <strong>do</strong> ano o nível <strong>do</strong> reservatório fica abaixo da média, ocasionan<strong>do</strong> dificulda<strong>de</strong>s<br />

para quem usa o lago, especialmente em perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> estiagem. Quem utiliza barcos, principalmente<br />

os <strong>de</strong> maior porte, fica impossibilita<strong>do</strong> <strong>de</strong> conduzi-los à água. Caso consiga, os riscos da navegação<br />

aumentam, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a partes rasas ou restos <strong>de</strong> árvores que afloram na superfície. Da mesma forma,<br />

os pontos <strong>de</strong> travessia por balsa também ficam prejudica<strong>do</strong>s.<br />

Esta variação, na opinião <strong>de</strong> diversos entrevista<strong>do</strong>s, acaba por reduzir a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> peixes,<br />

pois, quan<strong>do</strong> o nível está alto os peixes <strong>de</strong>positam suas ovas nas margens e, antes <strong>de</strong> vingarem, as<br />

águas baixam e as ovas ficam expostas ao sol ou a preda<strong>do</strong>res.<br />

Percorren<strong>do</strong> o reservatório <strong>de</strong> barco é possível observar muitos paredões verticais, já<br />

<strong>de</strong>sgasta<strong>do</strong>s pelas marolas e/ou <strong>de</strong>gradação das margens. Muitas vezes observa-se que, mesmo as<br />

áreas <strong>de</strong> florestas são corroídas pelas águas, fazen<strong>do</strong> com que faixas <strong>de</strong> árvores acabem cain<strong>do</strong> no<br />

lago. Nestes casos, o <strong>de</strong>sgaste das margens só acaba quan<strong>do</strong> a rocha fica exposta.<br />

Na área da pousada <strong>do</strong> Jaime (Fonte: Google Maps, 2008<br />

Figura 25) e das Associações os <strong>de</strong>sbarrancamentos parecem apresentar um quadro mais<br />

crítico, sen<strong>do</strong> que muitas residências tiveram que construir escoras na margem.<br />

Fonte: Google Maps, 2008<br />

Figura 25 - Pousada <strong>do</strong> Jaime e imediações, município <strong>de</strong> Pinhão, margem direita <strong>do</strong> rio da <strong>Areia</strong>.<br />

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Na opinião <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, a causa principal <strong>do</strong>s <strong>de</strong>sbarrancamentos são as marolas.<br />

Quan<strong>do</strong> venta muito elas causam estrago, “tá <strong>de</strong>sbarrancan<strong>do</strong> muito. Tem <strong>do</strong>no que tá fazen<strong>do</strong> muro<br />

<strong>de</strong> arrimo pra casa não cair”. Muitos afirmam que a falta <strong>de</strong> mata ciliar também contribui para isso,<br />

mas a maioria atribui às marolas os constantes <strong>de</strong>sbarrancamentos.<br />

Interdição <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> lago<br />

Com relação à situação <strong>de</strong> floração <strong>de</strong> algas no reservatório, muitos entrevista<strong>do</strong>s acreditam<br />

ser a <strong>de</strong>composição da vegetação sob a lâmina d´água a principal causa <strong>de</strong> proliferação das algas. Por<br />

outro la<strong>do</strong>, uma autorida<strong>de</strong> municipal em Bituruna afirmou em entrevista que o problema da<br />

existência das algas teria como origem a poluição das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, como União da Vitória. A<br />

intenção implícita nestas consi<strong>de</strong>rações era a <strong>de</strong> amenizar o efeito produzi<strong>do</strong> pelas ações das<br />

populações locais em oposição ao forte impacto das ações das populações <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s. Da<br />

mesma forma, uma autorida<strong>de</strong> <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Pinhão procura eximir os agricultores: “Os produtos<br />

agroquímicos utiliza<strong>do</strong>s na agricultura e pecuária não chegam a causar danos ao reservatório, por<br />

causa da existência das florestas”. Para os confrontantes e para as autorida<strong>de</strong>s municipais, a causa da<br />

proliferação <strong>de</strong> algas é basicamente um problema <strong>de</strong> fora, ou seja, <strong>de</strong> gerenciamento <strong>do</strong> reservatório<br />

e da poluição oriunda das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, os representantes <strong>de</strong> União da Vitória e Porto União atribuem o problema ao<br />

mau gerenciamento e a problemas no relacionamento com a empresa responsável pelo saneamento.<br />

Embora a proliferação <strong>de</strong> algas seja a conseqüência mais visível <strong>de</strong>ste conjunto <strong>de</strong> fatores, é<br />

possível afirmar que a poluição é o principal problema <strong>do</strong> reservatório, o qual po<strong>de</strong>, inclusive,<br />

impedir ou diminuir o potencial <strong>de</strong> usos múltiplos.<br />

De acor<strong>do</strong> com entrevistas com a população, em Nova Divinéia, principalmente no verão, o<br />

mau cheiro era insuportável, “parecen<strong>do</strong> o<strong>do</strong>r <strong>de</strong> chiqueiros mal cuida<strong>do</strong>s”, frase dita por um<br />

mora<strong>do</strong>r da localida<strong>de</strong>. Na beira <strong>do</strong> lago, nas pousadas e associações, muitos veranistas <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong><br />

freqüentar o local, sen<strong>do</strong> que alguns teriam coloca<strong>do</strong> as casas à venda. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algas no<br />

último verão era tanta que dificultava, inclusive, o passeio <strong>de</strong> barco, pois a massa algal prendia-se às<br />

hélices. Com a proibição da pesca imposta pelo IAP em 2008, a visita <strong>de</strong> veranistas foi reduzida e as<br />

reclamações sobre o assunto foram muitas. As próprias autorida<strong>de</strong>s municipais, principalmente em<br />

Pinhão, reclamaram pelo fato <strong>de</strong> não serem comunicadas sobre a proibição e afirmaram que ela<br />

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trouxe muitos prejuízos ao município.<br />

O mau cheiro resultante da <strong>de</strong>composição das algas prejudica, inclusive, os funcionários da<br />

Copel que trabalham na barragem. De acor<strong>do</strong> com um <strong>de</strong>les, “almoçar no refeitório <strong>de</strong>ste local, no<br />

último verão, era praticamente impossível”. Os locais <strong>de</strong> maior infestação ficam próximos à<br />

barragem, porém, foi relatada sua ocorrência também junto aos rios <strong>Areia</strong> e rio da Praia. Nas<br />

proximida<strong>de</strong>s da área <strong>de</strong> lazer <strong>de</strong> Bituruna e na foz <strong>do</strong> rio Jangada foram poucos os relatos sobre o<br />

aparecimento <strong>de</strong> algas.<br />

5.4.2 Usos <strong>do</strong> Solo<br />

O uso e ocupação <strong>do</strong> solo no entorno <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> até a faixa <strong>de</strong> 1.000 metros é bastante<br />

varia<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> possível englobar as seguintes categorias antrópicas: áreas <strong>de</strong> lazer, áreas <strong>de</strong> uso<br />

agrossilvopastoril, usos urbanos e usos minerários.<br />

5.4.2.1 Áreas <strong>de</strong> Lazer Públicas e Privadas<br />

As áreas <strong>de</strong> lazer públicas foram planejadas e construídas pela Copel e repassadas aos<br />

municípios como forma <strong>de</strong> compensação pela construção da usina. Cada município possui uma área<br />

<strong>de</strong> lazer pública, com a seguinte infra-estrutura: churrasqueiras, restaurante, salão <strong>de</strong> jogos e<br />

quadras esportivas. Tais áreas <strong>de</strong> lazer públicas têm a função <strong>de</strong> permitir à população em geral o<br />

acesso ao reservatório para a prática <strong>do</strong> lazer, como o seu nome sugere, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> este a<br />

pesca – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que autorizada pelas autorida<strong>de</strong>s responsáveis, ativida<strong>de</strong>s esportivas, passeios,<br />

confraternizações, etc.<br />

As áreas <strong>de</strong> lazer públicas existentes no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> são em<br />

número <strong>de</strong> cinco e encontram-se nos municípios <strong>de</strong> Pinhão, Cruz Macha<strong>do</strong>, Bituruna, Porto Vitória e<br />

União da Vitória.<br />

Com relação às proprieda<strong>de</strong>s privadas, comparativamente ao <strong>Plano</strong> <strong>Diretor</strong> <strong>de</strong> 2002, o<br />

número <strong>de</strong> estabelecimentos i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s volta<strong>do</strong>s para o lazer e o turismo não sofreu gran<strong>de</strong>s<br />

alterações, observan<strong>do</strong>-se, entretanto, algumas diferenças <strong>do</strong> uso e ocupação das áreas, conforme<br />

<strong>de</strong>scrição a seguir.<br />

As casas <strong>de</strong> veraneio po<strong>de</strong>m estar localizadas em áreas isoladas ou em espaços coletivos,<br />

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conheci<strong>do</strong>s na região como “associações”. Nestes casos, algum proprietário <strong>de</strong> área rural subdivi<strong>de</strong><br />

um trecho <strong>de</strong> sua proprieda<strong>de</strong> e o ven<strong>de</strong> na forma <strong>de</strong> lotes. A área em questão po<strong>de</strong> ser cercada e<br />

possuir um caseiro, como é o caso das Associações junto à “Pousada <strong>do</strong> Jaime” no município <strong>de</strong><br />

Pinhão, ou então, ser apenas um aglomera<strong>do</strong> <strong>de</strong> casas próximas umas das outras, como ocorre na foz<br />

<strong>do</strong> rio Jangada. Entre este trecho e as proximida<strong>de</strong>s da área urbana <strong>de</strong> Porto Vitória há uma gran<strong>de</strong><br />

concentração <strong>de</strong> casas <strong>de</strong> veraneio. Cabe ressaltar que a maioria <strong>do</strong>s proprietários é resi<strong>de</strong>nte em<br />

União da Vitória, no entanto há ainda outras concentrações <strong>de</strong> casas <strong>de</strong> veraneio em diversos locais.<br />

Nos rios da Praia e da <strong>Areia</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com informações <strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ntes no local, os <strong>do</strong>nos moram,<br />

principalmente, em Cruz Macha<strong>do</strong> e União da Vitória. A paisagem caracteriza-se por um misto <strong>de</strong><br />

áreas <strong>de</strong> lazer e pastagens que, em muitos casos, vão até as margens.<br />

As pousadas são áreas semelhantes às das “associações”, mas pertencente a um único<br />

proprietário, que constrói casas para alugar e pequena infra-estrutura como acesso para barcos,<br />

lanchonete e mercearia. Este é o caso da Pousada <strong>do</strong> Jaime, localizada no distrito <strong>de</strong> Nova Divinéia. O<br />

proprietário loteou e ven<strong>de</strong>u uma parte <strong>de</strong> sua proprieda<strong>de</strong>, originan<strong>do</strong> duas “associações”, e<br />

mantém uma “pousada” contígua a elas. Além disso, mantém suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pecuarista, no<br />

restante <strong>de</strong> sua área.<br />

Em comparação com 2002, as proprieda<strong>de</strong>s utilizadas para turismo, lazer e veraneio não<br />

aumentaram na proporção que vinham crescen<strong>do</strong> até aquele perío<strong>do</strong>; no entanto, as edificações que<br />

antes existiam <strong>de</strong>stinadas a estas finalida<strong>de</strong>s, continuam da mesma forma. A causa <strong>de</strong>ssa diminuição<br />

<strong>do</strong> ímpeto <strong>de</strong> construções se <strong>de</strong>ve às ações da Copel, que colocou um funcionário especificamente<br />

para fiscalizar o reservatório e seu entorno. Por enquanto, as ações e notificações da Copel enfatizam<br />

os casos <strong>de</strong> ocupações junto à Faixa <strong>de</strong> Segurança, <strong>de</strong>scritas mais adiante.<br />

A gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong> tais ocupantes procura, individualmente, construir um espaço particular<br />

<strong>de</strong> lazer e recreação, como locais <strong>de</strong> pesca, veraneio, passeio <strong>de</strong> barco, <strong>de</strong>scanso. Ainda que certos<br />

grupos formem associações <strong>de</strong> mora<strong>do</strong>res, em senti<strong>do</strong> mais amplo, o caráter público relativo ao uso<br />

das represas não é respeita<strong>do</strong> pela maioria <strong>de</strong>sta categoria <strong>de</strong> usuários.<br />

De forma geral, isto não seria um problema, não fosse o efeito da soma <strong>de</strong> tais<br />

empreendimentos. A maioria <strong>de</strong>stes casos é constituída <strong>de</strong> ocupações junto à beira <strong>do</strong> lago,<br />

incluin<strong>do</strong>, no caso <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, ocupações na Faixa <strong>de</strong> Segurança, que são áreas da Copel já<br />

in<strong>de</strong>nizadas anteriormente. Além disso, outras proprieda<strong>de</strong>s típicas <strong>de</strong> lazer, ainda que não tenham<br />

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ocupa<strong>do</strong> áreas da Copel, acabam por <strong>de</strong>sflorestar as margens e/ou substituir mata nativa por<br />

espécies exóticas, como frutíferas ou eucaliptos. Também constroem trapiches particulares, <strong>de</strong> forma<br />

que, por exemplo, ao invés <strong>de</strong> marinas e trapiches públicos, cada proprietário acaba por construir seu<br />

próprio acesso ao lago e galpões particulares para os barcos.<br />

A causa principal da proliferação <strong>de</strong> construções em áreas ina<strong>de</strong>quadas se <strong>de</strong>u antes da<br />

elaboração <strong>do</strong> <strong>Plano</strong> <strong>Diretor</strong> em 2002, principalmente no que se refere à falta <strong>de</strong> fiscalização e<br />

controle, naquele perío<strong>do</strong>, por parte da Copel e <strong>do</strong>s órgãos ambientais.<br />

Além disso, muitos cidadãos têm uma postura patrimonialista, ou seja, utilizam bens públicos<br />

<strong>de</strong> forma privada. Entre tais cidadãos, incluem-se inúmeras autorida<strong>de</strong>s públicas <strong>de</strong> municípios da<br />

região e algumas estaduais, as quais têm proprieda<strong>de</strong>s na faixa <strong>de</strong> 100 metros ou na faixa <strong>de</strong><br />

segurança.<br />

Esta postura <strong>de</strong>monstra uma característica cultural e política <strong>de</strong> certa elite brasileira, formada<br />

por comerciantes, profissionais liberais e representantes ou autorida<strong>de</strong>s públicas. Conforme foi<br />

constata<strong>do</strong> na pesquisa <strong>de</strong> campo, a maioria das proprieda<strong>de</strong>s utilizadas para lazer e recreação<br />

pertence, justamente, a cidadãos mais abasta<strong>do</strong>s ou, pelo menos, em condições <strong>de</strong> dispor <strong>de</strong> algum<br />

recurso extra para tentar a construção em áreas proibidas. Apesar <strong>de</strong>, na maioria <strong>do</strong>s casos,<br />

conhecerem a legislação restritiva, tais cidadãos acabam por arriscar-se e <strong>de</strong>scumprir a lei,<br />

construin<strong>do</strong> pequenos ou gran<strong>de</strong>s espaços priva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> lazer, como casas (em alguns casos até<br />

mansões), trapiches, sempre para uso exclusivo priva<strong>do</strong>.<br />

O gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> empreendimentos <strong>de</strong>ste tipo acabou por gerar um passivo sócio-<br />

ambiental que, apesar <strong>de</strong> melhor controla<strong>do</strong> nos últimos anos, resulta em uma situação <strong>de</strong> impasse:<br />

tais empreendimentos po<strong>de</strong>rão permanecer ou terão <strong>de</strong> se a<strong>de</strong>quar, mesmo que tenham que, em<br />

muitos casos, serem reconstruí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a legislação vigente? O ímpeto <strong>de</strong> construções<br />

<strong>de</strong>ste tipo é muito menor que em 2002, e a própria postura <strong>de</strong> tais proprietários é <strong>de</strong> procurar<br />

conversar com os representantes da Copel a fim <strong>de</strong> verificar se sua situação está em conformida<strong>de</strong><br />

ou não.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, a existência <strong>de</strong>stas edificações, para diversos entrevista<strong>do</strong>s, coloca a<br />

legitimida<strong>de</strong> das restrições e proibições em cheque. Afirmam, por exemplo, que “só vão acreditar<br />

que vão botar or<strong>de</strong>m quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>rrubarem as casas <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>rosos, que tão em lugar proibi<strong>do</strong>”. Tal<br />

pensamento fica mais evi<strong>de</strong>nte para o caso <strong>de</strong> uma proprieda<strong>de</strong> pertencente a um <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>,<br />

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localizada em área da Copel (faixa <strong>de</strong> segurança), próxima à área <strong>de</strong> lazer <strong>de</strong> Bituruna. Trata-se <strong>de</strong> um<br />

caso exemplar, pois, para gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s resi<strong>de</strong>ntes no entorno <strong>do</strong> lago, é um<br />

símbolo da falta <strong>de</strong> controle sobre o reservatório e prova <strong>de</strong> que “gente <strong>de</strong> fora ou gente po<strong>de</strong>rosa é<br />

que está <strong>de</strong>srespeitan<strong>do</strong> a lei”. Ou como expressou um cidadão na travessia da balsa: “quan<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>rrubarem aquela casa, vou acreditar na justiça”.<br />

5.4.2.2 Áreas <strong>de</strong> uso agrossilvopastoris<br />

Os municípios <strong>de</strong> Bituruna e especialmente Cruz Macha<strong>do</strong> caracterizam-se por possuírem<br />

uma agricultura diversificada. Isto se <strong>de</strong>ve, em boa parte, pelo fato <strong>de</strong> que a sua população é<br />

majoritariamente formada por <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> poloneses, ucranianos e italianos, os quais têm uma<br />

tradição familiar <strong>de</strong> trabalho na terra. Além disso, a maioria das proprieda<strong>de</strong>s nestes municípios é<br />

pequena, o que dá um perfil diferencia<strong>do</strong> em relação, por exemplo, ao perfil fundiário <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Paraná</strong>. Nos <strong>de</strong>mais municípios as características são tipicamente urbanas, ou há menor número <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong>s agrícolas na faixa <strong>de</strong> 1.000 metros, sen<strong>do</strong> que, neste caso, há maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

áreas <strong>de</strong> pastagens.<br />

No município <strong>de</strong> Pinhão, a maior parte <strong>do</strong> trecho junto à represa é formada por matas,<br />

incluin<strong>do</strong> a Área <strong>de</strong> Segurança próxima à represa, a área <strong>de</strong> lazer e o trecho até o rio <strong>Areia</strong>. Contu<strong>do</strong>,<br />

há espaços <strong>de</strong>smata<strong>do</strong>s no trecho entre as duas pousadas – <strong>do</strong> senhor Jaime e <strong>do</strong> senhor Altair<br />

(Madruga). Em Porto Vitória, União da Vitória e Porto União, as características são outras, <strong>de</strong>scritas<br />

adiante.<br />

Em relação à pecuária, há proprieda<strong>de</strong>s com gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong> pastagens que muitas<br />

vezes se esten<strong>de</strong>m <strong>do</strong> topo <strong>de</strong> morros até a beira d’água. Do meio <strong>do</strong> lago é possível observar a<br />

gran<strong>de</strong> extensão <strong>de</strong>stas áreas.<br />

Boa parte da faixa <strong>de</strong> 1.000 metros é utilizada para pecuária ou silvicultura, principalmente,<br />

porque se constituem em terrenos íngremes e pedregosos, o que dificulta outras ativida<strong>de</strong>s.<br />

A região sul <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> é gran<strong>de</strong> produtora <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e este fato é evi<strong>de</strong>nte nos<br />

municípios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, on<strong>de</strong> há intensa exploração florestal<br />

ma<strong>de</strong>ireira e uma crescente produção <strong>de</strong> carvão vegetal. A região é conhecida pelo potencial<br />

ma<strong>de</strong>ireiro e, conseqüentemente, pelo <strong>de</strong>smatamento, conforme se observa na ação <strong>de</strong> embargo <strong>de</strong><br />

áreas no Esta<strong>do</strong>, em 2008, feita pelo Ibama. Os municípios paranaenses com maior número <strong>de</strong> casos<br />

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foram, na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> ocorrências registradas, Bituruna (10 casos), Cruz Macha<strong>do</strong> (8 casos), Coronel<br />

Domingos Soares (7 casos).<br />

Segun<strong>do</strong> informações veiculadas na imprensa (<strong>Paraná</strong> on line, 2008), o município <strong>de</strong> Bituruna<br />

juntamente com o <strong>de</strong> Coronel Domingos Soares seriam os <strong>do</strong>is municípios paranaenses “campeões<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento”. A produção <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira é o gran<strong>de</strong> impulsiona<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ste processo, contu<strong>do</strong>, o<br />

ímpeto recente da <strong>de</strong>manda por ferro e aço e a conseqüente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carvão vegetal,<br />

tornaram este último um elemento fundamental para aquela indústria. Desta forma, em várias<br />

regiões <strong>do</strong> Brasil há uma crescente <strong>de</strong>manda por carvão vegetal.<br />

Na pesquisa <strong>de</strong> campo foi verifica<strong>do</strong> o crescimento da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, em to<strong>do</strong>s os<br />

municípios aqui tipifica<strong>do</strong>s como <strong>de</strong> características rurais. Segun<strong>do</strong> uma autorida<strong>de</strong> municipal em<br />

Cruz Macha<strong>do</strong>, aproximadamente 70% <strong>do</strong>s produtores rurais, apesar <strong>de</strong> serem majoritariamente<br />

agricultores, estão liga<strong>do</strong>s <strong>de</strong> alguma forma à produção <strong>de</strong> carvão, pois, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> entressafra o<br />

carvão acaba por se transformar em alternativa <strong>de</strong> renda. Discute-se a implantação <strong>de</strong> uma<br />

associação <strong>de</strong> carvoeiros no município para melhor encaminhar as questões <strong>do</strong> setor. A produção <strong>de</strong><br />

carvão segue para Minas Gerais e, também <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com colonos entrevista<strong>do</strong>s, gera uma boa<br />

renda, em média R$ 100,0 o metro cúbico. Este fato, alia<strong>do</strong> ao crescente uso <strong>de</strong> resíduos florestais<br />

para gerar energia (serragem seca, cavaco ou briquetes), faz com que aumente a pressão sobre as<br />

áreas <strong>de</strong> florestas, incluin<strong>do</strong> as localizadas na faixa <strong>de</strong> 1.000 metros.<br />

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Fonte: Ambiotech, 2008<br />

Figura 26 - Produção <strong>de</strong> carvão vegetal no município <strong>de</strong> Cruz Macha<strong>do</strong>.<br />

A ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração <strong>do</strong> carvão vegetal não era evi<strong>de</strong>nte em 2002, e atualmente po<strong>de</strong>-se<br />

esperar uma pressão muito gran<strong>de</strong> e cada vez mais intensa, pois, sen<strong>do</strong> uma ativida<strong>de</strong> lucrativa,<br />

acaba por incentivar os diversos atores sociais a empreendê-la, principalmente, em perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

entressafra agrícola. Em campo, foram observa<strong>do</strong>s ou relata<strong>do</strong>s casos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s ligadas à<br />

produção <strong>de</strong> carvão vegetal nos municípios <strong>do</strong> entorno <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, sejam ma<strong>de</strong>ireiras, áreas <strong>de</strong><br />

fazendas ou em assentamentos <strong>do</strong> MST. De acor<strong>do</strong> com autorida<strong>de</strong>s municipais e com <strong>de</strong>mais<br />

entrevista<strong>do</strong>s, há controle sobre esta ativida<strong>de</strong>.<br />

Outro fator importante diz respeito à pressão para o plantio <strong>de</strong> florestas <strong>de</strong> espécies exóticas.<br />

Ainda que esta seja uma ativida<strong>de</strong> legal, acaba por pressionar no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> substituir áreas <strong>de</strong><br />

florestas nativas, as quais são comuns na faixa <strong>de</strong> 1.000 metros. Em muitos trechos, há gran<strong>de</strong>s<br />

plantações <strong>de</strong> pinus ou eucaliptos, às vezes atingin<strong>do</strong> o topo <strong>de</strong> morros. Na faixa <strong>de</strong> 1.000 metros,<br />

entre Faxinal <strong>do</strong> Céu e a barragem, na BR-170, por exemplo, é visível ao longo da via a infestação <strong>de</strong><br />

pinus, situação já observada em 2002. E também, da margem direita da barragem, no local <strong>de</strong> saída<br />

<strong>do</strong>s barcos da Copel, olhan<strong>do</strong>-se em direção à área <strong>de</strong> lazer <strong>de</strong> Pinhão, é possível observar clarões <strong>de</strong><br />

árvores exóticas, inclusive na mesma área <strong>de</strong> lazer. Do outro la<strong>do</strong> da represa, margem esquerda, se<br />

observa gran<strong>de</strong>s plantios <strong>de</strong> pinus.<br />

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Não foram encontradas indústrias na faixa <strong>de</strong> 1.000 metros <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> lago, pelo menos<br />

nas áreas rurais. As ma<strong>de</strong>ireiras se localizam quase que exclusivamente nas áreas urbanas ou<br />

próximas a estas.<br />

Em relação a 2002, aparentemente, há menos usos agrícolas na faixa <strong>de</strong> 100 metros; <strong>do</strong> meio<br />

<strong>do</strong> lago era possível visualizar roças bem próximas ao mesmo, e atualmente, são poucos os casos.<br />

Com relação às pastagens, muitas áreas que se estendiam até a beira <strong>do</strong> lago continuam quase na<br />

mesma situação. Há pequenos trechos em recuperação nas margens, mas não chegam a ser<br />

significativos.<br />

Em Cruz Macha<strong>do</strong> e Bituruna, tal qual as consi<strong>de</strong>rações para a faixa <strong>de</strong> 1.000 metros, na faixa<br />

<strong>de</strong> 100 metros, há maior diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção agrícola, principalmente on<strong>de</strong> as pequenas<br />

proprieda<strong>de</strong>s formam a maioria <strong>do</strong>s estabelecimentos rurais, por exemplo: ao longo da estrada entre<br />

Pinhão e Cruz Macha<strong>do</strong> – Linha Ponta Grossa, incluin<strong>do</strong> o entorno <strong>do</strong> rio <strong>Areia</strong> e seus afluentes.<br />

Neste trecho e nas estradas adjacentes é visível o diferencial das proprieda<strong>de</strong>s agrícolas. Há muitas<br />

roças, muitos colonos trabalhan<strong>do</strong> nas lavouras, galpões e residências típicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

poloneses e ucranianos. Em geral, produz-se milho, feijão, fumo e mandioca; já no inverno é comum<br />

o plantio <strong>de</strong> aveia (forrageira). Contu<strong>do</strong>, conforme observa<strong>do</strong> em campo, com as difíceis condições<br />

<strong>de</strong> cultivo, e as proprieda<strong>de</strong>s são quase todas pequenas, e as restrições ambientais são cada vez<br />

maiores, o que gera <strong>de</strong>scontentamento para os colonos entrevista<strong>do</strong>s.<br />

5.4.2.3 Áreas <strong>de</strong> usos urbanos<br />

Com relação aos usos urbanos a situação <strong>de</strong> União da Vitória é praticamente a mesma <strong>do</strong> ano<br />

<strong>de</strong> 2002. As margens <strong>do</strong> rio Iguaçu continuam apresentan<strong>do</strong> os mesmos tipos <strong>de</strong> ocupações e usos, a<br />

saber: a partir <strong>do</strong>s Parques Municipais Ary Queiroz, das Corticeiras e das Lendas, seguin<strong>do</strong> a margem<br />

esquerda <strong>do</strong> rio Iguaçu a jusante (margean<strong>do</strong> a Avenida Bento Munhoz da Rocha Neto), a hípica, com<br />

as mesmas estrebarias localizadas próximas da margem. A cerca <strong>de</strong> 500 metros adiante se encontra a<br />

ocupação irregular formada por cata<strong>do</strong>res, a qual será <strong>de</strong>scrita posteriormente. Deste trecho até a<br />

curva <strong>do</strong> rio Iguaçu junto à Avenida João Reolon há diversos tipos <strong>de</strong> ocupações, principalmente<br />

residências. Após a curva <strong>do</strong> rio Iguaçu, há o trecho ocupa<strong>do</strong> por residências junto à sua margem e, a<br />

seguir, uma empresa <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> areia, na margem esquerda. Na margem direita, há as cavas<br />

pertencentes à outra empresa <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> areia, que já eram visíveis em 2002.<br />

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A Figura 27 exibem as cavas junto à margem <strong>do</strong> rio Iguaçu em União da Vitória formadas em<br />

conseqüência da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> areia.<br />

Figura 27 - Cavas junto à margem <strong>do</strong> rio Iguaçu em União da Vitória formadas em conseqüência da ativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> extração <strong>de</strong> areia.<br />

As ocupações diminuem a partir <strong>de</strong>ste trecho <strong>do</strong> rio Iguaçu até a se<strong>de</strong> <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Porto<br />

Vitória, porém por fora <strong>do</strong> perímetro urbano <strong>de</strong>ste último. Contu<strong>do</strong>, há ainda mais duas empresas <strong>de</strong><br />

extração, sen<strong>do</strong> uma em Porto Vitória e outra em União da Vitória.<br />

Com relação aos cata<strong>do</strong>res, o problema ainda persiste <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as observações <strong>de</strong> 2002. De<br />

acor<strong>do</strong> com estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Húngaro (2006), a partir <strong>de</strong> entrevistas com 24 mora<strong>do</strong>res locais, foram<br />

contadas 27 habitações e 88 pessoas viven<strong>do</strong> na localida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> 42 adultos e 46 menores <strong>de</strong> 18<br />

anos.<br />

“Em sua gran<strong>de</strong> maioria, estas famílias vivem da coleta <strong>de</strong> papel e <strong>de</strong> outros produtos recicláveis. O<br />

lixo é separa<strong>do</strong> no próprio local <strong>de</strong> suas habitações e o que sobra é, <strong>de</strong>pois, lança<strong>do</strong> no entorno. Deste<br />

mo<strong>do</strong>, o mau cheiro exala por to<strong>do</strong> aquele ambiente, e todas as condições necessárias para a<br />

disseminação <strong>de</strong> moléstias se fazem presentes. Trata-se, portanto, <strong>de</strong> uma população em situação <strong>de</strong><br />

vulnerabilida<strong>de</strong> extrema, cujas condições <strong>de</strong> moradia são muito insalubres. Do ponto <strong>de</strong> vista<br />

ambiental o quadro apresenta<strong>do</strong> é um sério problema porque, quan<strong>do</strong> das enchentes <strong>do</strong> rio, os<br />

<strong>de</strong>tritos são arrasta<strong>do</strong>s para seu leito, um incremento da carga poluente que agrava sobremaneira<br />

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suas condições bióticas”.<br />

Já em julho <strong>de</strong> 2008, segun<strong>do</strong> pesquisa <strong>de</strong> campo, constataram-se 43 residências na<br />

localida<strong>de</strong>, habitadas por famílias <strong>de</strong> baixa renda que trabalham basicamente na coleta <strong>de</strong> recicláveis<br />

e recebe o bolsa-família, fato que <strong>de</strong>monstra o grau <strong>de</strong> carência da população. A aparência <strong>do</strong> local é<br />

quase idêntica à <strong>de</strong> 2002: residências típicas <strong>de</strong> ocupações irregulares, a maioria com gran<strong>de</strong> volume<br />

<strong>de</strong> material recicla<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma dispersa e insalubre. A Copel não oferece mais serviço <strong>de</strong> energia<br />

elétrica, mas os mora<strong>do</strong>res realizam os populares “gatos”, fato já constata<strong>do</strong> no mesmo estu<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

2006: “Consta que nesta área apenas duas instalações padrão <strong>de</strong> energia elétrica abastecem as<br />

residências, as <strong>de</strong>mais seriam todas extensões (rabichos ou “gatos”) <strong>de</strong>stas primeiras, pois um <strong>do</strong>s<br />

mora<strong>do</strong>res “ven<strong>de</strong>ria” energia elétrica para os <strong>de</strong>mais”.<br />

Embora a prefeitura tenha realoca<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> 15 famílias, algumas retornaram ao local e<br />

outras vieram <strong>de</strong> fora e instalaram-se nas casas <strong>de</strong>socupadas. Mora<strong>do</strong>res locais afirmaram que a<br />

dificulda<strong>de</strong> em <strong>de</strong>ixar o local está na boa renda gerada para quem ali resi<strong>de</strong>, pois está próximo ao<br />

centro <strong>do</strong> município, o local mais rentável para a ativida<strong>de</strong>. Além disso, no seu enten<strong>de</strong>r, a formação<br />

<strong>de</strong> associações não ren<strong>de</strong> tanto quanto o trabalho individual. Um <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s afirmou que<br />

“emprega outros <strong>do</strong>is cata<strong>do</strong>res e divi<strong>de</strong> a renda diária, sen<strong>do</strong> que já chegou a chamar gente <strong>de</strong> outro<br />

município para ajudar”. Assim, a sua renda mensal seria superior a R$1.000,00, o que não conseguiria<br />

na associação. Além disso, a proximida<strong>de</strong> <strong>do</strong> rio lhes possibilita outra fonte <strong>de</strong> renda, que é a pesca.<br />

Um mora<strong>do</strong>r afirmou ser comum “pegar gran<strong>de</strong>s pinta<strong>do</strong>s e carpas”, os quais são vendi<strong>do</strong>s ou<br />

consumi<strong>do</strong>s.<br />

Esta situação <strong>de</strong>monstra <strong>do</strong>is aspectos: algumas vantagens logísticas <strong>de</strong> habitar naquele local<br />

e o fato <strong>de</strong>, dadas as carências em matéria <strong>de</strong> habitação e renda, alguns mora<strong>do</strong>res atraírem outros,<br />

<strong>de</strong> outras cida<strong>de</strong>s ou bairros, e utilizá-los como mão <strong>de</strong> obra e com a possibilida<strong>de</strong> (não revelada<br />

pelos entrevista<strong>do</strong>s, mas que se pressupõe), <strong>de</strong> uma realocação e casa própria. Desta forma, sem<br />

uma constante vigilância, qualquer plano <strong>de</strong> realocação po<strong>de</strong> não eliminar a origem <strong>do</strong> problema.<br />

Portanto, para efetivamente a<strong>de</strong>quar esta área <strong>de</strong>ve-se proce<strong>de</strong>r não apenas a realocação <strong>do</strong>s<br />

mora<strong>do</strong>res, mas estabelecer um plano <strong>de</strong> fiscalização, assim como <strong>de</strong> recuperação das margens. Da<br />

mesma forma, a realocação não po<strong>de</strong> se dar para muito longe <strong>do</strong> centro, pois, isto <strong>de</strong> fato prejudica<br />

diversos cata<strong>do</strong>res. A mesma coisa po<strong>de</strong> ser feita em relação a uma possível Associação <strong>de</strong> Cata<strong>do</strong>res<br />

e um amplo galpão para <strong>de</strong>positar o material a ser separa<strong>do</strong>.<br />

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O distrito <strong>de</strong> Nova Divinéia no município <strong>de</strong> Pinhão, localiza<strong>do</strong> na faixa <strong>de</strong> 1.000 metros <strong>do</strong><br />

entorno <strong>do</strong> reservatório, pouco mu<strong>do</strong>u em relação a 2002. Apenas se ressalta que, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com<br />

quatro entrevista<strong>do</strong>s (um pedreiro, um comerciante, uma professora e um “barrageiro”) a população<br />

trabalha majoritariamente em outros locais. Gran<strong>de</strong> parte da população masculina trabalha em<br />

cida<strong>de</strong>s ou esta<strong>do</strong>s distantes (um <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s estava <strong>de</strong> folga, mas afirmou estar trabalhan<strong>do</strong><br />

nas obras <strong>de</strong> uma PCH no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, juntamente com mais nove pessoas da localida<strong>de</strong>).<br />

Alguns mora<strong>do</strong>res prestam serviços para a Copel na manutenção das linhas <strong>de</strong> transmissão, outros<br />

trabalham na se<strong>de</strong> <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Pinhão. A população feminina atua principalmente no município<br />

<strong>de</strong> Pinhão, incluin<strong>do</strong> Faxinal <strong>do</strong> Céu.<br />

As ofertas <strong>de</strong> trabalho na própria localida<strong>de</strong> são poucas, consistin<strong>do</strong> em um escasso comércio<br />

(pequenas lojas e mercearias) realiza<strong>do</strong> por proprietários e familiares. Os serviços <strong>de</strong> agropecuária<br />

também são escassos, principalmente pela gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s terrenos da região. Em geral, os<br />

familiares trabalham e, eventualmente, chamam alguém para ajudar. Outras ativida<strong>de</strong>s dizem<br />

respeito à construção <strong>de</strong> casas ou reparos gerais, principalmente nas pousadas na beira da represa.<br />

Figura 28 - Vista <strong>do</strong> distrito <strong>de</strong> Nova Divinéia, município <strong>de</strong> Pinhão, próximo à Usina <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

Desta forma, percebe-se que Nova Divinéia tem características <strong>de</strong> “município ou distrito<br />

<strong>do</strong>rmitório”, <strong>de</strong> forma semelhante a <strong>de</strong> alguns municípios <strong>de</strong> regiões metropolitanas - apesar <strong>de</strong> a<br />

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população trabalha<strong>do</strong>ra residir no local, <strong>de</strong>sloca-se para outras áreas <strong>do</strong> município ou para outras<br />

cida<strong>de</strong>s ou esta<strong>do</strong>s.<br />

Os problemas tipicamente urbanos que po<strong>de</strong>m afetar <strong>de</strong> alguma forma o reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Areia</strong> dizem respeito, principalmente, ao saneamento básico – ou falta <strong>de</strong> – assim como,<br />

habitações e indústrias em locais ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s, muitas das quais <strong>de</strong>ntro da faixa <strong>de</strong> 30 metros, ou<br />

mesmo na Faixa <strong>de</strong> Segurança. As tentativas <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> tais problemas esbarram em conflitos<br />

políticos entre os diversos atores sociais.<br />

É o caso da dificulda<strong>de</strong> em resolver ou mitigar o problema <strong>de</strong> lançamento <strong>de</strong> efluentes<br />

<strong>do</strong>mésticos e industriais em União da Vitória, em Porto União e em Porto Vitória. É verda<strong>de</strong> que se<br />

trata <strong>de</strong> um problema crônico para a maioria <strong>do</strong>s municípios brasileiros, mas em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> um<br />

Esta<strong>do</strong> rico como é o caso <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>, as soluções po<strong>de</strong>riam ser mais efetivas, principalmente, porque<br />

tais problemas afetam o reservatório.<br />

Da mesma forma, os problemas ambientais resultantes da extração <strong>de</strong> areia e argila no leito<br />

ou margens <strong>do</strong> rio Iguaçu apresentam-se, em 2008, idênticos aos <strong>de</strong> 2002. É verda<strong>de</strong> que se trata <strong>de</strong><br />

uma importante ativida<strong>de</strong> econômica para o município, porém, fatores políticos interferem nas<br />

possíveis resoluções <strong>do</strong>s problemas ambientais, pois, as empresas <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> areia pertencem a<br />

cidadãos influentes nos municípios da região, o que facilita o <strong>de</strong>scumprimento <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong><br />

requisitos legais, como é o caso da recuperação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas. O símbolo <strong>de</strong>sta situação é a<br />

existência <strong>de</strong> imensas cavas junto à margem direita <strong>do</strong> rio Iguaçu, em União da Vitória.<br />

Em União da Vitória, principalmente ao longo da Avenida Reolon, existem diversas indústrias,<br />

inclusive algumas <strong>de</strong> fabricação ou reciclagem <strong>de</strong> papel. Os afluentes <strong>do</strong> rio Iguaçu, neste trecho,<br />

estão bastante contamina<strong>do</strong>s, pois suas margens, além da faixa <strong>de</strong> 30 metros, esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se pela<br />

faixa <strong>de</strong> 1.000 metros, estão ocupadas por indústrias e/ou ocupações irregulares, além <strong>do</strong>s trechos<br />

urbanos legais.<br />

A tendência, se não forem tomadas medidas para a efetiva fiscalização, é uma pressão muito<br />

gran<strong>de</strong> sobre a faixa <strong>de</strong> 1.000 metros. Em gran<strong>de</strong> parte, tal faixa caracteriza-se por ser íngreme e<br />

pedregosa, não a<strong>de</strong>quada à agricultura e <strong>de</strong> difícil manejo para a pecuária. Assim, o que resta aos<br />

proprietários é a exploração florestal que, se não for controlada, po<strong>de</strong> resultar na substituição <strong>de</strong><br />

áreas <strong>de</strong> mata nativa por florestas <strong>de</strong> espécies exóticas. Evi<strong>de</strong>ntemente, a exploração <strong>do</strong> carvão<br />

vegetal é uma ativida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvida, mas, como em qualquer outra ativida<strong>de</strong> precisa<br />

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<strong>de</strong> um controle para evitar uma ação ina<strong>de</strong>quada em um ambiente vulnerável. Assim, o que aqui se<br />

visualiza é um possível problema futuro, principalmente, para os órgãos ambientais e, indiretamente,<br />

para a represa <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, caso o uso ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> da faixa <strong>de</strong> 1.000 metros seja intensifica<strong>do</strong>,<br />

ten<strong>do</strong> como conseqüência o <strong>de</strong>slizamento <strong>de</strong> terra e o assoreamento e contaminação <strong>do</strong>s corpos<br />

d’água.<br />

Em 2008 foi constata<strong>do</strong> um menor ímpeto <strong>de</strong> ocupações e usos ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro da faixa<br />

<strong>de</strong> 100 metros em relação a 2002, porém, ainda é possível observar alguns casos <strong>de</strong> casas recém<br />

construídas próximo à beira <strong>do</strong> lago, assim como, casos <strong>de</strong> áreas recém <strong>de</strong>smatadas. Mas, <strong>de</strong> forma<br />

geral, o quadro não sofreu muitas alterações. Mesmo nas pousadas e Associações o número <strong>de</strong><br />

residências praticamente não mu<strong>do</strong>u. Ao longo <strong>do</strong> reservatório, há menos plantações ou roças<br />

próximas às margens. Saliente-se que o trabalho que vem sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela Copel, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

2001, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> coibir o uso in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> da faixa <strong>de</strong> segurança e cadastrar to<strong>do</strong>s os confrontantes<br />

com vistas a i<strong>de</strong>ntificar o tipo <strong>de</strong> utilização <strong>do</strong>s imóveis tem produzi<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s positivos no senti<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> impedir o avanço da <strong>de</strong>gradação na faixa <strong>de</strong> 100 metros.<br />

Área urbana <strong>do</strong> município <strong>de</strong> União da Vitória<br />

Área urbana <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Porto Vitória (ao fun<strong>do</strong>)<br />

Figura 29 – Áreas urbanas na região <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

5.4.2.4 Conflitos Fundiários nos municípios<br />

Uma vez que as áreas localizadas na Faixa <strong>de</strong> Segurança são <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> da Copel e foram<br />

in<strong>de</strong>nizadas, qualquer edificação neste trecho, caso não possua autorização da empresa, é ilegal.<br />

No entanto, a falta <strong>de</strong> fiscalização em perío<strong>do</strong> anterior ao <strong>Plano</strong> <strong>Diretor</strong> (2002), ensejou a que<br />

muito proprietários <strong>de</strong> áreas junto à faixa <strong>de</strong> 100 metros loteassem alguns trechos <strong>de</strong> suas<br />

proprieda<strong>de</strong>s e incluíssem a ela trechos da cota <strong>de</strong> segurança, como é o caso das pousadas<br />

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particulares. As <strong>de</strong>mais ocupações irregulares junto a esta faixa são também majoritariamente<br />

<strong>de</strong>stinadas ao lazer e turismo. São poucos os casos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> colonos com edificações nesta<br />

faixa. Em campo foram observa<strong>do</strong>s apenas um chiqueiro e uma espécie <strong>de</strong> mangueira junto à beira<br />

<strong>do</strong> lago. No entanto, há muitas pastagens e algumas culturas agrícolas e <strong>de</strong> silvicultura que abrangem<br />

a Faixa <strong>de</strong> Segurança.<br />

Com relação aos casos <strong>de</strong> usos para turismo e veraneio, o número é bastante expressivo e<br />

consiste em um gran<strong>de</strong> passivo sócio-ambiental. Com exceção das áreas <strong>de</strong> lazer oficiais (construídas<br />

pela Copel e/ou pelos municípios), po<strong>de</strong>m-se dividir tais usos <strong>do</strong> solo em <strong>do</strong>is tipos: pousadas e<br />

associações particulares e casas <strong>de</strong> veraneio. Nestes casos, estão incluídas outras edificações, como<br />

trapiches, garagens para barcos e lanchas e churrasqueiras.<br />

Embora se trate <strong>de</strong> um município com apenas 200 km² e 3.800 habitantes, o município <strong>de</strong><br />

Porto Vitória herda algumas mazelas sociais principalmente com respeito ao reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Areia</strong>. De acor<strong>do</strong> com o prefeito, em entrevista concedida para o presente estu<strong>do</strong>, a área próxima ao<br />

rio Espingarda (afluente <strong>do</strong> Iguaçu e que passa pela área <strong>de</strong> lazer municipal, incluin<strong>do</strong> aí uma bela<br />

cachoeira, visível na entrada da cida<strong>de</strong>) está sen<strong>do</strong> recuperada pela prefeitura. O traça<strong>do</strong> da pista <strong>de</strong><br />

motocross (localizada na Faixa <strong>de</strong> Segurança), por exemplo, está sen<strong>do</strong> refeito. No entanto, parte da<br />

área neste trecho vem sen<strong>do</strong> objeto <strong>de</strong> invasão, ou seja, foram <strong>de</strong>sapropriadas pela Copel mas, como<br />

a empresa não teria toma<strong>do</strong> conta – “tirou as pessoas e <strong>de</strong>ixou o local aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>” -, voltaram a ser<br />

ocupadas.<br />

Além disso, a faixa <strong>de</strong> terras compreendida entre a área <strong>de</strong> lazer municipal até cerca <strong>de</strong> 1.000<br />

metros à jusante, apesar <strong>de</strong> ficar em área urbana, foi adquirida pela Copel, por ser faixa <strong>de</strong> segurança<br />

<strong>do</strong> reservatório. A ocupação social, porém, se <strong>de</strong>u anteriormente à construção <strong>do</strong> reservatório, <strong>de</strong><br />

maneira que é um processo difícil e que inclui várias famílias carentes <strong>do</strong> município.<br />

Segun<strong>do</strong> o prefeito, a Secretaria Municipal <strong>de</strong> Assistência Social tinha a intenção <strong>de</strong> realizar<br />

um programa <strong>de</strong> relocação das famílias da área conhecida como Rua da Prainha, mas esta ação não<br />

prosperou. A razão disso foi o obstáculo <strong>do</strong> proprietário das diversas e precárias edificações que<br />

servem como habitações das famílias que ocupam a área. Tais casas são alugadas e constituem-se em<br />

fonte <strong>de</strong> renda <strong>do</strong> proprietário. O programa social previa o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong>stas edificações para<br />

outra área preparada pela prefeitura, mas esta área foi embargada, pois o proprietário não aceitou a<br />

proposta. Há ainda, nesta área, duas outras edificações em mau esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação, construídas<br />

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em alvenaria e que são utilizadas pela pequena cooperativa <strong>de</strong> cultiva<strong>do</strong>res <strong>de</strong> milho, que ali se<br />

servem <strong>de</strong> um seca<strong>do</strong>r, e a outra edificação é utilizada pela associação <strong>de</strong> cata<strong>do</strong>res, que ali<br />

executam a triagem <strong>de</strong> resíduos recicláveis a serem comercializa<strong>do</strong>s.<br />

A questão das “pousadas” e das Associações, assim como, <strong>de</strong> residências construídas, inteira<br />

ou parcialmente na Faixa <strong>de</strong> Segurança, é um tema bastante <strong>de</strong>lica<strong>do</strong>. O proprietário <strong>de</strong> uma das<br />

pousadas mostrou-se bastante irrita<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> da entrevista e expôs uma série <strong>de</strong> razões para<br />

justificar sua situação, principalmente, argumentan<strong>do</strong> que o município e a própria Copel estariam<br />

<strong>de</strong>sperdiçan<strong>do</strong> o potencial turístico <strong>do</strong> reservatório, “o turismo, ela não sabe aproveitar, não é como<br />

em Santa Catarina, on<strong>de</strong> aproveitam os lagos”.<br />

Da mesma forma, o representante <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Pinhão afirmou que, com relação às<br />

dificulda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> município ligadas à existência da usina e <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, a<br />

exploração turística está prejudicada. As casas e pousadas localizadas junto às margens <strong>do</strong><br />

reservatório seriam importantes, pois são fatores <strong>de</strong> atração <strong>de</strong> turistas que, indiretamente,<br />

beneficiariam o município.<br />

No entanto, este tipo <strong>de</strong> ocupação na região ten<strong>de</strong> a criar obstáculos para ações <strong>de</strong> proteção<br />

ambiental, como é o caso <strong>do</strong> cumprimento à legislação concernente à mata ciliar. Segun<strong>do</strong> o mesmo<br />

representante municipal, a Copel “estaria preocupada apenas com ela mesma”, pois enten<strong>de</strong> que<br />

enquanto não "retirar as pessoas das margens <strong>do</strong> reservatório não obtém a certificação ISO 14.000 e<br />

que esta ação po<strong>de</strong>rá produzir muitos conflitos".<br />

Esta questão, <strong>de</strong> fato, é <strong>de</strong>licada, pois se trata <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> ocupações em áreas da Copel e<br />

em locais ilegais. A situação requer uma solução imediata. Do contrário, a tensão será constante, o<br />

que não contribui para um clima <strong>de</strong> harmonia entre a Copel e os mora<strong>do</strong>res e proprietários, assim<br />

como em relação às autorida<strong>de</strong>s municipais.<br />

Há gran<strong>de</strong>s trechos <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório ocupa<strong>do</strong>s por casas <strong>de</strong> veraneio. Entre a se<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> município <strong>de</strong> Porto Vitória e a foz <strong>do</strong> rio Jangada há muitas casas <strong>de</strong> veraneio na Faixa <strong>de</strong><br />

Segurança, cujos proprietários, majoritariamente, resi<strong>de</strong>m em União da Vitória. De acor<strong>do</strong> com o<br />

prefeito <strong>de</strong> Porto Vitória, os antigos proprietários, agricultores na maioria, teriam vendi<strong>do</strong> as áreas<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às restrições ambientais. Contu<strong>do</strong>, ainda segun<strong>do</strong> o prefeito, isto não contribui para a geração<br />

<strong>de</strong> receita ao município ou renda para a sua população. Já os recantos são importantes para o<br />

turismo, como é o caso da área <strong>de</strong> lazer municipal.<br />

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A maior parte das ocupações irregulares na Faixa <strong>de</strong> Segurança pertence, <strong>de</strong> fato, nas palavras<br />

<strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res locais (principalmente <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s em Bituruna), a “pessoas <strong>de</strong> fora”. Um<br />

secretário municipal <strong>de</strong> Bituruna, em entrevista especialmente concedida para este estu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>clarou<br />

que quase não há biturinenses proprietários <strong>de</strong> casas <strong>de</strong> veraneios no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao baixo po<strong>de</strong>r aquisitivo <strong>de</strong>sta população. E que tais veranistas provém <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s-<br />

pólo <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> e possuem po<strong>de</strong>r aquisitivo mais eleva<strong>do</strong>. O secretário fez comparações<br />

com o perfil <strong>do</strong> alto padrão das residências situadas na margem <strong>do</strong> reservatório no município <strong>de</strong><br />

Porto Vitória, no rio Jangada, cujos proprietários veranistas são originários da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> União da<br />

Vitória. Alguns proprietários <strong>de</strong> casas <strong>de</strong> veraneio entrevista<strong>do</strong>s apenas fizeram comentários vagos<br />

sobre sua situação, “estariam procuran<strong>do</strong> se a<strong>de</strong>quar”, ou “ninguém da Copel os procurou”.<br />

No caso <strong>de</strong> usos agropecuários, ainda que nesta faixa existam casos <strong>de</strong> pequenas benfeitorias<br />

em certas proprieda<strong>de</strong>s, como chiqueiros rústicos e mangueiras, em geral, os colonos não utilizam tal<br />

faixa, a não ser em casos <strong>de</strong> algumas plantações e, principalmente, pastagens. É uma cena muito<br />

comum, ao longo <strong>de</strong> quase to<strong>do</strong> o reservatório, ga<strong>do</strong> bovino, ovino e caprino pastan<strong>do</strong> próximo às<br />

margens (Figura 30).<br />

Figura 30 - Ga<strong>do</strong> pastan<strong>do</strong> em proprieda<strong>de</strong> às margens <strong>do</strong> reservatório<br />

Mesmo em certas áreas cobertas por mata ciliar é possível observar animais. Nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s utilizadas para lazer não é raro observar tal cena, pois, muitos proprietários também<br />

possuem pequenas criações, voltadas ao próprio lazer e não ao comercial.<br />

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Desta forma, pô<strong>de</strong>-se observar através da pesquisa <strong>de</strong> campo, que as maiores dificulda<strong>de</strong>s em<br />

se preservar efetivamente a mata ciliar nesta faixa dizem respeito a algumas práticas <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />

principais tipos <strong>de</strong> usuários: as edificações e o <strong>de</strong>smate nas áreas <strong>de</strong>stinadas ao lazer e ao turismo, e<br />

o não cercamento das pastagens em trechos próximos ao lago.<br />

Os cria<strong>do</strong>res <strong>de</strong> ga<strong>do</strong>, em sua maioria, não consi<strong>de</strong>ram que a presença <strong>do</strong> rebanho junto às<br />

margens possa prejudicar o reservatório. Afirmam, por exemplo, que “sua criação é pequena”, ou “o<br />

ga<strong>do</strong> só vai lá – na beira – <strong>de</strong> vez em quan<strong>do</strong>”. Assim, não levam em consi<strong>de</strong>ração o fato <strong>de</strong> que a<br />

presença <strong>de</strong> animais ali contribui para dificultar a regeneração da mata ciliar.<br />

A maior parte das terras localizadas na área <strong>de</strong> preservação permanente ou nos 1.000 metros<br />

<strong>do</strong> entrono não tem condições propícias para ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> agropecuária. A razão disso é que,<br />

naturalmente, são formadas por “paredões” íngremes, justamente a condição i<strong>de</strong>al para se fazer um<br />

reservatório. Esta faixa, segun<strong>do</strong> a maioria <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, não é boa para a agricultura ou é<br />

apenas por alguns anos. A <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> impe<strong>de</strong> o uso <strong>de</strong> máquinas, tratores ou mesmo ara<strong>do</strong>s. O uso<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos e corretivos é mais difícil, pois, escoam facilmente junto com a chuva. Além disso, o<br />

solo é muito pedregoso, o que aumenta ainda mais as dificulda<strong>de</strong>s.<br />

Desta forma, aqueles produtores remanescentes que procuraram continuar com suas<br />

ativida<strong>de</strong>s, comparam sua situação atual com a anterior ao reservatório, quan<strong>do</strong> cultivavam o solo<br />

nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> rio, em áreas planas e férteis. Evi<strong>de</strong>ntemente, as condições naquele tempo<br />

eram difíceis, no entanto, em termos <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> e facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho, era muito melhor.<br />

Muitas <strong>de</strong>stas áreas remanescentes são pequenas proprieda<strong>de</strong>s, cujo mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> produção é<br />

familiar, principalmente em Cruz Macha<strong>do</strong> e Bituruna, fato que intensifica estas dificulda<strong>de</strong>s.<br />

Outra questão que dificulta a situação <strong>de</strong> tais produtores diz respeito às restrições da<br />

legislação ambiental para a faixa <strong>de</strong> preservação permanente no entorno <strong>do</strong>s reservatórios. Para os<br />

que ficaram no entorno <strong>do</strong>s reservatórios há uma espécie <strong>de</strong> “vácuo legal”, isto é, no tempo <strong>do</strong><br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sapropriação e in<strong>de</strong>nização (anos 80 e 90) a legislação não <strong>de</strong>ixava claro que o<br />

empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r <strong>de</strong>veria adquirir a faixa <strong>de</strong> preservação <strong>de</strong> 100 metros. Assim, quem <strong>de</strong>veria arcar<br />

com esta responsabilida<strong>de</strong> (preservar) <strong>de</strong>veria ser o proprietário da terra. Contu<strong>do</strong>, este, na maioria<br />

<strong>do</strong>s casos, já havia si<strong>do</strong> impacta<strong>do</strong> pelo empreendimento – por exemplo, per<strong>de</strong>u áreas na beira <strong>do</strong><br />

rio. Foi in<strong>de</strong>niza<strong>do</strong> por isso, mas não pela faixa <strong>de</strong> 100 metros. Hoje cultiva áreas com alta <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong><br />

e pedregosas. Além disso, sente-se tolhi<strong>do</strong> pela legislação que o obriga a preservar 100 metros na<br />

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beira <strong>do</strong> reservatório, além da obrigação <strong>de</strong> preservar as margens <strong>de</strong> rios, ribeirões e nascentes<br />

<strong>de</strong>ntro da proprieda<strong>de</strong>. Na prática, tais restrições inviabilizam muitas áreas, principalmente, se o<br />

padrão <strong>de</strong> produção for o tradicional (pequena pecuária e agricultura), conforme reclamação <strong>de</strong> um<br />

colono “Ficaremos sem nada se tirarem os 100 metros. Nós temos nascentes, e o rio que atravessa o<br />

terreno” (...) “estou com me<strong>do</strong> <strong>de</strong> ficar sem terra”.<br />

O município <strong>de</strong> Cruz Macha<strong>do</strong> é o que apresenta o maior número <strong>de</strong> confrontantes, sen<strong>do</strong><br />

boa parte formada por pequenos proprietários. Em entrevista com o secretário <strong>de</strong> meio ambiente <strong>do</strong><br />

município, o mesmo acentuou a enorme preocupação <strong>do</strong>s proprietários rurais <strong>do</strong> município em<br />

relação à questão da mata ciliar, pois, em um município on<strong>de</strong> pre<strong>do</strong>mina a pequena proprieda<strong>de</strong><br />

rural os prejuízos ocorri<strong>do</strong>s em função <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> preservação ambiental permanente são ainda<br />

maiores. Para reforçar estes argumentos o entrevista<strong>do</strong> apresentou estu<strong>do</strong>s sobre uso <strong>do</strong> solo já<br />

concluí<strong>do</strong>s, por solicitação <strong>de</strong> proprietários interessa<strong>do</strong>s em cumprir as exigências <strong>do</strong> Código<br />

Florestal. O levantamento expõe a situação <strong>de</strong> uma proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> 26 ha, com 1.731 m <strong>de</strong> margem<br />

com o reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, ten<strong>do</strong> ainda nascentes e cursos d’água <strong>de</strong>ntro da proprieda<strong>de</strong>. A<br />

Tabela 33 expõe os tipos <strong>de</strong> uso da proprieda<strong>de</strong>, caso seja atendida a legislação ambiental.<br />

Tabela 33 - Exemplo <strong>de</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo em um imóvel rural situa<strong>do</strong>s à margem <strong>do</strong> reservatório, caso<br />

seja atendida a legislação ambiental.<br />

Uso <strong>do</strong> solo Área (ha) %<br />

Área <strong>de</strong> Preservação Permanente 18,66 71,77<br />

Erva-Mate 2,06 7,92<br />

Potreiro 1,04 4,00<br />

Lavoura 4,24 16,31<br />

Total 26,00 100,00<br />

Fonte: Ivo Leandro Tomko, CREA-PR 73301/D<br />

Como é possível observar na Tabela 33, o percentual <strong>de</strong> APP é elevadíssimo e torna inviável o<br />

uso econômico tradicional <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 70% da superfície <strong>do</strong> imóvel. A característica <strong>de</strong> pequena<br />

proprieda<strong>de</strong> (26 hectares) aliada à extensa linha confrontante com o reservatório da usina <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Areia</strong> (1.731 m), além das muitas nascentes e arroios, é fator <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong>sta situação especial.<br />

De acor<strong>do</strong> com o secretário, esta é uma situação bastante característica <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o município <strong>de</strong> Cruz<br />

Macha<strong>do</strong>.<br />

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De fato, como constata<strong>do</strong> na pesquisa <strong>de</strong> campo, em muitas proprieda<strong>de</strong>s, caso se aplique a<br />

legislação ambiental, diversas proprieda<strong>de</strong>s se tornarão inviáveis para as ativida<strong>de</strong>s tradicionais,<br />

levan<strong>do</strong> a duas possíveis situações: ou os proprietários são força<strong>do</strong>s a vendê-las ou a mudar <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>. Tal mudança, porém, não é um processo fácil, além <strong>de</strong> ser algo imposto aos proprietários,<br />

pois, como muitos dizem: “não pediram para que fosse feita uma represa”. Além disso, para os mais<br />

i<strong>do</strong>sos, é um processo penoso, sen<strong>do</strong> mais difícil mudar seu processo produtivo, ou mesmo, <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s. Assim, um processo mais amplo <strong>de</strong> mudanças esbarra na cultura e na tradição, em<br />

méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> produção que passam <strong>de</strong> geração a geração, com mudanças muito lentas.<br />

Em resumo, para os que ficaram com áreas remanescentes na faixa <strong>de</strong> 100 metros,<br />

principalmente pequenos produtores, há um gran<strong>de</strong> passivo socioeconômico, pois, além <strong>do</strong> trauma<br />

inicial das mudanças resultantes da UHE, hoje há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação a uma legislação<br />

bastante restritiva, restrições estas que, certamente, tem um caráter público e benéfico <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong><br />

vista ambiental. Como veremos adiante, os proprietários e colonos aceitam esta nova legislação e<br />

suas restrições ambientais, no entanto, pe<strong>de</strong>m in<strong>de</strong>nização ou compensação pelas restrições que<br />

lhes são impostas.<br />

Tais consi<strong>de</strong>rações implicarão aos gestores uma série <strong>de</strong> rea<strong>de</strong>quações <strong>do</strong> <strong>Plano</strong> <strong>Diretor</strong>,<br />

incluin<strong>do</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um Programa <strong>de</strong> A<strong>de</strong>quação aos usos permiti<strong>do</strong>s, in<strong>de</strong>nização ou<br />

reassentamento <strong>de</strong> pequenos proprietários <strong>de</strong> áreas remanescentes cujas proprieda<strong>de</strong>s tornem-se<br />

inviáveis ao se a<strong>de</strong>quarem à legislação. Ou então, que seja aplicada uma legislação diferenciada <strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong> com a situação, como por exemplo, a preservação <strong>de</strong> 30 metros e uso <strong>de</strong> 70%.<br />

5.4.2.5 Percepção <strong>do</strong>s diversos atores sociais<br />

De acor<strong>do</strong> com a meto<strong>do</strong>logia proposta, um <strong>do</strong>s focos <strong>de</strong>sta pesquisa é a percepção <strong>do</strong>s<br />

diversos atores sociais, em relação ao reservatório, à ação da Copel e <strong>do</strong>s órgãos ambientais, às<br />

dificulda<strong>de</strong>s em se a<strong>de</strong>quar às restrições ambientais e legais. Alguns temas estão dispersos ao longo<br />

<strong>do</strong> Relatório, porém, neste tópico são realça<strong>do</strong>s alguns temas específicos, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o roteiro <strong>de</strong><br />

perguntas utiliza<strong>do</strong> durante as entrevistas.<br />

O texto está dividi<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a tipologia estabelecida, ou seja, a partir <strong>do</strong>s diferentes<br />

usos das proprieda<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> seu porte, a saber, agricultores e/ou pecuaristas proprietários <strong>de</strong> áreas na<br />

faixa <strong>de</strong> 100 m ou que a engloba, que po<strong>de</strong>m ser dividi<strong>do</strong>s entre os resi<strong>de</strong>ntes na proprieda<strong>de</strong><br />

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(colonos) e os que resi<strong>de</strong>m em outra localida<strong>de</strong>. Entre pequenos e gran<strong>de</strong>s proprietários;<br />

proprietários <strong>de</strong> casas <strong>de</strong> veraneio e <strong>de</strong> pousadas; outros atores.<br />

Agricultores e/ou Pecuaristas<br />

O termo “Colonos”, nesta pesquisa refere-se aos proprietários <strong>de</strong> pequenas e médias<br />

proprieda<strong>de</strong>s (menos <strong>de</strong> 100 ha), localizadas na faixa <strong>de</strong> 100 metros ou em áreas que a engloba, que<br />

nelas resi<strong>de</strong>m e a utilizam para agricultura, silvicultura e/ou pecuária. Muitos são proprietários <strong>de</strong><br />

áreas remanescentes ou reassenta<strong>do</strong>s na própria região, a partir da junção <strong>de</strong> pequenas áreas,<br />

inviáveis aos antigos proprietários. Portanto, estes atores sociais passaram por mudanças<br />

substanciais em suas vidas, o que lhes permite uma análise acurada sobre os temas aqui propostos.<br />

A maioria <strong>do</strong>s colonos entrevista<strong>do</strong>s (agricultores e pecuaristas) são antigos mora<strong>do</strong>res ou<br />

seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. De acor<strong>do</strong> com as entrevistas, há um certo padrão no que se refere às<br />

consi<strong>de</strong>rações sobre o reservatório, sobre o significa<strong>do</strong> que este tem em suas vidas. O discurso, neste<br />

senti<strong>do</strong>, é bastante uniforme, fruto <strong>de</strong> um movimento político amplo, ou seja, <strong>de</strong> que os<br />

proprietários com restrições <strong>de</strong>correntes da existência <strong>do</strong> reservatório sejam in<strong>de</strong>niza<strong>do</strong>s. A maioria<br />

<strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s incluí<strong>do</strong>s na categoria “colonos” afirmaram enten<strong>de</strong>r as razões da preservação da<br />

faixa <strong>de</strong> 100 metros. Mas afirmam serem injustiça<strong>do</strong>s, pois têm <strong>de</strong> arcar com um prejuízo <strong>de</strong>corrente<br />

<strong>de</strong>stas restrições, ou seja, <strong>do</strong> não uso <strong>de</strong> boa parte <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s, conforme exposto no item<br />

5.4.2.3.<br />

“Ficaremos sem nada se tirarem os 100 metros. Nós temos nascentes, e o rio que atravessa o terreno”.<br />

Os colonos são quase to<strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res antigos ou filhos <strong>do</strong>s que tiveram suas terras alagadas.<br />

Ao compararem suas vidas com a anterior, queixam-se que sua vida piorou em relação às condições<br />

<strong>de</strong> produção. Quan<strong>do</strong> viviam no vale <strong>do</strong> rio Iguaçu, após terem <strong>de</strong>sbrava<strong>do</strong> a terra que era fértil e<br />

plana, em condições <strong>de</strong> produção mais fáceis, a produtivida<strong>de</strong> era maior. Por outro la<strong>do</strong>, antes da<br />

represa, as condições <strong>de</strong> vida eram precárias, principalmente, em termos <strong>de</strong> infra-estrutura. Desta<br />

forma, as primeiras observações <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s dizem respeito a alguns fatos contraditórios:<br />

enten<strong>de</strong>m que a energia elétrica é importante para o país e que os municípios foram beneficia<strong>do</strong>s,<br />

mas que os confrontantes, apesar <strong>de</strong> alguns benefícios, foram prejudica<strong>do</strong>s no processo <strong>de</strong><br />

construção da UHE, conforme relatam três colonos <strong>de</strong> Cruz Macha<strong>do</strong>: “Trouxe conhecimento, antes o<br />

povo não conhecia nada, vivia nesse fim <strong>de</strong> mun<strong>do</strong>. Os órgãos públicos não davam bola pro lugar.<br />

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Mas nós mandava no lugar. Hoje tu<strong>do</strong> melhorou, a vida ficou mais fácil”.<br />

Ou então: “Os benefícios foram a energia elétrica, que não tinha; a gela<strong>de</strong>ira era a gás e mais<br />

as estradas. Quanto às dificulda<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>ro a perda <strong>de</strong> seis alqueires <strong>de</strong> terra.” “Ficou pouca área<br />

para o cultivo, tem muita água nas minhas terras...”<br />

Ao respon<strong>de</strong>r à pergunta se sua situação melhorou ou piorou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a implantação da UHE,<br />

um <strong>do</strong>s colonos afirma “Acho que <strong>de</strong>svalorizou a proprieda<strong>de</strong>, e agora com os 100 metros mais ainda”.<br />

Sobre os benefícios, relatam que a região em que moram progrediu com a construção <strong>de</strong><br />

estradas e pontes, com o crescimento das cida<strong>de</strong>s e melhorias <strong>do</strong>s diversos serviços públicos: “Com o<br />

reservatório mais vantagem, agora tem luz. Ou ainda: “Facilitou, também o acesso que era muito<br />

difícil quan<strong>do</strong> inundava”.<br />

Além <strong>do</strong>s problemas relativos à produção, há os problemas típicos <strong>de</strong> pequenas proprieda<strong>de</strong>s,<br />

como as dificulda<strong>de</strong>s no processo <strong>de</strong> herança, com a subdivisão <strong>de</strong> áreas que já são insuficientes. Na<br />

medida em que as famílias aumentam, acabam subdividin<strong>do</strong> suas áreas, distribuin<strong>do</strong>-as entre os<br />

her<strong>de</strong>iros. Desta forma, há um <strong>de</strong>sestímulo <strong>de</strong> muitos proprietários, por não verem futuro para os<br />

filhos. Mas, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, a principal dificulda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s colonos está em se a<strong>de</strong>quar à legislação<br />

ambiental, incluin<strong>do</strong> a preservação da faixa <strong>de</strong> 100 metros <strong>do</strong> reservatório e a preservação <strong>de</strong><br />

nascentes e cursos d’água <strong>de</strong>ntro da proprieda<strong>de</strong>, conforme reclamação <strong>de</strong> um pequeno produtor<br />

em Cruz Macha<strong>do</strong>.<br />

“Ficaremos sem nada se tirarem os 100 metros. Nós temos nascentes, e o rio que atravessa o<br />

terreno”.<br />

To<strong>do</strong>s os entrevista<strong>do</strong>s confirmaram tais dificulda<strong>de</strong>s e que afirmaram que, se as autorida<strong>de</strong>s<br />

quiserem agir <strong>de</strong>vem, em primeiro lugar, dialogar com os confrontantes.<br />

Possíveis pendências quanto ao reassentamento ou in<strong>de</strong>nizações<br />

A UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> foi construída em um perío<strong>do</strong> on<strong>de</strong> a legislação não era tão exigente<br />

como é hoje, no que diz respeito aos processos <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nização e reassentamentos. Desta forma,<br />

apesar <strong>do</strong> Proghrama <strong>de</strong> reassentamento, alguns passivos restaram e, para certos entrevista<strong>do</strong>s, isto<br />

seria injusto, pois em outros casos, como em Salto Caxias, os atingi<strong>do</strong>s teriam recebi<strong>do</strong> propostas<br />

melhores. Um entrevista<strong>do</strong> afirmou, “A dificulda<strong>de</strong> foi a baixa in<strong>de</strong>nização, mas foi paga”. Outro<br />

entrevista<strong>do</strong> afirmou o seguinte: Fui in<strong>de</strong>niza<strong>do</strong>, mas não achei justo o valor e agora querem mais<br />

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100 metros! Em outro caso, “A in<strong>de</strong>nização foi baixa e a Copel não aju<strong>do</strong>u na nova plantação”.<br />

Em casos assim, é difícil saber exatamente qual a verda<strong>de</strong>ira situação, o que exigiria um<br />

estu<strong>do</strong> mais aprofunda<strong>do</strong>. Mas o fato é que, para muitos colonos e ocupantes <strong>do</strong> entorno, há um<br />

sentimento <strong>de</strong> injustiça e <strong>de</strong> perda e ainda há expectativa <strong>de</strong> que possam ser reassenta<strong>do</strong>s ou<br />

in<strong>de</strong>niza<strong>do</strong>s.<br />

Consi<strong>de</strong>rações sobre o efeito <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s no reservatório<br />

Em relação aos efeitos <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s sobre o lago, a maioria – basicamente pequenos<br />

produtores - não as consi<strong>de</strong>ra como um problema, pois acreditam que as lavouras estariam longe da<br />

beira e os pequenos rebanhos, isoladamente, não produzem efeito no reservatório: “Se ficar longe das<br />

margens as roças não tem problemas e o ga<strong>do</strong> é só não criar muito. Tem gente que exagera e não liga pro<br />

lago, mas se controlar então não traz risco”.<br />

Outros consi<strong>de</strong>ram que os problemas se restringem apenas aos ribeirões <strong>de</strong>ntro da<br />

proprieda<strong>de</strong>. Ao ser indaga<strong>do</strong> sobre os cuida<strong>do</strong>s ambientais que toma na proprieda<strong>de</strong>, um colono<br />

que estava justamente <strong>de</strong>smatan<strong>do</strong> a beira <strong>do</strong> lago afirmou “Não faz plantação na margem <strong>do</strong> rio. Cui<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> arroio, a gente não <strong>de</strong>smata <strong>de</strong>ixa uns 10 /15 metros <strong>de</strong> distância da lavoura”.<br />

O uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos agrícolas entre os agricultores entrevista<strong>do</strong>s é geral e, na opinião da<br />

maioria <strong>de</strong>stes, seria feito da maneira correta, incluin<strong>do</strong> a tríplice lavagem e a <strong>de</strong>volução das<br />

embalagens nas lojas, por isso não traria problemas.<br />

Os gran<strong>de</strong>s proprietários, majoritariamente, não resi<strong>de</strong>m no local. Nas entrevistas,<br />

mostraram-se mais reticentes em relação ao reflorestamento das margens, já que as áreas seriam<br />

muito extensas. Em resumo, se dispõem a participar <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> reflorestamento das<br />

margens, mas <strong>de</strong>ixam claro que <strong>de</strong>sejam ser in<strong>de</strong>niza<strong>do</strong>s e que o processo fique a cargo da Copel.<br />

Os gran<strong>de</strong>s e médios proprietários<br />

Os gran<strong>de</strong>s proprietários, majoritariamente, não resi<strong>de</strong>m no local. Nas entrevistas,<br />

mostraram-se mais reticentes em relação ao reflorestamento das margens, já que as áreas seriam<br />

muito extensas.<br />

As gran<strong>de</strong>s e médias proprieda<strong>de</strong>s (maiores que 40 ha) localizadas na faixa <strong>de</strong> 100 metros ou<br />

que a abrangem caracterizam-se, principalmente, por ativida<strong>de</strong>s relativas à pecuária ou<br />

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reflorestamentos, isto se explica pela <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta faixa. A maior parte <strong>do</strong> rebanho é <strong>de</strong> ga<strong>do</strong><br />

bovino, mas há também, rebanhos <strong>de</strong> ovinos e caprinos. Uma visão panorâmica <strong>do</strong> meio <strong>do</strong> lago<br />

permite visualizar a extensão das pastagens que, muitas vezes, se esten<strong>de</strong>m até a beira <strong>do</strong> lago. Não<br />

é raro se observar o rebanho, principalmente, ovinos e caprinos pastan<strong>do</strong> junto à beira, entre o pasto<br />

e os remanescentes <strong>de</strong> mata ciliar. Há algumas áreas <strong>de</strong> reflorestamento, mas estas se esten<strong>de</strong>m<br />

para além da faixa e raramente vão até a beira <strong>do</strong> lago.<br />

Autorida<strong>de</strong>s municipais<br />

Segun<strong>do</strong> autorida<strong>de</strong> entrevistada, o município <strong>de</strong> União da Vitória não recebe nenhum valor a<br />

título <strong>de</strong> royalties ou compensação financeira em função <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

Consi<strong>de</strong>rações sobre a relação com a COPEL<br />

O representante <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Pinhão, em entrevista concedida especialmente para o<br />

presente estu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>clarou que a Copel é "uma empresa fechada quanto ao relacionamento com a<br />

socieda<strong>de</strong> e com os municípios". Esta impressão é marcada pela suposta omissão da Copel diante <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mandas sociais que, segun<strong>do</strong> ele, implicam ação por parte da mesma, como é o caso da<br />

responsabilida<strong>de</strong> sobre os resíduos sóli<strong>do</strong>s em Faxinal <strong>do</strong> Céu ou uma gestão mais a<strong>de</strong>quada das<br />

áreas <strong>do</strong> reservatório que são ocupadas irregularmente por terceiros. Em resumo, “a Copel só vê o<br />

que é bom pro la<strong>do</strong> <strong>de</strong>la, porém, ela tem um passivo muito gran<strong>de</strong>”. O entrevista<strong>do</strong> justifica a<br />

ausência <strong>de</strong> uma política pública municipal em razão da responsabilida<strong>de</strong> sobre os reservatórios ser<br />

<strong>de</strong> competência exclusiva da Copel e não <strong>do</strong>s municípios.<br />

Outra reclamação diz respeito ao futuro aterro sanitário. O entrevista<strong>do</strong> afirmou que o aterro<br />

sanitário <strong>do</strong> município encontra-se em processo <strong>de</strong> licenciamento. Já o atual <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> resíduos,<br />

construí<strong>do</strong> pela Copel, nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Faxinal <strong>do</strong> Céu aten<strong>de</strong> a to<strong>do</strong> o município <strong>de</strong> Pinhão.<br />

Contu<strong>do</strong>, é atualmente, objeto <strong>de</strong> um Termo <strong>de</strong> Ajustamento <strong>de</strong> Conduta, em que o Ministério<br />

Público <strong>de</strong>termina a <strong>de</strong>sativação e encerramento <strong>do</strong> mesmo. O informante fez questão <strong>de</strong> enfatizar a<br />

recusa da empresa Copel no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> colaborar com a municipalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pinhão no custeio <strong>do</strong><br />

novo aterro sanitário, seja em planejamento, seja na implantação ou operação.<br />

Quanto à estrada que margeia o reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, esta ten<strong>de</strong> a facilitar o acesso<br />

da população ao reservatório, contu<strong>do</strong> a Copel seria omissa na sua gestão, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o<br />

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entrevista<strong>do</strong>.<br />

Consi<strong>de</strong>rações sobre a relação com a SANEPAR<br />

Um secretário municipal <strong>de</strong> União da Vitória, em entrevista, <strong>de</strong>monstrou gran<strong>de</strong> preocupação<br />

em relação à questão <strong>do</strong> saneamento. Segun<strong>do</strong> ele, existe gran<strong>de</strong> discordância entre, por um la<strong>do</strong>, o<br />

po<strong>de</strong>r público municipal juntamente com outros agentes locais e, por outro, a empresa responsável<br />

pela coleta e tratamento <strong>de</strong> esgoto (SANEPAR) sobre o percentual <strong>de</strong>ste efluente que é coleta<strong>do</strong> e<br />

trata<strong>do</strong>. O representante municipal <strong>de</strong>screveu algumas situações em locais específicos da cida<strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> é possível verificar o fluxo <strong>de</strong> esgotos <strong>de</strong>speja<strong>do</strong>s nas galerias ou canalizações pluviais.<br />

Salientou, ainda, que esta situação é especialmente grave, pois a posição geográfica específica das<br />

cida<strong>de</strong>s conurbadas <strong>de</strong> União da Vitória/PR e Porto União/SC - assim como os <strong>de</strong>mais aspectos <strong>de</strong><br />

suas urbanizações, em relação ao rio Iguaçu e seus afluentes, é apontada como fator importante para<br />

o aumento da poluição <strong>de</strong>ste rio.<br />

Desse mo<strong>do</strong>, o entrevista<strong>do</strong> não fez questão <strong>de</strong> ocultar a insatisfação da atual administração<br />

pública municipal com a empresa responsável pelo saneamento citan<strong>do</strong>, durante a entrevista, uma<br />

frase proferida pelo presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sta empresa em encontro oficial - realiza<strong>do</strong> algum tempo antes -<br />

quan<strong>do</strong> o mesmo foi questiona<strong>do</strong> sobre a qualida<strong>de</strong> da água tratada: "Que o povo beba perfume"<br />

teria dito o presi<strong>de</strong>nte da Sanepar referin<strong>do</strong>-se às críticas sobre o o<strong>do</strong>r e/ou paladar da água<br />

oferecida para o consumo humano em União da Vitória.<br />

A ocorrência <strong>de</strong>sse fato foi informada <strong>de</strong> maneira semelhante durante a entrevista realizada<br />

em outra ocasião com um representante <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Porto União/SC.<br />

Consi<strong>de</strong>rações sobre a relação com os órgãos <strong>de</strong> proteção ambiental<br />

Segun<strong>do</strong> o entrevista<strong>do</strong>, os órgãos ambientais também agiriam <strong>de</strong> forma semelhante. No<br />

caso, por exemplo, da interdição <strong>do</strong> reservatório por causa das algas azuis, os municípios não foram<br />

consulta<strong>do</strong>s e isto trouxe prejuízos não só aos confrontantes como ao próprio município.<br />

Segun<strong>do</strong> ele, os proprietários das pousadas estabelecidas na margem <strong>do</strong> reservatório têm o<br />

seu negócio prejudica<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> a pesca no reservatório é interditada como aconteceu por<br />

<strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> IAP em função <strong>do</strong> aparecimento <strong>de</strong> algas consi<strong>de</strong>radas tóxicas. Além disso, julga<br />

que é possível realizar algum uso <strong>de</strong>stas áreas, como a criação <strong>de</strong> abelhas e, talvez, <strong>de</strong> frutíferas. Isto,<br />

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no entanto, não é bem visto pelos órgãos ambientais que, na visão <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong>, seriam<br />

“puristas”, isto é, não aceitam interferência ou uso daquela faixa. Afirmou, ainda, que tal problema<br />

vai gerar gran<strong>de</strong> tensão e “dificilmente resolverão na conversa”, ou seja, <strong>de</strong>verá ficar a cargo da<br />

justiça.<br />

Já um secretário municipal <strong>de</strong> Bituruna, entrevista<strong>do</strong> durante a pesquisa <strong>de</strong> campo, queixou-<br />

se da falta <strong>de</strong> informação técnica relativa às obrigações ambientais que <strong>de</strong>veriam ser fornecidas pelo<br />

IAP. Destacou que o IAP não tem respondi<strong>do</strong> a projetos e não tem realiza<strong>do</strong> as vistorias solicitadas<br />

pelo município. Segun<strong>do</strong> o secretário, como "o IAP não faz a sua parte o colono <strong>de</strong>smata".<br />

5.4.3 Resumo das não conformida<strong>de</strong>s nos usos das águas e <strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s solos no entorno <strong>do</strong><br />

reservatório<br />

Conforme sse constata neste estu<strong>do</strong>, o impacto sofri<strong>do</strong> pelo reservatório em função <strong>do</strong>s<br />

subefeitos das ativida<strong>de</strong>s humanas distingue-se substancialmente pelo caráter urbano ou rural <strong>de</strong>stas<br />

ativida<strong>de</strong>s. Neste senti<strong>do</strong>, uma atenção especial <strong>de</strong>ve ser dirigida às aglomerações urbanas <strong>de</strong> União<br />

da Vitória e Porto União e, em menor escala, <strong>de</strong> Porto Vitória. A se<strong>de</strong> urbana <strong>de</strong>stes municípios<br />

encontra-se às margens <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, constituin<strong>do</strong>-se em pólos regionais que<br />

abrigam populações <strong>de</strong> números acima da média da região e com intensa ativida<strong>de</strong> econômica. Além<br />

<strong>do</strong> mais, no tocante ao impacto da ativida<strong>de</strong> humana nas áreas rurais lin<strong>de</strong>iras ao reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>stacar que estes municípios recebem gran<strong>de</strong> visitação <strong>de</strong> veranistas e<br />

pesca<strong>do</strong>res, entre outros, que contribuem para aumentar a pressão antrópica sobre o reservatório<br />

juntamente com agricultores e pecuaristas. A guisa <strong>de</strong> síntese, <strong>de</strong>stacam-se a seguir algumas não<br />

conformida<strong>de</strong>s que persistem quanto aos usos <strong>do</strong>s solos e das águas no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

5.4.3.1 Das Águas<br />

As principais não conformida<strong>de</strong>s com relação aos usos das águas são <strong>de</strong>scritas a seguir.<br />

• Persistem os usos náuticos sem que os opera<strong>do</strong>res <strong>de</strong> embarcações, na maioria <strong>do</strong>s<br />

casos, possuam a <strong>de</strong>vida habilitação. As embarcações utilizadas apresentam<br />

equipamentos precários para segurança e operação, registran<strong>do</strong>-se ainda a ausência<br />

<strong>de</strong> sinalização <strong>de</strong> qualquer natureza para orientação <strong>de</strong> navegantes.<br />

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• Persistem os lançamentos <strong>de</strong> efluentes <strong>do</strong>mésticos e industriais sem tratamento no rio<br />

Iguaçu e afluentes ao reservatório, embora haja coleta e tratamento parciais <strong>de</strong> uma<br />

parte <strong>de</strong>stes efluentes. Há gran<strong>de</strong> discordância entre o po<strong>de</strong>r público local e a<br />

empresa responsável pela coleta e tratamento <strong>de</strong>sses efluentes sobre a <strong>de</strong>stinação <strong>do</strong><br />

efluente e sua qualida<strong>de</strong>.<br />

• A lavagem e classificação da areia (separação da porção argilosa) nas águas <strong>do</strong> rio<br />

Iguaçu e afluentes ao reservatório continuam a ser realizadas embora sob severas<br />

restrições por parte <strong>do</strong>s órgãos ambientais. Um <strong>do</strong>s efeitos produzi<strong>do</strong>s pelas restrições<br />

da fiscalização e da aplicação da legislação é a contenção da expansão das áreas<br />

exploradas.<br />

• A <strong>de</strong>sse<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong> animais continua ocorren<strong>do</strong> em algumas proprieda<strong>de</strong>s rurais que<br />

<strong>de</strong>senvolvem a pecuária.<br />

A contaminação <strong>do</strong> lago por fontes <strong>de</strong> poluição urbana e industrial, bem como os eventos em<br />

que há processos <strong>de</strong> eutrofização (proliferação excessiva <strong>de</strong> algas), restringe substancialmente a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s usos múltiplos das águas <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>. Em 2008, a ocorrência <strong>de</strong><br />

algas no lago motivou os órgãos responsáveis a proibirem a pesca e o consumo <strong>de</strong> peixes durante<br />

alguns meses <strong>do</strong> ano.<br />

As ativida<strong>de</strong>s minerárias <strong>de</strong> lavagem e classificação da areia com liberação <strong>de</strong> argila produzem<br />

impactos negativos diversos sobre a qualida<strong>de</strong> da água <strong>do</strong> reservatório. A formação <strong>de</strong> cavas também<br />

é outro fator negativo, pois ocasiona o alagamento artificial <strong>de</strong> áreas adjacentes e provoca a<br />

supressão da mata ciliar ou dificulta a sua regeneração.<br />

A <strong>de</strong>sse<strong>de</strong>ntação <strong>de</strong> animais, além <strong>de</strong> ocasionar a intensificação <strong>de</strong> processos erosivos <strong>do</strong><br />

solo, é fator <strong>de</strong>gradante das áreas <strong>de</strong> preservação permanente. Em algumas situações, quan<strong>do</strong> as<br />

instalações <strong>de</strong>stinadas ao trato <strong>do</strong>s animais encontram-se <strong>de</strong>masiadamente próximas <strong>do</strong><br />

reservatório, ocorre a contaminação das águas pelo lançamento <strong>de</strong> resíduos sóli<strong>do</strong>s e efluentes sem<br />

o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> tratamento.<br />

5.4.3.2 Dos Solos<br />

As principais não conformida<strong>de</strong>s com relação aos usos <strong>do</strong>s solos são <strong>de</strong>scritas a seguir.<br />

• Existência <strong>de</strong> algumas ocupações in<strong>de</strong>vidas nas áreas <strong>de</strong>sapropriadas pela COPEL não<br />

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obstante o trabalho sistemático que vem sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela mesma, no intuito<br />

<strong>de</strong> reduzir ou eliminar as ocupações existentes e evitar o surgimento <strong>de</strong> novas<br />

ocupações. Estas ocupações ocorrem principalmente na faixa <strong>de</strong> segurança, entre as<br />

cotas 742,0 m e 745,0 m e na faixa marginal <strong>de</strong> preservação permanente;<br />

• Lançamento <strong>de</strong> resíduos sóli<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma ina<strong>de</strong>quada por parte <strong>do</strong>s resi<strong>de</strong>ntes ou<br />

ocupantes esporádicos das proprieda<strong>de</strong>s lin<strong>de</strong>iras.<br />

• Persiste a disposição <strong>de</strong> areia e a existência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s cavas abertas e não<br />

recuperadas nas margens <strong>do</strong> rio Iguaçu, especialmente em União da Vitória;<br />

• Extração ou produção <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira para obtenção <strong>de</strong> carvão vegetal.<br />

A questão das ocupações in<strong>de</strong>vidas tem apresenta<strong>do</strong> relativa melhora <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à atuação<br />

específica da Copel que tem realiza<strong>do</strong> negociações pacíficas ou litigiosas com proprietários que<br />

edificaram irregularmente. Os problemas mais graves permanecem nas regiões urbanas <strong>de</strong> União da<br />

Vitória e Porto Vitória. Ao contrário <strong>de</strong> veranistas, agricultores ou pecuaristas, as populações urbanas<br />

que se fixam às margens <strong>de</strong> rios o fazem compelidas por um sistema social exclu<strong>de</strong>nte e <strong>de</strong>sigual.<br />

Nestes casos, o problema não po<strong>de</strong> ser visto apenas como o interesse priva<strong>do</strong> (como o <strong>de</strong> um<br />

proprietário <strong>de</strong> uma casa, pousada ou fazenda) contra o interesse coletivo (a socieda<strong>de</strong>). Trata-se <strong>de</strong><br />

um tipo <strong>de</strong> interesse coletivo, <strong>de</strong> uma certa minora no senti<strong>do</strong> antropológico da palavra, (<strong>de</strong> alguns<br />

pobres) contra o interesse <strong>de</strong> uma maioria, também em seu senti<strong>do</strong> antropológico (socieda<strong>de</strong>). Não<br />

se quer, ao se enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ssa forma, dizer que os pobres têm razão porque são pobres. Mas, apenas<br />

que, como a realida<strong>de</strong> tem <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong>, o ajuizamento <strong>de</strong> ações para forçá-los a <strong>de</strong>ixar o local não é<br />

eficaz, como também não é eficaz uma negociação pacífica embasada em argumentos racionais e<br />

civiliza<strong>do</strong>s que não contemple os seus interesses ou pelos menos as necessida<strong>de</strong>s básicas evi<strong>de</strong>ntes<br />

pela sua condição enquanto humana.<br />

O problema <strong>do</strong> lançamento <strong>de</strong> resíduos sóli<strong>do</strong>s é em geral mais grave nas zonas urbanas.<br />

Entretanto, o esforço coletivo <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> pela socieda<strong>de</strong> e pelo po<strong>de</strong>r público indica a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um futuro melhor com investimentos em aterros sanitários, compostagem e outras<br />

medidas que já apresentam resulta<strong>do</strong>s positivos. No entanto, o problema permanece, em menor<br />

escala nas zonas rurais, seja pela ativida<strong>de</strong> tipicamente rural ou pela presença e ação <strong>do</strong>s veranistas e<br />

outros atores originários das áreas urbanas.<br />

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5.4.4 Resumo da situação socioeconômica antes <strong>de</strong> 2001 e atual<br />

Uma preocupação geral visível quanto à gestão integrada <strong>do</strong> reservatório da usina <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Areia</strong> e <strong>do</strong> seu entorno diz respeito ao problema específico da ocupação das áreas lin<strong>de</strong>iras ao<br />

mesmo. As edificações existentes nas próprias áreas adquiridas pela COPEL às margens <strong>do</strong><br />

reservatório - que <strong>de</strong>veriam encontrar-se disponíveis para as emergências <strong>de</strong> operação em segurança<br />

com níveis eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> água - constituem-se em um problema prioritário. Em um outro nível <strong>de</strong><br />

priorida<strong>de</strong>s revela-se o problema das ocupações na faixa <strong>de</strong> 30 e <strong>de</strong> 100 metros para além <strong>do</strong> ponto<br />

atingi<strong>do</strong> pelas águas <strong>do</strong> reservatório quan<strong>do</strong> a usina opera em seu nível máximo <strong>de</strong> água. Neste<br />

último caso, não apenas as edificações revelam-se um obstáculo, mas também outros tipos <strong>de</strong> usos<br />

<strong>do</strong>s solos e das águas como as ativida<strong>de</strong>s agrossilvopastoris, a pesca, piscicultura, mineração, etc.<br />

Enquanto a preocupação com a não ocupação da faixa <strong>de</strong> segurança aten<strong>de</strong> a uma <strong>de</strong>manda<br />

interna e mais imediatista, que é a produção <strong>de</strong> energia elétrica, o problema da faixa <strong>de</strong> 30 ou 100<br />

metros reflete uma questão <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m mais geral que é a recuperação e conservação das áreas <strong>de</strong><br />

proteção ambiental permanentes estabelecidas na legislação e reiteradamente cobrada por diversos<br />

atores sociais e estatais não só no Brasil, mas no mun<strong>do</strong>. A rigor, a faixa <strong>de</strong> segurança pertence à<br />

COPEL e cabe à mesma <strong>de</strong>socupá-la, ação esta que vem sen<strong>do</strong> empreendida gradativamente.<br />

Contu<strong>do</strong>, a faixa <strong>de</strong> segurança está fisicamente integrada aos imóveis lin<strong>de</strong>iros e não há nenhum tipo<br />

<strong>de</strong> isolamento <strong>de</strong>stas áreas, salvo alguns poucos casos em que a COPEL adquiriu as terras nos trechos<br />

situa<strong>do</strong>s entre o reservatório e a estrada existente. Com relação às faixas <strong>de</strong> terras situadas para<br />

além <strong>de</strong> 30 ou 100 metros a situação é bem mais grave porque estas, em geral, são <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong><br />

privada.<br />

As campanhas <strong>de</strong> esclarecimento realizadas pela COPEL, juntamente com o trabalho <strong>de</strong><br />

negociação para solução <strong>de</strong> ocupações irregulares, têm contribuí<strong>do</strong> para a difusão da idéia da<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> isolamento da área <strong>de</strong> preservação permanente às margens <strong>do</strong> reservatório. Apesar<br />

disso, os proprietários entrevista<strong>do</strong>s são quase unânimes em reivindicar alguma in<strong>de</strong>nização, caso<br />

venham a ser impedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> utilizar parte <strong>de</strong> suas terras lin<strong>de</strong>iras ao reservatório. Alguns <strong>de</strong>stes<br />

proprietários expressaram o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> continuar usufruin<strong>do</strong> <strong>do</strong> reservatório e também das suas<br />

margens exploran<strong>do</strong> recursos que, no seu imaginário, po<strong>de</strong>riam se coadunar com a preservação<br />

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permanente da mata ciliar.<br />

Fenômenos como o aumento crescente da poluição das águas, a proliferação das algas tóxicas<br />

que exalam forte o<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sagradável e gran<strong>de</strong> variação <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> água, que em alguns casos<br />

inviabiliza a navegação, acabam funciona<strong>do</strong> como uma espécie <strong>de</strong> “controle” das construções<br />

irregulares, pois isto ten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>sestimular a implantação <strong>de</strong> novos empreendimentos. Em campo, foi<br />

observa<strong>do</strong> que há casos <strong>de</strong> proprietários <strong>de</strong> casas <strong>de</strong> veraneio que quase não as freqüentam ou<br />

<strong>de</strong>sejam ven<strong>de</strong>r a proprieda<strong>de</strong>.<br />

A maior conseqüência da poluição, proliferação <strong>de</strong> algas e da gran<strong>de</strong> variação <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> água<br />

é a atual dificulda<strong>de</strong> ou impossibilida<strong>de</strong> para usos múltiplos <strong>do</strong> reservatório. Tais problemas<br />

inviabilizam projetos <strong>de</strong> turismo, <strong>de</strong> pesca esportiva ou comercial, assim como irrigação ou<br />

abastecimento d’água. Ainda que em certos perío<strong>do</strong>s os problemas não sejam tão graves, nenhum<br />

projeto po<strong>de</strong> se efetivar caso existam inconstâncias, além <strong>do</strong> que, é uma temerida<strong>de</strong> à saú<strong>de</strong> pública<br />

qualquer projeto que <strong>de</strong>spreze a contaminação – ou risco – <strong>do</strong> reservatório.<br />

Este fato po<strong>de</strong> resultar em um zoneamento mais proibitivo, pois, pergunta-se: será possível<br />

evitar o problema da contaminação em <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, já que esta represa recebe uma enorme carga<br />

<strong>de</strong> efluentes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s municípios à montante?<br />

Um problema bastante significativo e que <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong> para a COPEL é<br />

a expectativa social em relação aos benefícios econômicos que os empreendimentos hidrelétricos<br />

<strong>de</strong>veriam propiciar aos municípios lin<strong>de</strong>iros. Esta enorme <strong>de</strong>manda tem manifestação evi<strong>de</strong>nte na<br />

percepção <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res municipais e foi captada durante entrevistas realizadas com os<br />

mesmos. Para os administra<strong>do</strong>res públicos locais, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> suas i<strong>de</strong>ologias ou parti<strong>do</strong>s<br />

políticos, a UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> po<strong>de</strong>ria ajudá-los em seus problemas muito mais <strong>do</strong> que vem fazen<strong>do</strong>.<br />

Esta expectativa social é potencializada diante <strong>do</strong> fato <strong>de</strong> a empresa gestora <strong>do</strong> empreendimento ser<br />

controlada diretamente pelo governo estadual e da percepção que se constrói a respeito disso.<br />

O levantamento minucioso que se fez neste estu<strong>do</strong> sobre indica<strong>do</strong>res econômicos e sociais e a<br />

subseqüente análise possibilitaram o conhecimento <strong>de</strong> uma significativa assimetria na distribuição da<br />

riqueza gerada por <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>. Quan<strong>do</strong> se discute o tema, em geral confun<strong>de</strong>m-se os benefícios<br />

financeiros <strong>de</strong> natureza compensatória - a que to<strong>do</strong>s têm direito, mas são escassos – com outros <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>m tributária – financeiramente mais expressivos, como o ICMS – <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s apenas ao município<br />

que sedia o empreendimento. A vantagem <strong>de</strong> alguns municípios sobre outros em matéria <strong>de</strong><br />

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benefícios recebi<strong>do</strong>s não é refletida diretamente como vantagem nas condições <strong>de</strong> vida <strong>do</strong>s cidadãos<br />

<strong>do</strong>s municípios mais beneficia<strong>do</strong>s.<br />

O conhecimento <strong>de</strong>stas questões <strong>de</strong>ve ser aprofunda<strong>do</strong> e passar a compor a agenda da gestão<br />

integrada da UHE e <strong>de</strong> seu reservatório. Ao contrário <strong>do</strong>s problemas liga<strong>do</strong>s à faixa <strong>de</strong> segurança e<br />

<strong>de</strong>mais faixas, este tem implicações com um imenso território que engloba a superfície <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

municípios atingi<strong>do</strong>s pelo reservatório e em conseqüência envolve um contingente populacional<br />

muito maior e não apenas os confrontantes. Convém salientar que os confrontantes são também<br />

cidadãos municipais e, na busca <strong>de</strong> legitimação <strong>de</strong> seus interesses, constroem re<strong>de</strong>s locais <strong>de</strong><br />

solidarieda<strong>de</strong> buscan<strong>do</strong> fundir as suas <strong>de</strong>mandas privadas com os interesses coletivos locais e<br />

regionais, o que os têm leva<strong>do</strong>, em última instância, a contrapor o fomento ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />

regional com a necessida<strong>de</strong> da preservação permanente.<br />

5.4.5 Atuação da COPEL na região da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

A Copel vem empreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ações primeiramente <strong>de</strong> esclarecimento aos proprietários e, na<br />

persistência ou falta <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>, <strong>de</strong> notificação judicial e processo. Nos últimos cinco anos, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com funcionários da Copel, a empresa resolveu agir com mais rigor com as ocupações irregulares na<br />

Faixa <strong>de</strong> Segurança. Neste senti<strong>do</strong>, há um levantamento das proprieda<strong>de</strong>s e edificações ali localizadas<br />

e os proprietários são notifica<strong>do</strong>s e recomenda<strong>do</strong>s a a<strong>de</strong>quá-las, inclusive, se for o caso, a retirá-las.<br />

No caso <strong>de</strong> não concordância ou <strong>de</strong>scaso quanto à notificação, o caso vai para a justiça. Deve-se<br />

salientar que já existem diversos processos em andamento.<br />

No Brasil, nas áreas <strong>do</strong> entorno <strong>de</strong> represas há muita pressão para ocupações e usos<br />

relaciona<strong>do</strong>s ao turismo e veraneio. Tal qual a pressão junto ao litoral brasileiro, há uma verda<strong>de</strong>ira<br />

“cultura” <strong>de</strong> veraneio e pesca, ou seja, isto consiste em uma “paixão nacional”, tanto no litoral como<br />

nos rios <strong>do</strong> interior. Com a construção da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e a consequente formação <strong>do</strong><br />

reservatório, alia<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong> controle inicial, houve uma corrida no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> se garantir “um lugar<br />

ao sol”, ou seja, uma área particular <strong>de</strong> lazer, <strong>de</strong> frente para o lago, com vista exuberante. No<br />

entanto, tais empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res não observaram ou <strong>de</strong>sprezaram as restrições legais. Há casos <strong>de</strong><br />

proprietários que afirmaram não saber, quan<strong>do</strong> da compra, das restrições. Mas a maioria <strong>de</strong>stes<br />

proprietários são cidadãos esclareci<strong>do</strong>s e o fato <strong>de</strong> simplesmente assinarem “contratos” <strong>de</strong> compra<br />

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<strong>de</strong>monstra que, na verda<strong>de</strong>, já sabiam das restrições.<br />

Em geral, tais casos acontecem, conforme observa<strong>do</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a uma postura patrimonialista<br />

<strong>de</strong> muitos cidadãos - incluin<strong>do</strong> muitas autorida<strong>de</strong>s públicas - ou seja, não diferenciam ou <strong>de</strong>sprezam<br />

o caráter público <strong>do</strong> reservatório, tratan<strong>do</strong>-o como se fosse proprieda<strong>de</strong> particular. Desenvolvem<br />

suas ações como se não existissem restrições e como se a justiça não os alcançasse. Desta forma, a<br />

maioria <strong>do</strong>s proprietários com edificações irregulares na cota <strong>de</strong> segurança são cidadãos <strong>de</strong> classe<br />

média ou alta, com recursos suficientes para construírem amplas casas <strong>de</strong> veraneio e que tem<br />

condições <strong>de</strong> “arriscar” construin<strong>do</strong> em área ilegal. De acor<strong>do</strong> com o levantamento <strong>de</strong> campo e com<br />

levantamento da Copel, o padrão da maioria <strong>de</strong>stas proprieda<strong>de</strong>s é alto, embora existam muitas<br />

residências mais simples. Mas mesmo estas pertencem a cidadãos <strong>de</strong> classe média <strong>de</strong> municípios<br />

lin<strong>de</strong>iros ou da região.<br />

Tais casos não se constituiriam em problema, não fosse o fato <strong>de</strong> que tais edificações são<br />

irregulares ou – mais especificamente, invasão <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> alheia. Além disso, em sua totalida<strong>de</strong>,<br />

contribuem para agravar os efeitos antrópicos danosos ao reservatório, como <strong>de</strong>sbarrancamentos (a<br />

partir da retirada da mata ciliar) e <strong>de</strong> poluição (efluentes <strong>do</strong>mésticos, combustíveis <strong>de</strong> barcos,<br />

resíduos diversos, entre outros).<br />

A UHE <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> foi construída em um perío<strong>do</strong> em que a legislação não previa o<br />

processo <strong>de</strong> reassentamento. Desta forma, para alguns entrevista<strong>do</strong>s, isto seria injusto, pois em<br />

outros casos, como ocorre em Segre<strong>do</strong>, os atingi<strong>do</strong>s teriam recebi<strong>do</strong> in<strong>de</strong>nizações melhores. Nas<br />

palavras <strong>de</strong> um colono em Cruz Macha<strong>do</strong>.<br />

Fui in<strong>de</strong>niza<strong>do</strong>, mas não achei justo o valor e agora querem mais 100 metros!!! Pagaram<br />

muito pouco, a Copel avisou que a água iria subir.<br />

Ou então, um outro colono, no mesmo município “A in<strong>de</strong>nização foi baixa, e a Copel não<br />

aju<strong>do</strong>u na nova plantação”.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, como a UHE foi construída a mais tempo – anos 70 e 80 – há uma espécie <strong>de</strong><br />

conformismo, ou seja, as coisas já estariam estabelecidas. Outros orgulham-se <strong>de</strong> terem trabalha<strong>do</strong><br />

nas obras da usina.<br />

O representante <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Bituruna, fazen<strong>do</strong> uma comparação entre as usinas <strong>de</strong> <strong>Foz</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e Segre<strong>do</strong>, <strong>de</strong>clarou que a construção da primeira, da forma como foi feita, significou "uma<br />

aberração para Bituruna". Ele próprio confessou ser "filho <strong>de</strong> um retirante da usina <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>".<br />

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Segun<strong>do</strong> ele, parte da indigência presente no município até aos dias atuais ainda é resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>scaso com as questões sociais relativas à relocação <strong>de</strong> pessoas.<br />

O representante enten<strong>de</strong> que, mais tar<strong>de</strong>, no processo <strong>de</strong> construção da usina <strong>de</strong> Segre<strong>do</strong>,<br />

muitos <strong>de</strong>sses problemas não voltaram a ocorrer. Ele sugere que isto po<strong>de</strong> ser resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> um<br />

aprendiza<strong>do</strong> com a experiência anterior em <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>. Deve-se consi<strong>de</strong>rar também as mudanças<br />

políticas e sociais ocorridas no perío<strong>do</strong>. Um exemplo aponta<strong>do</strong> pelo representante para ilustrar o<br />

novo modus operandi foi a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> construir em Segre<strong>do</strong> uma estrada margean<strong>do</strong> toda a extensão<br />

<strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> maneira a estabelecer, <strong>de</strong> uma vez por toda, uma área <strong>de</strong> preservação<br />

inquestionável. Alguns entrevista<strong>do</strong>s aludiram também este aspecto particular que distingue os <strong>do</strong>is<br />

reservatórios e seus problemas ambientais. De acor<strong>do</strong> com funcionários da Copel, a estrada marginal<br />

ao reservatório <strong>de</strong> Segre<strong>do</strong> teria si<strong>do</strong> uma compensação já que as vias então existentes tornaram-se<br />

submersas.<br />

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6 ZONEAMENTO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DE FOZ DO AREIA<br />

O reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, como i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> no diagnóstico ambiental, além da<br />

produção <strong>de</strong> energia, já vem sen<strong>do</strong> objeto <strong>de</strong> usos múltiplos. Após o enchimento <strong>do</strong> reservatório,<br />

houve aumento no interesse da exploração das águas e <strong>do</strong>s solos no seu entorno, especialmente com<br />

objetivos <strong>de</strong> recreação e lazer. Pela gran<strong>de</strong> extensão da área que abrange, ainda apresenta um<br />

potencial significativo para implantação <strong>de</strong> usos múltiplos, como forma <strong>de</strong> contribuir para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento social e econômico <strong>do</strong>s municípios circunvizinhos e melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida<br />

das respectivas populações.<br />

No entanto, é fundamental que haja um planejamento criterioso na implantação <strong>de</strong> projetos<br />

futuros, assim como um redirecionamento <strong>do</strong>s usos e ocupações que vieram se estabelecen<strong>do</strong> ao<br />

longo <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada. O aumento da pressão sobre os recursos naturais,<br />

especialmente hídricos, pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização múltipla, requer ações integradas.<br />

São necessárias a<strong>de</strong>quações com relação às ocupações in<strong>de</strong>vidas nas Áreas <strong>de</strong> Preservação<br />

Permanente e às práticas que vem sen<strong>do</strong> utilizadas no manejo <strong>do</strong>s solos para agricultura, criação <strong>de</strong><br />

animais e exploração <strong>do</strong>s recursos naturais (água, ma<strong>de</strong>ira, areia, argila), aspectos estes que foram<br />

i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s no diagnóstico ambiental. As ativida<strong>de</strong>s humanas precisam se a<strong>de</strong>quar às características<br />

<strong>do</strong> ambiente físico e biótico <strong>do</strong> local on<strong>de</strong> estão sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvidas (tipo <strong>de</strong> solo, cobertura vegetal,<br />

relevo, aptidão agrícola, biota). O saneamento básico regional precisa ser melhora<strong>do</strong> para que o<br />

ambiente seja capaz <strong>de</strong> suportar novas ativida<strong>de</strong>s e para que a saú<strong>de</strong> das populações seja assegurada<br />

e, na medida <strong>do</strong> possível, melhorada.<br />

Desta forma, para elaboração das categorias (zonas) que compreen<strong>de</strong>m o zoneamento<br />

apresenta<strong>do</strong> neste <strong>Plano</strong> <strong>Ambiental</strong> levaram-se em conta aspectos sócio-ambientais da região,<br />

interesses das comunida<strong>de</strong>s locais, exigências legais, recomendações técnicas e requerimentos para<br />

sustentabilida<strong>de</strong> ambiental.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste zoneamento é indicar os locais mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para as ativida<strong>de</strong>s antrópicas<br />

atuais e potenciais no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, assim como estabelecer zonas com<br />

fim específico <strong>de</strong> proteção <strong>do</strong> ambiente natural.<br />

De gran<strong>de</strong> relevância ambiental, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> zoneamento, é a manutenção da vegetação<br />

ciliar no entorno <strong>do</strong> reservatório e rios afluentes, pois além <strong>de</strong> constituírem as Áreas <strong>de</strong><br />

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Preservação Permanente (APP), <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as <strong>de</strong>terminações <strong>do</strong> Código Florestal (Lei N.º<br />

4771/1965) e Resoluções CONAMA N.º 302 e N.º 303/2002, a preservação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>ssa natureza<br />

garante importante função ambiental no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> "preservar os recursos hídricos, a paisagem, a<br />

estabilida<strong>de</strong> geológica, a biodiversida<strong>de</strong>, o fluxo gênico <strong>de</strong> fauna e flora, proteger o solo e assegurar o<br />

bem estar das populações humanas". Tais objetivos são almeja<strong>do</strong>s, especialmente, no projeto<br />

“<strong>Paraná</strong> Biodiversida<strong>de</strong>”.<br />

Enfatiza-se que, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma visão holística, preditiva e integrada para to<strong>do</strong> o ecossistema,<br />

as mudanças e ações propostas <strong>de</strong>verão ocorrer a médio e longo prazos, através <strong>de</strong> um "Comitê<br />

Gestor" composto pela COPEL, <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> - IAP, prefeituras <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong><br />

entorno, iniciativa privada, Organizações Não Governamentais - ONGs e comunida<strong>de</strong>s.<br />

Na <strong>de</strong>finição das zonas foi, efetivamente, utiliza<strong>do</strong> o conhecimento sócio-ambiental<br />

acumula<strong>do</strong> sobre a região e o arcabouço técnico e jurídico relaciona<strong>do</strong>s à questão ambiental,<br />

resultan<strong>do</strong> nos seguintes critérios básicos para o zoneamento:<br />

Tradição <strong>de</strong> uso: A tradição <strong>de</strong> uso foi consi<strong>de</strong>rada no caso das ocupações já estabelecidas na<br />

faixa <strong>do</strong>s 100 metros, partin<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> entendimento <strong>de</strong> que os respectivos ocupantes não <strong>de</strong>vem<br />

arcar com o ônus da aplicação tardia da lei, levan<strong>do</strong> em conta que as suas proprieda<strong>de</strong>s, por si, não<br />

se constituem em ameaça ao equilíbrio ambiental <strong>do</strong> reservatório e entorno. Assim, consi<strong>de</strong>ra-se<br />

<strong>de</strong>snecessário a relocação <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res fato que redundaria em prejuízo irreparável ao seu mo<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> vida. Entretanto é necessário coibir toda ocupação nova nesses locais, a partir da aprovação <strong>de</strong>sta<br />

revisão <strong>do</strong> plano diretor.<br />

Legislação vigente: Exceto o caso em que a tradição <strong>de</strong> uso prevaleceu sobre a interpretação<br />

peremptória da lei, nos <strong>de</strong>mais, o primeiro critério observa<strong>do</strong> para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> zona foi a legislação<br />

vigente. Reconhece-se, assim, que a legislação brasileira é suficientemente coesa e coerente para<br />

disciplinar as questões ambientais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja aplicada <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>mocrática e universal, e não<br />

aleatoriamente e fora <strong>do</strong> contexto histórico.<br />

A<strong>de</strong>quação técnica: Lançou-se mão <strong>de</strong> conhecimentos técnicos, como a <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

terreno, cobertura e tipologia <strong>do</strong> solo para <strong>de</strong>finir a localização e abrangência <strong>de</strong> zonas <strong>de</strong> ocupação<br />

antrópica ou não.<br />

Interesse conservacionista: Reforçan<strong>do</strong> o cunho ambientalista que um projeto <strong>de</strong>sta natureza<br />

tem que a<strong>do</strong>tar, toda a distribuição das zonas na área em análise teve como critério primordial o<br />

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interesse conservacionista, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se as áreas florestadas como intocáveis, uma vez que são<br />

elementos catalisa<strong>do</strong>res da recuperação ambiental que se processará a partir da efetivação <strong>do</strong><br />

zoneamento proposto. Por isso, o conjunto <strong>de</strong> formações florestais mais significativas ocorrentes na<br />

faixa <strong>do</strong>s 1.000 metros foram enquadradas como Zona <strong>de</strong> Preservação e Conservação <strong>Ambiental</strong>.<br />

O zoneamento proposto subdividiu a área <strong>do</strong>s 1.000 m no entorno <strong>do</strong> reservatório e a <strong>do</strong><br />

próprio lago em quatro zonas, sen<strong>do</strong> elas:<br />

• Zona <strong>de</strong> Segurança <strong>do</strong> Reservatório<br />

• Zona <strong>de</strong> Preservação e Conservação <strong>Ambiental</strong><br />

• Zona <strong>de</strong> Usos Múltiplos <strong>do</strong> Reservatório<br />

• Zona <strong>de</strong> Turismo e Lazer<br />

• Zona <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s Agrossilvopastoris<br />

• Zona Urbana<br />

A <strong>de</strong>scrição das zonas é apresentada na seqüência e o mapa referente ao zoneamento<br />

encontra-se no Volume II - Mapa 06 <strong>de</strong>ste plano.<br />

Para a elaboração <strong>do</strong> mapa <strong>de</strong> zoneamento, foram a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s os mesmos critérios já utiliza<strong>do</strong>s<br />

em COPEL (2002), tais como as características <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> (quan<strong>do</strong> elevadas, a vocação é <strong>de</strong><br />

preservação); proteção das nascentes <strong>do</strong>s rios, asseguran<strong>do</strong> a preservação da vegetação nos<br />

respectivos entornos; proteção e expansão das áreas florestais mais <strong>de</strong>nsas; uso para agricultura em<br />

áreas <strong>de</strong> pouca <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> e on<strong>de</strong> a vocação atual é agropastoril; áreas <strong>de</strong> lazer em espaços que se<br />

projetam para o interior <strong>do</strong> reservatório, que não interceptam os corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong><br />

o relevo é plano e o acesso é facilita<strong>do</strong> pela proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> travessia <strong>de</strong> balsas ou pela<br />

presença <strong>de</strong> estrutura viária; expansão <strong>de</strong> áreas urbanas para o interior <strong>do</strong>s municípios e não para o<br />

entorno <strong>do</strong>s rios e reservatórios.<br />

6.1 Zona <strong>de</strong> Segurança <strong>do</strong> Reservatório<br />

A Zona <strong>de</strong> Segurança compreen<strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> da COPEL, já constituídas e <strong>de</strong> uso e<br />

controle exclusivo, tanto para fins operacionais e <strong>de</strong> segurança da usina, como <strong>de</strong> proteção contra<br />

enchentes. Incluem-se nesta zona a barragem, áreas contíguas laterais, a porção <strong>do</strong> reservatório<br />

imediatamente a montante da barragem (nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> verte<strong>do</strong>uro e da tomada d'água), o rio<br />

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Iguaçu a jusante da barragem (na saída das águas vertidas e turbinadas), a subestação e a faixa <strong>de</strong><br />

segurança no entorno <strong>do</strong> reservatório.<br />

A faixa <strong>de</strong> segurança correspon<strong>de</strong> à faixa <strong>de</strong>sapropriada pela COPEL no entorno <strong>do</strong><br />

reservatório e a montante <strong>do</strong> mesmo (no rio Iguaçu, até as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> União da Vitória e Porto<br />

União) entre as cotas 742,0 m e 745,0 m, nas áreas rurais, e 742,0 m e 744,5 m, nas áreas urbanas.<br />

As áreas a montante e a jusante da barragem não se encontram, atualmente, <strong>de</strong>finidas pela<br />

COPEL. No entanto, com base Portaria <strong>do</strong> IBAMA N.º 21, <strong>de</strong> 09/03/1993, <strong>de</strong>termina-se que <strong>de</strong>verá<br />

ser mantida a faixa mínima <strong>de</strong> 200 metros a montante e a jusante da barragem, sen<strong>do</strong> que <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

tal limite é proibi<strong>do</strong> o exercício da pesca.<br />

As áreas <strong>de</strong> montante e jusante, compreendidas na Zona <strong>de</strong> Segurança <strong>do</strong> Reservatório,<br />

<strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong>vidamente sinalizadas através <strong>de</strong> bóias flutuantes e monitoradas pela equipe <strong>de</strong><br />

segurança da concessionária, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a impedir a utilização das suas águas para qualquer fim e<br />

evitar aci<strong>de</strong>ntes.<br />

Ressalta-se que a Zona <strong>de</strong> Segurança <strong>do</strong> Reservatório <strong>de</strong>stina-se exclusivamente para usos<br />

operacionais e <strong>de</strong> segurança da usina, sen<strong>do</strong> proibidas ocupações ou ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> qualquer natureza<br />

(lazer, pesca, recreação, habitações, entre outras), conforme aborda<strong>do</strong> em <strong>de</strong>talhes, no item 7.1.1.<br />

6.2 Zona <strong>de</strong> Preservação e Conservação <strong>Ambiental</strong><br />

Ao longo <strong>de</strong>ste trabalho foi <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> que a bacia <strong>do</strong> Iguaçu como um to<strong>do</strong> já sofreu<br />

severa <strong>de</strong>gradação ambiental e que a manutenção <strong>do</strong>s recursos naturais está bastante<br />

comprometida, haven<strong>do</strong> várias espécies da fauna e da flora em processo <strong>de</strong> extinção ou rarefação.<br />

Nessa situação, to<strong>do</strong>s os esforços <strong>de</strong>vem ser direciona<strong>do</strong>s para a manutenção e recuperação das<br />

florestas, pois elas formam a base essencial para a preservação da fauna e para a própria<br />

regeneração da sua diversida<strong>de</strong> específica, levan<strong>do</strong>-se em conta, ainda, que gran<strong>de</strong> parte da<br />

biodiversida<strong>de</strong> existente em pequenos nichos po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia para ampliar o conhecimento<br />

científico a respeito <strong>do</strong>s usos medicinais e terapêuticos, <strong>de</strong>ntre outros, visan<strong>do</strong> a melhoria da<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> ser humano.<br />

Assim, é bastante apropriada a <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> <strong>de</strong> prever um<br />

disciplinamento especial para o entorno <strong>do</strong>s reservatórios, com a instituição <strong>de</strong> uma faixa <strong>de</strong> 1.000<br />

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metros para a vigência <strong>do</strong>s seus planos diretores. Po<strong>de</strong>-se questionar se essa largura é suficiente ou<br />

não, mas a resposta <strong>de</strong>finitiva só será obtida com a realização <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s mais profun<strong>do</strong>s, que não<br />

po<strong>de</strong>m ser aguarda<strong>do</strong>s dada a urgência da situação. Dessa forma, essa largura <strong>de</strong> faixa <strong>de</strong>ve ser<br />

consi<strong>de</strong>rada como um ponto <strong>de</strong> partida, seguro, sujeito aos aperfeiçoamentos ao longo <strong>do</strong> tempo, à<br />

medida que aumente o conhecimento científico sobre as espécies mais sensíveis e a sua relação com<br />

o ecossistema como um to<strong>do</strong>.<br />

Nesse contexto, embora os remanescentes florestais existentes na faixa <strong>de</strong> 1.000 metros <strong>do</strong><br />

entorno <strong>do</strong> reservatório não possam ser enquadra<strong>do</strong>s num zoneamento específico, por estarem<br />

dispersos em toda a área <strong>de</strong>limitada, <strong>de</strong>verá haver uma fiscalização e um displinamento especial<br />

visan<strong>do</strong> a sua proteção, através da aplicação rigorosa das leis existentes. Adicionalmente, porém não<br />

menos importante, <strong>de</strong>ve ser promovida a recuperação das áreas <strong>de</strong> preservação permanente <strong>do</strong>s rios<br />

afluentes <strong>do</strong> reservatório, especialmente fora <strong>do</strong>s limites da faixa <strong>de</strong> 1.000 metros, cujo<br />

disciplinamento não é abrangi<strong>do</strong> pelas diretrizes <strong>de</strong>ste plano diretor. Esses rios têm papel<br />

fundamental para a reprodução das espécies <strong>de</strong> peixes, conforme estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelo NUPELIA<br />

e a sua <strong>de</strong>gradação repercute negativamente sobre a fauna <strong>do</strong> reservatório.<br />

Entretanto, para proteger o reservatório e minimizar o aporte <strong>de</strong> poluição hídrica através <strong>de</strong><br />

seus rios afluentes <strong>de</strong>verão ser instituídas as Zonas <strong>de</strong> Preservação e Conservação <strong>Ambiental</strong>, as<br />

quais serão constituídas por porções <strong>do</strong> lago localizadas na terminação <strong>do</strong>s braços <strong>do</strong> reservatório<br />

que recebem esses afluentes, pela sua importância como região <strong>de</strong> abrigo e <strong>de</strong> comunicação da<br />

fauna aquática com os rios e como proteção <strong>do</strong> solo (Volume II – Mapa 06). Essas zonas <strong>de</strong>verão<br />

abranger os 1.000 metros <strong>de</strong> faixa em ambas as margens <strong>do</strong>s braços <strong>do</strong> reservatório e terão 1.000<br />

metros <strong>de</strong> comprimento no senti<strong>do</strong> da extensão <strong>do</strong> corpo <strong>de</strong> água, conta<strong>do</strong>s reservatório a<strong>de</strong>ntro a<br />

partir <strong>do</strong> remanso forma<strong>do</strong> no encontro <strong>do</strong> respectivo rio com a cota <strong>do</strong> reservatório.<br />

Nesses braços <strong>do</strong> reservatório será proibi<strong>do</strong> o acesso a embarcações a motor e modalida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> pesca profissional. A pesca artesanal po<strong>de</strong>rá ser permitida, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que orientada quanto à época e<br />

às espécies permitidas através <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s pela estação <strong>de</strong> ictiologia <strong>de</strong> Segre<strong>do</strong>.<br />

Além <strong>de</strong>sses requisitos, essas zonas estarão sujeitas ao seguinte disciplinamento:<br />

• Deverá ser promovida a substituição das ativida<strong>de</strong>s agrícolas ali existentes pelo<br />

reflorestamento com espécies nativas.<br />

• Será proibida qualquer ativida<strong>de</strong> exploratória <strong>do</strong>s recursos naturais ali existentes, assim<br />

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como a caça e o corte <strong>de</strong> vegetação (exceto quan<strong>do</strong> para fins <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s científicos<br />

volta<strong>do</strong>s ao conservacionismo).<br />

• Preven<strong>do</strong>-se um futuro e certeiro <strong>de</strong>senvolvimento turístico na região <strong>do</strong> reservatório,<br />

será permitida a abertura <strong>de</strong> acessos rústicos a locais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> beleza cênica - como<br />

cachoeiras, por exemplo - que comporão um roteiro <strong>de</strong> visitação revesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> atrativos <strong>de</strong><br />

educação ambiental.<br />

• As intervenções admitidas serão aquelas <strong>de</strong>stinadas à recuperação da diversida<strong>de</strong> original,<br />

como a reintrodução <strong>de</strong> espécies autóctones em processo <strong>de</strong> rarefação local. Em relação<br />

às espécies da flora, <strong>de</strong>verá ser estabeleci<strong>do</strong> um programa <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nsamento em grupo <strong>de</strong><br />

espécies a imbuia Ocotea porosa, o sassafrás Ocotea o<strong>do</strong>rífera, a cabreúva Myrocarpus<br />

fron<strong>do</strong>sus, o carvalho-brasileiro Roupala brasiliensis, <strong>de</strong>ntre outras. No que diz respeito à<br />

fauna, a reintrodução também é admitida, porém <strong>de</strong>ve ser referendada por estu<strong>do</strong><br />

científico <strong>de</strong> longo prazo.<br />

• A abertura <strong>de</strong> estradas ficará condicionada ao Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Impacto <strong>Ambiental</strong>. As estradas<br />

existentes po<strong>de</strong>rão ser mantidas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja comprovada a sua utilida<strong>de</strong> pública, caso<br />

contrário, <strong>de</strong>verão ser fechadas <strong>de</strong>finitivamente (as estradas rurais sempre representam<br />

impactos à fauna e se prestam à retirada clan<strong>de</strong>stina <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira). Deverá ser realiza<strong>do</strong><br />

um levantamento específico das estradas ocorrentes nessas zonas, a fim <strong>de</strong> que sejam<br />

tomadas medidas para a regularização, indican<strong>do</strong> a sua permanência ou fechamento.<br />

• Como incentivo à a<strong>de</strong>são <strong>do</strong>s municípios a essa proposta, o <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong><br />

po<strong>de</strong>rá promover estu<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> incluir as zonas em questão no rol <strong>de</strong> áreas<br />

protegidas passíveis <strong>de</strong> recebimento <strong>do</strong> ICMS Ecológico.<br />

• O enquadramento jurídico das Zonas <strong>de</strong> Preservação e Conservação <strong>Ambiental</strong> se dará<br />

através <strong>de</strong> <strong>de</strong>creto <strong>de</strong>claran<strong>do</strong>-as <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública e <strong>de</strong> interesse social a ser expedi<strong>do</strong><br />

pela autorida<strong>de</strong> competente.<br />

O estabelecimento <strong>de</strong>sta categoria é fundamental para o sucesso da Re<strong>de</strong> da Biodiversida<strong>de</strong><br />

na bacia <strong>do</strong> Iguaçu, mas não é o suficiente, pois para permitir o fluxo e manutenção da fauna é<br />

necessária a existência <strong>de</strong> uma cobertura florestal contínua, com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e dimensão capazes<br />

<strong>de</strong> abrigar espécies <strong>de</strong> médio e gran<strong>de</strong> porte. A Re<strong>de</strong> da Biodiversida<strong>de</strong> carece, portanto, <strong>de</strong> uma<br />

intervenção firme <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> na aquisição <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões que venham a fechar os<br />

vazios existentes entre os remanescentes florestais <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> Iguaçu, através <strong>de</strong><br />

reflorestamentos e regeneração natural, que passarão a ser mais bem protegi<strong>do</strong>s e conserva<strong>do</strong>s a<br />

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partir <strong>de</strong> zoneamentos como este aqui proposto.<br />

Enquanto essas aquisições não ocorrem - pois <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> motivação política que por sua<br />

vez é acionada pela ação da socieda<strong>de</strong>, e esta ainda não percebe, a ponto <strong>de</strong> exigir das autorida<strong>de</strong>s, a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> soluções estruturais para a promoção <strong>do</strong> equilíbrio ambiental - um paliativo valioso é<br />

fazer valer <strong>de</strong> fato o SISLEG.<br />

Dessa forma, uma maneira <strong>de</strong> promover o a<strong>de</strong>nsamento florestal em áreas com essa<br />

característica é realizar a efetiva implantação <strong>do</strong> SISLEG, tarefa <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong><br />

<strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. Esse a<strong>de</strong>nsamento contribuirá significativamente, ao longo <strong>do</strong> tempo, para o<br />

estabelecimento <strong>de</strong> fato da Re<strong>de</strong> da Biodiversida<strong>de</strong>, enquanto medidas mais consistentes não são<br />

a<strong>do</strong>tadas.<br />

Assim, o <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> <strong>de</strong>ve priorizar a recuperação da Reserva Legal nas<br />

proprieda<strong>de</strong>s localizadas na faixa <strong>de</strong> 1.000 metros, como complemento essencial à implementação<br />

das Zonas <strong>de</strong> Preservação e Conservação <strong>Ambiental</strong>.<br />

6.3 Zona Especial <strong>de</strong> Turismo e Lazer<br />

As Zonas <strong>de</strong> Turismo e Lazer compreen<strong>de</strong>m as áreas <strong>de</strong> lazer municipais e particulares já<br />

construídas, futuras ampliações das mesmas e áreas potenciais no entorno próximo <strong>do</strong> reservatório<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sta natureza.<br />

A concentração das estruturas <strong>de</strong> turismo e lazer em áreas <strong>de</strong>limitadas e específicas visa,<br />

principalmente, facilitar o controle ambiental e a fiscalização, sen<strong>do</strong> vantajosa também para os<br />

empresários que ali se estabelecerem uma vez que partilharão o fluxo <strong>de</strong> visitantes. Por outro la<strong>do</strong>,<br />

as outras áreas <strong>do</strong> entorno também serão mais facilmente controladas, permanecen<strong>do</strong> restritas aos<br />

objetivos <strong>de</strong> conservação, preservação e ativida<strong>de</strong>s agropecuárias.<br />

Deve-se consi<strong>de</strong>rar que o reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> já apresenta intensa <strong>de</strong>manda <strong>de</strong><br />

turismo regional, conforme é observa<strong>do</strong> nas áreas <strong>de</strong> lazer municipais e particulares já constituídas,<br />

como é o caso das áreas <strong>de</strong> lazer <strong>de</strong> Pinhão e Bituruna e das Pousadas <strong>do</strong> Jaime, Rio <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e<br />

Wöllinger. Dessa forma, a implantação imediata das Zonas <strong>de</strong> Turismo e Lazer virá a aten<strong>de</strong>r uma<br />

<strong>de</strong>manda já estabelecida, mas que necessita <strong>de</strong> incentivo e disciplinamento.<br />

Novas Zonas <strong>de</strong> Turismo e Lazer serão áreas especialmente <strong>de</strong>stinadas para que os municípios<br />

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<strong>de</strong> Cruz Macha<strong>do</strong> e Porto Vitória possam instalar uma infra-estrutura turística para explorar a<br />

potencialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> reservatório e entorno.<br />

As áreas físicas <strong>de</strong>stinadas para cada município são diferenciadas em função <strong>de</strong> diferenças <strong>de</strong><br />

relevo que implicam na maior ou menor concentração <strong>de</strong> terrenos com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> igual ou maior<br />

que 100% (45 ° ), os quais apresentam restrição legal e ambiental ao uso, bem como a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

acesso aos locais escolhi<strong>do</strong>s.<br />

As Zonas <strong>de</strong> Turismo e Lazer <strong>de</strong>verão obe<strong>de</strong>cer ao seguinte disciplinamento:<br />

• Na faixa <strong>de</strong> preservação permanente só serão admitidas construções <strong>de</strong> uso público,<br />

controladas pelas respectivas prefeituras, necessárias ao acesso ao lago, como<br />

calçamentos, embarca<strong>do</strong>uros, trapiches e píeres. A extensão máxima da área <strong>de</strong>stinada<br />

para as essas construções será <strong>de</strong> 500 metros. Essa extensão po<strong>de</strong>rá ser ampliada<br />

mediante autorização <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>.<br />

• Como em to<strong>do</strong> o reservatório, não será permitida a construção <strong>de</strong> “prainhas” artificiais<br />

nessas zonas, pois a fisiografia <strong>do</strong> reservatório não é favorável, além <strong>de</strong> esse tipo <strong>de</strong><br />

ocupação contribuir para o assoreamento <strong>do</strong> reservatório e redução da sua vida útil.<br />

• Fora da faixa <strong>de</strong> preservação permanente serão permitidas construções necessárias para a<br />

acomodação, atração e atendimento <strong>do</strong>s usuários da zona <strong>de</strong> turismo e lazer, tais como:<br />

pousadas, hotéis, restaurantes, ambulatórios, piscinas, parques, canchas esportivas,<br />

estacionamentos, entre outras. A somatória das construções não po<strong>de</strong>rá exce<strong>de</strong>r a 50%<br />

<strong>de</strong> impermeabilização <strong>do</strong> solo.<br />

• As Zonas <strong>de</strong> Turismo e Lazer somente passarão a existir legalmente após a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong><br />

utilida<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> suas áreas e conseqüente in<strong>de</strong>nização <strong>do</strong>s proprietários pelas<br />

respectivas prefeituras municipais.<br />

• As construções serão admitidas somente após a aprovação pelo <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Paraná</strong> <strong>de</strong> projeto específico conten<strong>do</strong>, no mínimo: sistema <strong>de</strong> coleta e tratamento <strong>de</strong><br />

esgoto preven<strong>do</strong> a remoção <strong>do</strong>s resíduos para fora da faixa <strong>do</strong>s 1.000 metros; re<strong>de</strong> viária<br />

com sistema <strong>de</strong> coleta das águas pluviais, re<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong> e sistema <strong>de</strong><br />

coleta e <strong>de</strong>stinação a<strong>de</strong>quada <strong>do</strong>s resíduos sóli<strong>do</strong>s. Além disso, o projeto <strong>de</strong>verá<br />

relacionar as medidas <strong>de</strong> controle ambientais necessárias, como prevenção da erosão e<br />

recuperação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas.<br />

• Não será permiti<strong>do</strong> o corte <strong>de</strong> vegetação florestal nessas zonas, que <strong>de</strong>vem moldar o<br />

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“layout” das áreas construídas organicamente com a preservação <strong>do</strong>s recursos naturais e<br />

com a legislação ambiental. Assim, obviamente, <strong>de</strong>vem ser preservadas também as faixas<br />

<strong>de</strong> proteção aos rios e riachos e as áreas com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> superior a 100% (45 o ) que<br />

ocorrem <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s seus perímetros.<br />

• O enquadramento jurídico das Zonas <strong>de</strong> Turismo e Lazer se dará com um <strong>de</strong>creto<br />

tornan<strong>do</strong>-as <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública e interesse social, a ser expedi<strong>do</strong> pela autorida<strong>de</strong><br />

competente. O encaminhamento <strong>do</strong> processo <strong>de</strong>verá ser assumi<strong>do</strong> pelas prefeituras<br />

municipais, na <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s interesses da municipalida<strong>de</strong>.<br />

6.4 Zona <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s Agrossilvopastoris<br />

Em termos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s antrópicas, no entorno <strong>do</strong> reservatório e em toda a região <strong>do</strong> Médio<br />

Iguaçu pre<strong>do</strong>mina a agropecuária. Assim a faixa <strong>de</strong> 1.000 metros em análise tem parcela significativa<br />

<strong>de</strong> ocupação por pasto e capoeira (22,3%) e agricultura (8,64%).<br />

Dessa forma, todas as áreas ocupadas por agricultura, silvicultura e pasto, i<strong>de</strong>ntificadas no<br />

mapa <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> solo e cobertura vegetal, serão consi<strong>de</strong>radas Zonas <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s Agrossilvopastoris;<br />

excetuan<strong>do</strong>-se, obviamente, aquelas consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> preservação permanente pela legislação, como<br />

as faixas no entorno <strong>de</strong> rios, riachos e reservatório e as com <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> superior a 45° (100% <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>).<br />

As Zonas <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s Agrossilvopastoris <strong>de</strong>verão obe<strong>de</strong>cer ao seguinte disciplinamento:<br />

• Continuarão permitidas as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> agricultura e pastoreio e serão proibi<strong>do</strong>s os<br />

reflorestamentos com espécies exóticas.<br />

• Será proibi<strong>do</strong> o plantio <strong>de</strong> novas pastagens, que exigem a substituição <strong>do</strong> pasto nativo e<br />

requerem, muitas vezes, o corte indiscrimina<strong>do</strong> <strong>de</strong> capoeiras, além <strong>de</strong> promoverem maior<br />

<strong>de</strong>sgaste e perda <strong>de</strong> solo <strong>do</strong> que as pastagens naturais.<br />

• Deverá ser incentivada a substituição da ativida<strong>de</strong> agropecuária pela <strong>de</strong> fruticultura, que é<br />

a mais indicada para o tipo <strong>de</strong> relevo ocorrente na faixa <strong>de</strong> 1.000 metros. Com relação às<br />

técnicas agrícolas, <strong>de</strong>verá ser incentivada a prática da agricultura orgânica visan<strong>do</strong><br />

minimizar a utilização <strong>de</strong> agrotóxicos nas culturas, que possuem potencial <strong>de</strong><br />

contaminação das águas <strong>do</strong>s rios e reservatório.<br />

• Não serão permitidas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> criação animal com potencial <strong>de</strong> geração <strong>de</strong><br />

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poluentes, como confinamento <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> e <strong>de</strong> suínos ou aviários <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte. Como<br />

existe uma legislação específica para o licenciamento <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, caberá ao<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> <strong>de</strong>cidir pela emissão ou não da licença <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s que estejam no limiar <strong>de</strong>ssa proibição.<br />

• Não será permitida qualquer ativida<strong>de</strong> industrial capaz <strong>de</strong> gerar poluentes que possam,<br />

mesmo que fortuitamente, atingir o reservatório.<br />

• Todas as proprieda<strong>de</strong> localizadas nessa zona <strong>de</strong>verão se a<strong>de</strong>quar ao SISLEG e comprovar a<br />

área <strong>de</strong>stinada à recuperação da Reserva Legal, quan<strong>do</strong> esta não existir. Na <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong><br />

áreas para a composição da Reserva Legal <strong>de</strong>verão ser priorizadas aquelas já ocupadas por<br />

capoeiras, caso não existam porções <strong>de</strong> floresta na proprieda<strong>de</strong>.<br />

• O corte raso <strong>de</strong> capoeira, em qualquer estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, será proibi<strong>do</strong>, exceto<br />

com autorização especial <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>.<br />

• A utilização <strong>do</strong> fogo como técnica agrícola será totalmente proibida, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao perigo que<br />

representa como potencial <strong>de</strong>flagra<strong>do</strong>r <strong>de</strong> incêndios florestais.<br />

• Para evitar uma ocupação excessiva e passível <strong>de</strong> tornar-se <strong>de</strong>scontrolada com o passar<br />

<strong>do</strong>s anos, o parcelamento <strong>do</strong> solo <strong>de</strong>verá limitar-se a uma área mínima <strong>de</strong> 10 hectares,<br />

não se admitin<strong>do</strong> nos <strong>de</strong>smembramentos das proprieda<strong>de</strong>s áreas com dimensões<br />

inferiores. Busca-se com isso a manutenção das características <strong>de</strong> meio rural <strong>do</strong> entorno<br />

<strong>do</strong> reservatório, mesmo que o objetivo da ocupação seja outro. Com este parcelamento<br />

<strong>do</strong> solo, além <strong>do</strong>s atuais ocupantes, essa categoria <strong>de</strong> zoneamento admitirá no máximo<br />

2.000 proprieda<strong>de</strong>s.<br />

• Nas proprieda<strong>de</strong>s com área mínima admissível e nas menores já existentes, a área<br />

construída máxima admissível, como referencial a ser discuti<strong>do</strong>, será <strong>de</strong> 5.000 metros<br />

quadra<strong>do</strong>s, incluin<strong>do</strong>-se aí a construção <strong>de</strong> moradias, galpões, silos <strong>de</strong> armazenagem, etc.<br />

• As ocupações já existentes na faixa <strong>de</strong> preservação permanente serão mantidas, porém<br />

será proibida a ampliação das habitações <strong>de</strong>ntro da faixa <strong>de</strong> 100 metros <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong><br />

reservatório. A construção <strong>de</strong> novas edificações será proibida.<br />

• O enquadramento jurídico das Zonas <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s Agro-Silvo-Pastoris se dará através <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>creto a ser expedi<strong>do</strong> pela autorida<strong>de</strong> competente. O processo <strong>de</strong>verá ser conduzi<strong>do</strong><br />

pelo <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> com a supervisão <strong>do</strong> Ministério Público Estadual.<br />

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6.5 Zona Urbana<br />

A Zona Urbana na área <strong>do</strong> reservatório (cota 742 m, máxima <strong>de</strong> operação) engloba parte <strong>do</strong><br />

município <strong>de</strong> Porto Vitória, incluin<strong>do</strong> sua se<strong>de</strong>, que se encontra <strong>de</strong>ntro da área <strong>do</strong>s 1.000 m <strong>de</strong><br />

entorno <strong>do</strong> reservatório, conforme i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> no mapa <strong>de</strong> Uso <strong>do</strong> Solo e Cobertura Vegetal<br />

(Volume II – Mapa 04). Complementarmente, serão foco <strong>de</strong> atenção e <strong>de</strong> compatibilização <strong>de</strong><br />

diretrizes as áreas urbanas <strong>de</strong> União da Vitória e Porto União, localizadas a montante <strong>do</strong> reservatório,<br />

às margens <strong>do</strong> rio Iguaçu. Estas exercem influência sobre a qualida<strong>de</strong> da água <strong>do</strong> reservatório, além<br />

<strong>de</strong> englobarem algumas áreas <strong>de</strong>sapropriadas pela COPEL, para as quais são <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s usos<br />

específicos <strong>de</strong> conservação ambiental e <strong>de</strong> segurança contra enchentes (especialmente a faixa<br />

<strong>de</strong>sapropriada entre as cotas 742,0 m e 744,5 m).<br />

A maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional nas áreas urbanas faz com que a pressão daquelas<br />

comunida<strong>de</strong>s no entorno <strong>do</strong> rio Iguaçu seja aumentada. Como os percentuais <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong><br />

esgoto <strong>do</strong>méstico e <strong>de</strong> efluentes industriais são baixos e os resíduos sóli<strong>do</strong>s urbanos são dispostos <strong>de</strong><br />

forma ina<strong>de</strong>quada, acarretam prejuízos para a qualida<strong>de</strong> da água <strong>do</strong> reservatório e <strong>de</strong> seus afluentes.<br />

Estas questões, aliadas às ocupações in<strong>de</strong>vidas na faixa <strong>de</strong> segurança <strong>do</strong> reservatório e na Área <strong>de</strong><br />

Preservação Permanente e à presença <strong>de</strong> indústrias potencialmente polui<strong>do</strong>ras e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

exploração <strong>de</strong> argila e areia nas margens e leito <strong>do</strong> rio Iguaçu, fazem com que as áreas urbanas <strong>de</strong><br />

Porto Vitória, Porto União e, especialmente, União da Vitória mereçam especial atenção.<br />

No que diz respeito à expansão urbana verifica-se a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intensificação da<br />

interferência na faixa <strong>do</strong>s 1.000 metros nos municípios <strong>de</strong> Porto Vitória e União da Vitória, uma vez<br />

que ambos têm suas áreas urbanas já consolidadas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong>s 1.000 metros no entorno<br />

<strong>do</strong> reservatório e <strong>do</strong> rio Iguaçu, respectivamente. Dessa forma, visan<strong>do</strong> minimizar a pressão das<br />

áreas urbanas sobre os recursos hídricos, é recomendável que a expansão <strong>de</strong>sses municípios se dê no<br />

senti<strong>do</strong> contrário ao <strong>do</strong> reservatório (para o interior e, fundamentalmente, além da APP).<br />

6.6 Disciplinamento <strong>do</strong>s usos <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong>s reservatórios <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o Zoneamento<br />

O Zoneamento <strong>de</strong>scrito anteriormente pressupõe regras específicas para cada zona<br />

<strong>de</strong>limitada <strong>de</strong> forma a estabelecer critérios que compatibilizem as ativida<strong>de</strong>s antrópicas presentes na<br />

região com as respectivas funções das zonas propostas.<br />

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Entretanto, o disciplinamento das zonas propostas não é suficiente para aten<strong>de</strong>r todas as<br />

necessida<strong>de</strong>s diagnosticadas para a faixa <strong>de</strong> 1.000 metros, uma vez que pelas peculiarida<strong>de</strong>s<br />

socioambientais envolvidas, essa faixa não foi inteiramente setorizada. Por exemplo, as ativida<strong>de</strong>s<br />

estabelecidas fora das zonas <strong>de</strong>limitadas, mas <strong>de</strong>ntro da faixa <strong>de</strong> 1.000 metros necessitam, também,<br />

<strong>de</strong> disciplinamento específico; e essa condição se aplica também para as proprieda<strong>de</strong>s existentes na<br />

faixa <strong>de</strong> 100 metros <strong>de</strong> APP, como requisito para a sua regularização legal e ambiental no contexto<br />

<strong>de</strong>ste PACUERA.<br />

Assim, na tabela a seguir são apresenta<strong>do</strong>s os usos permiti<strong>do</strong>s, permissíveis e proibi<strong>do</strong>s para o<br />

entorno <strong>do</strong> reservatório, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o zoneamento estabeleci<strong>do</strong> e consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as <strong>de</strong>mais áreas<br />

existentes na faixa <strong>de</strong> 1.000 metros, incluin<strong>do</strong> a APP.<br />

Na categoria "permiti<strong>do</strong>s" enquadram-se usos <strong>de</strong> direito por concessão e <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>, que<br />

não interferem significativamente nos <strong>de</strong>mais usos e, especialmente, sem prejuízos à qualida<strong>de</strong><br />

ambiental. Os "permissíveis", são aqueles com potencial polui<strong>do</strong>r e/ou que necessitam <strong>de</strong><br />

licenciamento e controle na utilização <strong>de</strong> recursos naturais, além <strong>de</strong> regulamentações específicas<br />

para serem <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s. Como "proibi<strong>do</strong>s", foram classifica<strong>do</strong>s aqueles usos que conflitam com os<br />

objetivos <strong>de</strong> preservação e conservação que nortearam a elaboração <strong>de</strong>ste <strong>Plano</strong> <strong>Ambiental</strong>.<br />

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Tabela 34 - Disciplinamento <strong>do</strong>s Usos <strong>do</strong> Solo entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o Zoneamento<br />

CATEGORIA USOS PERMITIDOS USOS PERMISSÍVEIS USOS PROIBIDOS<br />

Zona <strong>de</strong> Preservação<br />

e Conservação<br />

<strong>Ambiental</strong><br />

Zona <strong>de</strong> Turismo e<br />

Lazer<br />

Zona Urbana<br />

Zona <strong>de</strong> Segurança<br />

Zona <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s<br />

Agrossilvopastoris<br />

A<strong>de</strong>nsamento com espécies<br />

nativas, coleta <strong>de</strong> vegetação e<br />

animais para fins científicos<br />

Construções para pousadas,<br />

hotel, restaurante e clube,<br />

equipamentos <strong>de</strong> lazer,<br />

atraca<strong>do</strong>uros<br />

Turismo ecológico, estruturas <strong>de</strong> acesso à água, acessos<br />

rústicos a locais <strong>de</strong> beleza cênica, abertura <strong>de</strong> estradas<br />

mediante EIA/RIMA, pesca artesanal<br />

Abertura <strong>de</strong> estradas <strong>de</strong> acesso, reflorestamentos com<br />

fins paisagísticos<br />

Instalação <strong>de</strong> toda a infra-estrutura necessária para o bem-estar <strong>do</strong>s habitantes, como re<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> água e esgoto, energia, telefonia, abertura <strong>de</strong> estradas, loteamento, mediante<br />

autorização <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong><br />

Corte <strong>de</strong> vegetação, caça, pesca profissional, agricultura,<br />

pecuária, reflorestamentos com espécies exóticas e qualquer<br />

outra intervenção antrópica não prevista como permitida ou<br />

permissível.<br />

Corte <strong>de</strong> vegetação, caça, <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> combustível e lixo,<br />

construção <strong>de</strong> “prainhas”, relorestamento com espécies<br />

exóticas.<br />

Corte <strong>de</strong> vegetação e instalação <strong>de</strong> indústria com potencial<br />

<strong>de</strong> poluir os recursos hídricos.<br />

Operação e administração da<br />

usina, segurança e vigilância<br />

Recuperação <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas ou sujeitas à erosão Acesso a qualquer pessoa estranha à usina, sem autorização.<br />

Agricultura e fruticultura, Desmatamento licencia<strong>do</strong> <strong>de</strong> capoeiras, agroindústria <strong>de</strong> Indústrias com potencial poluente, cria<strong>do</strong>uros <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte,<br />

pastagem nativa, cria<strong>do</strong>uros <strong>de</strong> pequeno porte, reflorestamento, avicultura e reflorestamento e plantio <strong>de</strong> pasto com espécies exóticas,<br />

pequeno porte, piscicultura com suinocultura, <strong>de</strong>vidamente licencia<strong>do</strong>s.<br />

utilização <strong>de</strong> fogo como prática agrícola, parcelamento <strong>do</strong> solo<br />

espécies nativas<br />

menor que 10 hectares.


7 POTENCIAL DE USOS MÚLTIPLOS<br />

7.1 Diretrizes para os Usos Múltiplos<br />

Atualmente, a produção <strong>de</strong> energia elétrica representa o principal uso das águas <strong>do</strong><br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, juntamente com a função <strong>de</strong> regularização da vazão. O reservatório <strong>de</strong><br />

<strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> é o gran<strong>de</strong> regulariza<strong>do</strong>r <strong>de</strong> vazão <strong>do</strong> rio Iguaçu, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> relevante importância para os<br />

reservatórios que se localizam a jusante <strong>do</strong> mesmo.<br />

Através <strong>do</strong> diagnóstico ambiental da área e <strong>do</strong> zoneamento elabora<strong>do</strong> para o entorno <strong>do</strong><br />

reservatório, <strong>de</strong>terminou-se o seu potencial <strong>de</strong> usos múltiplos. Segue uma <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>talhada <strong>de</strong><br />

cada um <strong>do</strong>s usos i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s, com as respectivas diretrizes, objetivan<strong>do</strong>, especialmente, a<br />

sustentabilida<strong>de</strong> ambiental, além da administração <strong>de</strong> conflitos <strong>de</strong> interesses, com base em<br />

recomendações técnicas e legais.<br />

Na categoria "usos permiti<strong>do</strong>s" enquadram-se usos <strong>de</strong> direito por concessão e <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong>, que não interferem significativamente nos <strong>de</strong>mais usos e, especialmente, sem prejuízos<br />

à biodiversida<strong>de</strong>, portanto, à qualida<strong>de</strong> ambiental. Os "usos permissíveis" são aqueles i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s<br />

com potencial polui<strong>do</strong>r e/ou que necessitam <strong>de</strong> licenciamento e controle na utilização <strong>de</strong> recursos<br />

naturais, assim como infra-estrutura e regulamentações específicas para serem <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s. Como<br />

"usos proibi<strong>do</strong>s" foram <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s, por exclusão, aqueles usos que não se encaixam nas<br />

categorias anteriores.<br />

Enfatiza-se que, em virtu<strong>de</strong> da carência <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s sistemáticos relaciona<strong>do</strong>s à flora e fauna,<br />

tanto terrestres, quanto aquáticas na região da usina <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s usos<br />

potenciais i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s irá necessitar <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s científicos antes <strong>de</strong> sua efetiva implantação. Além<br />

disso, recomenda-se que sejam realiza<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> relativos à implantação <strong>de</strong>sses usos,<br />

com especial atenção à característica operacional <strong>do</strong> reservatório, <strong>de</strong> funcionar com<br />

<strong>de</strong>plecionamento que po<strong>de</strong> chegar a 47 m. Os estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>verão prever possíveis rebaixamentos no<br />

nível das águas, não favoráveis, por exemplo, à captação para abastecimento <strong>do</strong>méstico ou a cultivos<br />

<strong>de</strong> organismos aquáticos. O tempo <strong>de</strong> residência da água no reservatório (cerca <strong>de</strong> 102 dias) também<br />

se constitui em um fator <strong>de</strong> estímulo à eutrofização, processo que po<strong>de</strong> restringir os usos múltiplos<br />

das águas em algumas porções <strong>do</strong> reservatório.


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Por fim, a proposta <strong>de</strong> utilização <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> para múltiplos usos procurou<br />

ir ao encontro da legislação atual e das diretrizes estabelecidas pelos órgãos regulamenta<strong>do</strong>res, tais<br />

como, as Agências Nacionais <strong>de</strong> Energia Elétrica - ANEEL e <strong>de</strong> Águas - ANA, através <strong>de</strong> uma gestão<br />

interinstitucional e da participação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s atores sociais envolvi<strong>do</strong>s.<br />

7.1.1 Uso Operacional da Usina<br />

O uso <strong>do</strong> reservatório para operação da usina e geração <strong>de</strong> energia elétrica está localiza<strong>do</strong>,<br />

principalmente, na área <strong>de</strong> segurança <strong>do</strong> reservatório, para o qual <strong>de</strong>verão ser observadas as<br />

seguintes diretrizes:<br />

• O uso operacional e <strong>de</strong> segurança <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong>verá ser assegura<strong>do</strong> através da<br />

sinalização da área <strong>de</strong> segurança (tanto a montante, como a jusante da barragem) e sua<br />

<strong>de</strong>limitação através <strong>do</strong> retentor <strong>de</strong> corpos flutuantes (Log Boom), em razão <strong>do</strong> risco que a<br />

área oferece para navegação e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> recreação, especialmente nas proximida<strong>de</strong>s<br />

<strong>do</strong> verte<strong>do</strong>uro e da tomada <strong>de</strong> água;<br />

• Na zona <strong>de</strong> segurança <strong>do</strong> reservatório estarão proibidas quaisquer ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

navegação, pesca, piscicultura ou recreação, assim como ocupações <strong>do</strong>s solos na faixa <strong>de</strong><br />

segurança, seja por habitações ou por ativida<strong>de</strong>s antrópicas <strong>de</strong> qualquer natureza; e<br />

• Ocupações ou ativida<strong>de</strong>s que estiverem sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvidas, atualmente, <strong>de</strong>ntro faixa <strong>de</strong><br />

segurança no entorno <strong>do</strong> reservatório, entre as cotas 742,0 m e 745,0 m, nas áreas rurais,<br />

e 742,0 m e 744,5 m, nas áreas urbanas, já in<strong>de</strong>nizadas pela concessionária e <strong>de</strong> uso<br />

restrito à mesma, <strong>de</strong>verão se a<strong>de</strong>quar a esta exigência, retiran<strong>do</strong>-se da referida área.<br />

7.1.2 Acessos à Água e Estruturas <strong>de</strong> Apoio a seus Usos<br />

A malha <strong>de</strong> estradas vicinais existente no entorno <strong>do</strong> reservatório requer a travessia das<br />

águas, em vários pontos, para a integração das comunida<strong>de</strong>s lin<strong>de</strong>iras e interligação <strong>do</strong>s municípios<br />

situa<strong>do</strong>s em ambas margens <strong>do</strong> reservatório. Os pontos <strong>de</strong> balsa, estradas e estruturas <strong>de</strong> acessos à<br />

água (trapiches, atraca<strong>do</strong>uros e outros <strong>de</strong>sta natureza), existentes ou a serem implanta<strong>do</strong>s no<br />

entorno <strong>do</strong> reservatório (1000 m) e <strong>de</strong>ntro da Área <strong>de</strong> Preservação Permanente, são usos que <strong>de</strong>vem<br />

ser <strong>de</strong>vidamente controla<strong>do</strong>s. Este controle visa evitar processos <strong>de</strong> erosão, <strong>de</strong>gradação ambiental e<br />

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comprometimento <strong>do</strong>s usos múltiplos da água, além <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes. Os mesmos <strong>de</strong>verão seguir as<br />

seguintes diretrizes:<br />

• A manutenção preventiva e corretiva <strong>de</strong> estruturas e equipamentos (nos pontos <strong>de</strong> balsa,<br />

por exemplo), que se encontrem em esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> má conservação é obrigatória. Ativida<strong>de</strong>s<br />

que estejam sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvidas através <strong>do</strong>s mesmos, com <strong>de</strong>sgaste mecânico, que<br />

causem poluição das águas por óleos, graxas, lubrificantes, ou qualquer outro poluente,<br />

<strong>de</strong>verão ser suspensas até que o problema seja soluciona<strong>do</strong>;<br />

• Estruturas instaladas em locais impróprios, com gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, propícios à erosão e<br />

com riscos <strong>de</strong> <strong>de</strong>smoronamentos, <strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong>slocadas e a área <strong>de</strong>vidamente<br />

recuperada pelo agente causa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> dano;<br />

• O explora<strong>do</strong>r da ativida<strong>de</strong> já instalada não po<strong>de</strong>rá realizar novos <strong>de</strong>smatamentos na Área<br />

<strong>de</strong> Preservação Permanente e <strong>de</strong>verá manter ao máximo a vegetação ciliar nas<br />

proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tais acessos, fican<strong>do</strong> obriga<strong>do</strong> à sua reparação quan<strong>do</strong> apontadas<br />

irregularida<strong>de</strong>s.<br />

• Novas instalações <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> acesso à água, em Área <strong>de</strong> Preservação Permanente,<br />

somente serão permitidas se forem para uso coletivo <strong>de</strong> embarcações. As mesmas não<br />

<strong>de</strong>verão ser feitas em áreas com alta <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> e com solos não coesos, mais sujeitos à<br />

erosão e <strong>de</strong>smoronamentos. Para novas implantações, o <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong>verá ser<br />

evita<strong>do</strong> ao máximo e realiza<strong>do</strong> com prévia autorização <strong>do</strong> órgão ambiental competente;<br />

• Trapiches e outras estruturas similares para acesso às águas <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong> material<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para o local, quan<strong>do</strong> possível em ma<strong>de</strong>ira, evitan<strong>do</strong> a cimentação e<br />

impermeabilização da área;<br />

• A pavimentação das estradas que margeiam o reservatório <strong>de</strong>verá ser evitada para que<br />

não haja tráfego mais intenso. As mesmas <strong>de</strong>verão ser enquadradas em especificações<br />

técnicas <strong>de</strong>finidas pelo Departamento <strong>de</strong> Estradas <strong>de</strong> Rodagem - DER, especialmente no<br />

que se refere às suas dimensões e cargas máximas admissíveis.<br />

7.1.3 Navegação / Turismo Lacustre<br />

A navegação é atualmente praticada no reservatório, nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Porto<br />

Vitória, e no rio Iguaçu, no município <strong>de</strong> União da Vitória, especialmente por balsas <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong><br />

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areia. Há potencial para que esta ativida<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolva mais amplamente para fins esportivos, <strong>de</strong><br />

recreação e lazer na porção <strong>do</strong> lago (veleiros, barcos, jet ski, esqui aquático), além <strong>do</strong> hidroturismo,<br />

face à existência <strong>de</strong> um trecho navegável entre Porto Vitória e a usina <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

Esta ativida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> USO PERMISSÍVEL, sen<strong>do</strong> as exceções ao uso <strong>de</strong>scritas abaixo:<br />

• Não será recomendada a navegação <strong>de</strong> qualquer espécie (recreativa, esportiva ou <strong>de</strong><br />

transporte) em braços <strong>do</strong> reservatório, por se constituírem o berço da ictiofauna; o<br />

barulho e vibrações das embarcações são prejudiciais ao <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong>sova <strong>do</strong>s<br />

peixes;<br />

• Será proibida a navegação <strong>de</strong> qualquer espécie (recreativa, esportiva ou <strong>de</strong> transporte) na<br />

área <strong>de</strong> segurança <strong>do</strong> reservatório, <strong>de</strong>vidamente <strong>de</strong>marcada por bóias sinaliza<strong>do</strong>ras e<br />

outros meios <strong>de</strong> alerta.<br />

• Será proibi<strong>do</strong> o transporte <strong>de</strong> cargas perigosas (como combustíveis e produtos químicos<br />

em geral) e/ou <strong>de</strong> peso e volume incompatíveis com a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte das balsas.<br />

Estas restrições, <strong>de</strong>vem-se ao risco <strong>de</strong> contaminação das águas e a falta <strong>de</strong> infra-estrutura<br />

existente, sen<strong>do</strong> que tais utilizações não condizem com o perfil <strong>de</strong> usos que se preten<strong>de</strong><br />

para o reservatório;<br />

• Será proibida a navegação <strong>de</strong> veículos e embarcações fora das condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong><br />

navegação a fim <strong>de</strong> evitar vazamentos, óleos, graxas e combustíveis e <strong>de</strong>mais danos<br />

ambientais ocasiona<strong>do</strong>s em função <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> manutenção preventiva.<br />

Esta ativida<strong>de</strong> exige planejamento e regulamentações especiais, para que sejam evita<strong>do</strong>s<br />

processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação ambiental. Na seqüência são apresentadas exigências e recomendações<br />

para tal ativida<strong>de</strong>:<br />

• Estu<strong>do</strong>s ecológicos e limnológicos específicos, assim como <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> técnica e<br />

ambiental <strong>de</strong>vem ser conduzi<strong>do</strong>s a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte <strong>do</strong> lago;<br />

• Os veículos e embarcações <strong>de</strong>verão estar em condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> navegação, sem<br />

<strong>de</strong>sgastes mecânicos ou <strong>de</strong> outra natureza, como medida essencial para evitar a entrada<br />

<strong>de</strong> poluentes no reservatório, tais como, óleos, graxas e combustíveis; casos atesta<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

ina<strong>de</strong>quações neste senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>verão ser proibi<strong>do</strong>s à prática da navegação no reservatório;<br />

• Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> navegação que necessitem pontos <strong>de</strong> embarque e <strong>de</strong>sembarque <strong>de</strong>verão<br />

tê-los <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>vidamente regulamenta<strong>do</strong>s no seu plano <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento;<br />

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7.1.4 Pesca<br />

• Toda e qualquer embarcação a motor <strong>de</strong> comprimento superior a cinco metros <strong>de</strong>verá ser<br />

cadastrada junto à capitania fluvial. Ten<strong>do</strong> em vista a localização geográfica <strong>do</strong><br />

reservatório da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, este pertence à jurisdição da Capitania Fluvial <strong>do</strong> Rio<br />

<strong>Paraná</strong>, com se<strong>de</strong> em <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> Iguaçu;<br />

• O requerimento para o cadastro <strong>de</strong>verá ser acompanha<strong>do</strong> da <strong>de</strong>scrição da embarcação,<br />

sua finalida<strong>de</strong>, bem como <strong>do</strong> nome da pessoa que irá manobrar a embarcação. Esta<br />

pessoa <strong>de</strong>verá ter a habilitação específica para este fim (arrais ama<strong>do</strong>r ou profissional,<br />

conforme o caso);<br />

• Após o cadastramento junto à Capitania Fluvial <strong>do</strong> Rio <strong>Paraná</strong>, os interessa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>verão<br />

informar à concessionária com relação ao serviço regular da navegação e possíveis<br />

instalações portuárias; tais ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>verão obe<strong>de</strong>cer a critérios técnicos e/ou legais,<br />

visan<strong>do</strong> a preservação ambiental <strong>do</strong> reservatório; e<br />

• Embarcação a motor com comprimento inferior a cinco metros (barcos pequenos, jet-ski),<br />

não necessita <strong>de</strong> cadastramento junto à capitania fluvial, mas é obrigatória habilitação<br />

especial (arrais ama<strong>do</strong>r ou profissional) para a pessoa que manobra a mesma.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento da ativida<strong>de</strong> pesqueira no entorno <strong>do</strong> reservatório é <strong>de</strong> importância<br />

fundamental como opção <strong>de</strong> sustento familiar das populações ribeirinhas e outros segmentos<br />

excluí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> sistema produtivo formal da região. A pesca recreativa e esportiva também é propícia<br />

para o lazer <strong>de</strong>stas e <strong>de</strong> outras comunida<strong>de</strong>s que habitam os municípios <strong>de</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório,<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser realizadas, tanto na região fluvial, como no corpo <strong>do</strong> reservatório. A pesca comercial é<br />

ativida<strong>de</strong> potencial que po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>senvolvida, porém sujeita à diretrizes específicas que <strong>de</strong>verão<br />

ser traçadas paralelamente ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> "Programa <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong>s Recursos Pesqueiros",<br />

<strong>de</strong>scrito neste <strong>Plano</strong> <strong>Ambiental</strong>. As diretrizes legais que <strong>de</strong>verão ser observadas para a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pesca são o Decreto-Lei N.º 221 <strong>de</strong> 28/02/67 (que dispõe sobre a proteção e estímulos à pesca e<br />

<strong>de</strong>termina a suspensão da mesma durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> reprodução) e as portarias <strong>do</strong> IBAMA: N.º<br />

1581, N.º 1583 e N.º 1584, <strong>de</strong> 21/12/89; N.º 1624, <strong>de</strong> 27/12/89 e N.º 21, <strong>de</strong> 09/03/93 (esta última<br />

estabelece normas gerais para o exercício da pesca na bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio <strong>Paraná</strong>).<br />

Esta ativida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> USO PERMISSÍVEL, sen<strong>do</strong> as exceções ao uso <strong>de</strong>scritas abaixo:<br />

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• Não será permitida a pesca no reservatório, bem como nos braços <strong>do</strong>s afluentes nos<br />

perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> microalgas, bem como perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> interdição <strong>do</strong><br />

reservatório;<br />

• Não será permitida a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesca na área <strong>de</strong> segurança <strong>do</strong> reservatório (uso<br />

exclusivo para segurança e operação da usina). Corrobora com esta <strong>de</strong>terminação, a<br />

Portaria <strong>do</strong> IBAMA N.º 21, <strong>de</strong> 09/03/1993, que proíbe o exercício da pesca na faixa<br />

mínima <strong>de</strong> 200 metros a montante e a jusante da barragem;<br />

• A ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesca será proibida nos braços <strong>do</strong>s afluentes que estiverem relaciona<strong>do</strong>s à<br />

Zona <strong>de</strong> Preservação <strong>Ambiental</strong>;<br />

Estas ativida<strong>de</strong>s exigem planejamento e regulamentações especiais, para que sejam evita<strong>do</strong>s<br />

processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação ambiental e problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, conforme abaixo:<br />

• Estu<strong>do</strong>s sobre o aproveitamento <strong>do</strong>s recursos pesqueiros <strong>de</strong>vem ser elabora<strong>do</strong>s, para que<br />

7.1.5 Irrigação<br />

se estabeleçam critérios para o mesmo. Isto evitará <strong>de</strong>pleção <strong>do</strong> estoque <strong>de</strong> algumas<br />

espécies, como ocorreu no reservatório <strong>de</strong> Itaipu, possivelmente ligada à <strong>de</strong>gradação<br />

ambiental e à elevada captura <strong>de</strong> imaturos, conforme observa o NUPELIA, da Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Maringá.<br />

A irrigação não vem sen<strong>do</strong> praticada no entorno <strong>do</strong> reservatório, mas é um <strong>de</strong> seus potenciais<br />

usos. Vale <strong>de</strong>stacar que a utilização das águas para este fim necessita outorga pela SUDERHSA, e<br />

anuência da concessionária.<br />

Esta ativida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> USO PERMISSÍVEL, sen<strong>do</strong> as exceções ao uso <strong>de</strong>scritas abaixo:<br />

• As águas não po<strong>de</strong>m ser utilizadas nos perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> algas, bem<br />

como perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> interdição <strong>do</strong> reservatório.<br />

Outras ressalvas são feitas com relação à utilização das águas <strong>do</strong> reservatório e afluentes para<br />

a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> irrigação, conforme segue:<br />

• Aberturas <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> drenagem, retificação <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> água e transposição <strong>de</strong> bacias,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, também, da outorga a ser expedida pela SUDERHSA e <strong>do</strong> licenciamento<br />

ambiental a ser expedi<strong>do</strong> pelo IAP (resoluções CONAMA N.º 001/86 e 237/97);<br />

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• Águas <strong>de</strong> nascentes ou das correntes <strong>de</strong> uso comum, que sirvam para o abastecimento <strong>de</strong><br />

populações, não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sviadas por usuários situa<strong>do</strong>s a montante, segun<strong>do</strong> os Arts.<br />

72 e 94 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Águas.<br />

7.1.6 Balneabilida<strong>de</strong><br />

As características topográficas locais, <strong>de</strong> relevo bastante aci<strong>de</strong>nta<strong>do</strong>, e <strong>do</strong> reservatório, que se<br />

encontra encaixa<strong>do</strong> num vale profun<strong>do</strong>, não favorecem sua utilização para fins <strong>de</strong> balneabilida<strong>de</strong> ou<br />

recreação <strong>de</strong> contato primário. Nas Áreas <strong>de</strong> Lazer instaladas em região <strong>de</strong> relevo mais plano, este<br />

uso po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> se as águas apresentarem qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong><br />

balneabilida<strong>de</strong>, conforme Resolução CONAMA N.º 274/00 e também quan<strong>do</strong> houver disponibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> equipamentos salva-vidas (bóias e coletes) e infra-estrutura <strong>de</strong> atendimento <strong>de</strong> emergência<br />

(primeiros socorros).<br />

abaixo:<br />

Desta forma, esta ativida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> USO PERMISSÍVEL, sen<strong>do</strong> as exceções ao uso <strong>de</strong>scritas<br />

• As águas <strong>do</strong> reservatório e braços <strong>do</strong>s tributários não <strong>de</strong>vem ser utilizadas nos perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

ocorrência <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> microalgas, bem como em que o IAP interdita o reservatório<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a este evento.<br />

• Cabe <strong>de</strong>stacar que na área <strong>de</strong> segurança <strong>do</strong> reservatório esta ativida<strong>de</strong> é proibida, como<br />

outra qualquer que não seja para segurança e operação da usina.<br />

7.1.7 Lazer e Turismo no Entorno<br />

A utilização <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> para lazer e recreação já vem sen<strong>do</strong><br />

realizada através das áreas municipais e particulares. A beleza cênica natural <strong>do</strong> lago, a paisagem<br />

exótica da Vila <strong>do</strong> Faxinal <strong>do</strong> Céu, a biodiversida<strong>de</strong> presente na mata <strong>do</strong> rio Jacutinga, penhascos e<br />

cachoeiras, são o gran<strong>de</strong> potencial da região para o lazer e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> ecoturismo, com<br />

especial interesse à educação ambiental, além <strong>de</strong> outras modalida<strong>de</strong>s, como caminhadas pela<br />

natureza, turismo eqüestre e ciclismo.<br />

Esta ativida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> USO PERMISSÍVEL, no entanto,, <strong>de</strong>verão ser observa<strong>do</strong>s os seguintes<br />

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critérios e regulamentos:<br />

• As águas <strong>do</strong> reservatório e braços <strong>do</strong>s tributários não <strong>de</strong>vem ser utilizadas nos perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

ocorrência <strong>de</strong> florações <strong>de</strong> microalgas, bem como em que o IAP interdita o reservatório<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a este evento.<br />

• A legislação prevê que áreas <strong>de</strong>stinadas à implantação <strong>de</strong> pólos turísticos e lazer no<br />

entorno <strong>do</strong> reservatório não po<strong>de</strong>rão exce<strong>de</strong>r a 10% da área total <strong>de</strong> seu entorno,<br />

conforme Art. 4° da Resolução CONAMA N.º 302/2002;<br />

• Para que a distribuição das áreas com objetivo <strong>de</strong> lazer ocorra <strong>de</strong> maneira proporcional<br />

entre os municípios (obviamente, naqueles que possuem áreas com potencial para tal), é<br />

recomendável que as mesmas se constituam entre 1.000 e 10.000 m2. Loteamentos para<br />

pequenas chácaras <strong>de</strong> lazer <strong>de</strong>verão se constituir entre 1.000 e 2.000 m2.<br />

• A implantação <strong>de</strong> novas áreas <strong>de</strong> lazer e <strong>de</strong> toda infra-estrutura necessária <strong>de</strong> suporte<br />

(pousadas, quiosques, churrasqueiras, vestiários, sanitários, ambulatórios, lanchonetes),<br />

futuras ampliações das áreas já existentes, assim como a abertura <strong>de</strong> trilhas e <strong>de</strong>mais<br />

obras que se julgarem necessárias, <strong>de</strong>verão ocorrer fora da APP no entorno <strong>do</strong><br />

reservatório;<br />

• As ocupações acima mencionadas terão que ser apresentadas na forma <strong>de</strong> projetos pelas<br />

prefeituras municipais ou por particulares, para análise e regulamentação junto ao IAP e<br />

apreciação da COPEL, inclusive no que diz respeito à implantação <strong>de</strong> novos acessos e infra-<br />

estruturas <strong>de</strong> apoio a travessias e utilizações da água (pontos <strong>de</strong> balsa, trapiches e<br />

atraca<strong>do</strong>uros);<br />

• Ampliações ou aproveitamentos <strong>de</strong> áreas já constituídas po<strong>de</strong>rão ser preferíveis, frente a<br />

novas instalações, uma vez que po<strong>de</strong>m gerar menos impacto ambiental. O<br />

aproveitamento da infra-estrutura <strong>de</strong> Faxinal <strong>do</strong> Céu é extremamente benéfico, além <strong>de</strong><br />

poupar anos <strong>de</strong> esforços na tentativa <strong>de</strong> se conseguir um empreendimento <strong>de</strong> tal beleza e<br />

qualida<strong>de</strong> ambiental;<br />

• Os locais mais apropria<strong>do</strong>s para futuras instalações com fins <strong>de</strong> lazer e turismo são áreas<br />

com pouca <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, não sujeitas à erosão, que já mostrem sinais <strong>de</strong> redução da<br />

cobertura vegetal nativa e que não venham a se constituir interrupção <strong>do</strong>s corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

biodiversida<strong>de</strong>. Neste último aspecto, as várias penínsulas existentes no reservatório <strong>de</strong><br />

<strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> são bastante a<strong>de</strong>quadas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se enquadrem como áreas que<br />

apresentam aquelas características (sem cobertura vegetal <strong>de</strong>nsa constituída por<br />

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remanescentes florestais e/ou capoeiras em diferentes estágios <strong>de</strong> sucessão). Estas áreas<br />

potenciais encontram-se indicadas no "Mapa <strong>de</strong> Zoneamento", que se encontra Volume II<br />

a este plano.<br />

• Deverão ser evita<strong>do</strong>s os braços <strong>do</strong> reservatório, por se constituírem em locais <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento e reprodução da ictiofauna. Além disso, as áreas com objetivo <strong>de</strong><br />

turismo e lazer <strong>de</strong>verão estar localizadas próximas às se<strong>de</strong>s municipais, on<strong>de</strong> já existe<br />

infra-estrutura viária, para que atendam os objetivos <strong>de</strong> melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das<br />

populações locais, evitan<strong>do</strong> ao máximo os impactos na natureza;<br />

• Especial restrição se faz à implantação <strong>de</strong> pólos turísticos nas proximida<strong>de</strong>s da barragem,<br />

enquanto não se tenha o a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> controle sobre o ecossistema em questão, ou seja,<br />

antes que se <strong>de</strong>senvolvam estu<strong>do</strong>s ecológicos e limnológicos que permitam o<br />

conhecimento e a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> controle <strong>do</strong> ecossistema aquático. Também constitui-se<br />

medida <strong>de</strong> precaução a restrição <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> reservatório em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

ano on<strong>de</strong> ocorre a proliferação <strong>de</strong> algas produtoras <strong>de</strong> toxinas, que po<strong>de</strong>m afetar a saú<strong>de</strong><br />

das pessoas que façam contato direto com essas águas;<br />

• As benfeitorias a serem construídas visan<strong>do</strong> à promoção <strong>do</strong> lazer e turismo <strong>de</strong>verão<br />

contemplar em projeto a implantação <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> coleta, tratamento e disposição<br />

a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> esgotos sanitários, no mínimo através <strong>de</strong> fossas sépticas ligadas a<br />

sumi<strong>do</strong>uros. Lançamento <strong>de</strong> resíduos orgânicos e <strong>de</strong> <strong>de</strong>tergentes são proibi<strong>do</strong>s nas águas.<br />

Deverão ser previstos, também, coleta e <strong>de</strong>stinação a<strong>de</strong>quada <strong>do</strong>s resíduos sóli<strong>do</strong>s,<br />

aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> os procedimentos previstos no <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Gerenciamento <strong>de</strong> Resíduos Sóli<strong>do</strong>s a<br />

ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> para área <strong>do</strong>s 1.000 metros;<br />

• O <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> combustíveis para embarcações fica proibi<strong>do</strong> por questões <strong>de</strong> segurança e<br />

<strong>de</strong> prevenção com relação à contaminação <strong>do</strong>s solos; o manuseio <strong>de</strong>ste material <strong>de</strong>verá<br />

ser rigorosamente controla<strong>do</strong>, evitan<strong>do</strong>-se vazamentos (e, conseqüentemente, infiltração<br />

nos solos e no lençol freático);<br />

• Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ecoturismo e educação ambiental com visitação às áreas <strong>de</strong> Proteção<br />

<strong>Ambiental</strong>, nas quais o intuito principal é a conservação da biodiversida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>verão ser<br />

regulamentadas pelo órgão gestor ou proprietário da localida<strong>de</strong>. Em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação constituídas, a visitação estará sujeita à autorização prévia,<br />

normas administrativas e restrições legais, estabelecidas no <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Manejo da Unida<strong>de</strong>,<br />

conforme a Lei Fe<strong>de</strong>ral N.º 9.985, <strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação.<br />

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8 PROGRAMAS DE CONTROLE AMBIENTAL<br />

A gestão integrada <strong>do</strong>s usos múltiplos no reservatório e seu entorno <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> ações que<br />

<strong>de</strong>verão se efetivar, especialmente, a médio e longo prazos, as quais <strong>de</strong>verão estar apoiadas por<br />

programas <strong>de</strong> monitoramento ambiental. Aqueles que estão sugeri<strong>do</strong>s adiante têm como base<br />

elementos que precisam ser melhor explora<strong>do</strong>s e conheci<strong>do</strong>s com relação ao ambiente <strong>do</strong><br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, uma vez que não houve elaboração <strong>do</strong> Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Impactos Ambientais -<br />

EIA e Projeto Básico <strong>Ambiental</strong> – PBA por ocasião da construção da usina (anterior a 1980). Os<br />

programas que se seguem po<strong>de</strong>rão auxiliar na otimização <strong>do</strong>s diversos usos e ocupações no entorno<br />

<strong>do</strong> reservatório, evitan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>gradação ambiental. Procurou-se i<strong>de</strong>ntificar parcerias e a<br />

compatibilização com programas já instaura<strong>do</strong>s em nível estadual e nacional.<br />

A apresentação <strong>do</strong>s programas foi dividida conforme a responsabilida<strong>de</strong> específica <strong>do</strong> agente<br />

que <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>senvolvê-lo, muito embora alguns programas exigirão uma ação inter-institucional e<br />

outros não tenham claramente <strong>de</strong>finida a quem cabe a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução (questão que<br />

<strong>de</strong>verá ser avaliada e dirimida durante o processo <strong>de</strong> discussão <strong>de</strong>ste <strong>do</strong>cumento).<br />

8.1 Programas Governamentais<br />

Os programas governamentais dizem respeito a ações típicas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que <strong>de</strong>verão ser<br />

encampadas pelo Governo Estadual com a participação direta das administrações municipais.<br />

Objetivam solucionar questões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m estrutural e propor ações que objetivam o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento socioeconômico da região como um to<strong>do</strong>, a partir da re-or<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> solo<br />

no entorno <strong>do</strong> reservatório e <strong>do</strong> incentivo ao aproveitamento <strong>do</strong> seu potencial turístico.<br />

Os programas ambientais <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> são relaciona<strong>do</strong>s a seguir.<br />

8.1.1 Programa <strong>de</strong> Gestão da Bacia <strong>de</strong> Contribuição <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

A proliferação <strong>de</strong> algas no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, em virtu<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />

eutrofização a que está submeti<strong>do</strong>, é reflexo da poluição <strong>do</strong> rio Iguaçu em to<strong>do</strong> o seu trecho a<br />

montante da barragem e <strong>do</strong>s rios afluentes <strong>do</strong> reservatório. Essa situação, por sua vez, está<br />

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relacionada com o uso e ocupação <strong>do</strong> solo na bacia hidrográfica.<br />

O rio Iguaçu, principal forma<strong>do</strong>r <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, nasce no primeiro planalto<br />

paranaense e atravessa o Esta<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> leste-oeste. Em seu percurso esse rio carrega uma<br />

gran<strong>de</strong> carga <strong>de</strong> poluição, relacionada aos seguintes fatores:<br />

• <strong>de</strong>spejo clan<strong>de</strong>stino <strong>de</strong> esgoto <strong>do</strong>méstico in natura, relaciona<strong>do</strong> a ocupações irregulares<br />

existentes em suas margens, ou lançamento <strong>de</strong> esgoto trata<strong>do</strong> ina<strong>de</strong>quadamente pela<br />

SANEPAR. Esse problema é característico <strong>do</strong> Alto Iguaçu, ocorren<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> suas nascentes,<br />

e perdura por toda a extensão <strong>do</strong> rio, adquirin<strong>do</strong> maior relevância, também, na região <strong>de</strong><br />

União da Vitória e Porto Vitória;<br />

• efluentes industriais lança<strong>do</strong>s no trecho <strong>do</strong> rio Iguaçu, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Cida<strong>de</strong> Industrial <strong>de</strong><br />

Curitiba até o reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>;<br />

• poluição difusa oriunda <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s agrícolas que caracterizam a maior parte <strong>do</strong> uso <strong>do</strong><br />

solo na Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio Iguaçu, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se a poluição química relacionadas<br />

aos agrotóxicos e a poluição orgânica advinda <strong>do</strong> carreamento <strong>de</strong> fertilizantes agrícolas,<br />

com alta concentração <strong>de</strong> fósforo e nitrogênio.<br />

Assim, as ações <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Gestão da Bacia <strong>de</strong> Contribuição <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> estão<br />

voltadas integralmente para o gerenciamento ambiental da Bacia Hidrográfica <strong>do</strong> Rio <strong>do</strong> Iguaçu,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> suas nascentes até o reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

Para a realização <strong>de</strong>ste programa <strong>de</strong>verá ser feito um levantamento <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s já<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s sobre a bacia <strong>do</strong> rio Iguaçu, a montante <strong>do</strong> reservatório, além <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s com<br />

enfoque na proliferação <strong>de</strong> algas em <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, em <strong>de</strong>senvolvimento pela Comissão Permanente<br />

<strong>de</strong> Monitoramento e Controle das Algas <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, composto por integrantes<br />

da COPEL, LACTEC, IAP, SANEPAR, SUDERHSA e SESA. Esses estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>verão ser complementa<strong>do</strong>s,<br />

com i<strong>de</strong>ntificação das principais fontes <strong>de</strong> poluição <strong>do</strong>méstica e industrial, a fim <strong>de</strong> propiciar o<br />

estabelecimento <strong>de</strong> ações eficientes e localizadas que resultem, em curto prazo, na drástica redução<br />

<strong>de</strong>sses lançamentos no rio. No programa <strong>de</strong>verão ser estabelecidas metas para evitar e combater a<br />

proliferação <strong>de</strong> algas e melhorar a qualida<strong>de</strong> da água no reservatório.<br />

Devi<strong>do</strong> à complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> uma bacia hidrográfica, este programa exigirá a<br />

participação direta <strong>do</strong>s municípios que fazem parte da bacia, <strong>de</strong> órgãos ambientais (tais como SEMA,<br />

IAP, SUDERHSA), da SEAB, da EMATER, da SANEPAR e da COPEL.<br />

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8.1.2 Programa <strong>de</strong> Ampliação <strong>do</strong> Saneamento Básico<br />

O diagnóstico ambiental da área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> mostra que o reservatório e os recursos hídricos<br />

afluentes ao mesmo sofrem influência das condições precárias <strong>de</strong> saneamento básico e ambiental<br />

nos municípios <strong>de</strong> entorno, especialmente no que diz respeito à disposição ina<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> resíduos<br />

sóli<strong>do</strong>s urbanos, efluentes <strong>do</strong>mésticos e efluentes industriais. Rios que atravessam as se<strong>de</strong>s<br />

municipais e que <strong>de</strong>sembocam no reservatório se encontram seriamente poluí<strong>do</strong>s e contamina<strong>do</strong>s<br />

pelo lançamento <strong>de</strong> lixo e <strong>de</strong>spejos <strong>de</strong> toda natureza nas suas águas, sem o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> tratamento.<br />

Contatos com as prefeituras municipais i<strong>de</strong>ntificaram que a ampliação <strong>do</strong>s benefícios <strong>do</strong> saneamento<br />

básico e ambiental é um <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s anseios <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res municipais.<br />

Cabe ao Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, através da SANEPAR, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> programas para<br />

ampliação <strong>do</strong> saneamento básico nos municípios <strong>de</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório, em conjunto com as<br />

respectivas prefeituras municipais.<br />

O Programa <strong>de</strong> Ampliação <strong>do</strong> Saneamento Básico <strong>de</strong>ve ser compatibiliza<strong>do</strong> com outros<br />

projetos <strong>de</strong> saneamento existentes no Esta<strong>do</strong> e com legislação vigente.<br />

8.1.3 Programa <strong>de</strong> Apoio ao Desenvolvimento <strong>do</strong> Turismo Regional<br />

O relevo típico <strong>de</strong> planalto e a presença <strong>de</strong> remanescentes da Mata <strong>de</strong> Araucária na região <strong>de</strong><br />

<strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, a conservação ambiental e o paisagismo exótico existente na Vila <strong>do</strong> Faxinal <strong>do</strong> Céu e a<br />

beleza cênica <strong>do</strong> lago (reservatório) com toda sua possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso para lazer, <strong>de</strong>terminam<br />

gran<strong>de</strong> potencial para o <strong>de</strong>senvolvimento turístico na região.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste programa é i<strong>de</strong>ntificar as ativida<strong>de</strong>s turísticas mais promissoras, avaliar as<br />

necessida<strong>de</strong>s em termos <strong>de</strong> infra-estrutura e promover sua implantação. É importante, também, que<br />

este programa contemple a divulgação <strong>do</strong> potencial turístico local, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> a importância da<br />

manutenção da qualida<strong>de</strong> ambiental local.<br />

Cabe ao Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, juntamente com as prefeituras municipais, a discussão, a<br />

elaboração e a execução <strong>de</strong>ste programa.<br />

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8.1.4 Programa <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong>s Solos para a Agricultura<br />

O diagnóstico ambiental no entorno <strong>do</strong> reservatório mostra que o relevo bastante aci<strong>de</strong>nta<strong>do</strong><br />

é um <strong>do</strong>s fatores <strong>de</strong> restrição ao uso <strong>do</strong>s solos para agricultura (especialmente mecanizada) em boa<br />

parte <strong>do</strong> mesmo. O manejo ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, através <strong>de</strong> técnicas que levam ao esgotamento da<br />

capacida<strong>de</strong> produtiva <strong>do</strong>s solos e <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> agrotóxicos, e a <strong>de</strong>struição da vegetação ciliar pela<br />

ocupação da área marginal <strong>de</strong> preservação permanente, tornam necessária a criação <strong>de</strong> um<br />

programa que auxilie os agricultores da região na a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> práticas conservacionistas. Entre estas,<br />

<strong>de</strong>verá ser estimulada a agricultura orgânica, a fruticultura em áreas <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> e o<br />

respeito às Áreas <strong>de</strong> Preservação Permanente.<br />

Este programa <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> através <strong>de</strong> convênios entre as prefeituras municipais e<br />

os seguintes órgãos públicos: Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Agricultura e <strong>do</strong> Abastecimento – SEAB,<br />

Empresa Paranaense <strong>de</strong> Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER/PR e Empresa Brasileira <strong>de</strong><br />

Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA. A COPEL, cabe neste caso, o papel <strong>de</strong> agente cataliza<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

processo colaboran<strong>do</strong> na articulação com as partes interessadas e também como apoia<strong>do</strong>r técnico<br />

<strong>de</strong>sse programa.<br />

O programa estadual "<strong>Paraná</strong> Biodiversida<strong>de</strong>" po<strong>de</strong>rá ser compatibiliza<strong>do</strong>, uma vez que<br />

práticas <strong>de</strong> agricultura sustentável favorecerão a implantação <strong>de</strong> corre<strong>do</strong>res ver<strong>de</strong>s no entorno <strong>do</strong><br />

reservatório e ao longo <strong>do</strong> rio Iguaçu. Outro programa compatível a este é o " Programa <strong>de</strong><br />

Embalagens <strong>de</strong> Agrotóxicos ", que se constitui em uma ação para o <strong>de</strong>senvolvimento sustenta<strong>do</strong> rural<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>, objetivan<strong>do</strong> a coleta e <strong>de</strong>stinação a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> resíduos agrotóxicos gera<strong>do</strong>s no<br />

campo.<br />

8.2 Programas <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> IAP<br />

O a<strong>de</strong>nsamento da cobertura florestal da faixa <strong>do</strong>s 1.000 metros <strong>do</strong>s reservatórios po<strong>de</strong> ser<br />

alcança<strong>do</strong> com a aplicação <strong>do</strong>s dispositivos legais existentes no <strong>de</strong>creto no 387/99 que instituiu o<br />

SISLEG – Sistema <strong>de</strong> Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal e Áreas <strong>de</strong><br />

Preservação Permanente no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. Entretanto, sem uma ação <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Paraná</strong> sobre os proprietários rurais, é pouco provável que esse objetivo venha a ser alcança<strong>do</strong>,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se o histórico <strong>de</strong> inobservância das leis ambientais que caracterizam a posição <strong>de</strong> nossa<br />

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socieda<strong>de</strong> rural em relação ao tema.<br />

São propostos <strong>do</strong>is programas que o <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> <strong>de</strong>verá assumir para<br />

garantir a recuperação e controle das reservas legais das proprieda<strong>de</strong>s existentes no entorno <strong>do</strong>s<br />

reservatórios; ambos estão <strong>de</strong>scritos abaixo.<br />

8.2.1 Programa <strong>de</strong> Recuperação e Rea<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> Áreas Degradadas<br />

Este programa <strong>de</strong>verá promover a i<strong>de</strong>ntificação das áreas <strong>de</strong>gradadas no entorno <strong>do</strong><br />

reservatório, especialmente pelas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> agricultura, exploração ma<strong>de</strong>ireira e extração <strong>de</strong><br />

areia (cavas) e sua recuperação através <strong>do</strong> reflorestamento e enriquecimento vegetal com espécies<br />

nativas da região e/ou rea<strong>de</strong>quação, pelo redirecionamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s. Nos <strong>do</strong>is primeiros casos,<br />

experiências mostram que a regeneração natural, mediante o efetivo aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> solo, é a<br />

opção mais a<strong>de</strong>quada.<br />

Ações pertinentes a este programa, além <strong>de</strong> essenciais para a formação <strong>do</strong>s corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

biodiversida<strong>de</strong>, contribuirão para melhoria da paisagem local, para redução <strong>de</strong> processos erosivos,<br />

correção <strong>de</strong> ambientes <strong>de</strong>grada<strong>do</strong>s, manutenção da qualida<strong>de</strong> das águas <strong>do</strong> reservatório e aumento<br />

da sua vida útil.<br />

O <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> - IAP e <strong>Instituto</strong> Brasileiro <strong>do</strong> Meio Ambiente e <strong>do</strong>s Recursos<br />

Naturais Renováveis - IBAMA, com apoio <strong>do</strong> Batalhão da Polícia Florestal – BPFlor, <strong>de</strong>verão promover<br />

a i<strong>de</strong>ntificação das áreas <strong>de</strong>gradadas no entorno <strong>do</strong> reservatório, especialmente as relacionadas à<br />

extração <strong>de</strong> areia, apontadas no diagnóstico ambiental em condições bastante críticas. Os<br />

proprietários <strong>de</strong> imóveis lin<strong>de</strong>iros, incluin<strong>do</strong> a COPEL, os explora<strong>do</strong>res <strong>de</strong>stes e <strong>de</strong> outros recursos,<br />

são responsáveis diretos pela sua recuperação, caben<strong>do</strong> ao IAP a efetiva fiscalização.<br />

A reposição florestal, no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>, conta com o Sistema Estadual <strong>de</strong> Reposição<br />

Florestal Obrigatória - SERFLOR, o Programa <strong>de</strong> Florestas Municipais e o Programa Estadual <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Florestal - PRODEFLOR. A produção <strong>de</strong> mudas é feita nos viveiros <strong>do</strong> IAP, com o<br />

objetivo <strong>de</strong> incentivar reflorestamentos conservacionistas e <strong>de</strong> produção, ten<strong>do</strong> apoio da Empresa<br />

Paranaense <strong>de</strong> Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER. Parcerias po<strong>de</strong>rão ser estabelecidas,<br />

também, com a COPEL para o fornecimento <strong>de</strong> mudas provenientes <strong>do</strong> Horto Florestal localiza<strong>do</strong> em<br />

Faxinal <strong>do</strong> Céu (distrito <strong>de</strong> Pinhão).<br />

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Ações neste senti<strong>do</strong> po<strong>de</strong>m ser compatibilizadas com o Projeto "<strong>Paraná</strong> Biodiversida<strong>de</strong>", que<br />

prevê a implantação <strong>do</strong>s corre<strong>do</strong>res ecológicos através <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>.<br />

8.2.2 Programa <strong>de</strong> Recuperação e Manutenção <strong>de</strong> Reservas Legais Florestais<br />

Este programa objetiva regularizar a implantação das Reservas Florestais Legais, levan<strong>do</strong>-se<br />

em consi<strong>de</strong>ração que gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s proprietários rurais <strong>de</strong>sconhece ou <strong>de</strong>srespeita a exigência<br />

legal ditada pela Lei N.º 7.803 <strong>de</strong> 18/7/1989, que acrescentou ao Código Florestal a exigência <strong>de</strong> uma<br />

reserva legal, <strong>de</strong> no mínimo 20% das proprieda<strong>de</strong>s rurais.<br />

Ele <strong>de</strong>verá constar <strong>de</strong> uma fase <strong>de</strong> cadastramento das proprieda<strong>de</strong>s existentes no entorno <strong>de</strong><br />

1000 m e avaliação da situação no que diz respeito à existência <strong>de</strong>sta reserva.<br />

Após a realização <strong>de</strong>ste cadastro as proprieda<strong>de</strong>s em <strong>de</strong>sacor<strong>do</strong> <strong>de</strong>verão assinar um termo <strong>de</strong><br />

compromisso junto ao IAP, on<strong>de</strong> será estabeleci<strong>do</strong> um cronograma <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação, conforme<br />

preconiza o Sistema <strong>de</strong> Manutenção, Recuperação e Proteção da Reserva Florestal Legal e áreas <strong>de</strong><br />

Preservação Permanente no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> - SISLEG.<br />

Cabe ao IAP a responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> cadastramento e fiscalização (Portaria N.º<br />

100/99/IAP/GP). Este órgão ambiental po<strong>de</strong>rá buscar o apoio da EMATER/PR e da Secretaria <strong>de</strong><br />

Esta<strong>do</strong> da Agricultura e <strong>do</strong> Abastecimento - SEAB.<br />

8.3 Programas <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> da COPEL<br />

Apesar <strong>de</strong> a usina <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> já contar com 28 anos <strong>de</strong> operação, algumas das suas<br />

interferências ambientais ainda não foram suficientemente avaliadas, visto que os estu<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s na época tiveram um caráter <strong>de</strong> urgência e não trataram <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s assuntos com<br />

a <strong>de</strong>vida profundida<strong>de</strong>. Além disso, a implantação <strong>do</strong> zoneamento exigirá a revisão <strong>de</strong> algumas ações<br />

já <strong>de</strong>senvolvidas pela empresa, mas que nesse momento <strong>de</strong>vem ser abordadas sob um ponto <strong>de</strong> vista<br />

diferente.<br />

Dessa forma, será <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> da COPEL o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s seguintes programas.<br />

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8.3.1 Programa <strong>de</strong> Comunicação Social<br />

O programa <strong>de</strong> comunicação social tem por objetivo estabelecer vias <strong>de</strong> comunicação entre o<br />

empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r e os diversos segmentos e atores envolvi<strong>do</strong>s no <strong>Plano</strong> <strong>Ambiental</strong>.<br />

A <strong>de</strong>sinformação é uma das gran<strong>de</strong>s causas <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> conflitos e uma das principais<br />

responsáveis pelo <strong>de</strong>srespeito às leis ambientais e pela exploração ina<strong>de</strong>quada e <strong>de</strong>gradação <strong>do</strong>s<br />

recursos naturais, especialmente entre populações <strong>de</strong> menor renda. Constitui-se, também, uma<br />

<strong>de</strong>ficiência para os cidadãos que <strong>de</strong>sejam lutar pelos seus direitos com relação a um meio ambiente<br />

saudável.<br />

A comunicação social diz respeito à difusão <strong>de</strong> conhecimentos, informação, treinamento,<br />

educação ambiental e conscientização ecológica sobre a importância vital que tem para os<br />

ecossistemas aquático e terrestre, a obediência à legislação e às diretrizes estabelecidas neste <strong>Plano</strong><br />

<strong>Ambiental</strong>, com relação ao aproveitamento <strong>do</strong> potencial <strong>de</strong> usos múltiplos <strong>do</strong> reservatório. A gestão<br />

integrada, envolven<strong>do</strong> prefeituras, empresas, população e órgãos <strong>de</strong> fiscalização ambiental,<br />

necessária para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s diversas no reservatório, não se efetivará se não for<br />

estabeleci<strong>do</strong> um canal <strong>de</strong> comunicação entre estas partes.<br />

Desta forma, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> comunicação social caberá a to<strong>do</strong>s aqueles<br />

segmentos, através <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> ampla difusão (rádio, televisão), da realização <strong>de</strong> reuniões e<br />

palestras, distribuição <strong>de</strong> panfletos, cartazes, possibilitan<strong>do</strong> trocas <strong>de</strong> informação e, até, <strong>de</strong>núncias<br />

sobre a ocorrência <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s agressivas ao meio ambiente na região.<br />

8.3.2 Programa <strong>de</strong> Manejo da Fauna e Flora Terrestres<br />

A carência <strong>de</strong> informações atuais sobre as condições da fauna e flora terrestres no entorno <strong>do</strong><br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> leva à necessida<strong>de</strong> da realização <strong>de</strong> inventários e explorações científicas<br />

neste senti<strong>do</strong>.<br />

Este programa <strong>de</strong>verá promover um levantamento das espécies da fauna e flora existente no<br />

entorno <strong>do</strong> reservatório , com o objetivo <strong>de</strong> subsidiar seu manejo e conservação. Especial atenção<br />

com relação à fauna <strong>de</strong>verá ser dada às espécies-chave, pois sua presença é indicativa <strong>de</strong> várias<br />

outras, e às oficialmente ameaçadas <strong>de</strong> extinção, como a jacutinga, o macuco, o gavião-pombo e o<br />

cuiu-cuiu, entre outras.<br />

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Informações obtidas através <strong>de</strong>stes estu<strong>do</strong>s fornecerão subsídios para uma melhor<br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> locais propícios à conservação da biodiversida<strong>de</strong>. O a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> manejo <strong>do</strong>s<br />

remanescentes florestais permitirá o livre fluxo da fauna e, conseqüentemente, a dispersão <strong>de</strong><br />

espécies (dispersão genética) e a recolonização <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas.<br />

Estes objetivos vão ao encontro <strong>do</strong> projeto "<strong>Paraná</strong> Biodiversida<strong>de</strong>", <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> através da<br />

SEMA e IAP (e respectiva <strong>Diretor</strong>ia <strong>de</strong> Biodiversida<strong>de</strong> e Áreas Protegidas - DIBAP).<br />

Caberá a COPEL colaborar com o referi<strong>do</strong> programa dispon<strong>do</strong> da infra-estrutura <strong>do</strong> Horto<br />

Florestal e Reserva Biológica (Faxinal <strong>do</strong> Céu).<br />

8.3.3 Programa <strong>de</strong> Monitoramento <strong>do</strong> Ecossistema Aquático<br />

A utilização <strong>do</strong> reservatório e seu entorno para múltiplos fins implica num aumento da<br />

pressão exercida sobre os recursos hídricos, o que torna importante o conhecimento <strong>de</strong> sua condição<br />

atual e o estabelecimento <strong>de</strong> um prognóstico para a situação futura. Este programa se <strong>de</strong>stina,<br />

portanto, à realização <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s limnológicos (<strong>de</strong> natureza física, química e biológica) e hidrológicos<br />

sistemáticos, nas porções fluvial, intermediária e lacustre <strong>do</strong> reservatório, a médio e longo prazos,<br />

possibilitan<strong>do</strong> a i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s padrões espaciais e temporais <strong>do</strong> mesmo. Tais estu<strong>do</strong>s permitirão o<br />

conhecimento da ecologia <strong>do</strong> reservatório (sua estrutura e funcionamento), o efetivo controle sobre<br />

o mesmo e o a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> direcionamento para usos múltiplos. Em especial, estu<strong>do</strong>s específicos sobre a<br />

ictiofauna <strong>de</strong>verão ser parte <strong>de</strong>ste programa.<br />

Cabe à COPEL a implantação <strong>de</strong>ste programa, dan<strong>do</strong> continuida<strong>de</strong> ao monitoramento<br />

limnológico que foi realiza<strong>do</strong> nos primeiros anos após o enchimento <strong>do</strong> reservatório. Assim, será<br />

dada seqüência a uma série histórica <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s hidrológicos que vem sen<strong>do</strong> acumula<strong>do</strong>s pela<br />

empresa.<br />

Além disto, também po<strong>de</strong>rá ser angaria<strong>do</strong> o apoio da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Meio Ambiente<br />

e Recursos Hídricos - SEMA e utilizada a infra-estrutura da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Professor, em Faxinal <strong>do</strong><br />

Céu, para estu<strong>do</strong>s científicos e treinamentos em Limnologia.<br />

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8.4 Programas em Parcerias<br />

8.4.1 Programa <strong>de</strong> Manejo da Fauna: Inventário da fauna <strong>de</strong> vertebra<strong>do</strong>s tetrápo<strong>do</strong>s na área <strong>de</strong><br />

influência da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong><br />

Conforme se po<strong>de</strong> constatar nos diagnósticos faunísticos aqui apresenta<strong>do</strong>s, a UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Areia</strong>, por ser empreendimento anterior à normatização <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> impactos ambientais, tem<br />

uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> informações sobre a composição faunística anterior ao empreendimento e<br />

que se esten<strong>de</strong> até o presente. Tal fato é <strong>de</strong> certa forma compensa<strong>do</strong> por inventários sistematiza<strong>do</strong>s<br />

realiza<strong>do</strong>s para a UHE Segre<strong>do</strong> e <strong>de</strong>rivação <strong>do</strong> rio Jordão, possibilitan<strong>do</strong>, assim, a extrapolação <strong>do</strong>s<br />

da<strong>do</strong>s e uma análise prévia <strong>do</strong>s potenciais impactos gera<strong>do</strong>s à fauna autóctone. Conforme sugeri<strong>do</strong><br />

para a UHE a jusante (UHE Segre<strong>do</strong>) <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento, a compilação <strong>de</strong>sses da<strong>do</strong>s é <strong>de</strong> extrema<br />

relevância e <strong>de</strong>ve ser feito <strong>de</strong> forma cooperativa, possibilitan<strong>do</strong> análises mais abrangentes e que<br />

permitam embasar quaisquer estu<strong>do</strong>s posteriores.<br />

A diagnose ambiental é passo fundamental para a elaboração <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong>s<br />

recursos naturais e, assim, consi<strong>de</strong>ra-se o presente estu<strong>do</strong> como o antecessor para que se possa<br />

sugerir qualquer ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservação para a fauna em uma escala menor (área <strong>de</strong> influência da<br />

UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>). No entanto, os da<strong>do</strong>s aqui gera<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m prestar-se para o uso em<br />

empreendimentos adjacentes, sobretu<strong>do</strong> da UHE Segre<strong>do</strong> e <strong>de</strong>rivação <strong>do</strong> Rio Jordão, servin<strong>do</strong>, assim,<br />

para que se elabore um marco inicial sobre os estu<strong>do</strong>s faunísticos para a UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> e a<br />

potencialização das investigações para os <strong>de</strong>mais empreendimentos.<br />

O programa tem como objetivo primordial o conhecimento acerca da fauna <strong>de</strong> vertebra<strong>do</strong>s<br />

tetrápo<strong>do</strong>s na área <strong>de</strong> influência da UHE <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, inician<strong>do</strong>-se os estu<strong>do</strong>s investigativos <strong>de</strong>sse<br />

grupo para a micro-região. Uma das características mais relevantes para que esses se prestem para<br />

posteriores comparações quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> monitoramento da fauna é que os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s contenham<br />

valores comparáveis no tempo e no espaço, possibilitan<strong>do</strong> o acompanhamento <strong>de</strong> flutuações<br />

populacionais e extinções locais. São requisitos:<br />

impactos;<br />

- Elaborar banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s conten<strong>do</strong> informações zoológicas sobre a área sob influência <strong>de</strong><br />

- Diagnosticar áreas <strong>do</strong> conhecimento <strong>de</strong>sprovidas <strong>de</strong> informações;<br />

- Elaborar plano estratégico para o monitoramento <strong>de</strong> fauna, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s<br />

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compila<strong>do</strong>s;<br />

- Inventariar sistematicamente a fauna tetrápoda na área <strong>de</strong> influência <strong>do</strong> empreendimento;<br />

- Correlacionar os da<strong>do</strong>s com aqueles obti<strong>do</strong>s por empreendimentos próximos com o intuito<br />

<strong>de</strong> se diagnosticar os impactos <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> sinérgico;<br />

- Sugerir, se necessário, novas propostas <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s.<br />

Com relação ao prazo, o programa <strong>de</strong>verá ser implanta<strong>do</strong> no menor espaço <strong>de</strong> tempo possível<br />

após a aprovação <strong>de</strong>sse plano diretor, com duração <strong>de</strong> pelo menos 2 anos, conforme IN146/2007 <strong>do</strong><br />

IBAMA.<br />

Como instituições <strong>de</strong> apoio citam-se a Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>do</strong> Centro Oeste (UNICENTRO) e<br />

<strong>de</strong>mais instituições <strong>de</strong> ensino superior da região, IAP, IBAMA, Museu <strong>de</strong> História Natural “Capão da<br />

Imbuia”, Museu Regional <strong>do</strong> Iguaçu, ONG’s com ênfase em pesquisa e conservação.<br />

8.5 Programa <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Municípios<br />

As prefeituras municipais <strong>de</strong>verão assumir a realização <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> caráter e atribuição<br />

municipal, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> contribuírem para a melhoria da qualida<strong>de</strong> ambiental da região <strong>do</strong> entorno<br />

<strong>do</strong> reservatório.<br />

8.5.1 Programa <strong>de</strong> Recolhimento e Destinação <strong>de</strong> Resíduos Sóli<strong>do</strong>s<br />

Na situação atual <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> o acúmulo <strong>de</strong> lixo e a ausência<br />

<strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> coleta regular se <strong>de</strong>staca como um <strong>do</strong>s problemas ambientais ali ocorrentes. Com a<br />

perspectiva, <strong>de</strong> longo prazo, <strong>de</strong> aumento da procura da região para instalações e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer,<br />

a tendência é que este problema venha a agravar-se. Desta forma é necessário que as prefeituras <strong>do</strong>s<br />

municípios no entorno estu<strong>de</strong>m uma solução conjunta para operacionalizar a coleta <strong>do</strong> lixo a fim <strong>de</strong><br />

evitar a saturação da região com o passar <strong>do</strong>s anos.<br />

Além disso, as prefeituras <strong>de</strong>verão atuar no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> sensibilizar a população ribeirinha<br />

quanto a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evitar a acumulação <strong>de</strong> lixo nas áreas <strong>de</strong> entorno e no reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Areia</strong>, através das ações propostas no Programa <strong>de</strong> Comunicação Social.<br />

Este programa <strong>de</strong>verá prever a elaboração e execução <strong>de</strong> um <strong>Plano</strong> <strong>de</strong> Gerenciamento <strong>do</strong>s<br />

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Resíduos Sóli<strong>do</strong>s da região <strong>de</strong> 1.000 metros <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> Segre<strong>do</strong>, que englobe:<br />

• Um sistema para coleta, transporte e disposição final <strong>do</strong>s resíduos sóli<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s,<br />

contemplan<strong>do</strong> uma análise prévia da situação <strong>do</strong>s aterros sanitários existentes (ou não)<br />

nos municípios influencia<strong>do</strong>s;<br />

• I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> locais estratégicos para coletores seletivos <strong>de</strong> lixo, a fim <strong>de</strong> estimular a<br />

segregação <strong>do</strong>s resíduos pela população local e usuários <strong>do</strong> reservatório;<br />

• I<strong>de</strong>ntificação das áreas on<strong>de</strong> ocorre a maior concentração <strong>de</strong> resíduos no entorno e no<br />

reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>;<br />

• Um programa específico <strong>de</strong> coleta seletiva junto à população ribeirinha, envolven<strong>do</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação ambiental.<br />

No <strong>de</strong>correr da implementação <strong>de</strong>ste projeto serão emiti<strong>do</strong>s relatórios sobre o andamento<br />

das ações propostas, que serão encaminha<strong>do</strong>s ao corpo técnico <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> –<br />

IAP para avaliação e acompanhamento.<br />

O Programa <strong>de</strong> Recolhimento e Destinação <strong>de</strong> Resíduos Sóli<strong>do</strong>s é <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> das<br />

Secretarias Municipais <strong>de</strong> Meio Ambiente <strong>do</strong>s municípios envolvi<strong>do</strong>s.<br />

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9 PLANO DE AUTO MONITORAMENTO<br />

De acor<strong>do</strong> com o conteú<strong>do</strong> das “Diretrizes para elaboração <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> uso e ocupação das<br />

águas e <strong>do</strong> entorno <strong>de</strong> reservatórios <strong>de</strong> usinas hidrelétricas e <strong>de</strong> manancial <strong>de</strong> abastecimento<br />

público” o <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> sugere que a responsabilida<strong>de</strong> pelo automonitoramento da<br />

área <strong>de</strong> interesse é <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r. Assim, compulsoriamente, a COPEL<br />

<strong>de</strong>verá assumir essa tarefa seguin<strong>do</strong> as regras estabelecidas a seguir:<br />

• O monitoramento da região <strong>de</strong>verá se concentrar no acompanhamento das alterações<br />

observáveis no uso <strong>do</strong> solo ao longo <strong>do</strong> tempo, a fim <strong>de</strong> verificar e mapear as<br />

interferências não conformes em relação ao zoneamento e outras com potencial <strong>de</strong><br />

promover a <strong>de</strong>gradação ambiental no entorno <strong>do</strong> reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>.<br />

• O marco zero das ações <strong>de</strong> monitoramento se dará ainda antes da aprovação <strong>de</strong>ste plano<br />

diretor, com o controle sobre as ocupações na faixa <strong>de</strong> preservação permanente, a fim <strong>de</strong><br />

evitar novas ocupações, ten<strong>do</strong> como referência o <strong>do</strong>cumento <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> “Cadastro <strong>de</strong><br />

Confrontantes” da COPEL, que cadastrou to<strong>do</strong>s os atuais ocupantes <strong>de</strong>ssa faixa. Esses<br />

ocupantes serão os únicos admissíveis na faixa <strong>de</strong> preservação permanente, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong><br />

com o zoneamento proposto neste plano diretor.<br />

• O monitoramento <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> solo será realiza<strong>do</strong> através <strong>de</strong> vistorias <strong>do</strong> entrono cujos<br />

resulta<strong>do</strong>s serão compara<strong>do</strong>s com o cadastro <strong>de</strong> confrontantes da COPEL. As alterações<br />

<strong>do</strong> uso <strong>do</strong> solo ou <strong>do</strong> zoneamento <strong>do</strong> reservatório, <strong>de</strong>verão ser mapeadas e relatadas ao<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> para a tomada <strong>de</strong> providências.<br />

• O programa <strong>de</strong> comunicação social se encarregará <strong>de</strong> informar aos habitantes <strong>do</strong> entorno<br />

<strong>do</strong> reservatório sobre essa ativida<strong>de</strong>, para que to<strong>do</strong>s fiquem cientes <strong>de</strong> que ocorrerão<br />

punições às ações <strong>de</strong>liberadas <strong>de</strong> agressão ambiental.<br />

• Para um monitoramento pontual, no dia-a-dia, a COPEL <strong>de</strong>verá provi<strong>de</strong>nciar e divulgar,<br />

através <strong>de</strong> placas fixadas no entorno <strong>do</strong>s reservatórios as formas <strong>de</strong> contato para receber<br />

informações sobre ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> agressão ao meio ambiente da região. Essas <strong>de</strong>núncias<br />

<strong>de</strong>verão ser repassadas imediatamente ao Escritório Regional <strong>do</strong> IAP em cuja jurisdição<br />

esteja enquadra<strong>do</strong> o ato ilícito, para a tomada <strong>de</strong> providências.<br />

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É preciso salientar que a COPEL não tem autorida<strong>de</strong> para agir coercitivamente em qualquer<br />

caso flagra<strong>do</strong> <strong>de</strong> agressão ambiental e tampouco tem a obrigação <strong>de</strong> exercer ativida<strong>de</strong>s rotineiras <strong>de</strong><br />

fiscalização, papéis que cabem funcional e legalmente ao <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. Assim,<br />

reitera-se que a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> automonitoramento se restringirá à <strong>de</strong>tecção das irregularida<strong>de</strong>s e<br />

imediata informação ao órgão responsável, com avaliações anuais da situação geral <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong>s<br />

reservatórios.<br />

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10 OPERACIONALIZAÇÃO DO PLANO DIRETOR<br />

Este estu<strong>do</strong> mostra que a responsabilida<strong>de</strong> pela gestão da faixa <strong>de</strong> 1.000 metros <strong>do</strong> entorno<br />

<strong>do</strong>s reservatórios envolve diversas instituições da esfera da administração pública e a COPEL. Então,<br />

no momento em que se propõe um disciplinamento <strong>de</strong>finitivo para a região, com a implementação<br />

<strong>do</strong> zoneamento e <strong>do</strong>s respectivos programas ambientais que o apóiam, é fundamental que essas<br />

instituições assumam o seu papel na operacionalização <strong>do</strong> plano diretor aqui apresenta<strong>do</strong>.<br />

Embora cada programa ambiental, pela sua natureza e abrangência, tenha uma instituição<br />

específica para implementá-lo, é verda<strong>de</strong> que este programa está relaciona<strong>do</strong> com to<strong>do</strong> o contexto<br />

das ações a serem empreendidas. Dessa forma, todas as instituições envolvidas <strong>de</strong>vem interagir para<br />

implementar o zoneamento e os programas ambientais em conjunto.<br />

Assim, faz-se necessário a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma equipe básica <strong>de</strong> gerenciamento para<br />

operacionalizar a implementação <strong>do</strong> plano diretor como um to<strong>do</strong>, com a participação <strong>de</strong> profissionais<br />

<strong>de</strong> todas as instituições envolvidas po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser coor<strong>de</strong>nada pela COPEL.<br />

A <strong>de</strong>finição da COPEL como coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> implementação <strong>do</strong> plano diretor<br />

tem como justificativa os seguintes argumentos:<br />

• A empresa é proprietária <strong>do</strong> empreendimento que <strong>de</strong>u origem a essa proposta, sen<strong>do</strong><br />

assim responsável pelos reflexos da sua presença na região.<br />

• A COPEL é a principal interessada na execução <strong>do</strong> plano diretor, visto que o sucesso da sua<br />

implementação terá como reflexo o prolongamento da vida útil <strong>do</strong> empreendimento e a<br />

facilitação <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> renovação da sua licença <strong>de</strong> operação.<br />

• To<strong>do</strong>s os estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s até agora na região tiveram o patrocínio da COPEL, que<br />

concentra em seus arquivos vasto material técnico-científico que <strong>de</strong>verão ser utiliza<strong>do</strong>s no<br />

planejamento <strong>de</strong> diversos programas ambientais aqui propostos.<br />

• Mais <strong>do</strong> que qualquer outra instituição, a COPEL tem uma atuação consolidada na região,<br />

além <strong>de</strong> contar com infra-estrutura apropriada para apoiar todas as ativida<strong>de</strong>s a serem<br />

<strong>de</strong>senvolvidas.<br />

A COPEL, através da sua área <strong>de</strong> Gestão <strong>Ambiental</strong>, <strong>de</strong>verá gerenciar a implementação das<br />

atualizações <strong>do</strong> plano diretor levan<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração as questões afetas àa áreas <strong>de</strong> ciências sociais<br />

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e <strong>de</strong> pedagogia, visto que o trato com a população ribeirinha é ponto-chave <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o processo aqui<br />

proposto e são essas disciplinas que <strong>de</strong>tém o conhecimento das técnicas mais a<strong>de</strong>quadas para isso.<br />

Nesse processo, além <strong>de</strong> serem concentradas todas as informações sobre a implementação geral <strong>do</strong><br />

plano diretor, será realizada, também, a execução <strong>do</strong>s programas ambientais <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />

específica da COPEL.<br />

A área <strong>de</strong> Gestão <strong>Ambiental</strong> da COPEL <strong>de</strong>verá ser assistida e informada por um profissional <strong>de</strong><br />

cada prefeitura municipal, <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> e da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Meio<br />

Ambiente e Recursos Hídricos - SEMA, fechan<strong>do</strong>-se assim a participação no gerenciamento das<br />

instituições envolvidas.<br />

Os profissionais representantes das prefeituras <strong>de</strong>verão encabeçar os programas <strong>de</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s municípios e compor as equipes <strong>de</strong> execução <strong>do</strong>s programas ambientais <strong>de</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, a fim <strong>de</strong> garantir a participação da socieda<strong>de</strong> local nas ações <strong>de</strong> caráter<br />

governamental a serem a<strong>do</strong>tadas para a região.<br />

Os profissionais representantes <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> e da SEMA <strong>de</strong>verão<br />

encabeçar tanto os programas afetos ao IAP quanto os <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> governamental, para que<br />

essas ações não fiquem difusas na estrutura estatal, o que dificultaria o seu acompanhamento.<br />

O Ministério Público Estadual <strong>de</strong>verá nomear um representante que terá trânsito entre todas<br />

as equipes e zelará pelo bom encaminhamento das ações propostas. Caberá, também, ao Ministério<br />

Público Estadual mediar eventuais polêmicas que certamente surgirão entre as partes envolvidas ao<br />

longo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o processo.<br />

To<strong>do</strong>s os profissionais aqui requeri<strong>do</strong>s <strong>de</strong>verão ser nomea<strong>do</strong>s tão logo o <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Paraná</strong> aprove a versão final <strong>do</strong> plano diretor, caben<strong>do</strong> à COPEL a cobrança <strong>de</strong>ssa<br />

responsabilida<strong>de</strong> junto às <strong>de</strong>mais instituições.<br />

Os recursos financeiros necessários para a implementação <strong>do</strong> zoneamento e <strong>do</strong>s programas<br />

ambientais serão <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> individual <strong>de</strong> cada instituição, <strong>de</strong>ntro da sua esfera <strong>de</strong> atuação,<br />

<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as responsabilida<strong>de</strong>s estabelecidas no item 8 – Programas <strong>de</strong> Controle <strong>Ambiental</strong>.<br />

Há casos em que esses recursos terão que ser geri<strong>do</strong>s solidariamente, principalmente nos<br />

programas <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> governamental, em que o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>verá disponibilizar e discutir em<br />

conjunto com os municípios, uma <strong>do</strong>tação orçamentária mínima para alavancar a implantação inicial<br />

<strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m estrutural, como o <strong>de</strong> apoio ao turismo regional (8.1.3) e <strong>de</strong> mudança <strong>do</strong><br />

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perfil agropecuário (item 8.1.4).<br />

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11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ABRAGE - Associação Brasileira das Empresas Gera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> Energia Elétrica (2008). Diretrizes para<br />

Gestão sócio-patrimonial e ambiental <strong>de</strong> Reservatórios. Encontro Técnico para Divulgação <strong>do</strong><br />

Trabalho da FTGSPAR/GTMA/ABRAGE, Janeiro/2008.<br />

BRASSAC, N. M.; DALLA-NORA, A.; MIRANDA, T. L. G. & LUDWIG, T. A. V.(2008). Relatório anual <strong>do</strong><br />

automonitoramento trimestral da qualida<strong>de</strong> das águas superficiais <strong>do</strong> rio Iguaçu, na região da<br />

Usina Hidrelétrica <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong>: Ciclo 2007-2008. Curitiba: LACTEC. 45p.<br />

CALIJURI, M. C.; ALVES, M. S. A.; Santos, A. C. A. (2006). Cianobactérias e cianotoxinas em águas<br />

continentais. São Paulo: RIMA. 109 p.<br />

FUNASA – Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. (2003). Cianobactérias tóxicas na água para consumo<br />

humano na saú<strong>de</strong> pública e processos <strong>de</strong> remoção em água para consumo humano. Brasília:<br />

Ministério da Saú<strong>de</strong>: Fundação Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. 56p.<br />

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XIX <strong>do</strong> Art. 21 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral e altera o Art. 1.º da Lei N.º 8.001, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> março <strong>de</strong><br />

1990, que modificou a Lei 7.990, <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1989”.<br />

LEI FEDERAL N.º 9.985 Institui o Sistema Nacional <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação. Disponível em<br />

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/_lei-principal.htm. Acesso agosto 2008.<br />

LEI N.º 15.478 <strong>de</strong> 23.04.2007 (D.O.E N.º 7456) e é parte integrante da Ro<strong>do</strong>via PR-459. Segre<strong>do</strong> ligase<br />

também à se<strong>de</strong> <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Reserva <strong>do</strong> Iguaçu por uma estrada asfaltada <strong>de</strong>nominada<br />

Ro<strong>do</strong>via Sinval Martins Araújo pela Lei N.º 15.670 <strong>de</strong> 31.10.2007 (D.O.E N.º 7589).<br />

LEI N.º 4.771 <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1965, que institui o Código Florestal, bem como altera o Art. 10<br />

da Lei N.º 9.393, <strong>de</strong> 19/12/1996. Disponível em<br />

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/_lei-principal.htm. Acesso agosto 2008.<br />

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agosto 2008.<br />

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Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/_Lei-principal.htm. Acesso agosto,<br />

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MEDIDA PROVISÓRIA No. 2.166-67, <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2001. Disponível em<br />

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21, <strong>de</strong> 09/03/93 (esta última estabelece normas gerais para o exercício da pesca na bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> rio <strong>Paraná</strong>).<br />

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR N.º 77/07. Propõe a distribuição <strong>de</strong>stes recursos entre to<strong>do</strong>s os<br />

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Comercialização <strong>de</strong> Energia – SPO, Departamento <strong>de</strong> Gerenciamento <strong>de</strong> Recursos Hídricos –<br />

DRHI. Curitiba: COPEL.<br />

_____________ (2008). Informações obtidas a partir <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Levantamento <strong>de</strong> campo da faixa<br />

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Gestão Fundiária e Imobiliária – SFN/COPEL.<br />

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_____________ (2001a). Levantamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Reservatório <strong>de</strong> <strong>Foz</strong> <strong>do</strong> <strong>Areia</strong> basea<strong>do</strong> em<br />

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Curitiba: <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. 764 p.<br />

Mikich, S.B. & Bérnils, R.S. 2004. Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. 2ª ed.<br />

Curitiba: <strong>Instituto</strong> <strong>Ambiental</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraná</strong>. 764 p.<br />

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LACTEC – 2008<br />

REPRODUÇÕES DESTE DOCUMENTO SÓ TÊM VALIDADE SE FOREM INTEGRAIS E AUTORIZADAS PELO LACTEC<br />

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Flora<br />

PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

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LACTEC – 2008<br />

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213


PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

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LACTEC – 2008<br />

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ANEXO 1 - DADOS DE QUALIDADE DE ÁGUA<br />

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Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água na estação <strong>de</strong> montante (E1), referentes aos anos <strong>de</strong> 2003 a 2005.<br />

E1 Limites*<br />

2003<br />

2004<br />

2005<br />

Data da coleta - 23/04/03 15/07/03 28/10/03 20/01/04 14/04/04 06/07/04 06/10/04 18/01/05 03/05/05 07/07/05 06/10/05<br />

Altitu<strong>de</strong> (m) - 720 720 720 720 720 720 720 720 750 750 750<br />

Profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ponto (m) - 6,0 4,0 2,0 0,6 0,6 0,4 8,0 1,0 3,0 1,0 3,0<br />

Profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coleta (m) - - - - - - - - - 0,30 0,30 0,30<br />

T ambiente (°C) - 22,0 13,7 18,3 19,5 21,0 11,0 14,8 19,5 15,0 15,4 17,9<br />

T água (°C) - 20,2 13,3 20,0 24,2 23,3 16,5 21,8 24 19,0 15,5 17,7<br />

OD (mg/L) ≥ 5,00 6,30 8,40 8,90 6,10 7,90 8,90 6,40 4,90 8,60 7,60 6,20<br />

OD sat (%) - 75 87 106 79 100 99 79 63 101 83 71<br />

Secchi (m) - 0,7 0,3 0,4 0,6 0,50 0,30 0,90 0,45 0,40 1,00 0,40<br />

pH 6,0 a 9,0 7,0 7,3 7,2 7,3 7,6 7,2 7,3 7,0 7,5 7,4 6,6<br />

Condutivida<strong>de</strong> (µS/cm) - 69 59 69 57 83 51 81 56 81 56 44<br />

P Total (mg/L) ** 0,05 0,13 0,29 0,04 0,10 0,16 0,07 0,12 0,08 0,09 0,12<br />

N Total (mg/L) *** 0,8 1,8 3,2 1,7 2,00 2,40 1,60 1,40 2,10 1,80 1,80<br />

Sóli<strong>do</strong>s Totais (mg/L) - 67 101 247 77 98 95 68 99 86 77 106<br />

Turbi<strong>de</strong>z (NTU) 100 13 38 93 14 26 23 10 26 23 24 30<br />

Coliformes Totais<br />

(NMP/100mL)<br />

- 16.000 1.600 3.800 860 2.400 7.300 1.000 1.200 3 49.000 3.300<br />

Coliformes Termotolerantes<br />

(NMP/100mL)<br />

≤ 1.000 20 170 360 86 150 1.000 140 64 < 1,0 13.000 790<br />

DBO (mgO2/L) ≤ 5,00 1,71 3,63 5,84 2,32 3,02 6,00 3,45 8,95 3,55 3,59 6,07<br />

DQO (mgO2/L) - - - - - - - - - - - -<br />

N/P - 16 14 11 43 20 15 23 12 26 20 15<br />

IQA - 81 70 58 77 74 64 74 66 86 58 62<br />

Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água na estação <strong>de</strong> montante (E1), referentes aos anos <strong>de</strong> 2006 a 2008.<br />

E1 Limites*<br />

2006<br />

2007 2008<br />

Data da coleta - 26/01/06 04/04/06 13/07/06 03/10/06 24/01/07 23/04/07 11/07/07 18/10/07 15/01/08 08/04/08<br />

Altitu<strong>de</strong> (m) - 750 750 750 750 750 750 750 750 750 750<br />

Profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ponto (m) - 6,0 0,6 2,6 1,0 2,1 0,5 1,6 0,5 0,5 0,5<br />

Profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coleta (m) - 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30 0,30<br />

T ambiente (°C) - 21,1 17,9 12,9 19,0 21,2 24,8 9,9 16,8 23,2 24,0<br />

T água (°C) - 24,7 21,5 15,4 17,2 24,6 24,0 15,2 18,8 25 21,9<br />

OD (mg/L) ≥ 5,00 5,17 7,69 8,69 9,42 7,39 6,03 7,77 6,00 5,70 6,30<br />

OD sat (%) - 68 95 95 106 97 78 84 70 75 78<br />

Secchi (m) - 0,7 0,3 0,7 0,5 0,7 0,50 0,60 0,50 0,5 0,50<br />

pH 6,0 a 9,0 7,1 7,1 7,3 7,2 6,8 7,7 7,4 6,8 6,8 7,4<br />

Condutivida<strong>de</strong> (µS/cm) - 79 69 142 69 65 76 79 56 60 83<br />

P Total (mg/L) ** 0,11 0,21 0,14 0,17 0,06 0,07 0,09 0,09 0,11 0,07<br />

N Total (mg/L) *** 2,20 2,4 3,6 2,6 3,0 1,50 2,70 0,50 2,90 2,10<br />

Sóli<strong>do</strong>s Totais (mg/L) - 82 117 119 94 79 78 89 81 80 85<br />

Turbi<strong>de</strong>z (NTU) 100 23 48 21 33 18 16 14 27 22 15<br />

Coliformes Totais<br />

(NMP/100mL)<br />

- 23.000 2.400 3.300 14.000 2.600 240 4.100 4.900 > 240000 8.800<br />

Coliformes Termotolerantes<br />

(NMP/100mL)<br />

≤ 1.000 210 180 140 1.500 180 17 610 790 5.300 200<br />

DBO (mgO2/L) ≤ 5,00 5,47 7,25 2,15 8,60 < 2,00 < 2,00 < 2,00 < 2,00 4,37 < 2,00<br />

DQO (mgO2/L) - - 18,50 10,00 25,50 29,16 20,12 5,00 14,00 11,00 13,00<br />

N/P - 20 25 57 34 50 47 66 12 26 66<br />

IQA - 67 65 73 60 75 80 70 67 58 74<br />

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Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água na estação <strong>de</strong> reservatório (E2), referentes aos anos <strong>de</strong> 2003 a 2005.<br />

E2 Limites*<br />

2003-2004<br />

2004-2005<br />

2005-2006<br />

Data da coleta - 24/04/03 16/07/03 28/10/03 21/01/04 14/04/04 08/07/04 06/10/04 18/01/05 04/05/05 06/07/05 05/10/05 25/01/06<br />

Altitu<strong>de</strong> (m) - 720 720 720 720 650 650 650 650 650 650 650 650<br />

Prof. <strong>do</strong> Ponto(m) - 10,0 17,0 18,0 13,0 44,0 11,0 9,0 12,0 47,0 55,0 54,0 63,0<br />

Prof. De Coleta (m) - - - - - - - - - 0,86 1,00 0,43 0,61<br />

T ambiente (°C) - 19,9 13,8 18,0 18,9 25,0 17,2 15,1 19,2 16,8 6,9 17,7 20,7<br />

T água (°C) - 23,0 17,5 21,0 24,0 24,9 18,0 20,1 25,0 22,2 18,5 17,9 26,0<br />

OD (mg/L) ≥ 5,00 5,20 6,10 5,70 6,60 7,50 8,00 8,60 6,70 6,00 6,90 7,10 6,60<br />

OD sat (%) - 66 69 69 85 97 91 102 87 74 79 80 87<br />

Disco <strong>de</strong> Secchi (m) - 1,4 1,4 0,6 0,8 1,4 1,6 1,1 1,0 1,6 1,9 0,8 1,2<br />

pH 6,0 a 9,0 6,9 7,0 7,0 7,4 7,7 7,7 9,4 7,2 7,2 7,5 6,7 8,9<br />

Condutivida<strong>de</strong> (µS/cm) - 54 57 74 44 66 60 70 58 76 61 39 69<br />

Fósforo Total (mg/L) ** 0,03 0,02 0,09 0,09 0,02 0,11 0,04 0,04 0,04 0,02 0,04 0,03<br />

N-NH3 (mg/L) *** - - - - - - - - < 0,08 0,10 < 0,08 < 0,08<br />

N-Nitrito (mg/L) 1,00 - - - - - - - - < 0,01 0,03 < 0,01 < 0,01<br />

N-Nitrato (mg/L) 10,00 - - - - - - - - 0,91 0,55 0,51 0,49<br />

N Total Inorgânico (mg/L) - - - - - - - - - 0,91 0,68 0,51 0,49<br />

Nitrogênio Total (mg/L) **** 0,5 1,9 2,1 1,2 1,9 1,4 1,2 0,9 1,0 1,2 1,5 1,1<br />

Sóli<strong>do</strong>s Totais (mg/L) - 48 55 81 58 53 57 52 61 63 52 48 57<br />

Turbi<strong>de</strong>z (NTU) 100 6 7 34 10 5 7 8 6 6 6 9 11<br />

Coli Totais (NMP/100mL) - 17 20 550 280 6 22


PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água na estação <strong>de</strong> reservatório (E2), referentes aos anos <strong>de</strong> 2006 a 2008.<br />

E2 Limites* 2006-2007<br />

2007-2008<br />

2008<br />

Data da coleta - 04/04/06 11/07/06 04/10/06 24/01/07 23/04/07 11/07/07 16/10/07 15/01/08 10/04/08<br />

Altitu<strong>de</strong> (m) - 650 650 650 650 650 650 650 650 650<br />

Prof. <strong>do</strong> Ponto(m) - 54,0 22,0 48,0 49,0 64,0 63,0 51,0 60,0 74,0<br />

Prof. De Coleta (m) - 0,89 1,29 0,35 0,31 0,68 0,76 0,68 0,35 0,75<br />

T ambiente (°C) - 26,0 18,9 26,0 33,0 24,0 9,0 18,3 26,5 18,2<br />

T água (°C) - 24,8 18,0 19,8 26,0 24,2 15,1 20,0 26,3 23,0<br />

OD (mg/L) ≥ 5,00 5,40 6,90 7,00 8,60 8,30 7,60 6,90 7,40 7,10<br />

OD sat (%) - 70 78 82 114 106 81 82 99 89<br />

Disco <strong>de</strong> Secchi (m) - 1,7 2,4 0,7 0,8 1,3 1,4 1,3 0,7 1,4<br />

pH 6,0 a 9,0 6,9 7,2 7,1 9,3 8,5 7,4 7,2 7,6 7,7<br />

Condutivida<strong>de</strong> (µS/cm) - 76 77 82 59 60 48 90 54 69<br />

Fósforo Total (mg/L) ** 0,03 0,02 0,06 0,07 0,02 0,02 0,06 0,05 0,04<br />

N-NH3 (mg/L) *** < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08<br />

N-Nitrito (mg/L) 1,00 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,03 < 0,03 < 0,03


PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água na estação <strong>de</strong> reservatório (E3), referentes aos anos <strong>de</strong> 2003 a 2005.<br />

E3 Limites*<br />

2003 2004<br />

2005<br />

Data da coleta - 22/04/03 17/07/03 30/10/03 22/01/04 13/04/04 08/07/04 04/10/04 19/01/05 05/05/05 05/07/05 04/10/05 24/01/06<br />

Altitu<strong>de</strong> (m) - 720 720 720 720 650 650 650 650 650 650 650 650<br />

Prof. <strong>do</strong> Ponto(m) - 121,0 12,0 75,0 86,0 120,0 123,0 120,0 120,0 94,0 94,0 SD 103,0<br />

Prof. De Coleta (m) - - - - - - - - - 4,60 1,00 SD 0,97<br />

T ambiente (°C) - 22,5 14,0 18,0 21,1 20,8 15,8 25,7 18,7 18,0 13,1 SD 22,0<br />

T água (°C) - 23,4 17,2 20,9 25,1 23,9 17,9 22,7 22,9 22,3 18,8 SD 26,1<br />

OD (mg/L) ≥ 5,00 5,20 6,70 6,40 7,30 6,10 7,10 8,10 6,60 5,20 7,30 SD 6,50<br />

OD sat (%) - 66 75 78 96 78 80 101 83 64 84 SD 86<br />

Disco <strong>de</strong> Secchi (m) - 1,4 1,2 0,7 0,4 2,4 2,3 2,0 1,9 2,9 1,8 SD 1,8<br />

pH 6,0 a 9,0 6,9 7,0 7,2 9,8 7,4 7,5 9,2 7,2 7,2 7,2 7,0 7,5<br />

Condutivida<strong>de</strong> (µS/cm) - 50 50 79 54 52 49 56 45 62 59 41 54<br />

Fósforo Total (mg/L) ** 0,02 0,02 0,06 0,14 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02 0,05 0,01<br />

N-NH3 (mg/L) *** - - - - - - - - 0,10 0,10 0,10 0,30<br />

N-Nitrito (mg/L) 1,00 - - - - - - - - < 0,01 0,02 < 0,01 < 0,01<br />

N-Nitrato (mg/L) 10,00 - - - - - - - - 0,71 0,61 0,57 0,35<br />

N Total Inorgânico (mg/L) - - - - - - - - - 0,81 0,73 0,67 0,65<br />

Nitrogênio Total (mg/L) *** 0,5 1,9 1,9 4,0 1,1 1,1 1,8 1,1 1,0 1,3 1,6 0,8<br />

Sóli<strong>do</strong>s Totais (mg/L) - 45 46 63 90 57 44 31 45 51 47 52 40<br />

Turbi<strong>de</strong>z (NTU) 100 6 7 16 54 2 5 3 3 4 4 12 5<br />

Coli Totais (NMP/100mL) - 8 7 22 14 2.400 7


PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água na estação <strong>de</strong> reservatório (E3), referentes aos anos <strong>de</strong> 2006 a 2008.<br />

E3 Limites* 2006 2007<br />

2008<br />

Data da coleta - 06/04/06 10/07/06 05/10/06 25/01/07 23/04/07 12/07/07 17/10/07 17/01/08 09/04/08<br />

Altitu<strong>de</strong> (m) - 650 650 650 650 650 650 650 650 650<br />

Prof. <strong>do</strong> Ponto(m) - 82,0 91,0 95,0 109,0 113,0 115,0 106,0 93,0 77,0<br />

Prof. De Coleta (m) - 1,08 1,24 0,16 0,11 0,59 0,95 0,81 0,86 1,00<br />

T ambiente (°C) - 18,8 18,0 25,5 22,0 22,5 10,1 18,0 23,0 22,0<br />

T água (°C) - 24,3 17,9 21,1 26,0 24,9 16,0 20,1 26,2 18,0<br />

OD (mg/L) ≥ 5,00 6,40 6,20 15,20 11,23 7,90 7,10 7,50 7,50 9,00<br />

OD sat (%) - 82 70 184 149 103 77 89 100 102<br />

Disco <strong>de</strong> Secchi (m) - 2,0 2,3 0,3 0,2 1,1 1,8 1,5 1,6 1,9<br />

pH 6,0 a 9,0 7,4 7,1 9,9 10,1 9,1 7,2 7,8 8,7 7,8<br />

Condutivida<strong>de</strong> (µS/cm) - 67 66 83 82 59 46 75 52 58<br />

Fósforo Total (mg/L) ** 0,02 0,01 0,23 0,16 0,04 0,02 0,03 0,03 0,02<br />

N-NH3 (mg/L) *** < 0,08 < 0,08 < 0,08 0,13 < 0,08 < 0,08 < 0,08 < 0,08


PLANO AMBIENTAL DE CONSERVAÇÃO E USO DO ENTORNO DO RESERVATÓRIO DA UHE GOVERNADOR BENTO MUNHOZ DA ROCHA NETO<br />

Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água na estação <strong>de</strong> jusante (E4), referentes aos anos <strong>de</strong> 2003 a 2005.<br />

E4 Limites*<br />

2003<br />

2004 2005<br />

Data da coleta - 22/04/03 17/07/03 30/10/03 22/01/04 13/04/04 08/07/04 04/10/04 19/01/05 05/05/05 05/07/05 04/10/05<br />

Altitu<strong>de</strong> (m) - 607 607 607 607 607 607 607 607 640 640 640<br />

Profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ponto (m) - 7,0 6,0 3,0 3,0 10,0 20,0 20,0 7,0 3,0 20,0 SD<br />

Profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coleta<br />

(m)<br />

- - - - - - - - - 0,30 0,30 0,30<br />

T ambiente (°C) - 22,8 15,0 18,0 20,0 23,7 16,5 25,0 21,9 17,4 17,2 SD<br />

T água (°C) - 22,1 17,2 18,8 21,0 23,5 16,0 19,3 21,1 22,8 16,9 SD<br />

OD (mg/L) ≥ 5,00 4,30 6,20 6,60 5,80 4,30 5,30 5,60 4,50 5,00 5,80 SD<br />

OD sat (%) - 53 69 76 70 54 57 65 54 62 64 SD<br />

Secchi (m) - 1,6 1,0 1,0 0,4 1,3 2,3 1,9 1,6 1,8 1,8 SD<br />

pH 6,0 a 9,0 6,8 6,8 7,1 6,6 7,0 7,0 6,9 6,8 7,0 6,8 6,5<br />

Condutivida<strong>de</strong> (µS/cm) - 50 48 62 43 51 54 50 47 60 54 42<br />

P Total (mg/L) ** 0,03 0,02 0,03 0,07 0,02 0,03 0,03 0,03 0,02 0,04 0,04<br />

N Total (mg/L) *** 0,6 2,7 1,6 1,5 1,3 1,2 1,4 2,0 1,2 1,3 1,7<br />

Sóli<strong>do</strong>s Totais (mg/L) - 53 66 48 58 51 58 37 50 51 57 51<br />

Turbi<strong>de</strong>z (NTU) 100 7 9 10 15 6 9 5 3 4 15 13<br />

Coliformes Totais<br />

(NMP/100mL)<br />

Coliformes<br />

- 300 22 1.600 17


ANEXO 2 – ANOTAÇÕES DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA

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