10.06.2013 Views

Mais, ainda - Centro de Comunicação e Expressão - UFSC

Mais, ainda - Centro de Comunicação e Expressão - UFSC

Mais, ainda - Centro de Comunicação e Expressão - UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Pensando bem, essa é também a teoria política do <strong>Mais</strong>! e, se voltarmos a olhar<br />

para os textos do dossiê, perceberemos agora que a adaptação possibilita a permanência<br />

da fábula da voz, já que os segundos que anunciam a boa nova são os mesmos segundos<br />

<strong>de</strong> antes, adaptados agora a uma nova pauta. E continua a fábula.<br />

+<br />

No dossiê em homenagem aos 500 números do <strong>Mais</strong>!, temos uma proliferação <strong>de</strong><br />

poemas, ensaios e ilustrações exclusivas. Nas páginas 11, 12 e 13, temos o poema<br />

"Rainer Maria Rilke e a morte", <strong>de</strong> Ferreira Gullar, ilustrado por Paulo Pasta.<br />

O poema é extenso, mas gira em torno do núcleo:<br />

Pensou ver-lhe num susto<br />

o rosto<br />

que se <strong>de</strong>sfez no líquido espelho<br />

(era aquele<br />

o rosto da morte?)<br />

De fato o entrevira ali no<br />

Tanque do jardim. 71<br />

A leitura plástica que Paulo Pasta faz do poema, privilegiando esse núcleo, nos<br />

interessa aqui para uma última reflexão do "em torno" dos segundos que produzem a<br />

convite da voz.<br />

Paulo Pasta tem-se especializado em ilustrar / lustrar ensaios <strong>de</strong> intelectuais<br />

conhecidos, como Roberto Schwarz ("O país do elefante", no <strong>Mais</strong>!) e Davi Arrigucci<br />

Jr. ("Coração Partido"), por exemplo, e o faz a partir da construção <strong>de</strong> séries <strong>de</strong><br />

ilustrações em torno dos textos. É o que faz aqui com o texto <strong>de</strong> Gullar, ampliando-o e<br />

dando-lhe outro sentido. Po<strong>de</strong>mos ver assim, nesse em torno, uma rosa, duas pêras<br />

numa mesa, uma aranha e sua teia, um pássaro, três maçãs numa ban<strong>de</strong>ja e duas<br />

formigas. E todas têm o rosto da morte.<br />

Talvez esteja aqui uma leitura dos segundos que parece nos <strong>de</strong>safiar, feita por um<br />

segundo: a ilustração / lustração, que produz o excesso, produz (também) a morte,<br />

porque essas colaborações não conseguem ultrapassar ou <strong>de</strong>sfazer o a priori da voz. Ela<br />

lhes escapa e os leva junto, para o abismo da "transparência" <strong>de</strong> sentido.<br />

71 GULLAR, Ferreira. Rainer Maria Rilke e a morte. Folha <strong>de</strong> S. Paulo, 9 set. 2001. <strong>Mais</strong>!, p. 10.<br />

195

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!