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Orações de sapiência - Universidade de Coimbra

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1. Conteúdo e composição<br />

INTRODUÇÃO<br />

ii<br />

a oração <strong>de</strong> saPiência<br />

“Em louvor <strong>de</strong> todas as doutrinas e ciências” – é o título da oração <strong>de</strong> Pedro<br />

Fernan<strong>de</strong>s. Po<strong>de</strong>rá hoje parecer-nos ambicioso, mas, dada a época e as circunstâncias,<br />

é apropriado.<br />

Sob este título, o humanista apresenta uma síntese do <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

importância que as ciências e os vários campos do saber tiveram na Antiguida<strong>de</strong>,<br />

servindo-se <strong>de</strong> abundantes citações dos clássicos, que chegam a dar ao seu trabalho<br />

um cunho pouco pessoal.<br />

Três dísticos elegíacos da autoria <strong>de</strong> António <strong>de</strong> Cabedo prefaciam a oração. Não<br />

po<strong>de</strong>remos dizer que sejam propriamente poéticos. Neles se nota “aquela forçada<br />

e martelada elegância dos melhores versejadores latinos da época”. 4 Quanto ao seu<br />

conteúdo, não nos admiremos por neles haver afirmações hiperbólicas. Era habitual,<br />

na época, embora hoje nos pareça ousado ver o nome <strong>de</strong> Pedro Fernan<strong>de</strong>s ao lado<br />

dos <strong>de</strong> Virgílio e Cícero. 5<br />

Em gesto <strong>de</strong> gratidão ao Rei Divo Ioanni, Pedro Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong>dica-lhe a sua<br />

oração. Apresenta o motivo que o levou a proferi-la: era já tempo <strong>de</strong> mostrar na<br />

sua pátria a sua valia intelectual... Para tal, haviam instado os amigos: “Non passi<br />

sunt amici, ut in ea diutius ignotus uersarer”. O humanista parece ser sincero para<br />

com o Rei que, por certo, havia <strong>de</strong> aceitar esse pequeno trabalho.<br />

Segue-se o texto da oração. No início, Pedro Fernan<strong>de</strong>s aparenta a modéstia que<br />

é habitual em todo o orador. Preten<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ste modo, precaver-se contra possíveis<br />

críticas, mas <strong>de</strong>ixa entrever que essa modéstia não é sincera, ao dizer que nem<br />

mesmo aos gran<strong>de</strong>s vultos foram poupadas críticas.<br />

4 Vid. Maria Helena da Rocha Pereira, Louvores latinos aos ‘Colóquios dos simples e drogas’,<br />

Porto, Centro <strong>de</strong> Estudos Humanísticos, 1963, p. 3.<br />

5 A propósito <strong>de</strong> elogios hiperbólicos, vid. Maria Helena da Rocha Pereira e Luís <strong>de</strong> Pina,<br />

“Thesaurus Pauperum”, Studium Generale, vol. IV, pp. 134 seq.<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor<br />

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