Orações de sapiência - Universidade de Coimbra
Orações de sapiência - Universidade de Coimbra
Orações de sapiência - Universidade de Coimbra
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
INTRODUÇÃO<br />
INTRODUÇÃO<br />
Arnaldo Fabrício, o Humanista, o Orador e a Época<br />
“O discurso oral é captado pelos ouvidos <strong>de</strong> poucos que nos escutam e, preso como<br />
que numas gra<strong>de</strong>s, não se divulga para além do local em que se pronuncia e nem<br />
permanece mais tempo do que aquele em que é proferido. Mas já a escrita permanece<br />
durante muito tempo e difundida, longa e largamente, ela é praticada por muitos,<br />
lida e ouvida em épocas diversas e em diversos lugares”. 1<br />
Palavras chegadas até nós, escritas e proferidas pelo humanista francês Arnold<br />
Fabrice, num momento solene da Aca<strong>de</strong>mia coimbrã, na inauguração do Colégio das<br />
Artes, em 21 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1548, na presença do rei D. João III, dum prestigiado<br />
corpo docente e ainda <strong>de</strong> muitos alunos que ali acorreram, ávidos <strong>de</strong> sentir a<br />
renovação do ensino protagonizada por ilustres humanistas nacionais e estrangeiros.<br />
Estava-se em plena época do Humanismo e os homens cultos sentiam uma<br />
admiração contagiante por tudo quanto era clássico e, para tal, seria necessário pelo<br />
menos dominar bem o latim e o grego, a única forma <strong>de</strong> se tomar contacto directo<br />
com os monumentos da literatura greco-romana e apreen<strong>de</strong>r toda a sua beleza<br />
estética e riqueza <strong>de</strong> pensamento. Arnaldo Fabrício, que ficara conhecido entre nós<br />
pela forma aportuguesada do nome latino que usava nos seus escritos, fora um<br />
dos humanistas que André <strong>de</strong> Gouveia convidara a vir leccionar para Portugal e a<br />
pronunciar a Oração <strong>de</strong> Sapiência na abertura do Colégio Real, a “De Liberalium<br />
Artium studiis oratio”, isto é, a Oração Sobre os Estudos das Artes Liberais.<br />
Fabrício era já, como nos diz Gaullieur, um orador conhecido em França. 2 No<br />
Colégio das Artes foi Mestre da quinta classe <strong>de</strong> latim, e vicissitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m política<br />
e religiosa contribuíram para que apenas estivesse em Portugal cerca <strong>de</strong> um ano, tendo<br />
então regressado à terra natal, à pequena cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bazas, na Aquitânia. 3 Na edição<br />
das suas cartas latinas há alusão à terra <strong>de</strong> origem, Arnoldus Fabricius Vasatensis.<br />
1 Vd. Arnaldo Fabrício, De Liberalium Artium Studiis Oratio, <strong>Coimbra</strong>, MDXLVIII, p. xxvij;<br />
cf. infra, p. 55.<br />
2 Vd. Gaullieur, Esnest, Histoire du Collège <strong>de</strong> Guyenne, Paris, 1874.<br />
3 Só o aba<strong>de</strong> Patrício O´Reilly afirma que Arnaldo Fabrício era <strong>de</strong> La Réole.<br />
Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor<br />
1 1