Relatório final de PIS Lúcia Martins.pdf
Relatório final de PIS Lúcia Martins.pdf
Relatório final de PIS Lúcia Martins.pdf
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A – Enquadramento Teórico<br />
I – Relação da criança com o livro<br />
Resultados da investigação mais recente (cf. Colomer (1994); Cerrillo (2001);<br />
Veloso (2003); entre outros) têm vido a <strong>de</strong>monstrar que a convivência precoce e<br />
frequente da criança com os livros <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, e em particular com a Literatura<br />
Infantil, alarga a capacida<strong>de</strong> imaginativa da criança e favorece a interiorização<br />
progressiva das regularida<strong>de</strong>s dos textos e das convenções literárias (cf. Mergulhão,<br />
2008: 56), nomeadamente a aquisição <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> símbolos e a compreensão das<br />
estruturas narrativas (cf. Colomer, 1994: 18-24).<br />
Na verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito cedo, a criança vai-se apropriando <strong>de</strong>ssas<br />
regularida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>ssas convenções literárias para construir, ela própria, “pequenas<br />
histórias <strong>de</strong> forma autónoma e crítica” (Mergulhão, 2008: 56) com princípio, meio e fim,<br />
<strong>de</strong>finindo o problema e as relações causa-efeito estabelecidas no interior do texto. Fá-<br />
lo oralmente (no contexto pré-escolar) ou, posteriormente, (também) pela escrita (no<br />
ensino formal). A propósito <strong>de</strong>sta apropriação das convenções literárias por crianças<br />
pré-leitoras, Teresa Colomer afirma:<br />
“A los dos años, la mayoria <strong>de</strong> ellos usa<br />
convenciones literarias en sus solilóquios,<br />
juegos y relatos (fórmulas <strong>de</strong> inicio y <strong>final</strong>,<br />
uso <strong>de</strong> preterito imperfecto, cambio <strong>de</strong>l tono<br />
<strong>de</strong> la voz, presencia <strong>de</strong> personajes<br />
convencionales, etc.). Es un claro indicio <strong>de</strong><br />
que a los dos años los niños ya i<strong>de</strong>ntifican la<br />
narración <strong>de</strong> historias como un uso especial<br />
<strong>de</strong>l lenguaje.” (Colomer, 1994: 20)<br />
Também Fátima Albuquerque, retomando as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> autores como Irene<br />
Fonseca e R. Laven<strong>de</strong>r, refere que é nessa fase, em particular, “que a criança<br />
<strong>de</strong>senvolve (…) a «competência narrativa» (…) e que apren<strong>de</strong> a <strong>de</strong>finir os parâmetros<br />
<strong>de</strong> «ficção interna», necessária para compreen<strong>de</strong>r o mundo à sua volta (…)”<br />
(Albuquerque, 2000:15).<br />
Assim sendo, o adulto <strong>de</strong>verá estimular esse contacto precoce e sistemático<br />
com livros <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> (cf. Veloso, 2003; Gomes, 2011), porque isso permitirá à<br />
criança adquirir gosto pela leitura, <strong>de</strong>senvolver a sua imaginação, o seu intelecto e a<br />
4