Relatório final de PIS Lúcia Martins.pdf
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O contacto com o livro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros anos <strong>de</strong> vida, tal como <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m<br />
Irene Fonseca (1986) e Lur<strong>de</strong>s Magalhães (1996), é pois fundamental no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento psicoevolutivo da criança, bem como o ouvir ler/contar histórias,<br />
porque a criança vai <strong>de</strong>scobrindo o prazer da leitura e o po<strong>de</strong>r que a linguagem possui<br />
<strong>de</strong> criar mundos possíveis ou imaginários através das palavras, <strong>de</strong>senvolvendo a<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explorar “as potencialida<strong>de</strong>s e as virtualida<strong>de</strong>s da linguagem” (Aguiar e<br />
Silva, 1981: 14).<br />
A criança apercebe-se assim do po<strong>de</strong>r do impresso, <strong>de</strong>scobrindo as<br />
funcionalida<strong>de</strong>s da linguagem escrita e, sobretudo, que o que está escrito também<br />
po<strong>de</strong> ser lido (cf. Mata, 2008). Ora, como afirma Paulo Fernan<strong>de</strong>s, no texto “Literacia<br />
emergente e contextos educativos”, “[d]ificilmente imaginamos um dia da nossa vida<br />
sem a presença <strong>de</strong> algo impresso. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manipular esses elementos<br />
impressos – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os mais simples aos mais complexos – constitui uma competência<br />
a que se dá o nome <strong>de</strong> literacia.” (Fernan<strong>de</strong>s, 2005: 8). Na verda<strong>de</strong>, em contexto pré-<br />
escolar, isto é, antes da entrada no ensino formal, as crianças pré-leitoras vão<br />
<strong>de</strong>senvolvendo algumas conceções sobre a linguagem escrita (ou “conhecimentos<br />
emergentes <strong>de</strong> literacia”, na expressão <strong>de</strong> Tealy e Sulzby (cit. por Mata, 2008: 10)),<br />
nomeadamente os conhecimentos ao nível da perceção das funcionalida<strong>de</strong>s da leitura<br />
e da escrita; os conhecimentos associados a aspetos mais formais; os relacionados<br />
com as estratégias e os comportamentos <strong>de</strong> leitura e <strong>de</strong> escrita por parte <strong>de</strong> adultos e<br />
<strong>de</strong> outras crianças e, por fim, as atitu<strong>de</strong>s face à leitura e à escrita (cf. Mata, 2008: 10).<br />
Ou seja, tal como os estudos <strong>de</strong> Vigotsky <strong>de</strong>monstraram, a criança possui<br />
conhecimentos sobre a linguagem escrita e sobre o seu funcionamento antes <strong>de</strong> entrar<br />
para o 1º Ciclo do Ensino Básico, <strong>de</strong>vendo o adulto agir na Zona <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />
Pessoal (cf. Machado, 2008:30) 2 .<br />
A literacia emergente é, assim, por <strong>de</strong>finição, “o conjunto <strong>de</strong> conhecimentos,<br />
competências e atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvimentalmente anteriores à aprendizagem da leitura<br />
e da escrita” [sic] (Whitehurst e Lonigan cit. por Fernan<strong>de</strong>s, 2005: 9), ou seja, o<br />
conjunto <strong>de</strong> saberes adquiridos (antes <strong>de</strong> formalmente ensinados) através da<br />
interação com materiais impressos, saberes esses que são estimulados pelo adulto-<br />
mediador, em contextos educativos propositadamente concebidos para esse efeito ou<br />
pelos pais e outros familiares em situações <strong>de</strong> informalida<strong>de</strong> que ocorrem em contexto<br />
familiar.<br />
2 Tal como refere Laura Machado, relativamente a este conceito (Zona <strong>de</strong> Desenvolvimento Pessoal), “a criança<br />
beneficia da interacção com um adulto ou com um par mais competente, porque po<strong>de</strong>rá resolver problemas mais<br />
avançados do que seria capaz individualmente”. (Machado, 2008: 30)<br />
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