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Novembro 2007 - Edição 284 - Cave

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8 ducave<br />

4º Lugar<br />

De Hipódamo de Mileto<br />

a Oscar Niemeyer<br />

As primeiras grandes<br />

construções arquitetônicas<br />

erigidas pelo<br />

homem datam da préhistória.<br />

A chamada<br />

neolítica surge a partir<br />

do momento que o<br />

homem começa a trabalhar com a pedra,<br />

e faz de seu uso, um importante instrumento<br />

capaz de revolucionar a sua inserção<br />

no meio em que vive. As primeiras<br />

construções estavam intrinsecamente relacionadas<br />

com a idéia de abrigo, que é<br />

um elemento de caráter organizacional em<br />

grande parte das civilizações ocidentais, inclusive<br />

dos povos ameríndios.<br />

Com o desenvolvimento das civilizações<br />

e o aumento da população, a arquitetura<br />

assumiu um caráter bélico. Neste<br />

momento, surgem as primeiras cidades,<br />

que contavam com grandes muralhas para<br />

proteção. Outra característica notável é a<br />

concepção religiosa, em que a fusão do<br />

divino com o sobrenatural deu origem às<br />

construções que cultuavam os deuses das<br />

correntes politeístas da época, que possibilitavam<br />

que o poder divino se transfigurasse<br />

na forma de poder secular, o que<br />

contribuiu para a manutenção de dinastias<br />

e governos durante séculos.<br />

O grande desenvolvimento da arquitetura<br />

se deu na Antigüidade Clássica.<br />

Gregos e romanos transformaram a arquitetura<br />

em obras de arte, a partir do<br />

momento em que as cidades tornaramse<br />

a base destas civilizações, acompanhados<br />

do desenvolvimento da política e das<br />

relações sociais. A ágora grega, que era<br />

destinada para a realização de assembléi-<br />

5º Lugar<br />

Arquitetura e seu papel<br />

contraditório<br />

Arquitetura, mais<br />

do que arte, é ferramenta<br />

para a construção<br />

da igualdade e,<br />

por conseguinte, humanidade.<br />

É bem paradoxal<br />

pensar que<br />

algo tão concreto - com o perdão do trocadilho<br />

- seja, ao mesmo tempo, tão bonito,<br />

tão teórico e tão utópico, quando<br />

existe o interesse. É estranho pensar que<br />

a mesma coisa que constrói, também destrói,<br />

não apenas prédios, mas sonhos e<br />

as públicas, torna-se um símbolo da nova<br />

visão de mundo, incentivando debates<br />

entre cidadãos e oposição às ordens despóticas.<br />

O arquiteto grego Hipótamo de<br />

Mileto é considerado o primeiro urbanista<br />

da história, a partir de seu trabalho, o<br />

mistério-religioso transpôs as barreiras dos<br />

templos e tornou-se assunto dos cidadãos,<br />

sendo incorporado ao espaço público, sobretudo<br />

na acrópole.<br />

Na Idade Média, em virtude das invasões<br />

bárbaras, houve o recrudescimento<br />

das cidades e a ascensão da Igreja Católica.<br />

Passou a ser a igreja, a detentora do<br />

capital necessário para o desenvolvimento<br />

das grandes obras arquitetônicas, que<br />

submetiam a vontade humana aos desígnios<br />

divinos. A Igreja tornou-se assim, a<br />

grande instituição social da sociedade medieval,<br />

ditando as normas de conduta a<br />

partir da monopolização do poder divino,<br />

que mais tarde, foi contestada pelas<br />

religiões protestantes.<br />

Com o fim da Idade Média, a Europa<br />

mergulhou em um profundo processo<br />

de transformação com o surgimento<br />

dos Estados Nacionais, a Igreja começou<br />

a perder influência e o poder divino<br />

voltou a ser subjugado ao poder secular,<br />

sobretudo após a crise decorrente da<br />

Reforma Protestante. O Renascimento<br />

‘abriu’ a Idade Média ao criticar o teocentrismo<br />

e a guerra, impondo uma visão<br />

antropocêntrica, baseada no Classicismo<br />

(valorização dos valores da Antigüidade<br />

Clássica). Antigos tratados arquitetônicos<br />

são redescobertos, influenciando<br />

profundamente as novas construções<br />

com liberdade científica e avanços<br />

técnicos, que permitiram o advento<br />

de novas concepções.<br />

A partir da Revolução Industrial e dos<br />

ideais iluministas, o racionalismo e os<br />

direitos. Sem mais paradoxos, vamos aos<br />

fatos (concretos...).<br />

Muitas vezes, não percebemos a relação<br />

do meio em que vivemos com o<br />

nosso bem-estar, com a nossa vivência<br />

de um modo geral. A arquitetura está diretamente<br />

aplicada neste relacionamento,<br />

na medida em que influencia o comportamento<br />

de milhões de pessoas diariamente,<br />

seja na agilidade do mundo globalizado,<br />

seja na consciência da acessibilidade<br />

(que atualmente vem crescendo,<br />

mesmo que seja só por modismo e autopromoção).<br />

Os projetos arquitetônicos<br />

deixaram de ser apenas sinônimos de beleza<br />

e viraram sinônimos de necessidade,<br />

principalmente em centros urbanos de<br />

avanços tecnológicos passaram a nortear<br />

a sociedade do mundo contemporâneo.<br />

Em virtude dos paradoxos sócio-culturais<br />

gerados pelo conflito arcaico x moderno,<br />

a arquitetura assume um caráter duplo,<br />

tinha o papel de denunciar a degradação<br />

do homem e ao mesmo tempo, de denunciar<br />

as aspirações de uma burguesia<br />

em franca expansão. Surge, neste contexto<br />

conturbado, a imagem de Oscar<br />

Niemeyer, um jovem arquiteto que se<br />

sentia insatisfeito com a arquitetura que<br />

via nas ruas e acreditava que podia construir<br />

uma nova concepção estética, capaz<br />

de representar de maneira harmônica<br />

as facetas de uma sociedade multicultural<br />

regida pela nova ordem globalizada.<br />

Niemeyer era um menino na Revolução<br />

Russa, um jovem idealista durante a<br />

Segunda Guerra Mundial e enxergou com<br />

olhos críticos a Guerra Fria. Seguidor do<br />

Stalinismo, deu um caráter universalista<br />

para suas criações, que até nos dias atuais,<br />

são consideradas modernas e arrojadas.<br />

Considerado um dos nomes mais<br />

influentes na arquitetura moderna internacional,<br />

construiu, com concreto armado<br />

e sensibilidade, uma estética que se<br />

renova com o passar dos anos.<br />

Durante a história da humanidade, a<br />

arquitetura assumiu características peculiares<br />

em cada época, servindo de instrumento<br />

de manifestação do desenvolvimento<br />

humano ao longo do tempo.<br />

Desde a sua concretização e popularização<br />

por Hipódamo de Mileto na Grécia<br />

antiga, até os dias atuais, com o universalismo<br />

moderno de Oscar Niemeyer, a<br />

arte transpôs fronteiras e se transformou<br />

em um caráter peculiar e, ao mesmo tempo,<br />

homogeneizador de todos os povos<br />

do mundo.<br />

Rafael Dias Moura<br />

constante crescimento vertical.<br />

Pare e pense nestas situações: o que<br />

certa mudança do meio em que um cidadão<br />

de classe média traria como benefícios<br />

a ele? Talvez algumas facilidades a<br />

mais, como o ganho de tempo, a facilidade<br />

de locomoção e, principalmente, a qualidade<br />

de vida ligada ao menor stress e<br />

maior auto-estima. Boas mudanças, que<br />

irão modificar claramente a vida do cidadão,<br />

de uma forma geral, correto? Agora,<br />

analise a situação de quem necessita,<br />

mais do que qualquer pessoa, da arquitetura<br />

como forma de vivência: imaginese<br />

“na pele” de um cadeirante - andar<br />

pelas ruas se tornaria uma maratona; realizar<br />

tarefas simples, seria sinônimo de

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