Mais, ainda - Centro de Comunicação e Expressão - UFSC
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Nesse sentido, po<strong>de</strong>mos ler a voz também em seu nome jornalístico, o olho, ao<br />
manter os pontos <strong>de</strong> vista em seu campo <strong>de</strong> visão, em seu foco narrativo. O brilho<br />
produzido aí é controlado por esse olho/voz que centraliza e lê a produção.<br />
sentidos:<br />
Por isso, o lustral no <strong>Mais</strong>! talvez tenha <strong>de</strong> ser lido também em outro <strong>de</strong> seus<br />
Mas lustrum tem <strong>ainda</strong> uma dobra que é o lustrum que vem <strong>de</strong> louo, o pântano, o<br />
buraco, o lugar selvagem. Daí que ele remeta ao lugar <strong>de</strong>senfreado, sadiano, que é o<br />
mundo selvagem dos mortos on<strong>de</strong> afinal <strong>de</strong>sce Antígone. Em poucas palavras: A<br />
coisa está aí - no horror - que o lustro <strong>de</strong>ve purificar. 44<br />
E é nessa direção que o <strong>Mais</strong>! faz trabalhar: purificar o objeto dos sentidos que<br />
<strong>ainda</strong> permanecem colados a ele.<br />
Volta assim, pela porta da frente, a representação, através dos pontos <strong>de</strong> vista que,<br />
ao purificarem o objeto, simultaneamente preenchem esse vazio <strong>de</strong> um novo sentido,<br />
mo<strong>de</strong>rnizando-o.<br />
Assim, o <strong>Mais</strong>! faz uso <strong>de</strong> um procedimento usado em obras que agora estão no<br />
museu - o lustral - para trabalhar e purificar o que está no museu.<br />
Por acaso, o procedimento escolhido afina-se bem com o mercado e, em linhas<br />
gerais, com o neoliberalismo, ao possibilitar a purificação e re-produção excessiva <strong>de</strong><br />
sentidos, através dos pontos <strong>de</strong> vista, que giram, contornam e lustram o objeto.<br />
Um brilho a mais. É isso que os pontos <strong>de</strong> vista possibilitam, infinitamente.<br />
-<br />
Um brilho a mais que os segundos são convidados a fornecer ao texto "Mortos <strong>de</strong><br />
rir", <strong>de</strong> Gérard Génette, no dossiê <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2001. O texto <strong>de</strong> Génette, uma<br />
leitura filosófica da expressão "morrer <strong>de</strong> rir", não tem nada <strong>de</strong> diferente <strong>de</strong> outros<br />
ensaios publicados pelo <strong>Mais</strong>!, inclusive o fato <strong>de</strong> ser assinado por Génette, já que a<br />
lista <strong>de</strong> autores do suplemento contém muitas estrelas da mesma gran<strong>de</strong>za.<br />
A capa aponta para a lustração que <strong>de</strong>ve ser operada em torno do texto <strong>de</strong> Génette:<br />
44 ANTELO, Raul. Arguição. Florianópolis: Ufsc, 2002, p. 3. (inédito).<br />
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