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Orações de sapiência - Universidade de Coimbra

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INTRODUÇÃO<br />

e noutras partes <strong>de</strong> Itália, se vivos forem, po<strong>de</strong> Vossa Majesta<strong>de</strong> ter por certo que<br />

não haverá nela mudança, e que antes crecerá muito vendo-o neste Reino, como<br />

espero e <strong>de</strong>sejo, porque com isso se me oferecerão ocasiões <strong>de</strong> empregar o resto<br />

que me fica da vida em seu real serviço, como tenho feito a passada no dos reis<br />

D. Anrique [vº] e D. Sebastião, vossos tio e sobrinho, que Deus tem, e <strong>de</strong> merecer<br />

honras e favores da real gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong> Vossa Majesta<strong>de</strong>, que o Senhor conserve e<br />

com muito acrecentamento prospere por largos anos.<br />

D’Almeirim, 12 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1580<br />

O dotor Antº Pinto» 42<br />

Não espanta, pois, que, com a mudança <strong>de</strong> dinastia, o Doutor António Pinto<br />

continuasse a gozar em Roma da confiança do novo rei <strong>de</strong> Portugal, que <strong>de</strong>le se<br />

serviu como encarregado dos negócios eclesiásticos pertencentes à nova coroa<br />

agregada ao seu vasto império. É com manifesto orgulho que, em carta <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong><br />

Maio <strong>de</strong> 1583, confessa a Filipe I:<br />

«Senhor: Antre outras cartas que recebi <strong>de</strong> Vossa Majesta<strong>de</strong> aos 20 <strong>de</strong>ste mês,<br />

vinha ũa feita em 9 <strong>de</strong> Março, per que mandou significar a satisfação que recebera<br />

do que fiz <strong>de</strong> minha parte no <strong>de</strong>spacho da legatia <strong>de</strong> Portugal em pessoa do<br />

sereníssimo car<strong>de</strong>al arquiduque e a diligência com que se <strong>de</strong>spacharam e enviaram<br />

as letras do arcebispado <strong>de</strong> Goa e do pálio. Beijo a real mão <strong>de</strong> Vossa Majesta<strong>de</strong><br />

por esta mercê, que é gran<strong>de</strong> consolação a quem serve, como <strong>de</strong>ve, enten<strong>de</strong>r que<br />

seu serviço e trabalho seja acepto.» 43<br />

3 3 9<br />

42 Arquivo Geral <strong>de</strong> Simancas, Estado, legajo 419, carta 125, rº e vº. Neste volumoso maço<br />

se encontram reunidos inúmeros testemunhos directos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são às pretensões filipinas ao<br />

trono português proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> compatriotas nossos das mais diversas origens sociais e<br />

profissões, a maior parte dos quais, em nossa opinião, têm o inegável interesse pedagógico<br />

<strong>de</strong> mostrar os insuspeitados abismos <strong>de</strong> baixeza moral a que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scer a natureza humana<br />

quando movida pela auri sacra fames.<br />

43 Corpo Diplomático Português, tomo 12, página 425.<br />

No Arquivo Geral <strong>de</strong> Simancas, o códice lib 1549, Secretarias Provinciales, contém toda<br />

a correspondência que António Pinto, como agente da Coroa portuguesa em Roma, daqui<br />

enviou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1583 até 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1588, data da <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira carta,<br />

na qual escreve: “E eu me partirei amanhã, prazendo a Deus, e ficará meu sobrinho, o licenciado<br />

Francisco Vaz Pinto, como em outra digo, correndo com os negócios da Coroa <strong>de</strong> Portugal,<br />

per or<strong>de</strong>m do Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Olivares, até vir a pessoa que me houver <strong>de</strong> suce<strong>de</strong>r, como Vossa<br />

Majesta<strong>de</strong> tem or<strong>de</strong>nado.” Códice citado, f. 648.<br />

A informação relativa à data da partida é corroborada pela seguinte passagem da carta<br />

que Francisco Vaz Pinto dirigiu, a 14 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1588, ao rei D. Filipe I <strong>de</strong> Portugal:<br />

“O doutor António Pinto, meu tio, se partiu <strong>de</strong>sta corte no último dia do mês passado, e me<br />

or<strong>de</strong>nou da parte <strong>de</strong> Vossa Majesta<strong>de</strong> que houvesse <strong>de</strong> ficar nela continuando os negócios <strong>de</strong><br />

seu serviço, até vir a pessoa que Vossa Majesta<strong>de</strong> houver por bem que lhe haja <strong>de</strong> soce<strong>de</strong>r<br />

neste cargo.” Ibi., f. 655.<br />

Como “Apêndice 3º” a esta Introdução <strong>de</strong>cidimos transcrever uma carta e parte <strong>de</strong> outra,<br />

datadas <strong>de</strong> Março e Junho <strong>de</strong> 1585, e nas quais o Doutor António Pinto <strong>de</strong>screve a recepção<br />

com que foi acolhida em Roma a embaixada <strong>de</strong> jovens nobres japoneses, relatada também<br />

pela pena latina do jesuíta Duarte <strong>de</strong> San<strong>de</strong> no livro De missione legatorum iaponensium ad<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor

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