02 - A PSICOSE NA PERSPECTIVA LACANIANA - Fio
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simbólico de Nina, dado que a forclusão do Nome-do-Pai resulta na não ocorrência<br />
do recalque originário.<br />
Diante do conflito vivido pela personagem em ser O Cisne Branco (Superego)<br />
e o Cisne Negro (Id), identidades completamente opostas, percebe-se que a partir<br />
do momento em que se vê na posição de dar vida ao Cisne Negro, Nina se depara<br />
com um lado que exige dela entrar em contato com a agressividade e a sexualidade,<br />
que sua mãe controladora não permitia, pois a tratava como uma criança inocente e<br />
ingênua.<br />
Dessa forma, observa-se que o mundo interno (Id) de Nina a invadia de tal<br />
forma que a perturbava em muitos momentos no filme, estabelecendo assim uma<br />
relação diferente com o mundo.<br />
A partir desse momento em que o Cisne Negro passa a fazer parte de sua<br />
vida, as automutilações de Nina presente em todo o filme aumentam<br />
consideravelmente. Segundo Almeida (2010), as automutilações são como uma<br />
castração no real, já que a castração simbólica não ocorreu, o que possibilita pensar<br />
que, inconscientemente seria uma forma de se distanciar da mãe.<br />
Como o psicótico não tem acesso ao plano simbólico, observa-se que no final<br />
do filme, no último ato da peça em que o Cisne Branco deve morrer quem na<br />
realidade morre é a própria Nina, ela leva ao pé da letra a cena, não consegue<br />
simbolizá-la, sendo assim, se suicida. Ela vai da Cena (representação psíquica) à<br />
passagem ao Ato (acting out).<br />
CONSIDERAÇÕES FI<strong>NA</strong>IS<br />
Ao que concerne a pesquisa, a foraclusão do Nome-do-Pai é o que<br />
caracteriza a constituição da psicose, a rejeição primordial do significante<br />
fundamental para fora do campo do simbólico, e que a posteriori retorna no seio do<br />
real na forma de alucinações e delírios.<br />
O significante Nome-do-Pai é então excluído, pois não houve a substituição<br />
significante, o que deveria ser simbolizado não ocorreu. Mesmo que haja um terceiro<br />
elemento que possa interditar essa relação dual entre o sujeito e a mãe, isso não<br />
garante a resolução deste conflito.<br />
No filme “Cisne Negro” pode-se observar a partir de alguns fragmentos que<br />
não houve intervenção de um terceiro elemento na relação entre mãe e filha, a<br />
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