Relatório final de PIS Lúcia Martins.pdf
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sua sensibilida<strong>de</strong> artística, “bem como as competências literária e narrativa” (Gomes,<br />
2011: 1).<br />
É por isso que Rui Marques Veloso, no seu texto “Não-receita para escolher<br />
um bom livro”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que “o livro <strong>de</strong>ve estar ao lado do biberão” (Veloso, 2003: 5),<br />
porque é <strong>de</strong>s<strong>de</strong> tenra ida<strong>de</strong> que se alimenta (<strong>de</strong>ve alimentar) o espírito e a<br />
imaginação, mas sobretudo, a relação afetiva com o ato <strong>de</strong> ler/ouvir ler.<br />
Refere ainda Marques Veloso que “o livro para crianças, precisamente porque<br />
é para crianças, <strong>de</strong>ve ser uma obra <strong>de</strong> arte” (i<strong>de</strong>m: 10). Nesse sentido, o adulto-<br />
mediador <strong>de</strong>verá promover esse contacto com o livro <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> estético-literária<br />
auxiliando “o pequeno leitor [a] compreen<strong>de</strong>r as potencialida<strong>de</strong>s e as virtualida<strong>de</strong>s da<br />
linguagem literária e [a] ace<strong>de</strong>r sem problemas ao enigma da representativida<strong>de</strong><br />
plástica (cada vez mais abstrata e <strong>de</strong>sligada do estereótipo) ” (Mergulhão, 2008: 53).<br />
As investigações mais recentes 1 têm permitido ainda concluir que existe uma<br />
relação estreita entre o contacto com livros <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> (texto e imagem) e as<br />
experiências <strong>de</strong> leitura, ou seja, quanto mais a criança estiver familiarizada com livros<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> beleza plástica e literária, isto é, livros em que se registe uma coesão<br />
interna entre as duas linguagens, mais vonta<strong>de</strong> terá para ler ou ouvir ler e,<br />
consequentemente, mais possibilida<strong>de</strong>s terá <strong>de</strong> se tornar uma leitora competente e<br />
crítica no seu futuro percurso escolar e <strong>de</strong> vida (cf. Fernan<strong>de</strong>s, 2005: 8).<br />
Precisamente neste sentido, estudos realizados na década <strong>de</strong> 80 do século XX,<br />
em especial por Gordon Wells (1986), realçavam a importância do contacto com a<br />
literatura nos primeiros anos <strong>de</strong> vida, sublinhando a sua relevância no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento global da criança, com implicações no sucesso ao nível da<br />
aprendizagem da leitura e no bom rendimento escolar nas várias áreas disciplinares e<br />
<strong>de</strong> conhecimento.<br />
Esta perspetiva é igualmente <strong>de</strong>fendida por autores como Eduardo Freitas e<br />
Maria <strong>de</strong> Lur<strong>de</strong>s Santos (1992), que afirmam, no seu estudo intitulado “Hábitos <strong>de</strong><br />
Leitura em Portugal”, que o contacto com a literatura forma bons leitores, e por muitos<br />
outros autores que, nos últimos anos, têm <strong>de</strong>senvolvido estudos nesta área, e dos<br />
quais <strong>de</strong>stacaria, no nosso país, os nomes José António Gomes, Fernando <strong>de</strong><br />
Azevedo, Inês Sim-Sim, Fernanda Leopoldina Viana, Luísa Álvares Pereira e Ângela<br />
Balça, só para dar alguns exemplos.<br />
1 As investigações <strong>de</strong> Ferreiro e Teberosky (1986) e Alves <strong>Martins</strong> (1998), em gran<strong>de</strong> parte her<strong>de</strong>iras do pensamento<br />
<strong>de</strong> Vigotsky, <strong>de</strong>monstram que as crianças possuem conhecimentos acerca da linguagem escrita antes <strong>de</strong> entrarem<br />
para o 1º Ciclo do Ensino Básico.<br />
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