Mais, ainda - Centro de Comunicação e Expressão - UFSC
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É no momento em que Lacan lê as maçãs <strong>de</strong> Cézzane, em sua produção, que<br />
parece possível fazer emergir uma leitura do "em torno":<br />
(...) No momento em que a pintura se volta uma vez mais sobre si mesma, no<br />
momento em que Cézzane pinta maçãs, trata-se, evi<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> que pintando<br />
maçãs - embora sua última maneira <strong>de</strong> imitá-las, que é a mais impressionante, seja a<br />
mais orientada para a presentificação do objeto. Porém, quanto mais o objeto é<br />
presentificado enquanto imitado mais abre-nos ele essa dimensão on<strong>de</strong> a ilusão se<br />
quebra e visa outra coisa. Cada qual sabe que há um mistério na maneira que tem<br />
Cézzane <strong>de</strong> pintar maçãs, pois a relação com o real, tal como nesse momento se<br />
renova na arte, faz surgir o objeto <strong>de</strong> uma maneira que é lustral, que constitui uma<br />
renovação <strong>de</strong> sua dignida<strong>de</strong>, por on<strong>de</strong> essas inserções imaginárias, digamos assim,<br />
são datizadas <strong>de</strong> uma nova maneira. Pois como já foi observado, estas não po<strong>de</strong>m ser<br />
<strong>de</strong>svinculadas dos esforços dos artistas anteriores para realizarem, elas também, a<br />
finalida<strong>de</strong> da arte. 43<br />
Re-citação longa, mas que mexe com muitos elementos com os quais estamos<br />
lidando. É nessa direção que po<strong>de</strong>mos ler, em outros termos, o em torno, que, nas<br />
palavras <strong>de</strong> Lacan, é lustral, que contorna o objeto e dá brilho. E ele se faz (o brilho)<br />
nessa relação com o real.<br />
elementos:<br />
Nesses termos, po<strong>de</strong>mos pensar a cena antológica no <strong>Mais</strong>! formada por três<br />
VOZ<br />
COMEMORAÇÃO COLABORADORES<br />
O excesso <strong>de</strong> leituras produzidas pelos colaboradores a convite do <strong>Mais</strong>! contorna<br />
o objeto comemorado e lustra-o, dando-lhe um brilho novo. Nessa relação, o real para<br />
os colaboradores é no mínimo duplo: o objeto comemorado e a leitura que a voz produz<br />
<strong>de</strong>sse objeto.<br />
Essa parece ser a diferença entre o lustral em Ban<strong>de</strong>ira e Cézzane, a partir da<br />
leitura <strong>de</strong> Lacan, e o modo como o <strong>Mais</strong>! (e outras instituições) captura esse<br />
procedimento: o suplemento repõe em cena uma política <strong>de</strong> produção do real que tem a<br />
vantagem do excesso. E o faz produzindo pontos <strong>de</strong> vista.<br />
43 LACAN, Jacques. O Seminário. Livro 7: a ética da Psicanálise. 2 ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar,<br />
1991, p. 176.<br />
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