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02 - A PSICOSE NA PERSPECTIVA LACANIANA - Fio

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Segundo Dor (1989), é nessa fase que a criança vivencia a experiência de<br />

uma identificação fundamental, em que se vê diante da própria imagem corporal.<br />

Antes do seis meses a criança vivencia seu corpo não em sua totalidade, mas em<br />

partes, em uma coisa dispersa. “A identificação primordial da criança com esta<br />

imagem irá promover a estruturação do “Eu”, terminando com essa vivência psíquica<br />

singular que Lacan designa como fantasma do corpo esfacelado”. (DOR, 1989,<br />

p.79).<br />

O estádio do espelho é um drama cujo alcance interno se precipita de<br />

insuficiência para a antecipação, e que, para o sujeito, tomando no equivoco<br />

da identificação espacial, urde os fantasmas que se sucedem de uma<br />

imagem esfacelada do corpo para uma forma que chamaremos ortopédica<br />

de sua totalidade. (Lacan, [1949]1998, p.100).<br />

De acordo com Sales (2005), a angústia do “corpo despedaçado” dá vazão à<br />

identificação com a imagem integrada do próprio corpo, sendo que a criança até<br />

então não se via diante de uma unidade corporal, contudo, a partir dessa<br />

identificação com a imagem especular a criança passa a perceber a existência de<br />

uma unidade corporal.<br />

Resumidamente, o estádio do espelho se organiza em três tempos. O<br />

primeiro tempo, a criança vivencia certa confusão entre si e o outro, não consegue<br />

ainda distinguir a imagem de seu corpo do outro, e vivencia de forma real essa<br />

imagem. O segundo tempo é o momento da identificação, em que a criança<br />

consegue distinguir a imagem do outro da realidade do outro, percebe que a imagem<br />

não é real. Já o terceiro tempo, a criança consegue se re-conhecer na imagem,<br />

possibilitando saber que a imagem é só uma imagem e que é a imagem do próprio<br />

corpo, ou seja, vivencia um reconhecimento imaginário (DOR, 1989).<br />

Durante todo o filme, um objeto que se faz presente é a utilização de<br />

espelhos, que nos remete a teoria lacaniana do estádio do espelho. Nina diante da<br />

própria imagem se confronta também com a imagem do outro. A alucinação de Nina<br />

nos possibilita pensar que possivelmente ela não tinha esse reconhecimento. O<br />

outro no espelho não era ela, vivenciava uma confusão entre o eu e o Outro, esse<br />

podendo ser ao mesmo tempo seu rival e seu igual.<br />

Enquanto a linguagem não é introduzida no universo psíquico da criança tudo<br />

gira em torno da mãe, pois as coisas ainda não podem ser nomeadas e a criança<br />

percebe as diferenças, mas ainda não consegue distinguir os objetos.<br />

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