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A família Myrtaceae na Estação Ecológica do Caiuá, Diamante do ...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ<br />

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS<br />

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA<br />

PROJETO DE PESQUISA<br />

A FAMÍLIA MYRTACEAE NA ESTAÇÃO<br />

ECOLÓGICA DO CAIUÁ, DIAMANTE DO<br />

NORTE, PR.<br />

Pesquisa<strong>do</strong>ra:<br />

Dra. Mariza Barion Romagnolo<br />

Maringá – PR<br />

2009


A FAMÍLIA MYRTACEAE NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO CAIUÁ,<br />

DIAMANTE DO NORTE, PR.<br />

Resumo<br />

<strong>Myrtaceae</strong> encontra-se dentre as <strong>família</strong>s de maior riqueza específica, <strong>na</strong>s mais diversas<br />

formações vegetais brasileiras. Tem se destaca<strong>do</strong> em numerosos levantamentos florísticos e<br />

fitossociológicos que incluem indivíduos arbustivos-arbóreos e arbóreos. Consideran<strong>do</strong>-se essa<br />

importância, o presente trabalho tem por objetivo realizar o levantamento florístico, obter<br />

algumas informações sobre a distribuição e o perío<strong>do</strong> de floração e frutificação das espécies de<br />

<strong>Myrtaceae</strong>, para a <strong>Estação</strong> <strong>Ecológica</strong> <strong>do</strong> <strong>Caiuá</strong> (<strong>Diamante</strong> <strong>do</strong> Norte). Com base no material<br />

coleta<strong>do</strong> serão elaboradas descrições morfológicas, ilustrações e chaves de identificação para<br />

espécies, bem como, relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s alguns apectos fenológicos e de distribuição. Os resulta<strong>do</strong>s<br />

desta pesquisa, irão, contribuir para o conhecimento da flora <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná, poden<strong>do</strong><br />

subsidiar outros trabalhos com relevância importância ecológica e econômica, consideran<strong>do</strong> a<br />

utilização em grande escala destas espécies.<br />

1- Introdução<br />

A <strong>família</strong> <strong>Myrtaceae</strong> Jussieu, segun<strong>do</strong> Cronquist (1981), pertence à divisão<br />

Magnoliophyta, classe Magnoliopsida, subclasse Rosidae e à ordem Myrtales que consiste de<br />

12 <strong>família</strong>s.<br />

Compreende duas sub<strong>família</strong>s, sen<strong>do</strong> que Leptospermoideae reúne as espécies de<br />

frutos secos, geralmente cápsula loculicida e com maior concentração <strong>na</strong> Austrália. As<br />

Myrtoideae, com espécies de frutos carnosos, concentram-se principalmente <strong>na</strong>s Américas <strong>do</strong><br />

Sul e Central (Briggs & Johnson 1979). Esta última, com aproximadamente 70 gêneros e<br />

2.400 espécies (McVaugh 1968), possui ape<strong>na</strong>s a tribo Myrteae, que compreende as subtribos<br />

Eugenii<strong>na</strong>e, Myrcii<strong>na</strong>e e Myrti<strong>na</strong>e. Essas subtribos foram definidas por Berg (1857-1859) e se<br />

diferenciam, principalmente, quanto à morfologia exter<strong>na</strong> <strong>do</strong> embrião. O tipo eugenóide<br />

apresenta cotilé<strong>do</strong>nes bastante desenvolvi<strong>do</strong>s, carnosos e concresci<strong>do</strong>s ou distintos entre si<br />

com eixo-hipocótilo-radícula inconspícuo e, às vezes, com radícula exerta. O tipo mircióide<br />

apresenta cotilé<strong>do</strong>nes desenvolvi<strong>do</strong>s, foliáceos e <strong>do</strong>bra<strong>do</strong>s, com eixo-hipocótilo-radícula longo<br />

e às vezes circundan<strong>do</strong> os cotilé<strong>do</strong>nes. O terceiro tipo, mirtóide, apresenta cotilé<strong>do</strong>nes<br />

reduzi<strong>do</strong>s e membranáceos, com eixo-hipocótilo-radícula bastante desenvolvi<strong>do</strong> e espirala<strong>do</strong><br />

ou curvo.


O número de gêneros e espécies pertencentes às <strong>Myrtaceae</strong> é discutível, estan<strong>do</strong>, de<br />

acor<strong>do</strong> com Barroso (1984), em torno de, respectivamente, 100 e 3.500. Segun<strong>do</strong> Judd et al.<br />

(1999), o número de gêneros é de aproximadamente 144, com 3.100 espécies. Para Mabberley<br />

(1997), entretanto, a <strong>família</strong> reúne cerca de 129 gêneros e 4.620 espécies que correspondem a<br />

1,32% <strong>do</strong> total de espécies das Magnoliophyta conhecidas<br />

A tribo Myrteae compreende plantas lenhosas, arbustivas ou arbóreas, de folhas<br />

inteiras, opostas, ve<strong>na</strong>ção camptódrama e freqüentemente com nervura margi<strong>na</strong>l. Apresenta<br />

numerosas glândulas, <strong>na</strong> forma de pequenos pontos translúci<strong>do</strong>s, <strong>na</strong>s folhas, flores, frutos e<br />

sementes e que dão, à <strong>família</strong>, o típico cheiro “mirtáceo” (de goiaba, pitanga etc.). O tronco e<br />

os ramos quase sempre desprendem abundante riti<strong>do</strong>ma, que pode ser <strong>do</strong> tipo lami<strong>na</strong><strong>do</strong> ou<br />

escamoso, cuja troca ocorre durante o ano to<strong>do</strong>. As flores são hermafroditas, com cálice e<br />

corola geralmente tetrâmeros ou pentâmeros; os estames são numerosos; o ovário é ínfero, de<br />

bi a multilocular e com <strong>do</strong>is a muitos óvulos por lóculo. Os frutos são <strong>do</strong> tipo baga que,<br />

quan<strong>do</strong> madura, apresenta coloração que vai desde a amarela até a preta (Lawrence 1951;<br />

Cronquist 1981; Barroso 1984; Joly 1998). A maioria de suas espécies apresentam estratégia<br />

reprodutiva <strong>do</strong> tipo “big-bang”, ou seja, floração massiva, sen<strong>do</strong> que as flores duram em média<br />

48 horas e são freqüentemente visitadas por insetos que, atraí<strong>do</strong>s pelo perfume a<strong>do</strong>cica<strong>do</strong><br />

encontram e coletam o pólen (Proença 1991; Nic Lughadha & Proença 1996; Ribeiro et al.<br />

1999).<br />

No Brasil, de acor<strong>do</strong> com Landrum & Kawasaki (1997), a subtribo Eugenii<strong>na</strong>e<br />

compreende os oito seguintes gêneros, Calycorectes, Eugenia, Hexachlamys, Myrcianthes,<br />

Myrciaria, Neomitranthes, Plinia e Siphoneuge<strong>na</strong>; Myrcii<strong>na</strong>e compreende Calyptranthes,<br />

Gomidesia, Marlierea, Myrceugenia e Myrcia, enquanto que Myrti<strong>na</strong>e reúne Acca, Accara,<br />

Blepharocalyx, Calycolpus, Campomanesia, Mosiera, Myrrhynium, Myrteola, Pimenta e<br />

Psidium.<br />

Dentre as espécies <strong>na</strong>tivas, comuns entre nós, podemos citar os representantes <strong>do</strong>s<br />

gêneros Campomanesia e conhecidas como guabiroba, sete-capotes, cambuci etc.; Eugenia<br />

compreenden<strong>do</strong> pitanga, uvaia, cabeludinha, cereja-<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, cambucá e grumixaba; Plinia, as<br />

conhecidas jabuticabas e Psidium com diversos tipos de goiabas e araçás. Segun<strong>do</strong> Barroso et al.<br />

(1999), os frutos dessas espécies são ricos em vitami<strong>na</strong>s e deveriam ser melhor estuda<strong>do</strong>s para<br />

aproveitamento comercial. Dentre as espécies exóticas merecem destaque os gêneros<br />

Eucalyptus, com muitas espécies produtoras de madeira e óleos essenciais, Callistemon e<br />

Mellaleuca, como or<strong>na</strong>mentais, as espécies Syzygium aromaticum (cravo-da-índia) e Pimenta


dioica (pimenta-da-jamaica), usadas <strong>na</strong> culinária como especiarias, além das frutíferas Syzygium<br />

cumini (jambolão) e S. jambos (jambo) (Lawrence 1951; Joly 1998; Lorenzi 1992; Pott & Pott<br />

1994; Backes & Irgang 2002).<br />

Algumas espécies são utilizadas <strong>na</strong> medici<strong>na</strong> popular, merecen<strong>do</strong> destaque<br />

representantes de Psidium e Eugenia. Psidium guineense, por exemplo, é usada contra diarréia e<br />

apresenta ação cicatrizante, sen<strong>do</strong> que o broto produz material tintorial, o fruto possui ação<br />

adstringente, a raiz é diurética e a casca é usada em cortumes (Pio Corrêa 1984; Pott & Pott<br />

1994). P. guajava, a goiabeira, apresenta propriedades terapêuticas contra diarréia, tosse,<br />

bronquite, hemorragia, catarro gastrointesti<strong>na</strong>l, afecções da boca e da garganta, entre outras (Pio<br />

Corrêa 1984; Pott & Pott 1994; Silva et al. 1995). Eugenia uniflora, conhecida como pitanga, é<br />

indicada no tratamento de diarréia, reumatismo, problemas de garganta, tosse, problemas<br />

respirátorios, febre, esclerose, hipotensão, problemas re<strong>na</strong>is e é usada, ainda, como aromática e<br />

balsâmica; possui óleos essenciais com ação digestiva, sen<strong>do</strong> também utilizada contra gases e<br />

bactérias e seus frutos, ricos em ferro, cálcio e fósforo, são usa<strong>do</strong>s para fazer xaropes; as folhas<br />

esmagadas servem como repelentes contra insetos (Sanchotene 1985; Neves & Do<strong>na</strong>to, 1989;<br />

Rotman 1995; Silva et al. 1995). E. aurata, também utilizada como forrageira de boa aceitação<br />

por bovinos, possui frutos com ação adstringente (Sanchotene 1985). E. moravia<strong>na</strong> apresenta<br />

atividade antibacteria<strong>na</strong>, de acor<strong>do</strong> com estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s por Lu<strong>na</strong>rdi et al. (2001), a partir de<br />

indivíduos coleta<strong>do</strong>s <strong>na</strong> planície alágavel <strong>do</strong> alto rio Paraná.<br />

As <strong>Myrtaceae</strong> podem ser consideradas de grande importância ecológica, uma vez que<br />

apresentam características apícolas e produzem frutos comestíveis, muito aprecia<strong>do</strong>s pela fau<strong>na</strong><br />

silvestre e, também, pelo homem, sen<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>s principalmente por aves, roe<strong>do</strong>res,<br />

macacos, morcegos e peixes (Mabberley 1997; Barroso et al. 1999). Têm si<strong>do</strong>,<br />

freqüentemente, indicadas para a revegetação de áreas perturbadas (Lorenzi 1992, 1998; Pott &<br />

Pott 1994; Backes & Irgang 2002).<br />

2- Justificativas<br />

Numerosos têm si<strong>do</strong> os levantamentos florísticos e fitossociológicos, em diversos<br />

ecossistemas brasileiros, que têm comprova<strong>do</strong> que <strong>Myrtaceae</strong> constitui-se numa das <strong>família</strong>s<br />

mais importantes, quanto ao número de espécies (Klein 1984; Leitão Filho 1982; Leitão Filho<br />

1993; Rodrigues & Nave 2000; Soares-Silva 2000; Romagnolo 2002).<br />

Numa revisão bibliográfica de 46 trabalhos de cunho florístico ou fitossociológico,<br />

realiza<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s diferentes formações florestais <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná e de áreas limítrofes da sua


parte ocidental, Romagnolo (2002) constatou que, independentemente <strong>do</strong> tamanho da área ou <strong>do</strong><br />

tipo de formação amostrada, <strong>Myrtaceae</strong> apresentou-se bem posicio<strong>na</strong>da, tanto quanto ao número<br />

de espécies como de indivíduos, <strong>na</strong> maioria desses levantamentos. A partir desses trabalhos,<br />

foram reuni<strong>do</strong>s 20 gêneros e 161 espécies, sen<strong>do</strong> que 32 táxons foram identifica<strong>do</strong>s ape<strong>na</strong>s ao<br />

nível de gênero ou de <strong>família</strong>.<br />

De acor<strong>do</strong> com Barroso (1990), <strong>na</strong> região sudeste <strong>do</strong> Brasil estão aparecen<strong>do</strong> espécies<br />

de <strong>Myrtaceae</strong> com características que não se enquadram <strong>na</strong>s diagnoses das espécies já<br />

classificadas. Segun<strong>do</strong> a autora, essa situação está relacio<strong>na</strong>da ao fato de que há mais de 140<br />

anos não tem si<strong>do</strong> feito um amplo estu<strong>do</strong> de levantamento das espécies dessa região. Esta<br />

situação ocorre, em outras regiões <strong>do</strong> País, uma vez que <strong>na</strong> maior parte <strong>do</strong> território <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

faltam estu<strong>do</strong>s detalha<strong>do</strong>s sobre a <strong>família</strong> assim como <strong>do</strong>s gêneros<br />

Essa <strong>família</strong> tem si<strong>do</strong> referida por diversos autores, tais como McVaugh (1968),<br />

Barroso (1994), Kawasaki (1984) e Proença (1991), como de difícil classificação e<br />

delimitação, devi<strong>do</strong> à grande variabilidade intra-específica. A escassez de informações,<br />

associada à complexidade taxonômica <strong>do</strong> grupo, tor<strong>na</strong> freqüente a citação de um grande<br />

número de táxons indetermi<strong>na</strong><strong>do</strong>s nos levantamentos florísticos e fitossociológicos.<br />

Alian<strong>do</strong> a falta de conhecimento de ao fato que de acor<strong>do</strong> com o SNUC (2000), a cada<br />

ano, milhares de plantas e animais desaparecem da terra e com elas as possibilidades de serem<br />

conhecidas pela ciência, desaparecem também as oportunidades de fornecerem benefícios para<br />

a humanidade e de contribuírem para a manutenção da vida no planeta e que as Unidades de<br />

Conservação representam uma das melhores estratégias de proteção <strong>do</strong> patrimônio <strong>na</strong>tural,<br />

dentro deste contexto, a coleta, a identificação e a caracterização das espécies de <strong>Myrtaceae</strong><br />

<strong>na</strong> <strong>Estação</strong> <strong>Ecológica</strong> <strong>do</strong> <strong>Caiuá</strong> contribuirá para o conhecimento da flora <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná,<br />

poden<strong>do</strong> subsidiar outros trabalhos com relevância importância ecológica e econômica,<br />

consideran<strong>do</strong> a utilização em grande escala destas espécies.<br />

3- Objetivos<br />

-Coletar e identificar e caracterizar morfologicamente as espécies de <strong>Myrtaceae</strong> que<br />

ocorrem <strong>na</strong> <strong>Estação</strong> <strong>Ecológica</strong> <strong>do</strong> Caiúa;<br />

- Elaborar chaves de identificação para os Gêneros e Espécies coletadas <strong>na</strong> <strong>Estação</strong><br />

<strong>Ecológica</strong> <strong>do</strong> <strong>Caiuá</strong>;<br />

- Fornecer da<strong>do</strong>s ecológicos (distribuição, ambiente de ocorrência, época de<br />

reprodução) para as espécies registradas <strong>na</strong> área de estu<strong>do</strong>;


- Ampliar o conhecimento sobre a flora que compõe a Floresta Estacio<strong>na</strong>l<br />

Semidecidual, em especial da <strong>família</strong> <strong>Myrtaceae</strong>.<br />

4- Meto<strong>do</strong>logia<br />

Área de estu<strong>do</strong><br />

A <strong>Estação</strong> <strong>Ecológica</strong> <strong>do</strong> <strong>Caiuá</strong> é o ultimo remanescente contínuo de Floresta Estacio<strong>na</strong>l<br />

Semidecidual <strong>do</strong> Noroeste <strong>do</strong> Paraná. Localiza-se as margens da PR 182, trecho <strong>Diamante</strong> <strong>do</strong><br />

Norte - Ponte sobre o rio Para<strong>na</strong>panema entre a latitude 22°41` S e longitude de 52°55` W,<br />

sen<strong>do</strong> cortada transversalmente, no senti<strong>do</strong> S-N, pelo Ribeirão <strong>Diamante</strong>, numa extensão<br />

1300m (IAP,1997).<br />

Segun<strong>do</strong> a classificação climática de Koeppen, o clima é <strong>do</strong> tipo Cfa- mesotérmico,<br />

úmi<strong>do</strong>, sem estação seca e com versões quentes. A temperatura média <strong>do</strong> mês mais frio abaixo<br />

de 18ºC e a temperatura média <strong>do</strong> mês mais quente é acima de 22°C (Maack, 1968). A<br />

precipitação média anual é de 1200-1400 mm, sen<strong>do</strong> o trimestre mais chuvoso, dezembro,<br />

janeiro e fevereiro. A temperatura média anual está entre 21 e 22°C, sen<strong>do</strong> a média <strong>do</strong> mês<br />

mais quente (Fevereiro) 24 e 25°C e <strong>do</strong> mês mais frio (Julho)17 e 18°C. A umidade relativa <strong>do</strong><br />

ar (média anual) é de 75%. A evaporação potencial anual é de 1000 a 1100 mm<br />

(IAPAR,1994).<br />

A formação da maioria <strong>do</strong>s solos está representada pelo Arenito <strong>Caiuá</strong>- série São<br />

Bento- Cretáceo; ocorrem também solos deriva<strong>do</strong>s de sedimentos fluviais <strong>na</strong>s porções<br />

adjacentes ao Rio Para<strong>na</strong>panema. O Arenito <strong>Caiuá</strong> caracteriza-se por apresentar sedimentação<br />

entrecruzada (eólica) e pela coloração violácea , manchas e pontos claros. Os solos desta<br />

unidade de mapeamento são fortemente dre<strong>na</strong><strong>do</strong>s, de textura varian<strong>do</strong> entre areia e areia<br />

franca no horizonte A e entre o franco-arenoso no Bt. O horizonte A apresenta espessura entre<br />

20 e 30 cm, estrutura fraca granular e grãos simples, consistência solta, tanto com solo seco<br />

como úmi<strong>do</strong>, e não plástica e não pegajosa quan<strong>do</strong> molha<strong>do</strong> (EMBRAPA, 1999; IAP,1997).<br />

A <strong>Estação</strong> <strong>Ecológica</strong> <strong>do</strong> <strong>Caiuá</strong> enquadra-se como Floresta Estacio<strong>na</strong>l Semidecidual,<br />

que possui um tipo de vegetação cujo conceito ecológico está condicio<strong>na</strong><strong>do</strong> à dupla<br />

estacio<strong>na</strong>lidade climática (IBGE,1992).<br />

De acor<strong>do</strong> com o levantamento executa<strong>do</strong> pelo IAP em 1997, a área é ocupada pela<br />

associação vegetal primária da Floresta Estacio<strong>na</strong>l, onde pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>m a formação<br />

Submontanhosa e uma restrita faixa de formação Aluvial influenciada pelas inundações<br />

periódicas <strong>do</strong> Rio Para<strong>na</strong>panema. Além dessas formações primárias, foram constatadas<br />

ocorrências isoladas de uma área de vegetação secundária (capoeirão), uma área com


eflorestamento de uma área de pastagem artificial, sen<strong>do</strong> essas com últimas formações<br />

decorrentes de ações antrópicas ocorridas em época anterior à criação da Unidade de<br />

Conservação.<br />

Procedimento de campo e laboratório<br />

O material botânico será coleta<strong>do</strong> <strong>na</strong> <strong>Estação</strong> Eclógica <strong>do</strong> <strong>Caiuá</strong>, em campanhas<br />

trimestrais, no perío<strong>do</strong> de junho/2009 a maio/2012, herboriza<strong>do</strong> através de técnicas usuais<br />

(Fidalgo & Bononi 1989), e deposita<strong>do</strong>s no HUEM (Herbário da Universidade Estadual de<br />

Maringá).<br />

O material será identifica<strong>do</strong> através de bibliografias específicas e também, com a ajuda de<br />

especialistas e/ou por comparações com materiais <strong>do</strong> Herbário da Universidade Estadual de<br />

Maringá (HUEM) e Herbário da Universidade Estadual de Londri<strong>na</strong> (FUEL).<br />

O material em estu<strong>do</strong> será observa<strong>do</strong> e descrito, tal procedimento será realiza<strong>do</strong> com<br />

ajuda de microscópio esteroscópio (lupa). Com base <strong>na</strong> descrição serão elaboradas as chaves<br />

de identificação para o material coleta<strong>do</strong> <strong>na</strong> área deste estu<strong>do</strong>. A nomenclatura utilizada para a<br />

caracterização morfológica será baseada em Hickey (1974) e Radford (1986).<br />

Serão realizadas observações ecológicas em campo, para cada espécie, as quais serão<br />

comparadas com da<strong>do</strong>s da literatura.<br />

5- Resulta<strong>do</strong>s Espera<strong>do</strong>s<br />

Através da execução desta pesquisa, espera-se, coletar, identificar, descrever e<br />

elaborar chaves para identificação das espécies de <strong>Myrtaceae</strong> que ocorrem <strong>na</strong> <strong>Estação</strong><br />

<strong>Ecológica</strong> <strong>do</strong> <strong>Caiuá</strong>. Além de fornecer da<strong>do</strong>s ecológicos sobre a distribuição, o ambiente de<br />

ocorrência e a época de reprodução para as espécies registradas <strong>na</strong> área de estu<strong>do</strong>.<br />

Espera-se também ampliar o conhecimento sobre a flora que compõe a Floresta<br />

Estacio<strong>na</strong>l Semidecidual, poden<strong>do</strong> subsidiar outros projetos de recuperação de áreas<br />

degradadas e/ou de desenvolvimento sustentável, além de auxiliar a estabelecer estratégias de<br />

conservação de áreas melhores preservadas como as encontradas <strong>na</strong>s Unidades de<br />

Conservação.


CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO<br />

Ano 1º - 2009<br />

Atividades J F M A M J J A S O N D<br />

Levantamento bibliográfico X X X<br />

Coleta de material botânico X X X X X<br />

Herborização de material botânico X X X X X<br />

Identificação <strong>do</strong> material coleta<strong>do</strong> X X X X<br />

Ano 2º - 2010<br />

Atividades J F M A M J J A S O N D<br />

Coleta de material botânico X X X X X X X X X X X X<br />

Herborização de material botânico X X X X X X X X X X X X<br />

Identificação <strong>do</strong> material coleta<strong>do</strong> X X X X X X X X X X X X<br />

Descrição <strong>do</strong> material coleta<strong>do</strong> X X X X X X X X X X X X<br />

Apresentação de resulta<strong>do</strong>s parciais X X<br />

Ano 2º - 2011<br />

Atividades J F M A M J J A S O N D<br />

Coleta de material botânico X X X X X X<br />

Herborização de material botânico X X X X X X<br />

Identificação <strong>do</strong> material coleta<strong>do</strong> X X X X X X<br />

Descrição <strong>do</strong> material coleta<strong>do</strong> X X X X X X<br />

Comparação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s com outras<br />

bibliografias<br />

X X X X X<br />

Elaboração das chaves de X X X<br />

identificação<br />

coleta<strong>do</strong><br />

para o material<br />

Elaboração <strong>do</strong> relatório fi<strong>na</strong>l X X<br />

Redação de artigos científicos X X


6- Referências Bibliográficas<br />

BACKES, P. & IRGANG, B. Árvores <strong>do</strong> Sul: Guia de Identificação & Interesse Ecológico.<br />

As Principais Espécies Nativas Sul-Brasileiras. Porto Alegre: CD Vaz e Ricar<strong>do</strong> Correa.<br />

2002. 325 p.<br />

BARROSO, G. M. Sistemática de angiospermas <strong>do</strong> Brasil. Imprensa Universitária, Viçosa.<br />

1984. v. 2. 376 p.<br />

BARROSO, G. M. <strong>Myrtaceae</strong> – Novidades taxonômicas. Bradea, v. 5, n. 35, p. 357-360, 1990.<br />

BARROSO, G.M.. <strong>Myrtaceae</strong> <strong>do</strong> Sudeste <strong>do</strong> Brasil: Espécies Novas <strong>do</strong> Gênero Plinia<br />

Lin<strong>na</strong>eus. Capacea, v. 10, p. 1-5, 1994.<br />

BARROSO, G.M.; MORIN, M.P.; PEIXOTO, A.L. & ICHASO, C.L.F. Frutos e sementes:<br />

morfologia aplicada à sistemática de dicotiledôneas. Editora UFV, Viçosa. 1999. 305 p.<br />

BERG, O. (1857-1859). <strong>Myrtaceae</strong>. Pp.28-208 In: C.P.F. Martius (Ed.). Flora Brasiliensis.<br />

Verlag Von J. Whel<strong>do</strong>n & Wesley. V.14 pt. 1. New York. 1967.<br />

BERNARDI, L. Contribución a la dendrologia Paraguaya II. Boissiera, v. 37, p. 75-151, 1985.<br />

BRIGGS, B.G. & JONHSON, L.A.S. Evolution in the <strong>Myrtaceae</strong> – Evidence from<br />

inflorescence structure. Proceedings of the Linnean Society of New South Wales,<br />

Sidney, v.102, n. 4, p. 160-256, 1979.<br />

EMBRAPA, Centro Nacio<strong>na</strong>l de Pesquisa <strong>do</strong> Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de<br />

Solos. Embrapa, Brasília. 1999. 206 p.<br />

FIDALGO, O.& BONONI, V.L.R. Técnicas de Coleta, Preservação e Herborização de<br />

Material Botânico. Instituto de Botânica/Secretária <strong>do</strong> Meio Ambiente, São Paulo. 1989.<br />

30 p.<br />

HICKEY,L.J. Clasificasion de la arquitectura de las hojas de Dicotile<strong>do</strong>neas. Boletin de la<br />

Sociedad Argenti<strong>na</strong> de Botanica, v. 16, n. 1-2, p. 1-26, 1974.<br />

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IAPAR - Instituto Agronômico <strong>do</strong> Paraná, Curitiba. 1994. Cartas Climáticas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Paraná. IAPAR, Londri<strong>na</strong>.<br />

IBGE - FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA..<br />

Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro, IBGE. 1992. 92 p. (Série Manuais<br />

Técnicos em Geociências; 1).<br />

JOLY, A.B. Botânica: introdução à taxonomia vegetal. 12 ed.. Nacio<strong>na</strong>l, São Paulo. 1998.<br />

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phylogenetic approach. Si<strong>na</strong>uer Associates, Sunderland. 1999.<br />

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375 In: A<strong>na</strong>is <strong>do</strong> XXXIV Congresso Nacio<strong>na</strong>l de Botânica, Porto Alegre. 1984. Sociedade


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synoptic treatment and identification keys. Brittonia, v. 49, n. 4, p. 508-536, 1997.<br />

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Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. V.2. 1951.<br />

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LORENZI, H.. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas<br />

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