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Mais, ainda - Centro de Comunicação e Expressão - UFSC

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verda<strong>de</strong>. E que é na literatura o lugar dos segundos, dos ilegítimos, dos resistentes,<br />

das mulheres e também dos 'atores’. 26<br />

Mulheres, atores, jornalistas, críticos, o por no <strong>Mais</strong>!, põe em movimento os<br />

segundos em relação a Borges, a Kafka, a Eucli<strong>de</strong>s, a Sergio Buarque <strong>de</strong> Holanda, ao<br />

engajamento, à nação; enfim, o mundo que o <strong>Mais</strong>! comemora e a voz oferece é o lugar<br />

da dívida infinita dos segundos "(...) no qual se é ao mesmo tempo <strong>de</strong>vedor e criador". 27<br />

Essa relação, que é primeiramente <strong>de</strong> produção, gera um exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

interpretações, que vão, todas, em direção ao comemorado, nessa rotação infinita que<br />

respon<strong>de</strong> e reproduz o significante disseminado pela voz:<br />

!<br />

(...) Surge um novo aspecto da trapaça, a trapaça do sacerdote: a interpretação<br />

esten<strong>de</strong>-se ao infinito, e nada jamais encontra para interpretar que não seja uma<br />

interpretação. Assim, o significado não pára <strong>de</strong> fornecer novamente significante, <strong>de</strong><br />

recarregá-lo ou <strong>de</strong> produzi-lo. A forma vem sempre do significante (...) Não é<br />

certamente assim que se po<strong>de</strong> renovar a noção <strong>de</strong> produção. 28<br />

"A forma vem sempre do significante". Como estamos vendo, o que a voz faz<br />

circular são formas em que há a pretensão <strong>de</strong> mimetizar para mo<strong>de</strong>rnizar o objeto<br />

comemorado: uma foto do país, um passeio pela Bienal, a vida e obra <strong>de</strong> Gilberto<br />

Freyre, a Semana <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna. Formas que traçam um contorno do objeto. Por<br />

isso, a estética realista, reconstruída pelo <strong>Mais</strong>!, como se fosse o objeto... Por isso, a<br />

presença dos colaboradores em torno do objeto, como se essa política das artes fosse<br />

<strong>de</strong>mocrática.<br />

"11 poetas e uma bola", dossiê <strong>de</strong> 1994, em homenagem ao lançamento das<br />

crônicas em livro <strong>de</strong> Nelson Rodrigues (A volta da múmia), é mais um dossiê em que<br />

po<strong>de</strong>mos ler essa política, dando forma ao futebol e, ao mesmo tempo, à poesia.<br />

Gol, drible, escanteio, torcida <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser palavras raras no vocabulário poético. O<br />

<strong>Mais</strong>! escalou um time entre os melhores da poesia brasileira para um jogo inédito:<br />

fazer uma homenagem ao futebol. 29<br />

26 LUDMER, Josefina. O corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito. Belo Horizonte: Editora da Ufmg, 2002, p. 378.<br />

27 DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs. Rio <strong>de</strong> Janeiro: 34, 1997, p. 63. Vol. 2.<br />

28 DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs. Rio <strong>de</strong> Janeiro: 34, 1997, p. 65. Vol. 2<br />

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