08.06.2013 Views

Orações de sapiência - Universidade de Coimbra

Orações de sapiência - Universidade de Coimbra

Orações de sapiência - Universidade de Coimbra

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

3 3 6 ANTÓNIO PINTO<br />

Ora, atendo-nos aos informes fornecidos pelos arquivos da aca<strong>de</strong>mia conimbricense,<br />

verificamos que, em 26 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1549, António Pinto, natural do Mogadouro,<br />

provou a frequência <strong>de</strong> três cursos <strong>de</strong> cânones, iniciada em Outubro <strong>de</strong> 1546, e <strong>de</strong><br />

seis meses <strong>de</strong> vacações (Autos e graus, tomo 3, f. 40); fez exame para bacharel na<br />

mencionada faculda<strong>de</strong> em 23 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 1550 (Autos e graus, tomo 4, livro 1, f. 37<br />

vº); e, no mesmo dia, recebeu o grau respectivo (códice e livro citados, f. 38). 30 Em<br />

30 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1557 o conselho da universida<strong>de</strong> escutou e <strong>de</strong>u provimento a uma<br />

«petição do doutor António Pinto em que <strong>de</strong>zia que <strong>de</strong>spois <strong>de</strong> bacharel em<br />

cânones nesta universida<strong>de</strong> esteve por muitos anos em Itália e algum tempo <strong>de</strong>les na<br />

universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bolonha, na qual recebeu o grau <strong>de</strong> doutor na dita faculda<strong>de</strong> como<br />

constava da sua carta do dito grau que apresentava e por <strong>de</strong>sejar ser incorporado<br />

nesta universida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> recebeu o primeiro grau.» 31<br />

Por esta altura, já o Doutor António Pinto iniciara a incrível acumulação <strong>de</strong><br />

cargos eclesiásticos, seguramente sem o ónus do pastoreio da grei cristã, que sobre<br />

ele, juntamente com ofícios civis, choveriam <strong>de</strong> uma forma incessante e copiosa e<br />

parecem <strong>de</strong>monstrar que o sangue hebreu não o <strong>de</strong>smerecia aos olhos dos po<strong>de</strong>rosos<br />

<strong>de</strong> Portugal e <strong>de</strong> Roma. 32<br />

Em 23 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1559 Lourenço Pires <strong>de</strong> Távora, acabado <strong>de</strong> chegar à cida<strong>de</strong><br />

papal, escreve para o rei português (mais exactamente, a rainha Dona Catarina,<br />

então regente na menorida<strong>de</strong> do neto D. Sebastião):<br />

«Entre os homens que achei nesta corte para me po<strong>de</strong>rem servir <strong>de</strong> secretário<br />

escolhi o doctor António Pinto que aqui era vindo ao negócio da dispensação da<br />

filha <strong>de</strong> Luís Álvares <strong>de</strong> Távora e por ele ser suficiente por letras e habilida<strong>de</strong> e por<br />

ser da nossa criação me parece po<strong>de</strong>rei mui bem confiar <strong>de</strong>le, o que se <strong>de</strong>ve fiar e<br />

isto farei enquanto ele pu<strong>de</strong>r e a mim não for necessário mudar <strong>de</strong>ste prepósito.» 33<br />

A conselho do governo português, Pinto não acompanha Távora no seu regresso<br />

a Portugal e irá <strong>de</strong>sempenhar junto do novo embaixador D. Álvaro <strong>de</strong> Castro as<br />

funções para que o talhavam “a prática que dos negócios <strong>de</strong> Roma tem e boa<br />

habilida<strong>de</strong> pera neles e em outros servir”, tratando-se <strong>de</strong> homem “do qual Sua<br />

Santida<strong>de</strong> tem muito conhecimento e assi todos os car<strong>de</strong>ais […] e todos tem <strong>de</strong>le<br />

satisfação.” 34 Satisfação que se estendia não só ao regente português, que, por carta<br />

transcrita, a tal ponto que está em manifesta contradição com o que se diz na página 18, que<br />

preten<strong>de</strong> ser consequência extraída <strong>de</strong>ste mesmo passo.<br />

30 Mário Brandão, A Inquisição e os Professores do Colégio das Artes, <strong>Coimbra</strong>, Imprensa da<br />

Universida<strong>de</strong>, 2º tomo, pp. 890-891.<br />

31 Lígia Cruz, Actas dos Conselhos da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, <strong>Coimbra</strong>, Publicações do<br />

Arquivo da Universida<strong>de</strong>, 3º volume, 1976, pp. 65-66.<br />

32 Veja-se em José <strong>de</strong> Castro, Bragança e Miranda (Bispado), o. c., 1º tomo, pp. 134-140,<br />

a enumeração dos principais cargos ligados à Igreja <strong>de</strong> cujos rendimentos gozou o Doutor António<br />

Pinto.<br />

33 Livro <strong>de</strong> Cartas..., o. c., ff. 3 vº-4.<br />

34 Carta <strong>de</strong> Lourenço Pires <strong>de</strong> Távora, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1562. O. c., f. 326.<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!