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Mais, ainda - Centro de Comunicação e Expressão - UFSC

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dossiês:<br />

E é sob esse signo, do novo, que as releituras são apresentadas, nos títulos dos<br />

Velhas fábulas, novos poetas. 37<br />

Velhas histórias - FÁBULAS MODERNAS - por novos autores. 38<br />

Nas mesmas palavras, velhas histórias em novas versões. Provisórias, porque<br />

nesse caso logo terão, como nessa leitura, a data em que foram escritas. De todo modo,<br />

a estratégia que está nos títulos - velho/novo - está também disseminada no <strong>Mais</strong>!, como<br />

na releitura feita por 18 escritores das 3 primeiras linhas <strong>de</strong> "A metamorfose" <strong>de</strong> Kafka,<br />

quando se comemorou o 75 º aniversário <strong>de</strong> sua morte (e em 2003, os 110 anos <strong>de</strong><br />

nascimento com um dossiê parecido), a releitura <strong>de</strong> "Romeu e Julieta" <strong>de</strong> Shakespeare,<br />

quando se comemoraram 370 anos <strong>de</strong> sua morte, realizada por Ariano Suassuna, entre<br />

outros. Mas "naturalmente" isso, como vimos, está nas releituras que Boal, Ferreira<br />

Gullar, Dorfman fazem <strong>de</strong> seus passados, ou mesmo, em Hatoum, na releitura do<br />

próprio conto.<br />

Talvez seja a hora <strong>de</strong> dizer que essa é a ficção da comemoração colocada em<br />

circulação no <strong>Mais</strong>!: velhas histórias em novas versões. O novo vem, como nessas<br />

fábulas, na nova leitura. E vem também como "esquecimento do velho".<br />

Mesmo que a título <strong>de</strong> ilustração, vale a pena ver como Daniel Link lê a Argentina<br />

dos anos 90, nos termos da nossa leitura do <strong>Mais</strong>!:<br />

A Argentina é uma cultura sanguinária submetida hoje à dupla violência <strong>de</strong> um<br />

passado traumático e das fantasias neoliberais, que preten<strong>de</strong>m construir uma cultura<br />

'nova', uma cultura 'mo<strong>de</strong>rna' sobre ruínas que, nessas fantasias, têm somente um<br />

valor <strong>de</strong> troca <strong>de</strong>terminado. 39<br />

A associação do novo com o mo<strong>de</strong>rno propõe o velho como arcaico. Para isso<br />

funcionar, o velho precisa, para vir nesse intervalo <strong>de</strong> tempo que o trazemos <strong>de</strong> volta,<br />

ser mo<strong>de</strong>rnizado. Não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser interessante que esta seja a operação que caracteriza<br />

o mercado, em todas as áreas, neste período.<br />

37<br />

VELHAS fábulas, novos poetas. Folha <strong>de</strong> S. Paulo, 9 abr. 1995. <strong>Mais</strong>!, p. 9<br />

38<br />

VELHAS histórias - Fábulas Mo<strong>de</strong>rnas - por novos autores. Folha <strong>de</strong> S. Paulo, 22 <strong>de</strong>z. 2002. <strong>Mais</strong>!, p.<br />

4<br />

39<br />

LINK, Daniel. Como se lê e outras intervenções críticas. Chapecó: Argos, 2002, p. 249.<br />

178

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